domingo, 30 de junho de 2013

Dividas das autarquias do distrito de Évora

Nos sites dos municípios a divulgação de eventos culturais, festas, espectáculos de toda a ordem ou as actividades em prol da população em que o respectivo presidente está envolvido, são tudo matérias merecedoras de especial destaque. Já a informação relativa à maneira como é aplicado o dinheiro dos munícipes e contribuintes em geral, é outra conversa. Apesar de ser de publicação obrigatória, a informação disponível é, quase sempre, difícil de descobrir, em muitos casos desactualizada e, não raras vezes, nem sequer é disponibilizada.
Apesar das dificuldades descritas pode constatar-se que os catorze municípios do distrito de Évora tinham em 31 de Dezembro de 2011, no seu conjunto, uma divida total – banca e fornecedores – de 193,9 milhões de euros. Pode, até, nem parecer muito. A menos que comecemos a pensar em dividir este valor pelos 167.434 habitantes...
Os dados referentes a 2012 não são, por enquanto, conhecidos na sua totalidade. Cinco municípios, apesar de terem as contas apreciadas desde Abril, não tiveram até hoje tempo para as publicitar no respectivo sitio da Internet. Ou então esconderam-nas tão bem que não as consigo localizar. Os valores em divida, ao que tudo indica, ainda que se mantenham demasiado elevados, irão ficar abaixo dos apurados em 2011. O que, no seu conjunto, é de louvar.
Dos municípios que já divulgaram os resultados o destaque, pela positiva, para Estremoz, com uma redução da divida em 22,4% e, pela negativa, para o Alandroal que viu, no espaço de um ano, o valor da divida subir de 19,6 para 20,2 milhões de euros.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Não suporto piquetes de greve. Seja lá isso o que for.

Nunca percebi muito bem a legitimidade – e sublinho legitimidade - de um piquete de greve. Que é o que chamam a um grupo de gajos - por vezes também há gajas – estrategicamente colocados à entrada de uma fábrica, estaleiro ou seja lá o que for. Nem, sequer, entendo a permissividade e a tolerância com que são tratados por quem tem como obrigação manter a ordem e assegurar a liberdade de circulação daqueles que, mesmo em dia de greve, pretendem trabalhar.
Tem esta malta – a dos tais piquetes – a intenção de intimidar aqueles que escolheram outra opção. Coisa que a mim, mas se calhar é algum problema meu, parece muito pouco coincidente com o conceito de democracia e nada respeitadora dos princípios da livre escolha em que assenta a sociedade em que todos – ou, pelo menos, a esmagadora maioria – pretende viver. Verdade que o pessoal dos piquetes é, também ele, livre de escolher as suas opções. Mas, que é que querem, faz-me espécie que não optem por aproveitar o dia de greve para ficar na cama até mais tarde em lugar de ir aborrecer quem apenas quer trabalhar.
A patética tentativa de evitar a saída de autocarros da carris, que pode ser apreciado num vídeo amplamente divulgado na net, é por demais evidente que era na caminha que deviam estar os elementos do piquete de greve. Uns quantos deitaram-se no chão, provavelmente cheios de sono, e necessitaram mesmo da ajuda dos agentes da autoridade para se levantar. Outros perguntavam insistentemente, enquanto a policia os afastava para abrir caminho à passagem dos autocarros, porque é que os estavam a empurrar. Era, digo eu, para não serem atropelados. Ou então porque não saíram quando os agentes amavelmente lhes solicitaram que evacuassem a área. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O pantomineiro, afinal, devo ser eu.

Parece-me ter ouvido dizer que existem funcionários públicos em excesso. Seria, ao que me pareceu ouvir, na área administrativa que o número de empregados do Estado estaria especialmente inflacionado face às necessidades da administração e à capacidade desta em suportar os custos salariais com tão elevada quantidade de gente. Ao que suponho ter ouvido, o governo estará a preparar-se para colocar no olho da rua – requalificação, mobilidade, ou lá o que é que agora chamam ao acto de despedir – umas quantas dezenas de milhares de funcionários. De que, como faz questão de salientar, não precisa para assegurar o regular funcionamento dos serviços.
Mas tudo isto, presumo, devo ter sido eu a sonhar. Ou então por, a maior parte dos dias, apenas ouvir as noticias de manhã. Quando estou naquela fase em não tenho a certeza se ainda estou a dormir ou já estou acordado. Isto porque, depois, ao longo do dia, a realidade encarrega-se de provar o contrário. Neste caso mostra-me claramente que ando a ouvir mal, a deturpar as noticias e, quiçá, a pregar pantominices a quem me quer ouvir ou ler. O governo não pretende, afinal, despedir ninguém. Como, igualmente, não existem funcionários a mais. Bem pelo contrário, precisamos é de mais pessoal. Veja-se o caso de um organismo público que, na ausência de recursos próprios, tem recorrer a uma empresa de trabalho temporário para dar conta do recado. Ou do serviço.
Situações desta natureza ocorrem com inusitada frequência nos mais insuspeitos organismos da administração pública. Contratam-se empresas de trabalho temporário a preços exorbitantes que, por sua vez, pagam uma miséria aos trabalhadores que recrutam. Podia perguntar-me o que é feito da diferença entre o muito que o Estado paga a mais do que pagava antes e o que o novo trabalhador recebe a menos do que aquele que lá estava. Poder, podia. Mas era uma pergunta desnecessária.

terça-feira, 25 de junho de 2013

"Cão do presidente da Câmara vai ao cabeleireiro no carro oficial"


Estou que nem posso. Faltam-me as palavras para formular considerações jocosas, ou mesmo de outra natureza, acerca de uma revelação como esta. Isto, claro, partindo do principio que a noticia é verdadeira. É que até a mim me custa a acreditar!

domingo, 23 de junho de 2013

A culpa não é de quem não paga. É de quem não compra...Ou a teoria socialista para o crescimento.

O secretário geral do partido socialista garantiu aos autarcas socialistas que, logo que chegue ao poder, tratará de revogar a lei dos compromissos. Presumo que a audiência tenha exultado. Para os portugueses essa é, ainda que a maioria nem saiba do que se trata, uma péssima noticia.
A lei em causa pretende, no essencial, limitar os gastos das administrações públicas obrigando-as a só comprar quando têm dinheiro para pagar nos noventa dias seguintes. A ideia é que os pagamentos em atraso não cresçam e que o Estado passe a cumprir os seus compromissos dentro de um prazo aceitável. E, em determinadas circunstâncias, mesmo os três meses previstos ainda parecem constituir um espaço de tempo demasiado dilatado.
Ora nada disto interessa a quem sempre se habitou a governar gastando o que tem e o que não tem, a comprar hoje e a pagar quando calhar e, em suma, a esturrar dinheiro como se não houvesse amanhã. O que, qualquer parvo sabe, terá sempre como consequência num futuro mais ou menos próximo a destruição de emprego e da economia.
Também foi assim que nos habituamos a ser governados. Daí que nos preparemos para trazer de volta ao governo a bandalheira socialista. É disso que gostamos e é apenas assim que sabemos viver. Um dia, quando tivermos mesmo a sério de pagar a conta, alguém o fará em nosso lugar. Achamos nós. 

sábado, 22 de junho de 2013

Bicha


Esta jibóia – anaconda, quase – terá sido atropelada mortalmente quando tentava atravessar a estrada. Ou então morreu de outra maneira qualquer. O que não me tranquiliza é saber que estas bichas se passeiam pelas redondezas.   

Nem com passadeira lá vamos!

A deposição em aterro do lixo que produzimos custa anualmente aos cofres dos municípios muitos milhões de euros. Esta factura podia ser significativamente reduzida se, em lugar de jogar tudo para o contentor, fosse feita por cada um de nós uma adequada separação dos resíduos domésticos. Ou seja, sempre que um material reciclável não é depositado num ecoponto estamos todos a pagar por isso. Daí a importância de estender a passadeira à reciclagem. Que é como quem diz à poupança.
Mas estas coisas interessam muito pouco a eleitos e eleitores. A uns não dão votos e a outros – pensam eles – não custa dinheiro. Importante mesmo é lamentar que não nos deixem continuar a fazer a vidinha de sempre. Que, achamos nós, alguém há-de continuar a pagar. 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Os manifestantes brasileiros são uns perigosos reaccionários


A Esquerda não nutre particular apreço pelas manifestações que estão a levar para a rua milhares de brasileiros. Logo agora que estava tudo a correr tão bem lá pelo país dos dilmos. Investimento público de muitíssimos milhões, nomeadamente em estádios de futebol e infraestruturas para os jogos olímpicos, com a consequente criação de postos de trabalho no sector da construção, e, mesmo assim, o povo não está satisfeito?! Uns mal-agradecidos! Ou então são todos de direita e deviam ser severamente punidos. Que isto a democracia é muito bonita, as reivindicações populares também, mas apenas quando são os movimentos e os partidos de esquerda a organizar a coisa quando, como cá, se trata de pagar a conta da festança. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Cavaco, o apressado.


Não percebo porque se surpreendem com a rapidez estonteante do presidente na promulgação da lei relativa ao pagamento dos subsídios de férias. A sério. Cavaco estará, apenas, a ser coerente. Ele terá querido acautelar que o subsidio de férias a que tem direito enquanto pensionista não lhe vai ser pago em Julho. Estará a guardá-lo para Novembro. E, do seu ponto de vista, faz bem. Não vá faltar-lhe o dinheiro para as compras de natal como, coitado, terá acontecido da outra vez.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ele disse "trabalhar"?!


Deve ter sido impressão minha. Só pode. Algo assim do tipo andar a ouvir coisas. Mas, verdade verdadinha, que estava capaz de jurar que ouvi o Cavaco dizer, num local qualquer onde se deslocou para plantar uma árvore, que o que é preciso é trabalhar. Uma receita apenas para aplicar aos outros, pelos vistos. Porque quando toca a mandarem-no trabalhar a ele a coisa muda de figura.
De salientar, a propósito da presidencial plantação, que o buraco  foi previamente cavado. O senhor só teve de chegar lá e pespegar com a arvorezita no sitio. Grande coisa. Assim também eu, olha. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Histórias da carochinha

Há quem acredite que em Abril de 1974 andávamos quase todos descalços. Assumem-no como um facto indesmentível. E que ninguém se atreva a contradizê-los. Só falta, mas tenho esperança de ainda encontrar uma dessas pérolas, garantirem que foi o companheiro Vasco que forneceu o primeiro par de sapatos a oito milhões de portugueses. Ou mais.

P.S - Esta estimativa é baseada nos portugueses descalços que, segundo o autor da resposta ao meu comentário, circulavam por essa altura na Avenida de Roma..

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Inquietações

Não faço juízos de valor acerca da greve dos professores. Primeiro porque não tenho nada que os fazer, segundo porque quem perde o seu o tempo a ler o que por aqui vou escrevendo sabe o que penso em relação a algumas das questões que conduziram a esta luta e, por último mas mais importante, porque não me apetece.
Há, no entanto, algo que me inquieta. Muito deve ter mudado no sindicalismo nacional desde o tempo em que eu ligava a essas coisas. Recordo-me de, nessa altura, por ocasião de uma greve da função pública que se realizou praticamente nas vésperas de umas eleições quaisquer, um sindicato ter recomendado aos grevistas que, apesar da greve, fosse garantido que a realização do acto eleitoral não sairia prejudicada.
Pouco me importa se eram os sindicatos de antanho que estavam certos e os de agora que estão errados. Ou o contrário. Ou se ambos estão certos. Ou ambos errados. Mas tenho a certeza quanto a uma coisa. Alunos, funcionários públicos e professores são muito mais importantes do que políticos ou sindicalistas. O passado não deixa dúvidas quanto a isso. E o presente também não.  

domingo, 16 de junho de 2013

A fé está pela hora da morte

O Estado é laico. Mas isso é o que está escrito na Constituição. A realidade, nessa como noutras temáticas, nem sempre tem grande aderência à lei fundamental do país. Certamente estribado em leis que garantem a legalidade do procedimento, na tradição secular que importará assegurar e, se necessário for, em vários pareceres que garantirão a regularidade da acção, o poder politico não hesita em promover manifestações de carácter religioso. Veja-se o exemplo de uma empresa municipal que entendeu contratar à paróquia da terra a organização de uma procissão. Pagando para isso, naturalmente.
Julgava eu – vejam lá a minha ignorância - que isso de organizar procissões era coisa da competência, em rigoroso exclusivo, da igreja. E que ninguém lhe pagava para as fazer. Até porque - mas lá está, eu não percebo nada disso - não hão-de ser eventos especialmente caros. Tinham mesmo a impressão que se faziam de borla. Esta não foi o caso. Custou(-nos) dezoito mil euros.

sábado, 15 de junho de 2013

Será algo relacionado com o nome?


Há, diz-se, quem seja capaz de vender a própria mãe. De vender a dos outros – ou qualquer outra coisa - todos somos capazes. É, pelo menos, o que parece deduzir-se do significado desta expressão. Se calhar será mesmo assim. Vem isto a propósito de um poeta colombiano que pretenderá vender os testículos. Provavelmente não lhe farão falta nenhuma. Já o dinheiro que espera obter com a insólita venda vai dar-lhe muito jeito. Para viajar pela Europa. Diz ele. O Brochero, assim se chama a criatura.

Lamentavelmente não havia outra...


Depois de aqui ter manifestado o meu desencanto pela ausência de produtividade da cerejeira que ornamenta o quintal cá de casa, que parece não servir para mais nada do que fazer sombra e crescer para o lado dos vizinhos, constatei que estava a ser injusto. Afinal havia uma. Ou melhor, havia “a” cereja. Lamentavelmente, de outra nem sinal. O pior vai ser dividi-la por quatro...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sem projecto, sem licença e sem alvará...

Há noticias que me deixam com os poucos cabelos em pé e  com as restantes pilosidades igualmente eriçadas. Hoje foi a de um casal de reformados que após a aposentação resolveu dedicar-se à agricultura. Nada de mais. Se lá chegar sou capaz de fazer o mesmo. O pior é que, para fazerem as refeições de forma mais confortável, construíram  na propriedade uma mesa e uma churrasqueira em cimento. Grave erro. Agora têm a Câmara lá do sitio à perna.  Diz que se não apresentarem um projecto, daqueles todos catitas assinado por um arquitecto, vão ser multados. Talvez até a obra venha a ser demolida, digo eu. 
Presumo que a “obra” seja um mamarracho. Talvez constitua mesmo um daqueles atentados urbanísticos que por aí se vão vendo. Fará, portanto, a autarquia muitíssimo bem em zelar pela qualidade de vida dos outros munícipes afectados pela construção. Exigir um estudo de impacto ambiental, um arranjo paisagístico da zona envolvente e, quiçá, a reversão para a Câmara de uma parcela do terreno circundante, não me parece de todo descabido. Isto, claro, para além do parecer da CCDR da região, do IGESPAR, da Direcção regional de agricultura, dos bombeiros e de mais umas quantas entidades com responsabilidade nestas matérias. Sem isso nada de licenciar o parque de merendas. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Deixem-me lá levar a "bicicleta"!

Nada percebo de economia. Sou, igualmente, um ignorante em ciências ocultas. Não foi, no entanto, a ausência de conhecimento nestas áreas que, em pleno consolado socretino, me inibiu de publicar a minha opinião acerca do que seriam as consequências das politicas do governo socialista. Fui, à conta disso, alvo de comentários jocosos onde a minha ignorância relativamente ao que escrevia – aqui e noutros locais por onde espalhei os meus bitaites – foi amplamente salientada.
Recordo, também, a satisfação que vi em alguns rostos quando, já no reinado do Coelho, os funcionários públicos ficaram sem subsídios de férias e natal. Reforcei nessa altura a convicção que isso de nada serviria para equilibrar as contas nacionais e, pelo contrário, contribuiria para afundar ainda a economia do país.
Lamentavelmente nem a tralha socrática, que antes apreciavam os cortes e agora os abominam, nem os laranjas podres, que antes achavam pouco os cortes do Sócrates e até queriam cortar mais que a troika mas agora quase têm vergonha de dizer que são do PSD, têm a honestidade intelectual de reconhecer que estavam errados. 
Pela minha parte preferia não o fazer. Teria sido melhor para todos. Mas a verdade é que tive razão em tudo o que escrevi. Nem era, reconheça-se, difícil de calcular que o resultado ia ser este. Portanto, na impossibilidade de o fazer individualmente, devolvo a todos os comentadores – daqui, doutros blogues e foruns e também da “rua” - todos os nomes que me chamaram sempre que previ esta desgraça. Ah, e não precisam de agradecer. 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Os enraivecidos do facebook

As imagens de um grupo de cães a atacar um boi estão a causar um nível de irritabilidade de proporções épicas entre os amigos da bicharada. E não só, sejamos justos. Que a crueldade, principalmente contra os animais, deixa muita gente em choque. A ira sobe de tom quando, como é o caso, envolve figuras mais ou menos conhecidas. Isto, claro, a confirmarem-se a alegada origem das fotos e o não menos alegado local onde terão sido recolhidas. 
As imagens, a serem verídicas, retratam uma malvadez sem limites. Convém, contudo, recordar que nem tudo o que parece é. Não vou sugerir que a cena foi adulterada, as fotos foram objecto de intervenção artística ou que foram obtidas do outro lado do mundo. Acho apenas que a esmagadora maioria dos que as tem comentado podia ser ligeiramente mais comedido nas opiniões.
É por estas, e também por outras parecidas, que considero o “pisco” no “mostrar no feed de noticias”  uma das melhores ferramentas do facebook. Nomeadamente para quem, como eu, não aprecia vídeos de gatinhos fofinhos, não tem interesse em saber o que é o almoço ou o jantar de ninguém, se está nas tintas para que Jesus ou ou santo qualquer nutra por si um grande amor, nem, principalmente,aprecie piadolas de anti-benfiquistas. Ou, como no caso presente, acha  um tudo nada exageradas certas reacções de pessoas aparentemente normais. Mas, se calhar, só aparentemente. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Os alhos da crise


Ainda que atacados pela alforra – diz que é assim que se chama a doença que ataca esta espécie – os alhos da crise deram uma produção dentro dos limites expectáveis. Presumo, por isso, que a colheita torne a cozinha cá de casa auto suficiente quanto a este ingrediente. Mas não sei ao certo. Nessas artes sou um verdadeiro artola. Talvez, mas continuo igualmente sem certezas, constituam guarnição suficiente para afastar um ou outro vampiro. Se os houver, claro. 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Andarilho artilhado



A qualidade das fotos não é a melhor – pronto, estão uma merda – mas para o caso não interessa muito. O que importa realçar é o espírito do idoso que conduz este andarilho. Preocupado, talvez, com uma eventual concentração de velhotes nas deslocações até à casa de banho ou ao refeitório, capaz de provocar algum acidente – assim do tipo pisar os calcanhares ao parceiro da frente – resolveu instalar uma buzina no seu auxiliar de locomoção. Ou então foi mesmo na brincadeira, apenas para reinar com os seus companheiros e companheiras do lar de idosos. 

domingo, 9 de junho de 2013

O tempo, esse malandro.

Está tudo explicado. Afinal a retoma só não acontece por causa do tempo. É o que garante o sábio Gaspar e, se ele o diz, tem de certeza toda a razão. Por mim, devo dizer, já andava desconfiado que a culpa era disso do tempo. Faz, até, algum tempo que o ando a escrever. O tempo que esta gente – e a outra que lá esteve antes – perdeu a tomar as opções que tomou e que, estava-se mesmo a ver à muito tempo, iam dar nisto. 
Apetece-me também incriminar o tempo em que se construíram estádios, auto-estradas, multiusos, piscinas, centros culturais, escolas onde não há crianças, parques desportivos onde só moram velhos, distribuiu subsídios, arregimentou gente para a função pública e, em resumo, se esturrou dinheiro como se não houvesse amanhã. Nem, tão pouco, um tempo em que teríamos de pagar a conta. 
Sobra-me, igualmente, vontade de responsabilizar o tempo que ninguém teve para se manifestar estridentemente, como fazem agora, contra o rumo que o país estava a seguir. O tempo que agora lhes sobra para protestar contra os tempos que vivemos. Mas o pior - e que verdadeiramente me atormenta -  é que, a esmagadora maioria, ainda não tiveram tempo de perceber que vivemos noutro tempo.  



sábado, 8 de junho de 2013

Vendam essa a outro!

“A divida dos países não se paga, gere-se”. Ainda que pareça desculpa de mau pagador, esta frase é absolutamente verdadeira. Mas, lamento discordar de muitos que a estão a usar na tentativa de justificar erros do passado e do presente, não se aplica no caso português. A divida do Estado – onde, naturalmente, se incluem o estado central, regional, local e as empresas públicas – é impossível de gerir se continuarmos a viver pelos mesmos padrões de há meia dúzia de anos atrás. Essa história do “isto não pode parar”, “os nossos filhos pagam as nossas dividas tal como nós pagamos as dos nossos pais e estes já pagaram as dos nossos avós” ou “quem vier que pague as dividas que eu deixar porque eu já paguei as que encontrei”, é conversa de tolinho. Por mais escola que ainda faça entre gestores tão aptos a gerir a coisa pública como eu a dizer missa. 
Este, estou em crer, será um debate que não vai acontecer na próxima campanha autárquica nem na que, provavelmente, se seguirá para eleger o novo parlamento. Até porque não interessa a ninguém. Nem, sequer, aos que são esmifrados para pagar todas as tropelias que, em nome de uma alegada melhoria da sua qualidade de vida, se vão fazendo de lés a lés. É deprimente, mas é o que temos.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Menos uma hora para consumir

Notáveis algumas ideias que tenho lido cerca do aumento do horário de trabalho na função pública. Que é para aproximar do que se pratica no sector privado, diz quem acredita na versão oficial. O que, acrescenta, se trata de uma questão  da mais elementar justiça relativamente aos restantes trabalhadores. Talvez seja. Ainda que, mas isso deve ser defeito meu, me pareça que esta posição evidencia mais um sentimento de vingança do que de qualquer outra coisa.   
Que assim, há quem defenda esta tese, graças ao prolongamento de horário dos funcionários públicos – esses malandros, convém acrescentar – o cidadão comum, que se farta de trabalhar para manter essa cambada de gabirús, tem mais tempo tratar dos seus assuntos nas repartições públicas. Embora, saliente-se, hoje em dia quase tudo se possa fazer a partir de casa. Ou de qualquer outro local, com um desses aparelhos ultra modernos que os tugas compram mal são lançados no mercado. É que essas traquitanas, não sei se a generalidade do pessoal sabe, dão para fazer mais coisas do que estar ligado ao facebook. 
Por mim, já escrevi em diversos posts, não me aquece nem arrefece. É-me indiferente. O mesmo não sei se poderão dizer muitos dos que agora se regozijam por ver aplicado mais um “castigo” aos vizinhos, conterrâneos ou compatriotas. É que ainda estamos para ver o impacto que este prolongamento de horário vai ter nos sectores privados da economia. Desconfio, mas isso sou eu que tenho a mania de fazer contas, que é capaz de não ser lá muito positivo. Que o Estado vai gastar mais, disso não tenho dúvidas. Que os funcionários ficam com menos uma hora para gastar dinheiro, também não...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Quem tem medo da transparência?

Acho piada ao conceito de privacidade, bom nome ou seja lá o que for, actualmente em vigor. Qualquer boa mãe de família – ou mesmo que não seja assim tão boa – expõe à vista de todos, livre e espontaneamente, em qualquer rede social fotografias suas, da sua família ou do último pitéu que acabou de cozinhar. Todos – bom, pelo menos muitos – compartilham imagens das férias em Cuba, Porto Galinhas ou outro  destino exótico. Não falta quem exiba de forma ostensiva, pelos mais diversos meios, sinais exteriores de riqueza que, por muito legítimos que sejam, não tinham necessidade de ser exibidos. Tudo coisas que, na sua maioria, não necessitávamos de ver nem de saber.
A coisa muda radicalmente de figura quando se trata de dinheiro. Do que têm ou, principalmente, do que não têm e deviam ter para pagar aquilo que exibem ou de que desfrutam. Muitas vezes de forma legitima, diga-se. A ideia de privacidade parece ganhar outros contornos quando em causa estão o cumprimento de obrigações. Ou seja, apenas se defende intransigentemente quanto aos deveres. Nunca ou raramente do lado dos direitos.
Vem isto a propósito da intenção do governo de tornar obrigatória a divulgação dos beneficiários dos apoios sociais. O que faz todo o sentido. A sociedade tem o direito a saber quem beneficia do dinheiro dos seus impostos. Mas, como era de esperar, não pode ser. A oposição, CDS incluído, não quer e a comissão de protecção de dados também não. Seria uma medida da mais elementar justiça. Nomeadamente para com aqueles que realmente necessitam desses apoios. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

A piada negra



É, também, por coisas destas que gosto do meu bairro. Convenhamos que ir a pé para o trabalho e pelo caminho deparar com uma cena bucólica de ovelhas a pastar num recanto da cidade é algo pouco comum. Pena o vizinho chato, mais as suas piadas secas. “Olha, olha”, dizia o gajo, “o Passos Coelho já começou a despedir funcionários públicos”. Não percebi. “E os primeiros foram os jardineiros”. Ah, estou a começar a ver o sentido da coisa...”substituiu-os por ovelhas!”. Pois. Tá bem, tá. Tens piada,tu. 

domingo, 2 de junho de 2013

Os piratas do Capitão Obvious

O líder do Partido Socialista disse, finalmente, o óbvio. Mas é importante que o tenha dito. Considerou – e muitíssimo bem – que um dos maiores problemas das empresas e da economia são os mais de 3,2 mil milhões de euros de pagamentos em atraso – as dividas por pagar a mais de noventa dias – que o Estado deve às empresas. Coisa com que muito pouca gente, se exceptuarmos os que estão a “arder”, se tem preocupado. Mesmo assim, salvo um ou outro caso, são poucos os que têm a coragem de afrontar as instituições públicas devedoras e exigir aos seus responsáveis o pagamento atempado do que lhes é devido. Nem uma manifestação, uma grandolada ou, sei lá, ondas de indignação no facebook, contra uma situação capaz de provocar em qualquer empresa sérios problemas de tesouraria e, até, o seu encerramento e consequente desemprego dos seus trabalhadores. Enfim, prioridadezinhas.
O pior, para António José Seguro e principalmente para os portugueses, é que até mesmo entre os seus correlegionários há quem não ligue peva a isso de pagar a tempo e horas. Presumo que tenham como lema de vida “o dever acima de tudo”. Coisa que, a julgar pelo que se vai vendo, o eleitorado parece apreciar.

sábado, 1 de junho de 2013

São uns "amourosos" é o que é...

A enternecedora história daquela comunidade islâmica que ofereceu chá e bolos aos manifestantes que demonstravam o seu desagrado pela morte de um soldado britânico, às mãos de um criminoso seguidor da dita religião, está a comover os corações mais sensíveis. E, como era de esperar, a servir de exemplo aos militantes do multi-culturalismo para nos fazerem crer que aquela malta barbuda e que reza de cú para o ar são uns fofinhos.
A mim não me convencem. Não gosto deles. Pelo menos até que, os que estão cá, adoptem os nossos hábitos e acatem as nossas leis ou, nos países islâmicos, permitam que os ocidentais mantenham os seus usos e costumes. Se as gajas deles podem andar, no ocidente, todas enroladas em panos pretos e só com os olhos de fora, porque raio não hão-de poder as ocidentais andar de mini-saia na terra da mourama?!
Este episódio do chazinho e dos bolinhos é, por mais que queiram demonstrar o contrário, mais uma evidência da intolerância religiosa daquela malta. Se queriam ser amiguinhos, e mostrar a sua vontade de se integrarem na sociedade que os acolheu, o que deviam ter feito era convidar os manifestantes para beber umas bejecas no bar mais próximo. Acompanhadas de uns coiratos, de preferência.