Não creio que os distúrbios que estão a ocorrer na Grécia tenham muito a ver com a morte de um jovem abatido pela polícia. Por mais trágico, lamentável e inútil que tenha sido o seu fim, trata-se afinal de alguém que morreu não por ajudar velhinhas a atravessar a rua, mas sim em consequência de um ataque a uma viatura da polícia com agentes lá dentro.
Por muito que os órgãos de comunicação social se esforcem por transmitir esta ideia, não é de todo plausível que, seis dias depois, ainda seja essa deplorável ocorrência o motivo da imensa revolta que assola as ruas Gregas. Por aquelas paragens o mal-estar social é latente, a corrupção está instalada nos corredores do poder, o fosso entre ricos e pobres não pára de aumentar e o sistema judicial está desacreditado junto da população, existindo a convicção generalizada que políticos e poderosos gozam de total impunidade. Apesar de, todos os indicadores o assinalam com inegável clareza, haver países bem piores que a Grécia em todos estes aspectos, convenhamos que tudo isto constitui um cocktail potencialmente perigoso para qualquer sociedade
Os mais pessimistas vaticinam o contágio e o alastramento destes tumultos a outros países europeus. O que, a acontecer, não constituirá grande surpresa. Será mesmo uma inevitabilidade, face àquilo que tem sido as mais recentes opções das classes dominantes na velha Europa que parecem ter esquecido aquela velha máxima que garante "ser necessário acabar com os pobres antes que os pobres acabem com os ricos". Alguns desacatos verificados em algumas cidades espanholas e dinamarquesas poderão constituir o primeiro indício.
a insustentabilidade da precaridade moral, economica e social vai desplotar coisas ainda bem piores, acredito mesmo que o mau está para vir... é muito preocupante.
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