Apesar de não ter jeito nenhum para contar anedotas, mesmo quando tento fazer uma ou outra piada aqui no blogue não consigo arrancar aos leitores mais que um sorriso amarelo, considero-me dotado de um razoável sentido de humor. Isto inclui uma capacidade relativamente aceitável de me rir de mim próprio e uma ausência de reserva mental acerca dos limites do humor, desde que estes não ultrapassem os padrões do bom gosto e do respeito para com os outros.
E é precisamente por isso que não aprecio piadas parvas - repare-se que não uso o termo anedotas - em que os alentejanos são sistematicamente caricaturados como pouco dados ao trabalho, avessos a movimentarem-se, ignorantes e, de maneira geral, mais parvos que a generalidade dos restantes portugueses.
Reconheço que algumas anedotas que envolvem alentejanos têm a sua graça. O que me revolta é que sejamos constantemente apontados como exemplo sempre que se pretende catalogar alguém como mandrião. Não me parece justo, desagrada-me e sinto-me ofendido. Não trabalho menos que qualquer outro português de qualquer outra região do país e, por isso, não aceito ser apresentado como madraço por um badalhoco qualquer.
Algumas das afirmações que por aí se publicam – mais uma vez saliento que nem estou a pensar em anedotas – se em vez de alentejanos fizessem alusão a pretos ou a outra minoria étnica ou religiosa, eram capazes de causar alguma agitação em certas mentes sempre prontas a indignarem-se quando alguém se refere às minorias de forma politicamente menos correcta. Recordo ainda que no Brasil os portugueses estão para o anedotário nacional e para as piadolas estúpidas como estão os alentejanos em Portugal e não me consta que a coisa seja particularmente apreciada por cá…
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