Diz que os portugueses bebem, em média 2,5 cafés por dia. Setenta e três por cento dos quais em cafés, restaurantes, pastelarias e espeluncas congéneres. Admitamos que o estudo está correcto. Para simplificar as contas admitamos também os portugueses são exactamente nove milhões e meio. No final do dia teremos bebido qualquer coisa como vinte e três milhões setecentos e cinquenta mil cafés. Dos quais, os tais setenta e três por cento, em cafés, restaurantes, pastelarias e espeluncas congéneres. O que dará o simpático número de dezassete milhões trezentos e trinta e sete mil e quinhentos cafés beberricados, nos tais estabelecimentos.
Para a coisa não assumir contornos ainda mais aterradores e tornarmos os números mais redondos, vamos presumir que dez por cento são oferta da casa. Serão, assim, vendidos dezasseis milhões de cafés por dia. Dos quais, atendendo ao que se constata, talvez sejam facturados sessenta por cento. Acreditemos, generosamente, que sim. O que dá seis milhões e quatrocentos mil por facturar. A, vá, sessenta cêntimos cada um. Valor que inclui onze cêntimos de IVA. Significará isto que ficarão, todos os dias, setecentos e quatro mil euros de impostos por entregar ao Estado. Duzentos e cinquenta e seis milhões e novecentos e sessenta mil euros, ao fim de um ano.
Perante estes números hesito em continuar a culpar o Parvus Coelho, o Sócrates, o Cavaco ou a Merkel. Até mesmo o Rendeiro ou o Gonçalves me parecem uns meninos na arte do “desenrascanço”. Se calhar, perante estes dados, os verdadeiros culpados serão outros...