terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Eu também sou muito mentiroso...

Tenho o maior respeito pelos depositantes do Banco BPP. Quase tanto como o desprezo que nutro pelos “gestores” que os colocaram na situação em que agora se encontram. A sua frustração pela impossibilidade de disporem do dinheiro que amealharam - não interessa agora para o caso a maneira como o conseguiram - não justifica, no entanto, que manifestem uma visão distorcida da realidade. Ao ponto de considerarem violência policial o facto de dois ou três agentes da polícia de segurança pública tentarem impedir, quase de forma amistosa, a entrada dos clientes alegadamente lesados nas instalações daquela instituição.
Se as ocupações de delegações do banco em diversos pontos do país se afiguram uma forma de luta mediática, revelam-se igualmente pouco capaz de dar frutos. Não me parece que por insistirem em ir ao banco em horas pouco próprias e por lá pretenderem permanecer durante uns tempos as coisas se resolvam. Se calhar um esquema manhoso, quase tão manhoso como o que eles dizem terá sido usado para os tramar, era capaz de dar mais resultado. Tipo uns tabefes nos administradores. Assim mais vale usar o homebanking…
Apesar do desespero de quem não pode pôr a mão na massa – que por sinal é sua – não é aceitável que seja o Estado a garantir os chamados produtos de retorno absoluto. Até porque o dito banco continua ainda hoje, no seu sítio na internet, a garantir que se trata de um investimento com elevado grau de segurança.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Coisas de milhões

A julgar pelas notícias que a comunicação social tem trazido a público nos últimos dias, 2009 não terá sido um ano assim tão mau para os milionários portugueses. Ao que tem sido divulgado os magnatas lusos terão conseguido juntar à sua fortuna mais uns largos milhões de euros. Fico satisfeito por isso. Pena que não haja muito mais pessoas a consegui-lo e, pena maior ainda, que entre elas não esteja eu. Embora, verdade se diga, não tenha feito investimentos que me permitissem sequer sonhar em ganhar mais que meia-dúzia de euros. Excluindo, naturalmente, a aposta semanal no euro milhões.
Face a estes ganhos parece cada vez mais ridícula a oposição que estes senhores fazem ao novo valor do salário mínimo previsto para o próximo ano. Mesmo não se tratando de dividir o que ganham pelos pobres – até porque a função das empresas que gerem não á a pratica da caridade – não se afigura como razoável discutir tostões quando se ganham muitos milhões. A manterem esta postura arriscam-se a ser comparados ao governador do Banco de Portugal. E comparação dessas é coisa de que ninguém orgulha.
Muitos milhões, mas neste caso dos nossos impostos, vai o governo injectar nos chamados hospitais epe. O objectivo é ajudar a pagar as dívidas das unidades hospitalares que foram transformadas em entidades de gestão empresarial com a finalidade, recorde-se, de criar “um modelo organizativo, económico-financeiro e cultural centrado no utente e assente na eficiência de gestão”. Pois.
A julgar pelos milhões em causa este fantástico modelo não terá trazido assim tanta eficiência, demonstra pouca capacidade organizativa, económica e financeiramente é um desastre e a cultura de responsabilização da gestão pelos resultados obtidos estará longe de ser implementada. A grande vantagem será a existência de mais quinze conselhos de administração…

domingo, 27 de dezembro de 2009

A solidariedade fica-lhes tão bem...

Acho comovente a preocupação - quase sempre genuína, quero acreditar - amplamente demonstrada pelos militantes, simpatizantes e apaniguados em geral dos partidos de esquerda, perante a existência daquilo a que chamam presos políticos. Na blogosfera nacional não é difícil encontrar os mais variados manifestos de solidariedade e apelos à libertação de gente que se encontra enclausurada por esse mundo fora, por aquilo que os partidários das causas fracturantes e modernaças consideram ser delitos de opinião. Limitar o direito, legitimo na opinião deles, a fazer explodir bombas e matar pessoas é, de facto, intolerável.
Ao contrário do que seria de supor nenhum dos activistas - nome pelo qual gostam de designar terroristas e outros criminosos – merecedor das preocupações da esquerda está preso em Cuba, na Arábia Saudita, na Coreia do Norte ou no Irão. O que, bem vistas as coisas, nem constitui grande surpresa. As amplas liberdades de que desfrutam os trabalhadores e o povo desses países contrastam de forma clara e gritante com a repressão que é exercida contra os norte-americanos, franceses ou espanhóis vítimas da tirania dos seus governos.
Ainda mais estranho é não ter encontrado o nome de nenhum cidadão nacional nas inúmeras listas de prisioneiros que suscitam os ímpetos solidários dos bloguistas portugueses. Nem do Mário Machado. Provavelmente esqueceram-se. Ou então a culpa é do Código Penal. Ou do Sócrates.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dichotes politicamente (in)correctos

Quando alguém toma uma atitude mais corajosa ou manifesta de forma desassombrada o seu ponto de vista, nomeadamente quando em causa estão questões melindrosas ou polémicas, é usual dizer-se que teve, ou tem, “tomates”. Metaforicamente, claro. Porque os “tomates” em causa são os testículos e não o fruto do tomateiro.
Ora é contra o uso dessa expressão que hoje me insurjo. Acho até que - em nome da igualdade do género, da não discriminação e de outras coisas que agora não me ocorrem - tal dichote devia ser erradicado da linguagem corrente. Mais. O seu uso, por claramente discriminatório, poderia ser considerado como um insulto para com aqueles que não os têm ou, mesmo tendo-os, é como se não os tivessem.
Esta expressão parece limitar a um grupo restrito de elementos da sociedade o exclusivo da coragem e da frontalidade. Enquanto se enaltece a masculinidade esquecem-se valores essenciais como a feminilidade e outros menos comuns resultantes de opções esquisitas agora tão em voga. Podíamos, por exemplo, começar a introduzir – ou vulgarizar para não ferir susceptibilidades - no léxico nacional ditos como “teve ovários…” se nos quiséssemos referir à coragem de uma mulher, ou “teve recto…” se pretendêssemos elogiar a frontalidade de um panasca. Poder, podíamos e se calhar até era a mesma coisa.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Piadas dos outros

É uma daquelas piadas de que não me importava nada de ser o autor de tão jeitosa que é. Mas não. A minha imaginação não dá para tanto. Limito-me por isso a reproduzi-la. Não cito o autor porque já a vi em, pelo menos, meia dúzia de blogues.
Raciocínio simplex :
1. deixem que todos os homens que queiram casar com homens, o façam...
2. deixem que todas as mulheres que queiram casar com mulheres, o façam...
3. deixem que todos os que queiram abortar, abortem sem limitações...
4. em duas gerações, deixarão de existir socialistas...

"Problogger's"

Embora em Portugal ainda não seja comum, há já quem ganhe bastante dinheiro com os blogues e, até mesmo, quem se dedique a esta actividade a tempo inteiro e dela faça profissão. Claro que num “mercado” como o português - apesar dos louváveis esforços do governo no sentido de massificar o acesso à internet – não é fácil conseguir um número de visitas mensal que permita obter uma rentabilidade sequer satisfatória, quanto mais a dedicação em “regime de exclusividade”. Mesmo blogues de topo, como o Arrastão, o Blasfémias, o 31 da Armada e outros, não vão além das três ou quatro mil visitas diárias o que fica a anos-luz do milhão de visitantes mensais de muitos congéneres brasileiros e norte americanos cujos autores arrecadam, ao que se escreve na Net, avultadas somas resultantes da publicidade. Segundo alguns estudos, nos Estados Unidos haverá quase tantas pessoas a viver da blogosfera como advogados. Coisa que, à luz da nossa realidade, se torna difícil de entender.
Por cá não existem dados que permitam aferir se existirão ou não muitos profissionais nesta área. No entanto alguns rumores – apenas rumores porque ninguém se confessa – apontam para a existência de um número ainda pouco significativo, mas em franco crescimento, de gente a tentar tirar partido de todas as potencialidades que estes novos meios de comunicação proporcionam. Pena que a nível nacional estejam ainda a ser dados os primeiros passos na exploração deste segmento publicitário e, mesmo assim, apenas por pequenas empresas que só muito lentamente conseguirão ir ganhando algum espaço. De lamentar também que o “Sapo”, a Cofina e outros não abram o mercado da publicidade contextual à afiliação e continuem a apostar na sua inserção somente nos seus sites.
Quanto ao Kruzes Kanhoto, dois mil e nove foi um ano negro relativamente a esta matéria. Primeiro, provavelmente em consequência da crise, se ter verificado uma baixa acentuada do valor dos anúncios do adsense e, posteriormente, pela exclusão por razões muito mal explicadas do dito programa de afiliados. As alternativas ao programa da Google, embora sejam muitas, são de rentabilidade quase nula. Nomeadamente para um blogue que apenas publica um post por dia e não vai além dos cento e cinquenta a duzentos visitantes diários. Acalento, no entanto, expectativas que as coisas melhorem e que os meus leitores reparem um pouco mais nos anúncios que por aqui vão aparecendo…

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A todos um bom Natal!

A todos os leitores, comentadores e demais visitantes que, diária ou ocasionalmente, têm a paciência de ler o que por aqui vou escrevendo, desejo um Feliz Natal, com muita saúde e vontade de continuar a acompanhar as opiniões irrelevantes nem sempre fundamentadas do Kruzes Kanhoto!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Abel - o Xavier - e o islão

Ao contrário do que esperam muitos dos meus leitores – dois ou três, vá - não me vou pronunciar nem fazer umas quantas piadas mais ou menos javardolas acerca da conversão de Abel Xavier ao islão. Primeiro porque não tenho nada contra quem, como individuo, professa essa religião mas sim contra tudo o que ela significa enquanto ideologia, o que representa e o que pretende impor à nossa sociedade. Em segundo lugar pelas alegrias que, enquanto profissional de futebol ao serviço do Benfica, Abel Xavier me proporcionou. Não foram muitas, é verdade, mas pelo menos uma é inesquecível. Refiro-me, obviamente, ao mítico jogo de Leverkusen onde com um fantástico golo, na sequência de um remate a trinta metros da baliza, contribuiu decisivamente para umas das mais brilhantes exibições que me recordo de ver ao Glorioso. Foi um jogo épico e pleno de emoção, daqueles a que raramente temos o privilégio de assistir por só acontecerem de muitos em muitos anos, e este agora islamita contribuiu para isso.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pressão baixa

Sei que por cá ninguém lê blogues. Não espero, por isso, que quem tem cão leia o Kruzes. Contudo desconfio que um daqueles cães a quem só falta falar, como gostam de afiançar os donos babados perante as façanhas dos seus filhos de quatro patas, anda a ler o que por aqui escrevo acerca dos dejectos que os da sua espécie vão largando à minha porta. Pena que o desgraçado só leia. Era melhor que falasse. Assim podia ofender-me em lugar de escolher esta miserável forma de pressão.
Durante meses, anos até, refutei a existência de qualquer tipo de pressão contra os autores dos blogues de Estremoz. Cheguei, inclusivamente, a garantir que isso não era mais que um pretexto mal amanhado para deixar de escrever depois de esgotada a inspiração ou atingido o objectivo a que se tinham proposto e agora… fazem-me isto! Há três ou quatro dias, invariavelmente a cada manhã, lá está um valente monte de merda bem à minha porta. O que, em meu entender, constitui uma tentativa – inútil garanto desde já – de me pressionar, intimidar e de silenciar o meu protesto relativamente a esta matéria. Mole, asquerosa e onde me apetecia enviar o focinho do dono e a tromba da dona.

sábado, 19 de dezembro de 2009

E o reaccionário sou eu?!

Há quem não se incomode com o crescente avanço da influência islâmica no ocidente, em particular na Europa, e veja até a progressiva islamização do velho continente como algo de positivo na medida em que contribuirá para enriquecer a nossa diversidade cultural. Não comungo dessa ideia, não me canso de o afirmar e, com as poucas armas que tenho ao meu dispor, lutarei contra ela até ao último dos meus dias. Ainda que os admiradores da esquerda moderna, progressista e bem pensante me condenem por isso deverão ter, pelo menos, a honestidade intelectual de reconhecer que é um direito que me assiste. Embora, nessas coisas dos direitos, a esquerdalha e os ditadorzecos do politicamente correcto manifestem uma selectividade tão estranha como os seus princípios…
Se por cá os sinais de afirmação do islão ainda não são preocupantes o mesmo não se pode afirmar de outras regiões da Europa. Em França, por exemplo, as reivindicações dos seguidores dessa ideologia estão a atingir níveis que vão muito para além do razoável e, em muitas circunstâncias, colidem com o modo de vida dos franceses pondo mesmo em causa direitos, liberdades e garantias que eram dados adquiridos para qualquer ocidental.
Segundo relatos da imprensa francesa em algumas empresas os trabalhadores de origem muçulmana exigem a retirada dos menus que incluam carne de porco das respectivas cantinas. Isto porque não aceitam que seja confeccionada ou consumida carne daquele animal no local onde tomam as suas refeições. As reivindicações atingem o ridículo de exigir que as empregadas que os servem estejam devidamente cobertas e não ostentem decotes ou os braços destapados! Também algumas piscinas, pavilhões e outros equipamentos desportivos municipais, por pressão da mourama, adoptaram já horários diversificados para homens e mulheres.
É, como se vê, o regresso à ditadura, ao fascismo e à idade das trevas. À substituição da democracia pela “sharia”. Tudo com o beneplácito da esquerda, dos que advogam a tolerância e dos multiculturalistas. Ou dos traidores, como prefiro considerá-los. Cobardes que não se cansam de escrever e falar em nome de amanhãs, mas que se preparam para deixar aos seus filhos um mundo que em nada honra a memória dos seus pais e dos seus avós.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aumento chocante

Os argumentos recentemente apresentados como justificação para o aumento do preço da electricidade em quase três por cento, muito acima da inflação e dos aumentos salariais previstos, são uma verdadeira ofensa à inteligência dos portugueses. Lamentavelmente não se registaram reacções significativas a este anúncio, o que me faz pensar que andamos todos distraidos ou então já ninguém liga às parvoíces com que nos vão enganando.
Justificar o aumento do preço com o facto de se ter verificado uma quebra no consumo parece-me de muito mau gosto e uma desculpa de mau pagador. Ou, no caso, de mau vendedor. Principalmente quando existem estímulos de vária ordem, nomeadamente governativos ao nível da concessão de benefícios fiscais, para o uso de energias alternativas que substituam o consumo da energia eléctrica fornecida pela EDP.
Para irem ainda mais ao fundo do bolso podiam ter arranjado explicações mais convincentes. Por exemplo que os ordenados principescos dos administradores, as inúmeras viaturas de serviço ou alguns investimentos megalómanos terão de ser pagos por alguém. Os do costume, de preferência. Já estão habituados.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Inteiramente de acordo e simultaneamente de opinião contrária

Para gáudio de uma certa malta o governo aprovou finalmente as alterações legislativas que vão permitir alargar o âmbito do conceito de casamento. Haverá, calculo, muita gente a rejubilar com mais uma sábia medida, do não menos sábio, líder do mais genial governo de todos os tempos. Exceptuando, talvez, o que nos governou nos últimos quatro anos e meio. Por mim hesito em rejubilar. Isto porque estou inteiramente de acordo com a decisão do governo, embora simultaneamente de opinião contrária e, por outro lado, é coisa pela qual manifesto mais profundo desprezo.
Concordo porque é bom para a economia. Toda a indústria casamenteira, chamemos assim, terá um incremento significativo no seu volume de negócios e, com certeza, isso irá gerar mais uns quantos postos de trabalho. A conflitualidade conjugal e a decorrente litigância sofrerá igualmente um acréscimo, o que motivará uma maior actividade nas áreas de negócio ligadas à justiça e ao direito. Finalmente também o Estado, como não podia deixar de ser, sairá a ganhar. Dois paneleiros ou duas fufas que decidam casar irão pagar substancialmente mais irs do que pagariam se continuassem solteiros. Logo, também pela via fiscal, esta parece uma medida positiva.
Por outro lado estou-me nas tintas. Eles que façam o que muito bem lhes apetecer com o rabiosque, simulem o que quiserem, brinquem ao faz de conta, casem, briguem-se e paguem mais impostos que, desde que não me chateiem, é coisa que não me interessa.
O desagradável desta nova realidade terá mais a ver com aspectos burocráticos. Imagine-se que alguém, no preenchimento de um qualquer formulário, pergunta a outrem se é casado e, perante uma resposta afirmativa, se com um homem ou com uma mulher. Isto enquanto a lei não contemplar o direito ao casamento entre espécies, claro. Não sei como a maioria das pessoas normais reagirá mas, quanto a mim, dou-lhe um murro nos cornos. Ou, pelo menos, fico com vontade de lho dar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Janela improvável

Esta foto não tem nada de especial. Nada mesmo. Deve ser por isso que pouco me ocorre para escrever acerca dela. Verdade que a coexistência de três elementos me deixa de certa forma curioso. Mármore, gradeamento e azulejos convivem ali numa coexistência improvavel e simultaneamente estranha. Ou inútil.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Apanhados do clima

Como já escrevi inúmeras vezes nunca achei grande piada aos ecologistas, ambientalistas, pacifistas e outra malta, normalmente de aspecto duvidoso, que parece não ter mais nada que fazer na vida senão andar a protestar de cidade em cidade por esse mundo fora onde se realizem reuniões de chefes dos governos mais importantes do planeta. Não consigo descortinar qualquer tipo de credibilidade nem acreditar nas motivações científicas de uma criatura pouco menos que maltrapilha, com aspecto de manter uma relação inconciliável com a higiene e, em alguns casos, de cara tapada com se tivesse receio das verdades absolutas que nos pretende transmitir.
Para além dessas, outras questões não menos inquietantes, se levantam. Será que esse pessoal não trabalha ou, mesmo que o faça, como consegue arranjar tanto tempo livre e disponibilidade financeira para as deslocações? Ou, como há quem garanta, haverá uns quantos lobbies a financiar certas verdades tidas como convenientes? O fumo dos produtos que consomem não será, também ele, prejudicial, sob as mais diversas formas – desde o que vai para a atmosfera até ao posterior tratamento das consequências que provoca – para o planeta que dizem querer mais limpo?
Por fim, o modo escolhido para demonstrar o seu apego ao ambiente e a indignação contra as mudanças climáticas não podia ser pior. Partir montras, escavacar sinais de trânsito e mandar umas pedradas à polícia não me parece a forma mais eficaz de garantir a sustentabilidade do planeta. É má educação, descredibiliza as ideias por que dizem lutar e, pior, vai exigir que mais recursos sejam gastos a repor o que os meninos malcomportados estragaram.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

E se fosse uma mesquita?

A construção da nova Igreja de S. Francisco Xavier, no Restelo, em Lisboa, está a motivar acesa polémica. O projecto, que apresenta a igreja em forma de caravela dourada, tem motivado reacções negativas que colocam em causa, entre outras questões, a sua localização, volumetria e altura de uma das torres do edifício.
Podem até todos ter razão. Provavelmente terão. A mim, que não sou muito dado a essas coisas da religião nem aprecio fundamentalismos de qualquer espécie – sejam eles urbanísticos ou religiosos – fica-me apenas a dúvida se, caso se tratasse da construção de uma mesquita com um minarete, os que agora contestam manteriam a mesma posição. Talvez um destes dias venhamos a descobrir… 

domingo, 13 de dezembro de 2009

O maior progenitor português foi um padre!

Sexo, religião, politica e justiça constituem ingredientes bastantes para uma boa história de sacanagem. Como a que a seguir transcrevo e que pode ser encontrada na wikipédia. É só procurar que está lá tudo. Da sua leitura facilmente se conclui que algumas questões que ainda hoje ensombram a vida pública já se arrastam através dos séculos. A libertinagem de alguns agentes da igreja, a desertificação do interior e a ingerência do poder político nas decisões judiciais são, entre outras, as que podemos encontrar na breve historieta que se segue:
O Padre Francisco Costa foi provavelmente o maior progenitor português. Ele era prior da cidade medieval de Trancoso no século XV, dando origem a 275 filhos concebidos por 54 mulheres. Em processo movido por libertinagem na época o padre chegou a confessar que manteve relações sexuais e teve filhos com 29 afilhadas, 9 comadres, 7 amas, 2 escravas, 5 irmãs e uma tia, além da própria mãe.
Conforme sentença proferida em 1487 (cuja cópia repousa no Instituto Arquivos Nacionais Torre do Tombo, em Lisboa) ele foi condenado e a sua pena passava pelo arrastamento nos rabos dos cavalos pelas ruas públicas, com seu corpo em seguida sendo esquartejado e posto aos quartos, onde a cabeça e as mãos seriam depositadas em diferentes distritos. Porém o rei D. João II entendeu perdoar-lhe a pena e ordenou que fosse enviado para casa no dia 1 de Março desse mesmo ano, baseado no facto de "o padre Francisco Costa ter contribuído para o povoamento da Beira Alta".
A casa onde viveu o padre Francisco Costa é agora o restaurante "O MUSEU".
Sentença Proferida Em 1487 Contra O Prior de Trancoso
Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Autos arquivados no armário 5, maço 7:
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado, o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido:
- Com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
- De cinco irmãs teve dezoito filhas;
- De nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
- De sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
- De duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
- Dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas,
- Da própria mãe teve dois filhos.
Total: "duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e quatro mulheres".

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Food Alentejo

Se bem entendo os princípios da coisa – da causa, talvez – o denominado Movimento Slow Food terá como finalidade contrariar o fast food, o ritmo frenético da vida actual e o desaparecimento das tradições culinárias. Pretende igualmente este Movimento internacional promover o interesse das pessoas pela procedência e sabor dos alimentos que consomem, bem como desenvolver programas de educação alimentar a favor da biodiversidade. Tudo, portanto, boas razões para nos congratularmos com a sua existência.
Como acontece quase sempre com os denominados “Movimentos”, deve ser por isso que se chamam assim, também este se espalhou pelo planeta - mais uma espécie de franchising - e chegou, há algum tempo, ao Alentejo. Nada de mais. Principalmente se tivermos em conta a má afamada lentidão nossas gentes – uma injustiça contra a qual voltarei a salivar um destes dias – e a rica tradição dos “comeres” alentejanos. Verdadeiras iguarias que, diga-se, estão por estes dias a ser promovidos junto da criançada que, lamentavelmente, já conhece melhor o sabor de uma lasanha congelada do que o excepcional gosto de umas migas com carne de porco.
Reconheça-se no entanto que há coisas que não se devem juntar. Água com azeite será o exemplo mais conhecido. Com as palavras sucede o mesmo. Lembro-me de, em tempos já distantes, o Portimonense ter uma dupla de centrais que obrigava os gajos dos relatos radiofónicos a fazer uma pausa quando anunciavam a constituição da equipa. Eram o Amílcar e o Alhinho. Ou do outro que insistia em ser conhecido pelo nome com que o padrinho o tinha baptizado – Adolfo - e pelo apelido do seu distinto pai. O Dias.
Com este movimento sucede algo parecido. “Slow Food Alentejo” lido assim, para o pessoal que nem o inglês técnico conseguiu tirar, é capaz de parecer outra coisa. Boa, igualmente, e que, se quisermos ser brejeiros, dará para fazer umas quantas piadolas relacionadas com a gastronomia. Ou uns trocadalhos do carilho.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Solidariedade selectiva

Esta zovem, provavelmente a soldo do capitalismo e do imperialismo ocidental, quase de certeza também dos interesses americanos no petróleo da zona, insulta de forma vil o Presidente do seu país, democraticamente eleito pelo povo em eleições livres e justas. É perante coisas destas que me apetece dizer: “O fascismo não passará!”. Ou, em alternativa, “o multiculturalismo é uma coisa muito linda”.
Claro que esta atitude seria muito mais valorizável se o gesto fosse destinado a um suíço e a zovem lutasse pelo seu direito inalienável a ver construídos muitos minaretes nas terras helvéticas, lugares habitados por gente sem cultura e reaccionária como o caraças, mas é o que se pode arranjar.
Curioso como os protestos de rua e a brutal repressão que foi exercida sobre os manifestantes que em Teerão lutam pela liberdade, contra o regime ditatorial e criminoso dos ayatollahs, não merecem da esquerda nem da intelectualidade bem pensante qualquer referência nem suscitem entre os habituais defensores das lutas latino-americanas ou palestinianas o mais ténue protesto.

Apenas agora é que MC deu por isso?!

Confesso que já achei mais piada a Medina Carreira. O discurso do caos está a tornar-se repetitivo, a perder a graça e a insistência em fazer um diagnóstico do apocalíptico do estado do país, sem apresentar soluções, começa a aborrecer-me. As mais recentes tiradas do antigo ministro das Finanças dirigiram-se, desta vez, ao programa “Novas Oportunidades” e fizeram-me recordar este texto que publiquei, em Novembro de 2007, na primeira versão do Kruzes Kanhoto, então no Sapo.
Cursos do Noddy
Foi com algum entusiasmo e muita expectativa que me inscrevi no Programa “Novas Oportunidades”. Pretendia, pela via do RVCC - Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências - concluir o ensino secundário que, em resultado de uma mistura de inépcia natural para a matemática e uma irresponsabilidade que hoje tenho alguma dificuldade em compreender, ficou por concluir desde o tempo em que era suposto e normal ter sido concluído.
No entanto, após o primeiro contacto com o referencial que alguém se lembrou de elaborar para servir de guia a este programa, o entusiasmo esmoreceu e a expectativa transformou-se em frustração.
Contrariamente ao anunciado e que seria expectável, o RVCC não se trata de reconhecer a aprendizagem que o formando efectuou ao longo do seu percurso de vida e certificar esses conhecimentos em termos académicos. Pretende-se antes que se relatem experiências, nem interessa se verdadeiras, e se escreva, de preferência muito, sobre temas variados. No meu caso, devo fazê-lo sobre temas tão diversos como o aparelho de telex, com que trabalhei na tropa, a importância e evolução dos electrodomésticos ou, algo tão relacionado com o meu percurso profissional, como o tema “Educar hoje”.
Evidentemente que, acções deste tipo, têm como finalidade aumentar estatisticamente o nível académico da população e premiar com o diploma do ensino secundário quem, ainda que pouco ou nada saiba, tenha algum jeito para contar histórias. Nem que sejam da carochinha. Ou do Noddy.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Crime - dizemos nós.

Citando um mediático presidente de Câmara, “sempre que ouço falar em cultura só me apetece sacar da calculadora”. Por isso raramente aqui me refiro a eventos de índole alegadamente cultural que, quase sempre, mais não são que manifestações de gosto duvidoso e um esbanjamento descarado dos dinheiros públicos e que raramente teriam lugar se os responsáveis pela sua organização tivessem que as pagar do seu próprio bolso. Lembro, por exemplo, um “espectáculo” realizado no adro da Igreja de S. Francisco em que uns quantos jovens davam uns pinotes – não havia música senão ainda podia supor que estavam a dançar – enquanto eram regados por várias mangueiras de água. Provavelmente, a julgar pelas palmas no final, as dezenas de espectadores presentes terão percebido a essência da coisa. Eu, garanto, não entendi patavina. Mas isso sou eu que sou burro, nem manifesto capacidade intelectual para descortinar o quanto artísticas podem ser várias sequências de pulos abundantemente regados.
O mesmo não posso dizer das exposições que periodicamente estão patentes ao público no centro cultural. Ainda que não seja assíduo frequentador vou, com alguma regularidade, acompanhado o que por lá se expõe. Garanto, com a mesma convicção com que escrevi o parágrafo anterior, que vale a pena. É o caso da que por estes dias se pode visitar, em que pode ser apreciado um conjunto de fotografias que documentam o derrube da igreja paroquial de Santo André, bem no centro da cidade - ocorrido no princípio da década de sessenta do século passado - para em seu lugar edificar o Palácio da Justiça e que será certamente um dos maiores crimes contra o património histórico de Estremoz. A par, talvez, da demolição de uma vasta área de muralha efectuada anteriormente.
“Igreja de Santo André – História de um crime” é, por isso, uma exposição a visitar. Para que, pelo menos, todos tenhamos a consciência da dimensão do disparate que foi cometido.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A maga e a publicidade

O marketing, mesmo entre os bruxos e actividades similares, está cada vez mais agressivo. A prova disso, como se fosse preciso prová-lo, é que acabo de ser alvejado com um molho de prospectos publicitários, atirados de um carro em andamento, onde são divulgadas as capacidades curativas de uma tal “Dona Mara” que, segundo reza o folheto, consulta em todo o país. Estaremos portanto em presença de uma maga ambulante. Um novo e interessante conceito, convenhamos.
Apesar da agressividade das técnicas de divulgação do serviço anunciado, verificam-se ainda evidentes lacunas que urge melhorar. Digo eu, que apesar de leigo nestas matérias da publicidade e da bruxaria, gosto muito de dizer coisas. Tanto que vou até deixar algumas dicas – oportunidades de melhoria é capaz de ser mais apropriado – que se poderão revelar úteis a quem se queira iniciar na arte de resolver problemas nas áreas do “Amor – Saúde – Negócios – Divórcios – Casamento, Namoros, etc “ e saída para a crise em geral, como anuncia o dito papelucho que por pouco não me acertava em cheio.
Para começar o titulo. “Querido paciente” parece profundamente inadequado. “Querido” soa a coisa de tias e quem recorre a esta gente são por norma pessoas com pouca paciência para resolver os seus problemas pelas vias normais. “Fofinho desesperado” era capaz de ser mais apelativo. E muito mais moderno, também.
Diz-se a seguir que “Chegou novamente a Portugal depois de uma breve viagem para aprofundar os seus conhecimentos a famosa senhora de grandes poderes naturais e sobrenaturais.” Ora, como é fácil de constatar, esta frase está repleta de contradições. Ninguém acredita que, numa breve viagem, seja possível aprofundar assim tanto os seus conhecimentos, a não ser, talvez, José Sócrates, mas esse não é para aqui chamado e de mago tem muito pouco. Também a parte dos “poderes” me parece bastante incoerente. Se alguém tem assim tantos poderes sobre naturais não estou a ver para que raio quer os naturais. Nem o contrário. Além que não deixa de ser estranho ter sido dotada logo com os dois. Nestas e noutras coisas quando a esmola é grande o pobre desconfia, por isso o melhor será optar apenas por uma versão dos poderes. Ou, em alternativa, ir variando e conforme a ocasião escolher o que dê mais jeito. Nunca os dois em simultâneo.
Garante ainda a publicidade que a senhora “Trata e cura com as suas próprias mãos”. Aqui a coisa melhora significativamente mas, mais uma vez, o marketing volta a falhar por não incluir uma foto da criatura. É verdade que quem vê caras nem sempre vê mãos, e mesmo que as veja não fica, só por isso, a saber das suas habilidades. Mas lá que ajuda muito na hora de decidir pôr alguma coisa na mão de uma qualquer maga lá isso ajuda.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Islão não obrigado!

As causas da esquerda têm o condão de me aborrecer. Por norma são incoerentes, parvas e quase sempre os seus defensores mais não pretendem do que dar ares de gente muito evoluída intelectualmente. A evolução é de tal ordem que acham inadmissível que alguém ouse discordar das suas ideias ou pense de maneira diferente. É o caso dos suíços. Tiveram a ousadia de rejeitar a construção de minaretes no seu país – sim, no seu, não noutro qualquer – e têm agora a intelectualidade bem pensante europeia a acusá-los de racismo, xenofobia e islamofobia.
A admiração da esquerda e dessa malta urbana, de superior formação cívica e de consciência social a toda a prova, relativamente à ideologia islâmica deixa-me perplexo. Sabe-se que é entre esta gente que se encontram os principais defensores dos direitos dos homossexuais e de outro pessoal com gostos e práticas esquisitas. Ora, sabendo-se igualmente o tratamento que nos países onde vigoram regimes islamitas é aplicado a quem tem essas tendências, parece-me que existe uma clara incoerência na protecção que reclamam para os costumes islâmicos no ocidente.
Há quem se declare anti-comunista. Ou anti-fascista. Por mim não tenho qualquer tipo de preconceito em me declarar anti-islâmico. Enoja-me esta ideologia e tudo o que com ela está relacionado, considero as suas práticas próximas da demência e desejo vê-las o mais longe possível do lugar onde vivo.
Não posso deixar de estranhar que gente que enche a boca de conceitos como a igualdade entre homens e mulheres aceite de bom grado, trate como igual e reclame o direito à propagação das suas ideias, gente que considera as mulheres como seres inferiores. Quanto a mim não tolero que alguém pense que sou filho e pai de alguém inferior. Se outros aceitam lá terão as suas razões…

domingo, 6 de dezembro de 2009

Calma!

É por demais evidente quanto o actual Partido Socialista convive mal com a democracia. Nisto incluo os actuais dirigentes, os militantes e até os próprios apoiantes. Não suportam as críticas ao líder, que para eles constitui uma espécie de Deus, e tudo o que lhes cheire a opinião divergente da doutrina oficial, passada ou presente, soa como uma heresia ou um vil ataque com o fim exclusivo de prejudicar o partido. Ou o país, não tem bem a certeza. Como se o desejo de ver este canto progredir e tornar-se um lugar melhor fosse um exclusivo seu. Este estado de paranóia é de tal ordem e ameaça atingir tais proporções que, sinceramente, começo a recear pela saúde mental de muito boa gente.
Por muito que isso lhes custe, as instituições, não só as judiciais mas todas as outras, vão continuar a funcionar sem que, agora, as possam controlar de forma absoluta. A comunicação social, ainda que refém de um mercado publicitário onde o PS tem uma “voz” demasiado poderosa, não poderá ser toda silenciada e a blogosfera continuará a não ser passível de sofrer qualquer tipo de controlo.
Neste contexto os apaniguados do actual directório socialista – que não confundo com o Partido Socialista que lutou na rua pela liberdade e pela democracia – o melhor que fazem é manter o fair-play e não se amofinarem com as críticas. Nem com as piadolas do Kruzes. Que, como não me canso de salientar, para além de não deverem ser levadas a sério, são apenas opiniões irrelevantes nem sempre fundamentadas.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Cão bem comportado

O dono - cujo nome não será aqui revelado – deste simpático cachorro sempre me garantiu que ele não é cão de andar por aí a cagar pelos passeios. Quando muito faria as suas necessidades no alcatrão. E isso, na sua opinião que eu em parte corroboro, não faria grande mal porque os automóveis encarregam-se de espalhar a matéria sem que daí resulte algum prejuízo para quem anda a pé. Confesso que tinha, até hoje, algum cepticismo acerca da intuição do animal em escolher a faixa de rodagem em detrimento do passeio como local de eleição para fazer a sua cagada. Provavelmente será um qualquer desprendimento relativamente às coisas terrenas, ou então um fraco instinto de sobrevivência, que o faz optar pelo sítio onde circulam potenciais ameaças capazes de o levar, digamos, a falecer. Seja como for é preferível que assim continue.
Acredito que por esta altura já muitos estranhem a ausência de impropérios e a benevolência com que me refiro ao canito que, espantar-se-ão uns quantos, até apelido de simpático. Acreditem que é mesmo. É dos poucos que não me rosna e embora não revele especial afectividade para comigo, manifesta uma relativa tolerância à minha passagem por aquilo que será o seu “território”. Ou seja, sou-lhe completamente indiferente. O que já não é mau.
O desfoque da imagem, na zona do focinho, destina-se a preservar a identidade do cão. Numa altura em que tanto se reclama do direito de reserva relativamente à vida privada, mesmo quando publicamente se faz tanta merda, parece-me da mais elementar justiça que, por tão pouca, se use o mesmo princípio. Por isso e porque o canito, qual Manel Maleiro de quatro patas, ainda era capaz de considerar a hipótese de me processar por clara devassa da vida privada!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Estórias de um reino distante

Naquele reino distante, tão distante que até chateia de tão distante que é, o rei, convencido por um dos barões mais chegados, decidiu importar um conceito todo modernaço e implementar um sistema de gestão da qualidade lá na corte. Durante anos a fio os diversos serviços do reino, em lugar de trabalhar para o bem-estar do povo, entretiveram-se a inventar esquemas, cada um mais ardiloso que o outro, para provar que eram bons e que cumpriam os requisitos tendentes a obter a certificação de qualidade. Como não podia deixar de ser – eram eles a pagar - ganharam o desafio, foram-lhes concedidos uma espécie de certificados muito jeitosos e conquistaram até uma bandeira que, todos ufanos, hastearam nas varandas do palácio real.
Claro que esse facto nada mudou na corte, no reino ou na vida dos subditos. Essa coisa da qualidade, por mais orgulhosa que deixasse a realeza, em nada interessava à plebe. Nem tão pouco aos escudeiros, pajens, aias e outra vassalagem que, para mal dos seus pecados, eram obrigados a cumprir, ou a fingir que cumpriam, objectivos ridículos ou rebuscadamente idiotas - não raramente as duas coisas – inventados pelos escrivões do séquito real. O que, como é fácil de calcular, contribuiu para o descrédito do rei, não causando por isso estranheza de maior que tivesse sido posto um ponto final ao seu reinado e que este fosse forçado a abandonar o trono.
Obviamente que a qualidade é, como o próprio nome indica, uma coisa boa. Estabelecer como prioridade para a criadagem da limpeza a redução do número de pisadelas na merda de cão, devidamente confirmadas por uma comissão independente especializada no assunto, seria um objectivo simpático. Até porque a merdoca canina está na rua, onde o povo a pisa, e não dentro do palácio real onde o rei e o restante séquito têm quem lhes trate dos sapatos.
Tudo isto, repito, passou-se num reino distante. Tão distante que até chateia de tão distante que é.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ideias parvas

Qualquer reportagem, inquérito de rua ou outra forma de auscultar a opinião daqueles que vendem alguma coisa revela que os portugueses compram pouco porque, garantem os vendedores, não tem dinheiro. Quase todos se lamentam dos ordenados baixos da generalidade dos trabalhadores o que, de uma ou outra forma, faz com que o seu negócio se mostre cada vez mais inviável por falta de poder aquisitivo dos potenciais compradores.
O mesmo acontece com os que produzem os bens que os primeiros nos vendem. Consumo em queda, matéria primas em alta, concorrência dos países emergentes e outras coisas que ficam por dizer mas que facilmente se adivinham de tão óbvias, constituem o leque de motivos que tem levado ao longo dos últimos anos ao desaparecimento de grande parte do tecido produtivo nacional.
Perante este cenário não deixa de ser espantosa a posição veiculada pelo Fundo Monetário Internacional – presidido, tal como o Banco de Portugal, por um socialista – relativamente à politica salarial a seguir pelo governo português. Reduzir os já de si parcos vencimentos dos funcionários públicos poderia constituir uma catástrofe de dimensões difíceis de imaginar, nomeadamente em pequenos concelhos do interior onde a esmagadora maioria da população activa trabalha na autarquia e nos poucos serviços públicos que lá existem. Qualquer diminuição do seu poder de compra representaria o colapso do tecido económico local em vastas zonas do país, com todas as consequências que são fácies de adivinhar. Por todos menos por aqueles que conhecem melhor as câmaras de televisão do que a realidade em que vivem as pessoas que tem de aturar as suas teorias parvas.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os pândegos

Por mais que me esforce não consigo levar os economistas a sério. Eu bem tento mas a insistência desta classe em traçar cenários e fazer conjunturas quanto ao que nos reserva o futuro, principalmente quando não foram capazes de prever uma crise como a que estamos a atravessar, fazem-me rebolar de riso sempre que algum abre a boca.
Garantem agora estes pândegos que 2010 terá de ser um ano de forte contenção salarial. Quiçá até de congelamento das remunerações. Por mim iria mais longe. Aconselharia uma fortíssima redução do vencimento dos gestores de topo das empresas. Públicas e das outras. Para justificar os obscenos salários que auferem usam quase sempre o argumento das qualificações e que aos melhores se deve pagar muitíssimo bem se não procuram outras paragens. Pois que assim seja. Procurem outras paragens. Mais depressa encontrará um emprego bem remunerado no Luxemburgo um operário indiferenciado, de uma dessas construtoras da moda, que ganha o ordenado mínimo, que um qualquer gestor da mesma empresa ainda que só exija metade do que ganha por cá.
Já quanto à função pública entre economistas, gestores e outros pseudo-analistas, preconiza-se o congelamento de salários e, em casos extremos, opina-se mesmo que o ideal seria promover despedimentos ou redução de salários. Eu, que acredito na bondade humana e na inteligência de quem andou anos a fio a estudar estes assuntos, quero crer que quem afirma estas coisas sabe do que está a falar e que essa será a melhor solução para o país. Outros, mais desconfiados ou apenas más-línguas, juram que eles querem é que sobre mais dinheiro do Estado para pagar pareceres, estudos, assessorias e outras coisas que não vêem ao caso. Mas isso são os outros a dizer, porque eu não acredito.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O "gay" Leão

A nova promoção do Sporting, “Gamebox Duo”, está a deixar as bichas lagartonas irritadas com o seu clube do coração. Isto porque o produto colocado à venda, que mais não é do que uma promoção tendente a levar mais mulheres ao estádio, apenas é vendido a casais de sócios que queiram ter descontos na aquisição de lugares anuais no Estádio de Alvalade.
Como não podia deixar de ser houve quem reagisse mal e visse um claro propósito discriminatório na intenção dos dirigentes leoninos por a promoção não abranger um par de criaturas – não um casal que isso é uma coisa completamente diferente - que mesmo sendo associados do clube tem a particularidade de ambas possuírem um pirilau a que não sabem dar uso.
Absolutamente extraordinário é que gente aparentemente tida como séria e inteligente, ligada ao Sporting, veio já contestar a limitação desta promoção a casais, questionando, inclusivamente, a sua legalidade. Para além de não quererem perceber que está apenas em causa uma estratégia de marketing, parece pretenderem colocar a instituição numa posição deveras embaraçosa. É que a vingar a tese da “não discriminação” os leões tornar-se-iam em pouco tempo no clube com mais sócios larilas do planeta. Para aproveitar o desconto proporcionado pela “Gamebox Duo” acredito que seriam muitos os lagartos a comparecer nos locais de venda de mão dada com o parceiro das idas à bola e capazes de jurar que “arrecadam a costeleta” desde que fazem a barba.