quarta-feira, 31 de março de 2010

Remate kruzado

Sem que se perceba bem porquê, três canais entenderam ocupar parte significativa do seu horário nobre com entrevistas a figurões ligados ao futebol. Que se saiba, nenhum deles, nos largos anos – pelo menos em dois casos – em que andam metidos no meio desportivo, terá marcado um golo ou feito algo merecedor de ser aplaudido dentro de um relvado. Farão, quando muito, umas fintas estonteantes que deixam os seguidores mais fanáticos à beira do delírio. O que, ainda assim, não constitui mérito suficiente para entrar casa dentro das pessoas honestas. 
O velhote careca terá sido, ao que rezam as criticas, o mais divertido. Daí não me arrepender de não ter visto o programa em que senhor participou. É que sempre me ensinaram que não nos devemos rir da miséria alheia nem “fazer-pouco” dos mais velhos, e, pelo que tem vindo a lume, ser-me-ia difícil manter alguma seriedade perante tão hilariantes declarações. 
É por demais notório que a pessoa em causa está mentalmente fragilizada. Nem será necessário perceber nada de medicina para diagnosticar ali um quadro clínico revelador de uma percepção distorcida da realidade, em que manifesta uma evidente falta de memória e onde a demência toma conta de um discurso que intercala o patético com o ridículo. Ou, por vezes, ambas as coisas em simultâneo. Seja como for, causa-me alguma tristeza assistir ao declínio intelectual de alguém que já foi bom naquilo que fez. Mesmo não tendo feito nada de bom.

terça-feira, 30 de março de 2010

Kruzes Kanhoto Memória


Não acredito que os meus leitores se lembrem deste post, publicado no longínquo dia catorze de Julho de 2006. Primeiro porque já lá vai muito tempo, segundo porque têm mais em pensar – coisas importantes, nomeadamente – terceiro porque se estão nas tintas para o que aqui é publicado – fazem muitíssimo bem – e, finalmente, porque ninguém lê blogues. Principalmente os meus leitores. 
Mas eu, que até leio blogues, lembro-me. Achei, na altura, piada ao facto de alguém – um “zovem”, provavelmente - ter perdido algum do seu precioso tempo a pintar as unhas da estátua. Tarefa inglória, acreditava eu, porque mais dia menos dia alguém, munido de uma ferramenta apropriada ao efeito, trataria de limpar os pezinhos do Santo André. Afinal não foi tão rápido quanto supunha mas, muito mais tarde do que seria de esperar, o santo deixou de ter o aspecto abichanado que durante tanto tempo exibiu.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Estacionamento tuga


São muitos os que se queixam da maneira caótica e pouco civilizada como inúmeros papás e mamãs estacionam os seus bólides à porta das escolas, nomeadamente da preparatória, enquanto esperam pelas suas crias. Embora tal comportamento provoque o bloqueio da circulação na zona, ainda poderá encontrar alguma justificação na elevada quantidade de pessoas que para lá se deslocam usando as suas viaturas e no tráfego, de certa forma significativo, com origem ou destino a Mendeiros.
Nenhum desses problemas sucede no Bairro da Salsinha. Mas existe uma escola. E, consequentemente, progenitores que depositam e recolhem os seus rebentos. Por sinal alguns deles a pé. Ainda assim, apesar de não faltarem lugares para estacionar, há sempre alguém que, por vício ou para mostrar que a sua carripana até é capaz de subir passeios, opta por estacionar da maneira que é mostrada pela imagem. Mesmo que não tenha necessidade absolutamente nenhuma de o fazer. 
Aproveito para esclarecer que, ao contrário do que já aqui sugeriram alguns comentadores a propósito de outros posts que versavam sobre este mesmo tema, o veículo não é meu, nem pedi ao dono – que não sei quem é – que estacionasse no passeio só para eu poder tirar uma fotografia.

domingo, 28 de março de 2010

A grande poda


Corria o ano de dois mil e oito quando os plátanos que ladeiam o percurso por onde em tempos passava a antiga estrada nacional quatro, umas centenas de metros antes da Fonte do Imperador para quem se desloca de Évora para Estremoz, foram alvos de um ataque selvático em forma de poda. Apesar do argumento que aquele tipo de intervenção não prejudicaria as árvores e que é de todo o interesse retirar ramos secos, que podem constituir uma ameaça à segurança das pessoas que eventualmente por ali passem, nunca me convenci da inocência da coisa. 
Passado todo este tempo dou a mão à palmatória. Sou mesmo parvo. Afinal as árvores voltaram a crescer e não tarda - afinal a Primavera está aí – vão estar cobertas de folhas e proporcionar sombras magníficas. Tal como acontecia antes da inteligente intervenção de carácter técnico que as amputou de todos os seus ramos mas que lhes proporcionou um revigorado e saudável crescimento. 
Apenas um pequeno senão me continua a inquietar. Uma coisa insignificante que, com toda a certeza, os técnicos que decidiram a dita selvajaria – sim porque decidir estas coisas é assunto para técnicos, não foi? – explicarão facilmente. Não consigo entender porque razão os plátanos de um dos lados estão a crescer e a voltar ao normal, enquanto os do outro continuam como no dia em que foram cortados. Do lado dos que crescem está plantada uma vinha e do lado dos que não crescem foram, pouco tempo antes da dita “intervenção”, plantadas árvores de fruto. Será que está provado cientificamente que plátanos públicos não crescem se por perto existirem árvores de fruto privadas, mesmo que os primeiros tenham sido plantados dezenas de anos antes das segundas?!

sábado, 27 de março de 2010

O abanão

O tremor de terra que hoje sentimos foi de baixa intensidade mas, ao contrário do que já vi escrito por alguns sábios comentadores, não me parece que tenha sido apenas mais um dos muitos abalos que acontecem todos os dias e dos quais nem nos damos conta. Verdade que não senti a mesa a que estava sentado a abanar. Tão pouco senti a terra a fugir-me debaixo dos pés. Mas aposso afiançar que as portas e janelas vibraram de forma bastante perceptível o que, também estou em condições de garantir, não acontece com frequência. Contudo o que mais me impressionou foi o imenso barulho originado pelo sismo. Já, ao longo da minha assim não tão curta vida, senti alguns fenómenos destes e jamais algum se assemelhou em tamanha algazarra. Peço, por isso, licença aos especialistas para discordar. Tremores de terra como este não há todos os dias. E se, por acaso os houver, são muitíssimo mais silenciosos. Garanto-vos eu, que apesar de andar por cá há uns anitos ainda estou em muito bom uso. Pelo menos de ouvido.

Estacionamento tuga


O trânsito em Estremoz é – em certos dias, determinadas horas e em alguns locais – extremamente irritante e de tirar a paciência a qualquer santo. A quantidade de viaturas a circular é absurda, tendo em conta a dimensão da cidade e o número de habitantes, e o comportamento dos automobilistas revelador de uma falta de civismo próxima de um incapacitado mental. 
O estacionamento em segunda fila, em cima do passeio e/ou em locais onde impedem a passagem dos outros veículos ou simplesmente parar em plena faixa de rodagem para dar dois dedos de conversa com o amigo ou conhecido que não vê há dez minutos, são práticas correntes e rotineiras para muitos dos que rolam pelas nossas ruas. Impunemente, quase sempre. 
Não foi o caso do condutor/a deste jipe. Após larguíssimos minutos estacionado em cima do passeio lá apareceu um polícia a colocar o papelinho da ordem no pára-brisas. Bem feito! Estacionar desta maneira, num Sábado de manhã, em pleno centro da cidade e a provocar constantes congestionamentos é de quem está mesmo a pedi-las.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Os prémios da ira


Os gestores das empresas públicas, ou detidas maioritariamente pelo Estado, anunciaram já a sua intenção de processar o accionista maioritário pela anunciada medida de não atribuir prémios. Esta atitude é bem reveladora das qualidades morais dessa gente e da coerência das suas atitudes relativamente aquilo que advogam para os outros. Quando os “sacrifícios” lhes tocam a eles - se é que se pode chamar sacrifício ao facto de receber apenas catorze meses de chorudo ordenado – reagem mal e entendem que têm direitos adquiridos que não podem ser postos em causa. 

Concordo que pode até ser uma medida meramente populista e que não será por aí que a conjuntura vai melhorar. Trata-se, no entanto, de um sinal. Nomeadamente quando se pedem sacrifícios aos portugueses e se apela ao espírito de mobilização para ultrapassar esta hora difícil. Espera-se por isso que o governo não ceda às pressões que, inevitavelmente, surgirão dentro do próprio partido socialista, pois é lá que quase todos os gestores agora queixosos foram recrutados. 

Compreendo também que os visados se estejam nas tintas para tudo isso e queiram mas é receber o deles. Eu próprio me estou borrifando para o verdadeiro buraco negro em que nos meteram. Quem o criou que se desenrasque, que eu não tenho culpa nenhuma das asneiras e farei o mesmo para contornar a asfixia financeira em que pretendem sufocar-me. O que verdadeiramente me lixa, muito mais que a indignação dos fulanos por perderem umas maçarocas simpáticas, é que eles não queiram tomar o mesmo remédio que nos prescrevem.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Só?!

Um estudo recentemente divulgado revela-nos que um em cada cinco portugueses tem alguma espécie de problema de índole mental. São, portanto, malucos. Melhor, entre cada cem, vinte de nós são doidos varridos. Dois milhões, mais coisa menos coisa. Nada que constitua grande novidade ou que motive reacções de espanto. Poderá, quando muito, suscitar uma leve interrogação. Assim do género: “Só?!”
Identificar o quinto de cidadãos envolvidos nesta problemática é que não me parece tarefa fácil. Como distingui-los dos outros oito milhões que, tal como eles, também se julgam pessoas normais?! Mais difícil ainda quando a maioria dos cidadãos não reconhecem os seus erros, os seus defeitos e, regra geral, são perfeitamente incapazes de assumir os seus problemas ou os que causam aos outros. Diria antes que vivemos num país de narcisos. Pior. De narcisos malucos.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Remate kruzado

A todos, seja qual for a profissão que exercemos, já aconteceu ter um daqueles dias em que tudo nos corre mal. São, por norma, a excepção. Contudo, se acontecem com uma frequência que vai para além daquilo que normalmente o senso comum tem como razoável, o melhor é mudar de emprego.
O futebol não foge a esta regra. Anda por lá gente com notória incapacidade para estar num relvado onde, conjuntamente com outras vinte e uma pessoas, disputa um jogo que, por mais interesses que possa mover, é apenas isso. Um jogo. Pior ainda quando o indivíduo a quem as coisas correm sistematicamente mal - no sentido de procurar jogar a bola que, recorde-se, é o objectivo central do jogo – ostenta a braçadeira de capitão. Quando o líder perde a cabeça, exibe uma conduta desvairada e se revela uma fonte de instabilidade para a equipa que comanda, não merece ser líder. Quando o profissional não faz aquilo para que é principescamente pago e manifesta uma verdadeira incapacidade para se concentrar na bola, preocupando-se apenas em malhar os adversários, o melhor que tem a fazer é procurar outro trabalho onde aquilo em que é bom constitua o objectivo a atingir. A bem, neste caso, do futebol e da instituição que representa.
Não raras vezes os maus profissionais gozam de uma estranha e intrigante protecção, quer das suas entidades patronais ou daqueles que têm autoridade para os punir. Também assim é no futebol e, por incrível que pareça, verdadeiros arruaceiros que, apenas contribuem para a má imagem dos clubes que lhes pagam e da profissão que desempenham, beneficiam da protecção daqueles que deviam ser os primeiros a punir exemplarmente gente que é incapaz de exercer de forma séria as funções que lhes estão atribuídas.
O país inteiro assistiu ontem a mais um episódio que ilustra o que acabo de escrever. O comportamento protagonizado por um profissional foi muito mais próprio de um desequilibrado mental, do que de alguém que se pretende seja um exemplo de conduta. E não pode ficar impune. Até porque se repete sistematicamente.

domingo, 21 de março de 2010

Tudo à mostra, já!

Assistimos actualmente ao preocupante fenómeno de, cada vez mais gente dentro do Partido Socialista, estar a perder a noção do país em que vive, do cargo que ocupa ou do exemplo que, por força dos lugares que desempenha – bem ou mal, por mérito ou por compadrio, para o caso pouco importa – deve transmitir aos portugueses. A quem, é bom que se recordem disso, devem prestar contas.
Veja-se a desabrida intervenção do deputado José Lello no plenário da Assembleia da República. Agastado pelo facto de o monitor do seu computador poder estar a ser alvo das objectivas indiscretas dos repórteres fotográficos, o homem evocou supostos direitos à privacidade para tentar condicionar o trabalho daqueles profissionais. Verdade que a resposta do Presidente da Assembleia foi lapidar - nem podia ter sido outra – mas, reconheça-se, qualquer coisa não estará a bater bem dentro de certas cabeças quando é necessário recordar a um titular de um elevado cargo público que no desempenho das suas funções e enquanto utilizador de um equipamento público destinado exclusivamente a ser utilizado ao serviço do órgão de soberania, não pode exigir privacidade. Não é para isso que foi eleito.
Não é que me incomode que os deputados naveguem pelas redes sociais, leiam blogues ou, até mesmo, vejam gajas nuas. Acho, inclusivamente, de extrema utilidade que o façam. Pretender enganar-nos, impedindo que outros nos mostram que o fazem, é que me parece grave, porque temos todo o direito a escrutinar o que se passa no parlamento. Sejam computadores ou decotes mais ousados.

sábado, 20 de março de 2010

Só se perdem as que caem no chão...

Fico sem saber o que pensar quando ouço os “jovens”, a quem inexplicavelmente algumas televisões dão voz, relatar a sua versão dos acontecimentos sempre que está em causa uma intervenção mais musculada das forças de autoridade. Invariavelmente alegam que estão em amena cavaqueira uns com os outros, sossegados, sem fazer mal a uma mosca e que são os policias – conhecidos desordeiros como toda a gente sabe – quem surge do nada e desata a dar pancada como se não houvesse amanhã.
Confesso que por vezes me sinto tentado a acreditar nesta versão. Bem vistas as coisas dar uma carga de porrada em certa malta – nomeadamente aquela que no meio do discurso mete umas quantas palavras estrangeiras - é um desejo comum à esmagadora maioria da população. Por mais que isso custe aos multiculturalistas apaneleirados que de vez em quando também debitam umas patacoadas a propósito dos tabefes que por aí vão sendo distribuídos.
Mas o que verdadeiramente me intriga é que os tais “jovens” nunca alegam ter sido espancados enquanto estão a trabalhar. Das duas, uma. Ou existe aqui uma grave falha da polícia, que não vai aos locais de trabalho dessa “juventude”, ou então essa rapaziada não trabalha. Esta segunda hipótese, a verificar-se, poderá ter como álibi a elevada taxa de desemprego que por cá se regista. Embora, mas deve ser desatenção minha, também não me ocorra nenhum caso de alegada violência policial quando algum destes “jovens” andava à procura de emprego…

Poupança fiscal

Garantem quase todos os analistas que, com a entrada em vigor do PEC, vamos passar a pagar mais impostos. Ou ter menos deduções. O que, como os nossos governantes e o PS em geral não se cansam de sublinhar, não é exactamente a mesma coisa. Pois não. Quando muito passaremos a receber uma quantia significativamente menor a título de reembolso do irs. Só um cego – pior, apenas quem sofre de uma cegueira política absoluta – é que não percebe que estamos da presença de algo completamente distinto de uma subida de impostos.
Pode mesmo acontecer o inverso e haver quem pague menos. Suponhamos o caso de um contribuinte – até pode ser um daqueles que não foi aumentado este ano mas deduz menos despesa em irs - que recorre aos serviços de uma oficina de reparação automóvel e o dono, pela primeira vez em muitos anos, faz um preço de amigo. Do género “são cento e cinquenta euros e esquecemos essa coisa da factura”. Logo ali, sem mais aquelas, há dois cidadãos que pagam menos impostos. Não é que eu saiba de alguém que proceda assim – eu ia lá saber destas coisas! – mas desconfio que vai passar a ser, ainda mais, o pão nosso de cada dia.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Kuriosidades

Sabe-se que estamos numa localidade do interior com um baixíssimo número de habitantes quando, a meio da manhã e em pleno centro da cidade, não há várias dezenas de mirones a observar quem trabalha. Mais ainda, quando acontece um daqueles percalços, que só não sucedem a quem não faz estas coisas, e não surge uma chusma de gente a mandar bitaites quase sempre disparatados. Apesar disso, ao contrário do que muitas vezes se observa noutras fotos profusamente espalhadas pela internet e alusivas a situações vagamente semelhantes, mesmo assim os curiosos – cinco - são em maior número…

quarta-feira, 17 de março de 2010

Limpar Portugal

É já no próximo sábado que os participantes – muitos, espera-se - no Projecto Limpar Portugal saem para a rua com o intuito de tornar o nosso país um lugar ligeiramente mais asseado. A ideia, ao contrário do que o nome possa sugerir, não visa destituir o governo, correr com a classe política ou moralizar a gestão das empresas públicas e daquelas em que o Estado tem participação. O lixo que se pretende remover é outro. Cheira mal, tem pior aspecto – esta parte é discutível – mas não nos faz tanto mal. Apesar disso vai ser recolhido pelos voluntários que estiverem dispostos a trocar um dia de descanso pela árdua tarefa de recolher a porcaria que outros fizeram.
Os locais onde será efectuada a recolha estão assinalados na página da internet dedicada ao evento e, como seria de esperar, também cá pela zona haverá muito para limpar. Serra d’Ossa, “Alto do Braga” e envolvente às muralhas são os pontos onde os que se disponibilizarem a participar na faxina vão poder dar largas à sua vontade de, no caso, limpar Estremoz. A missão não se augura fácil nem, mas isso sou eu a dizer, capaz de produzir efeitos que perdurem no tempo. As pessoas são porcas por natureza e, mal a limpeza esteja concluída, voltarão a depositar o lixo como sempre fizeram.
Por falar em porcos, porcarias e outros comportamentos pouco sociais, estranho que entre os sítios eleitos para esta jornada de luta não esteja incluído o Bairro da Quintinhas. O resort, portanto. Diz que pelas imediações o lixo é mais que muito e que os habitantes das moradias de construção precária – repararam como nenhuma caiu com os vendavais que recentemente se fizeram sentir?! – apesar de terem vários contentores à disposição, preferem despejar os seus resíduos domésticos para a rua. Que é como quem diz, para o espaço público circundante. É pois uma pena que o resort não tenha sido escolhido para uma intervenção no âmbito deste projecto. Juntar um grupo de voluntários e ir limpar o bairro àquela malta ia ser uma coisa gira. Aposto que eles se iam divertir à brava ao ver meia dúzia de cidadãos bem-intencionados recolher os seus detritos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Os bons rapazes não fogem à policia

Há quem se esteja a esforçar - e muito - para colocar na ordem do dia a morte de um indivíduo, alegadamente vítima de um tiro da polícia, após ter sido perseguido durante oito quilómetros depois de se ter recusado a parar quando tal lhe foi ordenado. Não me parece, mesmo tratando-se de uma morte envolvendo violência, que a situação mereça o destaque que alguns lhe querem atribuir. O homem até podia ser uma excelente pessoa. Um santo, quase. Os seus amigos alegarão que era uma jóia de rapaz como não havia outro lá no bairro social. Podem até ter razão. Mas há actividades que envolvem riscos e fugir à polícia é seguramente uma delas. Independentemente dos motivos que levam alguém a fazê-lo e mesmo tratando-se, como parece ser o caso, de um cidadão exemplar. Apesar de, em vida, declamar aqueles versos bacocos em tom esquisito.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A oposição que temos!

Lamento não partilhar o sentimento de indignação que assola a blogosfera lusa a propósito da decisão do congresso social-democrata de impor a lei da rolha aos militantes do partido nos sessenta dias que antecedem um acto eleitoral. Não é medida que me surpreenda, nem que mereça tanto alarido, dado que de inédito tem muito pouco. De uma ou outra forma todos os partidos políticos tem, ao longo de todos estes anos de democracia, feito o mesmo relativamente aos seus militantes mais rebeldes ou que ousem levantar a voz contra o líder. Um pequeno exercício de memória, coisa que há muito pouca na política, levar-nos-ia a encontrar um número apreciável de casos em que a pena agora implementada no PSD foi, se calhar de maneira mais encapotada, usada para afastar as vozes mais incómodas.
O que me causa um espanto incomensurável é que uma proposta - qualquer que ela seja - apresentada por Santana Lopes, consiga obter mais que dois votos. Mesmo que isso aconteça num congresso do PSD. É deprimente. Que dois terços dos congressistas sociais-democratas o tenham feito é que é, de facto, algo que devia preocupar o país. Ou, adaptando o lamento que os portugueses tanto gostam de repetir, “é a oposição que temos!”

domingo, 14 de março de 2010

As dúvidas de Cavaco

Como era esperado o Presidente da República enviou o diploma que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo para o Tribunal Constitucional. Por mim acho mal. Se o Estado fosse uma empresa, ou dispusesse de contabilidade organizada e tivesse que proceder ao apuramento de custos, seria interessante saber quanto custou já ao erário público toda a discussão, nos órgãos de soberania, à volta deste assunto que de relevante para o interesse nacional nada tem. Era bom que se pudesse quantificar, em nome da tão reclamada transparência, quais foram os custos reais que os contribuintes portugueses tiveram de suportar relativamente ao tempo que duzentos e trinta marmanjos - e marmanjos bem pagos, sublinhe-se – discutiram a aprovação desta medida. Para não falar do tempo que, antes e depois da aprovação, outros da mesma laia igualmente pagos com o dinheiro dos nossos impostos gastaram ou vão gastar com este assunto que, perdoem-me os interessados e os defensores da causa, não passa de um fait-divers.
É por isso que entendo que o melhor era aprovar logo aquilo. Os gajos e as gajas que se casem uns com os outros - ou umas com as outras - sejam felizes, façam grandes festas de casamento, paguem mais irs, divorciem-se e voltem a fazer tudo de novo. Vão ver que é bom para todos. Criam-se mais postos de trabalho, nomeadamente na indústria do casamento, na área da justiça para tratar dos divórcios e dinamizam-se sectores da economia que, com a diminuição dos casamentos normais, corriam o risco de ter de encerrar.
Era por isso escusada esta atitude do Presidente da República. Principalmente quando estamos em presença de um arguto economista a quem estas coisas não deviam escapar, que não se cansa de demonstrar as suas preocupações com a crise e de apelar ao entendimento para encontrar soluções que ajudem a ultrapassá-la. Era tempo, digo eu, de ir dando o exemplo.

sábado, 13 de março de 2010

Só com uma moca!

Receio não estar a compreender. Um professor ter-se-á suicidado, alegadamente por não conseguir resistir à pressão que sobre ele seria exercida por um grupo de alunos mal comportados e com perfeito desconhecimento do que são as regras de boa educação, e o Ministério da Educação – ou alguém que o representa, sei lá – vem manifestar a necessidade de apoiar os “estudantes” a ultrapassar o trauma que esta morte lhes possa provocar!!!!!!
Algo não bate certo. A vítima, digo eu na minha ignorância, terá sido o professor. Os alunos foram os agressores. Culpados ou não as instâncias próprias se encarregarão de apurar, julgar e, se for o caso, punir. Pelo menos é o que se me afigura seria lógico acontecer. Pretender fazer dos “jovens” os coitadinhos que precisam de ajuda é querer fazer de nós parvos. A única ajuda que essa rapaziada precisa é de uns bons açoites.
Não é com “ajudas” que lhes minimizem os traumas – tadinhos, tão traumatizadinhos que até metem dó - que se mete na linha gentalha daquela. E, é bom que se recorde, são eles os homens e mulheres de amanhã. Os mesmos que nos irão atender, dentro de poucos anos, no “Modelo”ou no “Continente”. Dir-me-ão que não serão todos iguais. Claro que não, mas os bons vão-se embora e nós cá ficaremos entregues a esta bicheza.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Passagem estreita

Em Estremoz circulam diariamente pela cidade larguíssimos milhares de viaturas. Não sei se alguém terá estatísticas acerca do número aproximado mas serão, de certeza absoluta, muitas mais do que aquelas que se justificam. É bom não se perder a noção que se trata de uma pequena localidade, que não terá mais do que sete ou oito mil habitantes e que, a andar a pé, se atravessa em vinte minutos.
Tal profusão de automóveis acaba por ter reflexos inevitáveis também para quem se locomove usando os andantes. Há carros estacionados por tudo quanto é sítio – o rossio parece que já não chega ou fica demasiado distante – e nem mesmo a existência de sinalização a proibir o estacionamento parece intimidar o afoito automobilista. A prevaricação e a impunidade de que gozam levam muito boa gente a ignorar o cumprimento das regras de trânsito e, principalmente, do comportamento cívico.
Atente-se no exemplo da fotografia. A carripana está estacionada, na Rua Brito Capelo, em local onde o estacionamento não é permitido. O facto obriga os outros condutores a subir o passeio para poderem circular no local. Já os peões, mesmo aqueles que como eu exibem uma elegância acima da média, não conseguem passar pela calçada e têm de contornar o veículo utilizando a faixa de rodagem. Pior é que o mesmo cenário se repete diariamente a qualquer hora do dia. Ainda não vou tão longe, mas estou tentado a começar a dar razão aos que garantem que isto precisa de um Sandokan em cada esquina…

quinta-feira, 11 de março de 2010

Preocupações preocupantes

Há quem se preocupe com discriminações. O que, convenhamos, é absolutamente normal e revela, da parte de quem se preocupa, um sentimento de, digamos, preocupação. Faz, reconheça-se, todo o sentido. Ou talvez não.
Há também quem se preocupe com ciganos. Não serão muitos os que se preocupam, mas não será por isso que essa preocupação merecerá menos respeito. Afinal, também há quem se preocupe com o lince da Malcata ou com o sofrimento dos insectos esmagados para fabrico de corantes.
Outros, não muitos ao que se sabe, preocupam-se com a discriminação dos ciganos. Há até quem viva dessa preocupação e faça dela a sua profissão. Não sei se terão razão para preocupações mas, pelo menos aos que vivem disso, convém que haja muita gente a preocupar-se. Com o actual estado de coisas dá sempre jeito criar mercado para o nosso – deles – trabalho. Com a crise que para aí vai ficar sem matéria-prima para trabalhar seria causa para grandes preocupações.
Verdadeiramente preocupante é haver quem se preocupe com a discriminação dos ciganos de Estremoz. Sinceramente não estou a ver motivos para preocupações. Em boa verdade também não sei de ninguém que se preocupe. Para além, claro, do leitor preocupado que acidentalmente veio parar ao Kruzes após pesquisar o motivo da sua preocupação no Google. Estou mesmo convencido que os ciganos de Estremoz também não estarão preocupados com essa coisa da discriminação. Têm mais com que se preocupar. Assim de repente estou a lembrar-me do Jaguar, da playstation, do LCD, do ar condicionado e do jacuzzi. É que a água e a luz lá do resort, apesar de serem à borla, falham de vez em quando. O que é desagradável. E preocupante, também. Para já não falar deste maldito tempo. A humidade infiltra-se na cave da barreca e ainda estraga as munições. Uma chatice.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Opiniões irrelevantemente certas. Mais uma vez.

Este é, reconhecidamente, um blogue pouco sério. Se a seriedade imperasse por aqui, não abordava temas associados à governação, às liberdades individuais e às escolhas dos cidadãos (eheh!), ou, embora raramente, ao futebol. A escrita seria antes dirigida a coisas mais sérias como…sei lá…talvez os direitos dos animais, o aquecimento global ou, porque não, as últimas novidades do mundo fantástico e interessantíssimo do wrestling.
Mesmo assim, no meio de tanta alarvidade e de opiniões pouco fundamentadas, dou por mim a constatar que um ou outro bitaite acaba por acertar em cheio. Quando da aprovação da nova lei do divórcio vaticinei, parecia-me por demais evidente, que a litigância e os processos em tribunal aumentariam substancialmente. De pronto houve quem me chamasse burro e que não estava a ver bem a genialidade da legislação produzida pelos deputados da nação. Lembraram-me de imediato que devia aprender a ler e tentar meter na minha cabecinha reaccionária que a separação de um casal deixaria de passar pelos tribunais, o que produziria, garantia um dos inteligentes críticos da minha opinião, um efeito exactamente ao contrário daquilo que eu previa. Constata-se agora que a minha previsão estava correcta. Segundo a comunicação social, só o Tribunal de Família a Menores de Lisboa recebeu mais 586 processos. Ou seja, um aumento de 40 por cento face a 2008.
Por estas, e também por outras, recomendo aos que acham os meus últimos posts uma aberração que contraria todos os ensinamentos das ciências económicas e próprios de um verdadeiro ignorante quanto a estas matérias, alguma contenção nas críticas e, principalmente, muita atenção a alguns sinais que aqui e ali vão surgindo. Nomeadamente a algumas vozes, insuspeitas quase todas, que sugerem prudência quando se fala de cortes nos vencimentos.
Se estiver errado, prometo que daqui por um ano escrevo um post sobre wrestling. Ou sobre moda.

terça-feira, 9 de março de 2010

PECzinho

Contrariamente ao que cheguei a pensar, problema meu porque ninguém me manda ser crédulo, o PEC não deu em nada. As medidas – medidinhas é capaz de ser mais apropriado – apresentadas, além de não se traduzirem, quanto à despesa, em poupança imediata, também não representam, em termos de receita, entrada rápida de dinheiro nos cofres do Estado. Mesmo aquelas que se afiguram mais racionais e capazes de gerar algum consenso na sociedade, como a introdução de portagens em várias scuts ou a criação de uma taxa de quarenta e cinco por cento, em sede de irs, para os titulares de rendimentos cima de cento e cinquenta mil euros, só começarão a produzir efeitos lá para o próximo ano. E o mesmo acontece com a anunciada redução de benefícios fiscais e com as privatizações que pouco, ou mesmo nenhum, impacto terão sobre as contas de dois mil e dez.
Afinal serão apenas os funcionários públicos a pagar a crise e os únicos que terão de apertar o cinto nos próximos três anos. Não constituindo isso uma surpresa assinalável confesso que cheguei a pensar que o engenheiro, ou além por ele, fosse capaz de tomar uma ou outra medida inteligente e que fizesse entrar quase de imediato alguns euros nos cofres da nação. Seguir o exemplo da Grécia e, por exemplo, criar uma taxa de iva de trinta ou trinta e cinco por cento para os bens de luxo ou aumentar em dez cêntimos o preço da gasolina. É que, pelo menos neste último caso, ninguém foge e todos contribuiríamos para o equilíbrio das contas públicas. Mas isso era se tivéssemos um primeiro-ministro inteligente em lugar de apenas esperto. E cobardolas, porque só sabe “bater” nos fracos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

As virtudes do privado

Lembro-me de, em tempos não muito distantes, por cá se reclamar com inusitada insistência contra a deficiente recolha do lixo. As razões apontadas tinham quase sempre a ver com o pouco empenho dos trabalhadores da autarquia afectos ao serviço ou até, pasme-se, por o lixo ser deliberadamente abandonado fora dos contentores pelos próprios funcionários, motivados por um qualquer intuito que, ao que se saiba, nunca foi devidamente esclarecido.
Havia também – e não eram poucos – os que garantiam que tal situação era apenas resultado do desinvestimento no sector e da consequente intenção de concessionar o serviço a uma entidade privada por os serviços da autarquia, alegadamente, já não se revelarem capazes de assegurar a recolha dos resíduos de forma eficiente. Desconheço em absoluto a quem assistia a razão. Nem é coisa que me tire o sono. O certo é que actualmente é uma empresa privada que faz este serviço na cidade com os resultados que saltam à vista.
Vem todo este arrazoado a propósito da argumentação, tão em moda ultimamente, que não se cansa de enaltecer a eficácia de qualquer serviço, se executado por privados, em contraponto com a fraca eficiência do mesmo quando feito pelo Estado ou, no caso, por uma autarquia. Pois. Dá perfeitamente para entender que sim.

domingo, 7 de março de 2010

O alter-ego

Diz que, tal como o robalo e a pescada, também o chicharro e a sardinha são óptimos para manter a forma. O que é fundamental, senão comem-nos vivos. Digo eu que, pelo menos ao que sei, não tenho nenhum alter-ego. Coisa que, não sendo primeiro-ministro, não é de admirar.

sábado, 6 de março de 2010

Gente do piorio

A Leocádia e o Gervásio são um simpático casal que, tal como cinquenta outros moradores das redondezas, trabalha na empresa do senhor Simões. Um dinâmico empreendedor que subiu na vida a pulso. Tal como quase todos os dinâmicos empreendedores, diga-se. O senhor Simões - um santo homem – é um patrão generoso. Daqueles que nos tempos antes da crise completava o salário dos seus colaboradores com mais uns trocos pagos sem ir à folha. Por fora. Ou por debaixo da mesa. Assim ficavam todos a ganhar.
Apesar de as coisas correrem de feição para o senhor Simões e os sinais exteriores de riqueza não pararem de aparecer – ele era o apartamento à beira-mar, a vivenda com piscina, os carros topo de gama que atravancavam a garagem, as prostitutas brasileiras e as constantes férias em paraísos tropicais – a empresa não parava de dar prejuízo. Coisas que, provavelmente, teriam a ver com o facto de o Simões ser um mãos largas. E também de o contabilista ser merecedor de cada cêntimo que recebe.
Com a chegada da crise as coisas começaram a dar para o torto. Tal como os outros dinâmicos empreendedores, o senhor Simões recorreu a medidas de apoio promovidas pelo governo para evitar o encerramento da sua empresa e salvar os postos de trabalho da Leocádia e do Gervásio.
Medidas essas que agravaram o défice. Muito. Tanto que o Roberto e a Palmira, um irritante casal de crápulas que trabalha na Câmara Municipal lá da terra, ela numa escola básica e ele na recolha do lixo, apesar de ganharem apenas quatrocentos e sessenta euros mensais cada um, não tiveram este ano direito a aumento salarial. Nem sequer aos vinte cinco euros de que beneficiaram o Gervásio e a Leocádia.
Não sei se o Roberto e a Palmira estarão ou não a ser injustos, mas agora andam por aí a dizer que são eles que pagam o ordenado à Leocádia e ao Gervásio. Pior ainda. Dizem que também o senhor Simões continua a ir às putas à conta deles. Esta gente é mesmo do piorio.

Demagogia

sexta-feira, 5 de março de 2010

Eles que vão mazé bardamerda!

Ainda a propósito da greve da administração pública, mesmo não alterando uma só vírgula em relação ao que ontem escrevi, não posso deixar de expressar a minha profunda indignação por umas quantas opiniões emitidas por outros tantos javardos, cabrões e filhos da puta. Tudo isto aplicável também em versão feminina. E não me estou a referir ao cidadão da rua, anónimo, que se sentiu lesado pelos efeitos da dita greve nem, sequer, a muitos ressabiados, geralmente ignorantes e mais burros que um asno, que por aí pululam e poluem as caixas de comentários de blogues, fóruns ou de sites de órgãos de comunicação social. A esses, débeis mentais e quase sempre movidos por uma inveja bacoca, nem ligo. As suas vozes não chegam mais alto que os meus tornozelos e, se fosse religioso, diria que deles é o abençoado reino dos céus.
Refiro-me, isso sim, a uma série de criaturas abjectas a quem pagam para emitir opinião nos mais variados meios de comunicação social e a uns quantos auto-intitulados jornalistas que muito provavelmente apenas o são porque a média obtida no ensino secundário não deu para mais. Muitos desses seres escrevem também em blogues de grupinhos, geralmente unidos pelo ideal político ou, simplesmente, pela fraca lucidez e inteligência que todos têm em comum. O pior é que esta cambada, ao contrário dos primeiros, tem voz e, pior ainda, é muitas vezes ouvida. Para esta trupe os funcionários públicos não têm direito a fazer greve. São, na opinião desses merdosos, possuidores de todos os defeitos – adjectivos não faltam e é só escolher, porque usaram-nos até à exaustão – e culpados de todos os males que afectam o país.
Por mim, que não tenho pais ricos, não pertenço à geração iogurte e – felizmente – não fui iluminado pelo dom da inteligência que brilhou quando esta malta nasceu, posso garantir que sou tão culpado quanto esses cabrões dos males que atormentam o rectângulo. Não nomeei um único funcionário, não contratei assessores, nem atribui vencimentos sumptuosos a ninguém. Não colecciono reformas douradas após meia dúzia de anos em funções obscuras, não recebo nem atribuo comissões a ninguém, nem nunca recebi avenças de lado nenhum. E também nunca estudei em universidades onde se pagava a fabulosa quantia de dois contos e trezentos por ano em propinas…Mas isso, calculo eu, não deve ter feito grande mal nas contas do défice. O ordenado do contínuo – esse malandro – é que causou esta tragédia orçamental. Vão, como se diz por cá, bardamerda!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Greve

Hoje foi dia de greve da administração pública. Independentemente das razões que assistem aos funcionários públicos – e são muitas - não simpatizo por aí além com esta forma de luta. Primeiro porque ela, como é óbvio, não cativa a simpatia da população. Aliás os portugueses são um povo sui generis. Estão quase sempre do lado dos fracos, odeiam o patronato – normalmente conotado com os “ricos”, que quase todos detestam - mas quando estão em causa os empregados do Estado não hesitam em colocar-se do lado do patrão e a desejar todos os males ao mais fraco.
Em segundo lugar porque salvo uma ou outra excepção, cada vez menos significativa, a greve não representa um incómodo relevante para a população. Os maiores prejudicados por ela acabam por ser os próprios grevistas, que perdem um dia de salário e respectivo subsídio de almoço. O que, em vencimentos pequenos como são os da esmagadora maioria dos funcionários públicos, não deixa de causar transtorno e um rombo apreciável no orçamento mensal.
É por este conjunto de factores que prefiro a utilização de outras formas de luta. Ainda que silenciosas, não provoquem grande alarido, mas que prejudiquem mais o Estado e tragam algum benefício àqueles que as põem em prática. Quais? Bom, cada um encontrará certamente uma maneira alternativa - mais ou menos honesta, embora quando se trate de burlar este Estado de coisas não há que levar a consciência muito a sério - que compense o que se perde por não ter aumento de ordenado, não ser promovido ou descontar uma percentagem cada vez maior do ordenado. É uma questão de imaginação.

quarta-feira, 3 de março de 2010

PEC?! Ná...

Depois de a Grécia ter divulgado o seu, aguarda-se com expectativa – diz que vai ser Sábado - que o governo português apresente o “nosso” PEC. O tal Programa de Estabilidade e Crescimento de que tanto se tem ouvido falar nas últimas semanas e que, muito provavelmente, incluirá mais umas quantas medidas draconianas de cortes orçamentais, no lado da despesa, e faça umas quantas tentativas de aumentar as receitas.
Nem vou tecer qualquer consideração acerca do que, penso, lá estará incluído nem teorizar relativamente às consequências sociais e económicas que daí advirão. Já o fiz em textos anteriores e, infelizmente, os números que vão saindo encarregam-se de me dar razão. Desta feita trata-se de um estudo, recentemente divulgado, que estima que a economia paralela representa vinte e dois por cento do PIB - Produto Interno Bruto – o que constitui um valor significativamente acima da média europeia. Nada de surpreendente nem algo que fique sem uma cabal justificação do engenheiro e seus indefectíveis apoiantes, que envolverá a completa exclusão de culpa do nosso genial primeiro-ministro e, de maneira geral, deste PS.
Independentemente do que lá possa constar manifesto desde já a minha total discordância do tal PEC. Penso que, em vez disso, seria muito mais adequada a elaboração – e posterior execução - de um PICHA. Um verdadeiro Programa de Integração e Crescimento Harmonioso Alternativo que fosse suficientemente estimulante para os portugueses e potenciasse uma enérgica erecção da economia nacional.