sábado, 30 de abril de 2011

Sinalização tuga

Que a justiça seja célere é o que todos desejamos. E, já agora, que tenha lugar para estacionar. Pelo menos alguns dos seus intervenientes.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Poupar?! O que é isso?

Os conselhos quanto à necessidade de poupar e as sugestões acerca da melhor maneira de o fazer têm-se sucedido nas últimas semanas. A comunicação social, falada e escrita, não tem poupado esforços para nos mostrar onde podemos deixar de gastar uns trocos que, todos somados, representam no final do mês uma maquia considerável. Sem, com isso, afectarmos de forma significativa a nossa qualidade de vida. Como fazem questão de assinalar. 
Apesar de louvável e de revelar um interessante sentido de serviço público, não me parece que obtenha resultados significativos. Pelo menos por enquanto. Os portugueses (já) não sabem conjugar o verbo poupar na primeira pessoa do singular e, após vinte cinco anos de consumismo desenfreado, não acreditam na necessidade de o fazer. Por alguma espécie de alucinação colectiva continuamos a acreditar que o dinheiro nasce das pedras e que basta pontapear meia-dúzia para, de imediato, os euros desatarem a saltar para as nossas carteiras. 
Face a este comportamento, temo que casos como o da vizinha Filomena - a ser verdade que a senhora faz o que os jornais escrevem - se multipliquem por mais que muitos. De resto o prevaricador deve ser a única espécie que não estando em extinção – pelo contrário, existem cada vez mais – é generosamente protegida por lei. Se este estado de coisas não fôr radicalmente alterado podemos estar perante um perigoso congregar de sinergias entre a fome e vontade de comer. O que pode resultar numa grande merda.

A excepção à regra

Vou hoje quebrar uma regra deste espaço. Aliás todas as regras tem uma excepção e chegou a altura de, também por aqui, confirmar a sapiência popular. A regra tem sido, desde o inicio, criar apenas ligações para blogues que tenham um link para o Kruzes Kanhoto. Mas perante este blogue que acabo de descobrir não resisti. O MÁ DESPESA PÚBLICA é ainda um recém chegado à blogosfera mas que promete. Pelo menos matéria prima não lhe falta. A partir de hoje fica disponível na barra lateral para todos os que gostam de saber onde o nosso dinheiro é malbaratado.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Metam o estado social no cú grandes filhos da puta!

Estou emocionado. Comovido, mesmo. A defesa do Estado Social – hesito quanto ao uso de maiúsculas mas o meu lado inocente acaba por levar a melhor – deixa-me assim. A protecção dos mais pobres é coisa que mexe comigo. Daí até já ter esquecido que, a bem de quem realmente precisa, deixei de receber abono de família. Ou que, quando insisto em adoecer, tenho de pagar oito euros e quarenta cêntimos por uma consulta no Centro de Saúde cá do sitio. É bem feita. Ninguém me manda ser um alarve dum ricaço,  com filhos, que adoece de vez em quando.
Isso do Estado Social é para os pobrezinhos. Coitadinhos. Como aquele comerciante, com várias lojas espalhadas pela cidade, possuidor de automóveis de gama alta e que - eu vi numa ocasião- deposita uma enorme quantidade de notas em instituições bancárias. Muito justamente receberá abono de família e tem consulta grátis no serviço nacional de saúde. O que é bom. Principalmente para mim que não tive de esperar que o funcionário lhe fizesse o troco. 
Estou inequivocamente rendido às maravilhas do estado social. Ou socialista, sei lá. Após mais um ou outro ajustamento, que certamente não tardarão, desconfio que sou gajo para entrar em êxtase com tão elevado nível de justiça social. Quem sabe se me retirarem mais três ou quatro privilégios – o que para mim não é nada porque os que tenho são incontáveis, para além de escandalosos e injustificáveis - possa contribuir com mais alguma coisinha que melhore ainda mais a qualidade de vida de comerciantes como aquele. Isso é que era!

terça-feira, 26 de abril de 2011

O cuecão

Há quem não esconda a sua indignação perante o velho e popular hábito de estender roupa à janela, na varanda ou em qualquer outro lugar ao alcance da vista de quem circula na via pública. A mim não é coisa que me choque, incomode ou pareça especialmente mal, quando tal acontece na sequência da barrela periódica Há, sem dúvida, coisas piores. Como, por exemplo, deixar o cuecão exposto ao olhar de quem passa. E sublinho cuecão. Trata-se, convenhamos, de uma visão desagradável. Principalmente pelas dimensões da coisa. Mete respeito.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Passarões

Provavelmente por influencia de ambientalistas urbano-depressivos que sonham com um mundo sem outras pessoas para além deles, algum legislador - desses que abundam em Lisboa e em Bruxelas - tão iluminado quanto inútil, achou, num daqueles dias aborrecidos em que não tem nada de útil para fazer que justifique o vencimento que os contribuintes lhe pagam, que os pássaros estão em via de extinção. Mesmo aqueles que, reconhecidamente, existem em tal abundância que constituem verdadeiras pragas. 
Assim de repente, sem grande esforço, estou a lembrar-me de andorinhas, pardais ou melros. As primeiras causam uma imundice, como aquela a que podemos assistir à entrada de muitos edifícios públicos, porque, apesar de serem aos milhões, não é permitido derrubar os ninhos. Os pardais são mais que muitos e devoram tudo o que lhes aparece à frente mas, ainda assim, ai de quem ousar atirar sobre eles ou montar umas miseras armadilhas com a finalidade de os apanhar. Já matar melros pode, inclusivamente, dar cadeia se o juiz tiver tendências ecologistas. Foi o que aconteceu a um incauto cidadão que, farto de ver esses passarões atacar-lhe o pomar, resolveu pôr mãos à obra e dar sumiço a uns quantos. Atrocidade que lhe valeu seis meses de cadeia como punição por tão perverso crime. 
Não sei, por isso, que metodologia usar – táctica de guerra é capaz de ser mais apropriado – para proteger o quintal dos bandos de malfeitores alados que, constantemente, fazem devastadoras incursões sobre os bens alimentares que tento produzir. De momento são as cerejas – que começam a ficar vermelhas – que apresentam maior vulnerabilidade e que constituem o alvo mais apetecido. Receio que cd's, fitas de cassetes ou um espantalho, não constituam elementos suficientemente dissuasores. Preciso, portanto, de ideias para combater esses malditos invasores e afugentá-los do meu espaço aéreo. Ou exterminá-los. À sorrelfa, claro.

domingo, 24 de abril de 2011

Fiape

A Fiape será, segundo os entendidos, uma das maiores e melhores feiras dedicadas à agricultura, artesanato e actividades correlativas. O espaço onde se realiza é, a todos os titulos, magnifico. Muito longe já vai o tempo em que o evento decorria num indescritível lamaçal, bem no centro da cidade e infernizando a vida a quem por ali tinha de fazer o seu dia-a-dia. A justificar, portanto, uma visita. Principalmente agora que o pior – a chuva e o espectáculo do Quim Barreiros - já passou. 

P.S – O corrector ortográfico do OpenOffice insiste em mandar-me substituir “Quim” por “Ruim”. Uns brincalhões, estes informáticos.

sábado, 23 de abril de 2011

É possivel tropeçar três vezes no mesmo calhau?!

Só a indigência mental de um povo pode justificar a expressiva votação que se prevê venha a obter, nas próximas eleições, o actual primeiro ministro ou, até, a sua eventual reeleição. Não é que a oposição seja muito melhor nem, sequer, que qualquer que venha a ser o vencedor do próximo acto eleitoral, tenha grande margem de manobra para se desviar daquilo que o FMI e a Europa – leia-se Alemanha – mandar executar. Mas, que diabo, não penalizar quem nos arrastou para o abismo ou, pior ainda, acreditar que quem nos colocou lá é o gajo indicado para nos tirar, já é coisa para suspeitar que se trata de um caso do foro psiquiátrico da maior gravidade que afecta significativa parte do eleitorado nacional.
Podem os seus apoiantes mostrar os indicadores que quiserem. Publicitar os gráficos que muito bem entendam. Torturar os números até à exaustão por forma a que digam aquilo em que eles querem que nós acreditemos. Podem fazer tudo isso e muito mais. O que não vão conseguir é esconder a realidade. E essa vai revelar dentro de pouco tempo a qualidade da gente que tem dirigido este país. Pelo menos aos que ainda acreditam neles, porque os outros há muito que perceberam o calibre dessa gentinha. 
Ainda a propósito de números, surpreende-me, a mim que não sou de intrigas, que a síntese da execução orçamental, divulgada mensalmente pela Direcção-Geral do Orçamento, não inclua “o” mapa de controlo da execução orçamental da receita e da despesa. Seriam apenas mais meia-dúzia de páginas – o que num documento que tem quarenta e oito não seria muito – e sempre permitiria a cada um tirar as suas próprias conclusões. Não é que eu vá duvidar da análise feita pelo governo. Nãããããão...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Os donos da bola

Segundo alguma comunicação social os vencimentos dos jogadores de um clube de futebol dos Açores terão sido pagos pelo governo regional lá do sitio. Não sei se é ou não verdade mas, a ter acontecido, não é coisa que me surpreenda. Afinal, trata-se do mesmo orgão executivo que não aplicou a redução salarial determinada pelo governo da república - a que ainda pertencem - aos funcionários públicos da região pelo que, a  ter acontecido o que os jornais relataram, este tipo de tropelias não constitui grande novidade. 
O caso não será, no entanto, virgem. Muito pelo contrário. Desde que o poder local democrático espalhou tentáculos pelo país têm-se sucedido rumores – desconheço se confirmados - acerca de ordenados de craques do pontapé na bola que, alegadamente, serão suportados pelo respectivo Município. E quem diz futebol diz outro qualquer desporto. Envolva ou não o uso de bolas. E quem diz desporto diz, também, cultura. Nas suas mais diversas expressões. E quem diz cultura diz, também, outras coisas. 
Não consigo descortinar razão para tanto espanto por causa desta decisão do governo socialista dos Açores. Se é que foi assim que as coisas se passaram. Pagar ordenados por portas travessas será - a acreditar em tudo o que se diz, escreve ou ouve - prática mais ou menos corrente. Mas, se calhar, ainda bem. Mesmo que de forma enviesada sempre vai mantendo e povo feliz. E um pouco menos desempregado. Tudo isto, reitero, alegadamente.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Reduzir o salário do vizinho é bom. Reduzir o meu é mau.

Embora muitos falem do assunto como se tratando de uma afastada fatalidade, que apenas atingirá os outros e à qual escaparão incólumes, tentar adivinhar quais serão as medidas que a chamada troika irá propor tem constituído uma espécie de desporto nacional. Uma das que tem sido sugerida atá à exaustão, nomeadamente na comunicação social, é a redução de vencimento dos funcionários públicos. Basta dar uma rápida vista de olhos – a qualidade dos comentários não merece grande atenção e é bem reveladora da inteligência de quem os produz – pelos diversos fóruns e outros sítios da Internet onde se debatem estes assuntos para perceber que, a ser adoptada, esta seria uma decisão que reuniria a concordância – mais do que isso, o aplauso - de uma significativa margem de portugueses. Que, suponho, trabalham ou se dedicam a actividades no sector privado. 
Já escrevi o que penso, de uma forma geral e não apenas na função pública, acerca da redução de salários bem como das consequências desastrosas que isso provocaria na economia. Nomeadamente o aumento do desemprego. Mas, o que hoje me faz voltar a escrever acerca do tema, são as opiniões que acabo de ler nos mesmo sítios – talvez, até, escritas pelas mesmas pessoas - em reacção à proposta de redução de salários nas empresas privadas, que os representantes dos patrões entregaram aos fulanos do FMI e associados que por cá andam a vasculhar as nossas contas. De uma maneira geral a tónica é esta: “Aquilo que ontem era bom e devia ser aplicado de imediato aos outros, hoje já não presta e deve motivar uma revolta generalizada porque me toca a mim”. Talvez, há quem o sugira, constitua mesmo motivo para pegar em armas. Esclarecedor, portanto, quanto ao que verdadeiramente motiva muito boa gente. 
Infelizmente os portugueses são assim. Mesquinhos, egoístas, aldrabões, trafulhas, incapazes de pensar no bem-estar colectivo e preocupados apenas com o seu umbigo. Deve ser por isso que se preparam para reeleger aquele cujo nome não me apetece escrever. Um dos que, entre nós, melhor personifica o “ser” português.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O ponto da tolerância

Embora o conteúdo dos posts que por aqui vou deixando possa por vezes – muito raramente, vá – dar uma ideia diferente, a verdade é que sou um gajo tolerante. Aprecio a tolerância. Principalmente a de ponto. Que, por mais estranho que pareça, é a menos tolerada. Há mesmo quem a veja como algo absolutamente intolerável e revele em relação a ela – a tolerância – uma atitude preocupantemente intolerante. 
Não esperava que, desta vez, o alegado engenheiro dispensasse a função pública de trabalhar na tarde do próximo dia vinte e um. Ainda que, ao contrário de muita gente, não considere que daí venha grande mal ao mundo ou que a economia do país sofra prejuízos assinaláveis, não me parece que esta seja uma decisão sensata. No actual contexto, os sinais que se transmitem são quase tão importantes como as medidas que se tomam. E este não é, manifestamente, o melhor nem o mais adequado sinal de que os portugueses precisam. 
Esta decisão, para além da concessão de uma tarde de descanso, tem a grande vantagem de me tranquilizar. Fico com a certeza de que entre as más noticias que um destes dias nos serão dadas a conhecer não constará o aumento do horário de trabalho. Seria uma incongruência dificilmente justificável. Embora, convenhamos, vindo de um sujeito incongruente não era coisa para me surpreender por aí além.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dia de Rendimentuuuu

A julgar pela clientela que, antes das nove da manhã, se começava a juntar à porta da estação de correios deve ter sido dia de distribuição do “rendimentuuu”. O que significa que esta é uma zona a evitar e um serviço a que, por estes dias, não se deve recorrer. O aglomerado de pessoas, a má educação que evidenciam, o desrespeito pelo espaço e por quem tem o azar de não poder adiar uma ida ao balcão dos CTT assim o aconselham. 
Não tenho nada contra o RSI nem, ainda menos, contra as pessoas que pelas vicissitudes da vida são obrigados a recorrer a esta prestação social. Acredito que muitos dos que o recebem de bom grado trocariam a sua situação de dependência por qualquer outra forma de sustento igualmente digna. Apesar de toda a controvérsia que este apoio tem causado na sociedade portuguesa, que se trata de uma boa medida e que, apesar de todas as entendo dificuldades ou principalmente por causa delas, deve ser mantida. 
O que acho verdadeiramente lamentável é a forma como a sua aplicação foi generalizada. São por demais conhecidas situações, que ultrapassam o absurdo, de pessoas que fazem do RSI uma forma de vida, dos que o recebem sem dele necessitarem e, ainda mais revoltante, dos que ostentam de maneira absolutamente escandalosa os seus sinais exteriores de riqueza, em tom claramente provocatório, quando vão receber um subsidio que não lhes devia ser atribuído. É por estas e por outras que muitos tem dificuldade em acreditar na existência da crise. Apenas um país rico se pode permitir ao luxo de distribuir dinheiro por quem foge do trabalho como o diabo da cruz ou Maomé do toucinho. E, por mais estranho que pareça, por cá distribui-se.

domingo, 17 de abril de 2011

Estacionamento tuga

A proprietária deste carrinho – uma senhora daquelas por quem a passagem dos anos parece não deixar marcas assinaláveis – estaria, acredito, cheia de pressa. E se calhar, mas isso sou eu a especular, de pressão. Daí ter estacionado de forma deficiente o seu meio de transporte. Á tuga, portanto.

sábado, 16 de abril de 2011

Burgessos!

As televisões gostam de dar voz aos “populares”. Principalmente àqueles populares parvos ou que aparentam ter capacidade para emitir uma opinião suficientemente parva que mereça ir para o ar no telejornal. Como foi hoje, mais uma vez, o caso. A propósito da inauguração, numa qualquer aldeia, da iluminação pública com lâmpadas LED, dizia o popular de serviço, ouvido pelo repórter no local, que aquilo era assunto que lhe interessava muito pouco. Isto apesar da nova tecnologia utilizada permitir poupar ao Município lá do sitio cerca de vinte por cento na factura da luz. Porque, argumentava a besta, se fosse na casa dele é que era um coisa catita. Assim, como é na rua e a Câmara é que vai pagar menos, não é que coisa que lhe diga respeito. Acrescentou com o gargalhar idiota muito característico nos populares que expressam opiniões parvas. 
Não admira, portanto, que tenhamos chegado até aqui. Não existe consciência entre os populares – nem entre a maioria dos impopulares – que o dinheiro público é de todos e não, ao contrário do que muitos pensam, de ninguém. Tenho muita dificuldade em aceitar que não se perceba que para o dinheiro estar numa Junta de Freguesia, numa Câmara Municipal, nos cofres do Estado ou, até mesmo, na União Europeia, alguém pagou impostos e, por causa disso, ficou com um pouco menos do fruto do seu trabalho no bolso. Mas vá lá fazer perceber isso a certos burgessos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Uns chatos, esses finlandeses.

Compreendo os finlandeses. É, de facto, aborrecido trabalhar e pagar impostos para sustentar uns quantos fulanos com pouca apetência para viver dentro das suas possibilidades. Gente que mal ganha para manter um modo de vida espartano mas que insiste em viver à grande e à finlandesa. Entendo – até porque eu também não gosto dessa cambada e não hesito em atribuir-lhes uma significativa quota de responsabilidade pelo estado a que isto chegou – mas desagrada-me. Os tugas que levaram isto à ruína são uns sacanas convencidos e uns parvalhões endividados mas, porra, são os nossos convencidos e os nossos endividados. Para lhes chamar nomes estamos cá nós. Eles que insultem os sacanas e os parvalhões lá da terra deles. 
Como vingança acho que vou trocar o meu telemóvel Nókia por um de outra marca qualquer. De preferência daqueles que até dão para fazer tostas. Nem que para isso tenha de me endividar. De caminho, até sou gajo para abandonar o Linux. E, já que esses nórdicos alarves nos acusam de não gostarmos de trabalhar e de só querermos ficar estendidos na praia a apanhar sol, fiquem sabendo que foi isso mesmo que fiz nos últimos dias. Portanto eles que metam as notas no cú e se atirem para o fiorde mais próximo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Tropa fandanga

A imprensa de hoje – a sensacionalista, como seria de esperar – fez manchete com as alegadas dificuldades da tropa em honrar os compromissos salariais até ao final do ano. Pois que não posso acreditar. Uma noticia destas tem, forçosamente, de ser falsa. Ou, então, quem manda naquilo é burro, incompetente ou coisa pior ainda. De outra maneira não se compreende que, nos últimos meses do ano passado, tenham sido promovidos centenas de militares de todos os ramos das forças armadas. Alguns com retroactivos a perder de vista. 
Parece-me, mas isso sou eu que tenho a mania de ser prudente, que não havendo dinheiro para garantir o integral cumprimento das obrigações assumidas, com os salários a constituírem a primeira das prioridades, mandava o bom senso que as promoções – por mais justas que fossem - aguardassem por melhores dias. Provavelmente quem decidiu será um dos muitos portugueses que consideram ser impossível o Estado não ter dinheiro e que, por maior que seja o aperto, “ele” aparecerá sempre. Venha lá de onde vier. Talvez o problema seja esse mesmo. Se um dia “ele” não tivesse aparecido não teríamos chegado até aqui. 
É por estas e por outras que começo a dar razão aos que, no estrangeiro, entendem ser melhor deixar-nos cair. Ou seja, não mandar mais graveto para cá e que nos desenrasquemos por nós próprios. Se calhar até é capaz de não ser mal pensado. Será, talvez, a única maneira de fazer muito boa gente entender a nossa triste figura. Que, diga-se, quase todos insistem em continuar a fazer, qual orquestra do “Titanic” que vai continuando a tocar enquanto o barco se afunda. É o que dá entregar a batuta a certos maestros.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Se merda de cão pagasse imposto não precisávamos do FMI

Que cada qual entenda partilhar a cama, a mesa, a casa ou seja o que for, com um animal é assunto da vida privada de cada um. Já forçar os outros – os que mesmo gostando de animais têm a esquisitice de não querer viver como eles – é que não parece correcto nem se revela um acto de cidadania. Acho condenável que as pessoas continuem, com a maior das impunidades, a levar os cãezinhos para as praias, espaços verdes ou esplanadas – muitas vezes onde a sinalização expressamente o proíbe – e ainda, armados em arrogantes e exibindo uma petulância inversamente à educação que evidenciam, se aborreçam quando alguém reclama do seu comportamento nojento. 
A dona do cão da foto – vá lá saber-se para que quer um animal deste porte – assistiu, discretamente e a razoável distância, à sua cagada em plena praia. A única coisa que a terá incomodado a porcazinha foi alguém ter tido o desplante de fotografar o seu bichinho. Nem sei porquê. Nem me interessa por aí além. Estou-me nas tintas e não vou desfocar o focinho do canito. A gaja devia era ter vergonha de poluir descaradamente o espaço público em claro desrespeito pela lei e pelas regras de boa conduta cívica. É, portanto, uma besta. Como todos os outros que tem igual comportamento.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Kruzes!

Ao contrário do que sugerem algumas insinuações maldosas, a ausências de actualizações do Kruzes não se deve à minha alegada participação no congresso do actual Partido Socialista. Nada disso. Qualquer insinuação que relacione o desaparecimento blogosferico com a reunião magna dos socialistas portugueses, para além de se tratar de uma inverdade, não passa de uma piada que mais não pretende do que descredibilizar um blogue sério como este. Embora, como é óbvio, o conclave de Matosinhos não tenha sido uma reunião de malfeitores e entre os presentes tenham estado pessoas estimáveis que, por muitas razões, merecem o meu respeito. Qualidades que não reconheço, como é público e notório, no chefe das “tropas” que ali se reuniram.
Tratou-se, digamos, de um apagão. Momentâneo e, espera-se, ocasional. Mas este foi um apagão dos bons. Daqueles à séria. Com muita água, como convém. Seja como for, quatro dias sem dizer mal – há quem sustente que este é um blogue onde se diz mal de tudo e de todos só por dizer – é muito tempo. Demasiado, até. Há, portanto, que o recuperar. Nem que seja apenas para dizer mal dos que dizem mal daqueles que dizem mal. Sim porque nisto da maledicência não se aplica o principio do ladrão que rouba a o ladrão.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Palhaços novos com ideias velhas

Vivemos dias tristemente históricos. Dramáticos, até. Daí não perceber certas euforias, nem ver motivos para contentamento pela vinda do FMI. Ou do FEEF, como parece que agora se chama essa tropa de elite da alta finança. A receita que nos irão prescrever depressa fará desaparecer os motivos de satisfação que, ou muito me engano, rapidamente darão lugar aos habituais impropérios de desagrado. 
Não vale a pena ter esperança em milagres. A mezinha desta gente é sempre a mesma. Ainda que, sistematicamente, produza resultados catastróficos. Aumento de impostos – que já estão no limite do tolerável – redução de salários e maior flexibilização das leis laborais vão, nem é preciso ser muito esperto para o perspectivar, arrasar o que  resta do poder de compra das famílias e conduzir a uma recessão ainda maior que, por consequência, anulará o efeito da subida dos impostos. Depois, como sempre, voltarão à primeira forma e torna a aumentar a tributação. Foi assim que lhes ensinaram e eles não conseguem discorrer outra coisa. 
Sendo o nosso maior problema o montante desmesurado que atingiu a divida do Estado, das empresas e dos particulares, não deixa de ser estranho que ninguém – nem os palhaços de cá nem os que aí vêm – se preocupe com uma reforma da justiça, que acabe de vez com a escandalosa protecção de que gozam os caloteiros e que torna praticamente impossível cobrar um divida a quem não tenciona cumprir as obrigações que assumiu. 
Pensam alguns inteligentes – já ouvi este fantástico argumento – que, pela via da redução dos salários e do aumento dos impostos sobre o consumo, é possível obter uma diminuição do endividamento das famílias. Acreditam eles que, ganhando menos se recorrerá menos ao crédito e, assim, a divida privada baixará drasticamente. Só pensa desta maneira quem não conhece o povo que habita cá no rectângulo. Se ganharmos menos a primeira coisa que vamos fazer é deixar de pagar as prestações e, a seguir, comprar fiado. Haverá sempre alguém disposto a vender a crédito e um esquema manhoso qualquer a que recorrer para conseguir um empréstimo. Que, obviamente, não será pago. Depois quem se sentir lesado que recorra à justiça. Com sorte, daqui por muitos anos, conseguirá cobrar ao caloteiro o pouco que este receba a mais que o salário mínimo. Isto se o dito não recorrer. Ou interponha uma providência cautelar.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Zé, vai-te embora!

O apego de José Sócrates ao poder constitui, para muitos, um enigma difícil de decifrar. Mesmo não sendo comentador ou analista politico, acredito que serão vários os motivos que levam o alegado engenheiro a não querer deixar o poleiro. Logo porque já anda há tantos anos nestas andanças que terá sérias dificuldades em regressar à vida real. Ou, também, porque um regresso às origens – engenheiro numa autarquia – seria algo, graças a ele, terrivelmente mau e que ninguém deseja nem ao seu pior inimigo. 
Outra razão, mas isso sou eu a especular, é que o ainda primeiro-ministro saberá que não estará completamente livre de, um dia que se espera não esteja muito distante, quando deixar o poder, vir a ser alvo de perseguições vagamente semelhantes àquelas de que foi vitima um outro português que deteve um cargo igualmente relevante. Vale e Azevedo, acho que é assim que se chama o senhor, mal deixou de dirigir a instituição mais representativa e importante do país foi logo de cana.

PS: O boneco da foto é o João Honesto, personagem Disney, com as qualidades que os apreciadores do género bem conhecem.

domingo, 3 de abril de 2011

O frio como oportunidade de negócio

As causas fracturantes, tão do agrado de uma certa esquerda, começam a escassear. Em França, terra de onde – como se sabe – vêm os bebés, na falta de melhor os ambientalistas resolveram declarar guerra às esplanadas de inverno. Daquelas que são fechadas com material plástico e aquecidas com aquecedores a gás. Ora, sob o pretexto da necessidade de reduzir o consumo de energias fósseis e de um alegado mau aspecto que o plástico dá à cidade, a Assembleia Municipal de Paris decidiu proibir a existência destes espaços, naquelas condições, na capital francesa. Para os que insistirem, mesmo assim, em pleno inverno abancar numa esplanada, os defensores da ideia sugeriram que fossem distribuídos cobertores. Proposta que, vá lá que alguém teve bom senso, não foi aprovada. 
Se a visão de uma esplanada repleta de gente embrulhada em mantas não agrada, o mesmo não diria se, em vez disso, se tratassem de agasalhos típicos da região. Por exemplo ia achar genial se nestas duas esplanadas cá da cidade, durante os meses mais frios, fossem cedidos capotes alentejanos aos seus frequentadores. Para além do conforto dos clientes seria uma forma interessante de promover um produto regional e, quem sabe, por esta via recuperar a produção desta vestimenta outrora tão em moda.

sábado, 2 de abril de 2011

Estacionamento tuga





Não fazemos por mal. Somos mesmo assim. Despreocupados. Irresponsáveis, às vezes. Não queremos saber, nem nos importamos com as consequências. Principalmente se estas não nos afectarem. Daí que estacionemos como muito bem nos dá na realíssima gana e os outros que se lixem. Somos tugas e nada mudará isso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Noticias da religião da paz e da tolerância.

O pastor evangélico maluco que em tempos ameaçou queimar um exemplar do corão, concretizou esta segunda feira a ameaça e pegou fogo ao livro sagrado da mourama. Apesar de me considerar relativamente bem informado e um observador particularmente atento a este tipo de coisas, não dei conta de nada. Devo ter andado distraído com a crise. 
O mesmo não se aconteceu com os ainda mais atentos e muito melhor informados habitantes de diversos países islâmicos. As noticias correm velozes e esta chegou célere às tocas do confins do Afeganistão onde indignados e pacatos cidadãos, movidos por um inigualável espírito de tolerância e de consciência cívica, desataram a protestar contra o acto – idiota, mas perfeitamente legitimo – praticado por um cidadão americano. No seu próprio país, sublinhe-se. 
O seu pequeno e pouco eficaz cérebro deve ter ficado toldado pelo ódio e, mesmo que não conheçam uma letra do tamanho de um camelo, decidiram tomar medidas contra aqueles que queimam livros. Para começar, nada melhor do que matar pessoas. Com requintes de malvadez, de preferência. Seguir-se-á, provavelmente, o habitual arraial de berraria e de histerismo a que o mundo já se habituou sempre que, no ocidente, se “desrespeitam” os valores daquela gente. Se, na Europa, fizéssemos o mesmo sempre que – por lá ou por cá – os nossos valores não são respeitados, havia de ser bonito. Mas nós não o fazemos. Não somos iguais a eles. Somos civilizados. Ou então temos medo.