Com o
aproximar da época das intempéries é altura de tomar medidas que minorem os
seus efeitos destrutivos, catastróficos ou, simplesmente, aborrecidos. Entre os
quais podemos incluir as inundações, os alagamentos e outras situações que
envolvam excesso de água normalmente associadas a uma borrasca. Deve ter sido
isso que pensou o precavido cidadão que engendrou este esquema manhoso. Estará
assim, ele e o seu quintal, a salvo das consequências desagradáveis de algum
temporal que traga uma pluviosidade mais intensa. O mesmo não se pode dizer de
quem por ali passe, não repare na canalização e se estatele no passeio. Mas,
nada de alarmismos, se tal acontecer – e esperemos que não – haverá certamente
algum seguro ou alguma instituição pública que suportará os custos associados
ao trambolhão. Tudo bem, portanto.
domingo, 30 de outubro de 2011
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
A bem da nação, dizem eles.
Aos poucos
estamos a ser preparados para perder definitivamente os subsídios de férias e
de Natal. O saque começou pelos funcionários públicos mas de certeza que não tardará
a ser seguido pela generalidade dos patrões. E nem vale a pena termos a ilusão
de que o seu valor será distribuído pelos doze meses do ano. Tal, a acontecer,
representará na melhor das hipóteses uma ínfima parte do montante que até agora
temos vindo a receber.
Perante um
cenário desta natureza nem sei como classificar alguns apelos, feitos por
governantes e analistas do regime, à união e patriotismo dos portugueses para
que, com o contributo de todos, ultrapassemos este momento difícil. Isto ou
coisa parecida que pretende dizer mais ou menos o mesmo. É, convenhamos,
preciso ser possuidor de uma distintíssima lata para vir com esta conversa
fiada. Principalmente vinda da parte de quem cria divisões desnecessárias – e até
perigosas – entre os cidadãos.
Não tenciono
fazer greves nem andar por aí a partir montras ou a apedrejar policias. Mas,
excepto quanto ao confisco que me fazem a parte significativa do meu
vencimento, não contem comigo para ajudar seja no que for. Tudo, mas mesmo
tudo, farei para recuperar aquilo de que me esbulham. Seja a contornar o saque
fiscal ou a comprar na economia paralela ou ali do outro lado da fronteira. Para
o peditório do Estado ladrão só dou o que de todo não puder evitar. Que é como
quem diz, o que a ladroagem me rouba.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Bicha molhada
Mesmo com os combustíveis
a preços proibitivos recusamo-nos a deixar o carro na garagem ou à porta de
casa. Ainda que seja para percorrer as centenas de metros que distam de uma a
outra ponta da cidade. No caso que a imagem ilustra, nem se pode dizer que a
culpa da enorme bicha – para as nossas dimensões - que se formou fosse por estar a
chover. Porque nós, pais extremosos, todos os dias causamos este pandemónio. A
diferença é que quando chove não há policia a controlar o trânsito. O que me parece
muitíssimo bem, não vá o senhor agente constipar-se e, por consequência,
ausentar-se do seu posto durante um período de tempo mais alargado, deixando os
automobilistas entregues à sua sorte. Nestes dias talvez se devesse chamar a
GNR. Diz que chuva civil não molha militar.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Coisas da idade
A
primeira vez que tomei consciência de que estava a ficar velho foi quando
começaram a aparecer, nas principais equipas de futebol, jogadores mais novos
do que eu. Nada que suscite preocupação a quem quer que seja, convenhamos. Deve
ter sido por isso que não liguei. Ou, então, as alegrias que as novas gerações
nos proporcionaram foram-me fazendo esquecer essa coisa do avançar da idade.
Poucos
anos depois sucedeu o mesmo com os polícias. De repente, ou pelo menos assim me
pareceu, um número significativo de agentes da autoridade tinha uma idade inferior
à minha. Confesso que, ao princípio, achei estranho. Mas depois habituei-me.
Até porque são cada vez mais e, reconheça-se, contribuíram para melhorar
significativamente a imagem da polícia.
De há um
tempo para cá está a acontecer o mesmo com os políticos. Mas, no que diz
respeito a essa gente, estou com manifesta dificuldade em aceitar o facto com
o mesmo optimismo que o fiz em relação a polícias e futebolistas. Deve ser – quero acreditar nisso – por não nos
proporcionarem alegrias nem contribuírem para melhorar coisa nenhuma.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Endividar para reinar
A ser
aprovado tal como foi proposto, o orçamento de Estado para o próximo ano vai
colocar em excesso de endividamento - logo sujeitas a umas quantas penalizações
nada meigas – um número significativo de municípios. Entre eles alguns que,
face à legislação ainda vigente, tem sido geridos de forma relativamente
prudente e com os seus dirigentes a revelarem, em matéria financeira, um bom
senso pouco habitual entre os autarcas.
Queixam-se
os representantes autárquicos, no que são secundados por alguma imprensa, que
as regras estão a ser mudadas a meio do jogo. Como se isso não fosse rotineiro
de alguns anos a esta parte em relação a quase todos os sectores da sociedade.
Mas, no caso das autarquias, nem será esse o caso. As novas regras entram, a merecer
aprovação, em vigor no primeiro dia do novo ano e, por consequência, aplicam-se
a um exercício que então se inicia. Ano novo, exercício novo, regras novas. Nada
de mais, portanto.
O desequilíbrio
financeiro das autarquias portuguesas devia constituir um caso de estudo. Deve-se,
na maioria das circunstâncias, a investimentos inúteis, desnecessários ou que
replicam outros investimentos igualmente inúteis e desnecessários já existentes
na autarquia vizinha. Mas não só. A atribuição de subsídios a colectividades fantasma
- no sentido em que são mais negócios familiares e grupos de amigos do que
associações culturais ou desportivas – bem como uma pretensa agenda cultural
que pretendem promover nos seus concelhos, tem igualmente contribuído para este
estado de calamidade a que urgia colocar ponto final. Coisas que, no dizer do Presidente da ANMP, ficam comprometidas. Oxalá fale
a sério.
sábado, 22 de outubro de 2011
Não será altura de começar a cortar os pintelhos?
Os subsídios de alojamento que alguns políticos auferem
pelo facto de estarem deslocados da sua residência habitual poderão não passar
de pintelhos. Mesmo quando vivem num alojamento perto do local de "trabalho" e que é igualmente seu. Também os
subsídios de deslocação que vereadores ou membros das Assembleias Municipais
auferem, quando se deslocam às reuniões dos respectivos órgãos, não terão
grande expressão orçamental nem motivarão especial inquietação. Ainda que
sejam, por exemplo, pessoas que estudam ou trabalham em Lisboa e que, com ou
sem reunião, sempre se deslocariam a casa.
Não está em causa a legalidade da marosca. Quem
faz as leis não é parvo e, obviamente, não deixou espaço para que a questão da
eventual ilegalidade fosse suscitada. Mas lá que é imoral disso parecem não
sobejar dúvidas. Até porque o mesmo principio não se aplica à generalidade dos
cidadãos ou das profissões. É o que dá, nas restantes actividades, não serem os
próprios a fazer as leis pelas quais se vão reger.
Para o ano não esquecer de pedir factura
Se eu tivesse um pequeno comércio – ou mesmo que
fosse apenas empregado de uma lojeca – numa pequena vila ou cidade de oito mil habitantes,
não me regozijava com o facto de oitenta por cento dos meus potenciais clientes
perderem uma parte significativa do seu poder de compra. A menos que esteja
farto do negócio ou coloque a hipótese de emigrar.
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