quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Homem do Bloco

Fim de ano é tempo de eleger, nomear ou simplesmente apontar, aqueles que ao longo do ano mais se distinguiram seja naquilo que for. Uma discriminação, diria eu, porque os que não conseguiram ser os melhores em qualquer coisa só porque houve alguém que conseguiu ser ainda melhor, também merecem a nossa atenção. Tal como também merecem os muitos que nem sequer conseguiram ser bons mas que, apesar de tudo, não foram maus.

Foi dentro deste espírito que resolvi considerar o Homem do Bloco a “Personalidade Assim-assim do Ano”. Como repetidamente aqui – e noutros locais, também - foi referido ao longo do ano que agora termina, o nosso homem não é de esquerda e não tem por hábito escrever em jornais. Nem mesmo, pelo menos que se saiba, anda metido nessa coisa dos blogues. Não gosta, não lê e, como muitos outros, acha que isso é para quem não tem mais nada que fazer. Alguém de manifesto bom senso, portanto.

Foi todo este conjunto de qualidades que me levou a considerá-lo a “Personalidade Assim-assim” de 2008. Não consta que tenha feito algo útil para a sociedade, como poucas vezes fazem os seus iguais, mas isso não é matéria que releve para o caso. O facto de andar por aí já é suficiente.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sem os melhores

É verdade que o KruzesKanhoto não é um blogue tão bom quanto outros que por aí se vão publicando mas, porra, não constar desta lista é intolerável. Principalmente quando se vê o que ficou em centésimo lugar...

Deve ser do lenço...

No conflito israelo-árabe é politicamente correcto no ocidente ser contra os israelitas. Nunca me revi nessa posição nem, sequer, a entendo. Principalmente quando todos sabemos quem são os inimigos da civilização ocidental. Esta manifesta simpatia pela causa palestiniana parece ser ainda mais estranha por não se estender a outros povos a quem não é igualmente reconhecido o direito de ter o seu próprio país. Como, por exemplo, os curdos. Provavelmente é porque estes não usam lenços amaricados ao pescoço, põem menos bombas, não se explodem em autocarros e esplanadas ou, pior, não atacam Israel.

Claro que não me agrada ver toda a destruição que o conflito está a gerar, até porque seremos nós europeus – os tais que os palestinianos odeiam – a pagar toda a reconstrução. Tal como já subsidiamos a sobrevivência daquela gente com um subsídio mensal de duzentos euros por família. Uma coisa assim a modos que rendimento mínimo garantido em moldes mais modestos, como se tivéssemos obrigação moral de dar de comer a quem nos morde a mão.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"Levantamentos" e outros assaltos

O ano que está prestes a terminar fica marcado por um significativo aumento da criminalidade. Pelo menos daquela que chega aos noticiários televisivos. Entre as imagens mais marcantes de dois mil e oito estarão certamente a dos assaltantes do BES de Campolide a serem abatidos pela polícia e aquelas que nos têm dado conta dos problemas na banca provocados pela actuação de uns quantos indivíduos que se auto intitulam gestores, administradores, investidores ou qualquer outro título mais ou menos fino mas que na prática fazem o mesmo que um vulgar larápio. Com a diferença que correm menos riscos de levar com um balázio nos cornos.

Na altura do tal assalto estávamos longe de imaginar o que sucederia poucos meses depois no sistema financeiro. Daí para cá sucederam-se as revelações de fraudes e manigâncias diversas cometidas por uns quantos indivíduos que até então a maioria dos portugueses tinham como pessoas sérias. Ou, pelo menos, relativamente respeitáveis. A actuação da polícia, recorde-se que escudada pelo aval do ministro da Administração Interna, que à época recebeu o aplauso praticamente unânime, seria hoje muito mais difícil de justificar e de aceitar por parte de uma opinião pública que começa a manifestar uma inquietante desconfiança relativamente aos bancos e banqueiros e uma preocupante condescendência por aqueles que de vez em quando vão lá fazer um “levantamento”. É a velha história do ladrão que rouba a ladrão no seu melhor…

domingo, 28 de dezembro de 2008

No gastar é que está o ganho!

De repente todos os economistas passaram a considerar que afinal o aumento da despesa pública é uma coisa boa. Isto se o dinheiro passar directamente dos cofres do Estado para o das empresas, porque se esse dinheiro se destinar a remunerações de funcionários públicos, aumentar as reformas mais baixas e as prestações sociais, conceder benefícios fiscais aos trabalhadores por conta de outrem ou servir para melhorar o funcionamento de serviços básicos como a saúde a educação e a justiça, aí o aumento da despesa pública continua a ser abominável.

Sobre este assunto José Sócrates proferiu uma declaração extraordinária. Quando instado a pronunciar-se acerca da opção governativa, o primeiro-ministro declarou que injectar o dinheiro na economia através da baixa de impostos, nomeadamente do irs, não seria boa ideia. Segundo ele não haveria, nessa circunstância, garantia que as famílias gastassem o dinheiro – podia-lhes dar para poupar - e que, assim, o Estado gastá-lo-ia de certeza absoluta.

Esta falta de confiança na capacidade dos portugueses para gastar dinheiro, aliado ao desfazer do conceito que “no poupar é que está o ganho”, até agora tão defendido, deixa-me incrédulo, perplexo e ligeiramente confuso. Neste caso, ou o governo não conhece o povo que governa ou está claramente a subestimar o nosso poder de derreter cada euro que nos chega às contas. Ele que me dê aquilo que me cabe e verá que não o desiludo…