sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

O saco de plástico

Continuo a achar que o imposto sobre os sacos de plástico é uma parvoíce. Mas, reconheço, a minha é uma posição que não reúne muitos adeptos. Pelo contrário. A maioria parece concordar e - confesso o meu espanto – esta medida tem até defensores tão acérrimos quanto improváveis.
Hoje encontrei um deles. Uma, no caso. Foi no mercado semanal, onde os vendedores continuam a oferecer os sacos, que ocorreu a cena que descrevo:

Vendedor, dirigindo-se à Maria que acabava de adquirir produtos hortícolas em quantidade superior à expectável - Veja lá se quer um saquinho...

Maria – Pois... se calhar é melhor, já não tenho onde acondicionar a alface...

Cliente idosa, toda empinocada e a armar em ambientalista – Sacos?! Está a dar sacos?! Não pode. É proibido!

Enquanto Maria e Vendedor ignoram liminarmente a criatura, Eu a pensar baixinho – Cala-te senhora idosa, agora apelidada de sénior, filha de um marido encornado e de uma senhora que provavelmente prestava serviços remunerados de índole sexual.

Cliente idosa, toda empinocada e a armar em ambientalista – Fazem-se as leis e ninguém as cumpre. Por isso é que este país não avança...

Eu, novamente a pensar baixinho – Tem razão a senhora... e se ficou assim por causa do saco nem quero imaginar como vai ficar quando o homem não lhe passar factura.

Sim, porque DE CERTEZA pediu factura...

E uma estátua a homenagear a mãezinha, não?!


Para encontrar obras parvas e maneiras idiotas de esturrar a pouca riqueza que por cá se vai produzindo não é preciso sair de Lisboa. Da civilização, portanto. É que parvos e esturradores há em todo o lado. Inclusive na capital. Onde, até, por força da maior concentração de pessoas, os pacóvios e esbanjadores terão de ser, forçosamente, em numero substancialmente mais elevado do que no resto do país.
Isto a propósito da edificação em Lisboa de uma estátua de homenagem ao corredor. Nada mais apropriado. Siga-se outra que homenageie quem caminha. Outra a quem ande de bicicleta. Mais outra aos que se deslocam de trotineta. Skate, até. O limite é a imaginação. Coisa que não escasseia a quem não tem problemas em gastar o que não lhe custa a ganhar.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Merda de cão



Isto é coisa que não falta no meu bairro. Nem nos outros. Da minha cidade e de todas as outras. É o resultado de existirem cada vez mais bichos a partilhar o mesmo espaço que os seres humanos em zonas urbanas. Acho amoroso ter um cão. Ou um gato. Mas não consigo entender que animais e pessoas partilhem uma habitação. Tive, enquanto vivi no campo, dezenas deles. Nenhum se atrevia a colocar uma pata dentro de casa. Ficavam no quintal ou andavam por onde muito bem lhes apetecia. Na cidade não acho jeito nenhum a isso.
Permitir isto em plena via pública é coisa que me revolta mesmo à séria. Que queiram ser pouco asseados dentro de casa é lá com eles. Na rua é com todos.

Populares


Gosto de ouvir os populares a quem é dada oportunidade de dizer umas coisas para o microfone que lhes puseram à frente da boca. Por mais que haja quem deprecia a sua opinião, para mim, ela constitui uma fonte inesgotável de conhecimento. Ou, como alguém escreveu em tempos, “por mais comprida que seja a fita de um gravador nela não caberá a sabedoria popular”.
Isto a propósito do que proclamava ontem para uma reportagem televisiva, num mercado da Madeira, um peixeiro lá da ilha. Garantia o senhor que até à hora em que falava só tinha feito quinze euros, enquanto antes – antes do euro, provavelmente - já teria ganho setenta contos. Trezentos e cinquenta euros, portanto. Significa que, por essa época, o senhor ganharia o equivalente a sete mil euros por mês.
Solidarizo-me, naturalmente, com o popular. E com todos os que, tal como ele, sofreram tão dramática redução de rendimentos. Há, apenas, duas coisas que me inquietam. A primeira, tão intensa actividade económica não se ter traduzido em riqueza. A segunda. os impostos cobrados não corresponderem ao nível de ganhos que quase todos os comerciantes juram ter tido nesses, pelos vistos, saudosos tempos. Mas isto sou eu, que tenho a mania de dar importância às conversas dos populares...

Pombos


Cá a terrinha, como quase todas as outras sejam grandes ou pequenas, está cheia de pombos. O que não surpreende. Os gajos reproduzem-se como o caraças e, para ajudar à festa, há sempre uns javardões a tratar de os alimentar. Devem-lhes achar muita graça, eles. Ou, coitados, pensam que estão a fazer uma boa acção. Se a isso juntarmos a habitual e tão característica inércia das autoridades que deviam tratar disto e não tratam, temos a javardice perfeita.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Só para ver se esta cena ainda funciona...



As florzinhas de amanhã


Um conhecido clube de futebol, daqueles com equipas profissionais a disputar as principais ligas, anunciou que deixaria de divulgar os resultados das suas equipas dos escalões de formação mais jovens. Concluí, apressadamente reconheço, que aquilo as “cabazadas” eram tantas que os gajos até se envergonhavam. Mas não. É apenas um conceito modernaço – e um bocado maricas, também – que envolve humilhação dos vencidos, vaidade dos vencedores e mais não sei o quê. Tretas, em resumo. Como se o objectivo de um jogo, seja ele qual for, não fosse vencer.
Não tarda estaremos a pedir aos jovens atletas que não marquem golos, não corram mais que os outros, não nadem mais rápido e não sejam mais inteligentes que os adversários não vá isso deixar a sensibilidade dos outros meninos com uma avaria qualquer. Podemos, até, ir mais longe. Retirar as balizas ou proibir os mais dotados e jogar xadrez, por exemplo. Sim, que isto a igualdade é uma coisa muito bonita e, já que apenas alguns podem ser génios, então que sejam todos cepos e burros.