domingo, 28 de fevereiro de 2010

Fantasmas

Não acredito em fantasmas. Não existem. Pelo menos é o que garante uma larga maioria que nunca teve oportunidade de ver um. Haverá, no entanto, uma escassa minoria – escassa digo eu, que não tenho nenhum elemento que confirme essa escassez – que assegurará exactamente o contrário.
Embora céptico relativamente a tudo o que envolva almas penadas, actividades fantasmagóricas e fenómenos correlativos, fui um destes dias surpreendido com esta visão que, por uns segundos, abalou as minhas convicções acerca da matéria. Mas, a julgar pela imagem, nada há a recear. Porque os fantasmas não existem, mas se existissem seriam malta fixe.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Exemplar

O amigo Simão Serafim afirmou alto e bom som em certa ocasião, perante uma enorme plateia que não me deixa mentir, que os bons exemplos devem vir de cima. Sócrates, o engenheiro, proclamou por estes dias uma outra verdade vagamente relacionada com a anterior. Garante o primeiro-ministro que o país se deve inspirar nos bons exemplos.
Certamente não será abusivo da minha parte proclamar que o país se deve inspirar nos bons exemplos e que estes devem vir de cima. Ou, se preferirem, que os bons exemplos devem vir de cima e que o país se deve inspirar neles. É, contudo, absolutamente indiferente. Pelo topo os bons exemplos não abundam. A começar pelo primeiro que, perdoar-me-ão os apaniguados, não constitui grande exemplo para ninguém. Embora, estranhamente, ainda haja por aí muito boa gente – boa é uma maneira de dizer, porque alguma é mesmo ruinzinha – que insiste em imitar o “chefe”.
Por outro lado é o próprio líder que não faz uso adequado da máxima que evocou. Ou então, para além de não ser um bom exemplo, não está devidamente inspirado. O que é pena. Se há coisa que nós não precisamos é um primeiro-ministro desinspirado. Não nos transmite inspiração.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A esquerda rabeta e a liberdade de expressão

Por mais que alguns pretendam fazer crer o contrário, existe mesmo em Portugal um défice de liberdade de expressão. Não propriamente aquele em que Sócrates e os seus boys, de forma quase sempre patética, pretendem silenciar as vozes que lhes são críticas - com os resultados que se conhecem - mas outro muito pior. A que poucos, de tão interiorizado que está em cada um de nós, reconhecem existência. É, como digo há largos anos, a ditadura do politicamente correcto. Uma espécie de pensamento único. Algo muito mais perigoso e que pode conduzir-nos a situações muitíssimo mais delicadas do que as que resultariam se os planos maquiavélicos do abominável engenheiro e seus pérfidos sequazes fossem concretizados.
A responsabilidade de termos chegado a este ponto é, em grande parte, de uma certa intelectualidade urbano deprimida não raras vezes conotada com uma certa esquerda rabeta. É essencialmente gente dessa laia que não tolera opiniões diferentes da sua. Quem não pensa como eles não tem direito a expressar as suas ideias e é frequentemente alvo de insultos, ameaças e vítima de tentativas públicas de achincalhamento. Tudo porque ainda vai havendo um ou outro perigoso mentecapto que tem o desplante de pensar de maneira diferente daquilo que certos vermes intelectualóides consideram ser a verdade suprema.
São esses macacos esquerdistas e apaneleirados que me enchem a caixa de comentários sempre que me refiro aqui à malta invertida. Contra a qual aliás, estou cansado de dizer, nada me move. Entendo é que esse grupo social não constitui nenhuma espécie de vacas sagradas acerca do qual não se podem fazer piadas, contar umas larachas ou criticar o comportamento que exibem em público. Era o que mais faltava. Quem não gosta ou não concorda com o que escrevo que vá navegar para outro lado!
Como penso ter já ficado amplamente demonstrado ao longo dos quase cinco anos de existência do KK, escrevo aqui o que muito bem entender sobre aquilo que me apetecer, independentemente de um ou outro parvo – tadinho – pensar que, através de comentários mais ou menos ameaçadores, pode influenciar o que vou publicando. É, como já deviam saber, tempo perdido. Esse tipo de comentários é de imediato apagado sem sequer me preocupar em tentar identificar, através do IP, os seus autores. Não vale a pena. Prosseguir com a mesma “linha editorial” já lhes deve causar aborrecimento suficiente.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

UFOs and circles

A análise desta fotografia suscita-me diversas questões para as quais tenho sérias dificuldades em encontrar resposta. A primeira hipótese que me surgiu apontava para a possibilidade de estarmos perante a visita de seres de outros planetas que, à semelhança do que acontece nos campos do sul de Inglaterra, se divertem a desenhar círculos perfeitos. Como, neste caso, se trata de um soalho acabado de encerar, logo no interior de um edifício, tratei de afastar tal suposição. Até porque, como toda a gente sabe, os extraterrestres não existem e mesmo que existam tem coisas mais importantes para fazer do andar por aí a desenhar círculos.
Igualmente me ocorreu poder tratar-se de uma manifestação artística em que a monotonia dos longos e contínuos espaços encerados era quebrada, aqui e ali, por suaves formas geométricas harmoniosamente desenhadas no pavimento.
Após uma análise mais atenta inclinei-me para, em alternativa, estar perante uma demonstração de competências técnicas adquiridas pela senhora da limpeza - ou senhor, porque esta é uma actividade que já não é exclusivamente desempenhada por senhoras - numa qualquer acção de formação profissional onde tivesse sido ministrada uma nova e revolucionária técnica na arte do enceramento de soalhos.
Receio, contudo, estar errado. Algo me diz que alguém se esqueceu de desviar os dois objectos de forma circular que ocupavam aquele espaço no momento em que o chão era coberto de cera. Acontece a todos. Até aos bons. E também às boas.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Campanhas idiotas

Uma campanha publicitária que actualmente passa em diversos meios de comunicação social pretende, supostamente, lutar contra o preconceito que existirá na sociedade acerca das pessoas que terão um comportamento sexual que não estará de acordo com os padrões vulgarmente considerados como normais. Não que a dita campanha me incomode, longe disso, mas acho que a ideia pode ser perigosa. Pode. Porque por enquanto é apenas parva. No entanto, se os activistas de outras causas igualmente detestáveis copiarem a ideia, é capaz de haver muita gente a não manifestar tanta tolerância como a que agora revela perante este tipo de publicidade.
Como sabe quem lê com regularidade este blogue, nada tenho contra os panascas. Nem contras as fufas. Digamos que a paneleiragem em geral incomoda-me muito menos que uma certa esquerdalha armada ao pingarelho. Isto só para que fique claro que não tenho nenhum preconceito, nem intuitos discriminatórios, relativamente a essa malta de gostos esquisitos. Até porque, como sempre digo, cada um com o respectivo cú – ou qualquer outra parte do corpo – faz o que muito bem entende.
Mas voltando à dita campanha. Que pensariam os portugueses, ou o mundo em geral, se um dia acordassem e vissem, em placards publicitários ou em qualquer outro meio de divulgação, mensagens de conteúdo semelhante mas onde os protagonistas fossem Hitler, Bin Laden ou Estaline, com a finalidade promover a tolerância para com os seus seguidores? Por mim não gostava. No entanto respeitaria a opção e o pensamento de quem assim agisse. Não sei se a pessoal da esquerda, que se auto proclama como guardiã da tolerância e da liberdade, teria igual abertura de espírito mas quero acreditar que, excepção feita ao Hitler, até era rapaziada para aplaudir tolerantemente a ideia.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Remate kruzado

Não vi o jogo de ontem entre o clube de futebol do Porto e o Braga. Mas terá, calculo, sido um grande jogo. Provavelmente terá sido o pior Braga da época – só assim se justifica que uma equipa que nos dezanove jogos anteriores apenas tenha sofrido oito golos encaixe cinco numa só partida – frente ao melhor Porto. Portistas que, recorde-se, sem a ajuda do arbitro, dos guarda-redes adversários, ou do Sporting, há muito que não marcavam tantos golos. Desde, pelos menos, que os estímulos causados pela fruta, o chocolate ou o café com leite começaram a perder algum do efeito motivador que tão bons resultados deu nos últimos trinta anos.
Seja por um motivo ou por outro a verdade é que o Braga, finalmente, claudicou. Provavelmente terá sido apenas uma noite má. Daquelas que acontecem com frequência às equipas orientadas por antigos jogadores da equipa do norte quando jogam contra o seu ex-clube. Nada que surpreenda. Aliás o mesmo já tinha acontecido ao Olhanense que, apesar de ter feito um grande jogo contra o Benfica, baqueou quando defrontou o Porto e perdeu por uns claros três a zero. Em comum, para além de ambos os treinadores terem jogado no clube do Porto, as duas equipas tem nas suas fileiras inúmeros jogadores emprestados – ou cedidos – pela equipa azul e branca.
Tudo coincidência, como é bom de ver. Porque não passará pela mente de ninguém pensar noutro motivo qualquer para justificar o facto de os jogadores daquelas equipas correrem muito mais e demonstrarem uma atitude muitíssimo mais agressiva quando jogam contra o Glorioso. Quando, numa das próximas jornadas o Braga se deslocar ao Estádio da Luz, veremos que qualquer semelhança entre a equipa que lá se apresentar e a que jogou ontem no Dragão será mera coincidência.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A chuva

Gosto de chuva. Quase tanto como gosto de sol, de calor e não menos do que odeio neve. Mas, por mais que goste de ver a água a cair, confesso que por agora já chateia, começa a aborrecer e a causar incómodo. É por isso que sugiro a organização de uma procissão. Como aquelas que fizeram aqui há uns atrás em que um grupo de crentes “procissou” desde o centro da cidade até à igreja da Senhora da Conceição, nos arredores de Estremoz, para implorar à dita senhora a vinda de chuva. Desta vez a súplica teria o objectivo inverso e visaria interceder – meter uma cunha, vá - junto da dita divindade para que esta fizesse parar a chuva. Não sei se resultaria ou não, o mais provável seria os “procissantes” apanharem uma valente molha e continuar na mesma a chover, mas não custa nada tentar. Pelo sim pelo não o blogue “Kruzes Kanhoto” está disposto a patrocinar o evento colocando à disposição dos interessados uns quantos guarda-chuvas. Merchandising, claro.
Noutro âmbito – o das coisas sérias – quero expressar a minha solidariedade para com os leitores deste blogue que residem na ilha da Madeira. Nomeadamente ao Manjedoura e à habitual comentadora MFCC. Que estejam bem, tal como todos os que lhes são queridos, é o que desejo.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mil posts

Este é o post número mil. Não que isso tenha qualquer importância ou significado para o autor deste blogue mas lá que é um número interessante de atingir, nomeadamente num espaço com esta natureza, lá isso é. E apenas por isso merece ser mencionado.
Para trás ficaram novecentos e noventa e nove posts com opiniões irrelevantes - poucas vezes fundamentadas - uma quantidade impressionante de disparates e um sem fim de alarvidades. Que, como não podia deixar de ser, agradaram a uns – vá lá compreender-se os gostos de certa gente – e desagradaram a muitos outros. É, como diria o outro, a vida.
De referir que esta versão do “Kruzes Kanhoto”, criada há três anos e um dia, ocupa hoje o 332º lugar do ranking “Blogómetro”, promovido pelo “Portal dos blogs portugueses” e de onde constam mais de dois mil e cem blogues nacionais. Não é nada de especial, mas quando se sabe que por cá ninguém lê blogues – e mesmo os que não lêem preferem não ler outros blogues, nomeadamente daqueles onde a má-língua tem lugar de destaque – não é nada mau. Agora o irónico da coisa é, na referida lista, o título do blogue que vem logo a seguir. Facto que, nunca se sabe, talvez não seja mera coincidência.

País divertido

A maioria dos portugueses admite que somos um país de brincadeira. Embora, quanto a mim, isso não seja necessariamente mau nem constitua um defeito que nos envergonhe. Pode, se bem explorado, constituir um motivo para nos animar e elevar a nossa auto-estima enquanto povo. Claro que a ideia de sermos um país de brincadeira reunirá algum consenso entre os adeptos dos partidos da oposição, mas encontrará forte resistência dentro do grupo de seguidores do partido que governa. Para quem não passará de mais uma opinião bota-abaixista (as expressões que estes apaniguados inventam!) de quem não reconhece a genialidade de quem nos dirige. Estejam eles sentados na cadeira da presidência do conselho de ministros ou à mesa de um qualquer conselho de administração de uma qualquer empresa pública.
Vejamos por exemplo o caso da justiça. É, concorde-se ou não, uma verdadeira animação. Primeiro porque ninguém a leva a sério e, segundo, porque não se cansa de nos divertir. Mesmo deixando de lado os casos mais anedóticos que envolvem figurões sobejamente conhecidos é possível encontrar situações assaz hilariantes que nos fazem rir até às lágrimas e que, quase de certeza, entrarão para o anedotário nacional.
Nos últimos dias constituíram noticia três casos verdadeiramente sintomáticos. Num deles dois ladroezecos ocuparam o precioso tempo de três juízes e sabe-se lá quantos funcionários por terem roubado amêndoas avaliadas em dois euros. Crime hediondo, diga-se, porque isso de roubar guloseimas pode acarretar consequências imprevisíveis para a saúde dos meliantes que, mais tarde, sobrecarregariam o serviço nacional de saúde. Por isso o melhor é condená-los já antes que peçam um cheque dentista.
Também o gatuno azarado que ficou entalado num buraco quando pretendia assaltar um supermercado terá colocado o dono do estabelecimento em tribunal. Alega ter sido agredido pelo proprietário durante o tempo em que permaneceu naquela situação incómoda e exige uma indemnização pelos danos sofridos. É verdade que o gajo estava mesmo a pedi-las mas, como se sabe, a justiça é cega. Tal como o olho traseiro. E esse constitui o principal problema do agora queixoso que, dada a posição em que se encontrava aquando das alegadas agressões, não viu quem o malhou.
Finalmente o caso do “jovem” – é assim que agora se deve dizer quando nos referimos a delinquentes – que no ano passado espalhou o terror pelas ruas de Lagos ao volante de um camião que “desviou” de um estaleiro. Apesar de, na sequência da sua atitude tresloucada, ter ocorrido um atropelamento mortal, não terá ficado provada a relação entre os dois acontecimentos. Isto porque alguém se lembrou – ele há gente capaz de tudo – de saltar para a cabine do camião para impedir o dito jovem de continuar a sua marcha e esse facto poderá ter sido determinante para a infeliz ocorrência. Provavelmente o herói de Lagos, como ficou conhecido na altura, terá ainda de justificar porque teve a tão parva ideia de importunar o ocasional, mas nem por isso menos pacífico, condutor de um veículo pesado a circular desgovernado no meio de uma cidade.
Ora digam lá que não são estas coisas que fazem de Portugal um país divertido e que a todo o momento nos dá motivos para rir. Podíamos viver sem elas, lá isso podíamos, mas seria uma tristeza.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Xicos espertos, Patos bravos e outros manigantes

Desconheço qual é o valor actual da taxa de juro praticada no crédito à habitação. Desconfio, contudo, que andará muito longe de justificar alguma histeria e quase alarme social como se verificou há algum tempo atrás quando esses valores subiram ligeiramente ou que, alguns sectores comecem já a revelar preocupação perante a possibilidade de um novo ajuste, no sentido ascendente, das taxas cobradas pelas instituições bancárias neste tipo de operação.
Obviamente que opino com este à vontade acerca desta matéria por já não ter este tipo de encargos. Que tive em tempos passados, diga-se. E, ao contrário de agora, a taxa que suportei era composta por dois dígitos. Muitíssimo acima do que é cobrado actualmente aos que reclamam da perspectiva da sua eventual subida. Causa-me por isso estranheza que gente com capacidade económica para adquirir habitações de dimensões bastante acima do necessário para acomodar o seu agregado familiar, presente e futuro, e para contrair empréstimos que vão bastante além do indispensável para financiar a aquisição da casa ande por aí a lamentar-se e a lamentar a suposta inflação do preço do dinheiro.
Também verdadeiramente extraordinária é a posição da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas que considera serem os elevados preços praticados no mercado imobiliário da responsabilidade da banca. É que, argumentam, o crédito às empresas tem sofrido as mesmas contingências que o crédito às famílias: está cada vez mais difícil de conseguir e paga spreads cada vez mais altos. Com encargos tão elevados, as empresas não conseguem baixar os preços.
Perante argumentos destes ocorrem-me sempre alguns episódios curiosos. Como por exemplo aquele em que alguém - vá lá saber-se quem - conseguiu, pelos idos oitenta e cinco ou oitenta e seis do século passado, fazer com que o concelho de Estremoz fosse incluído na zona II, para efeitos de acesso ao financiamento à habitação com crédito bonificado, o que fez subir substancialmente o montante máximo a financiar pela banca. Coincidência ou não, a partir da publicação da Portaria que consagrou essa mudança, o preço das casas disparou. Manigâncias, como diria o outro.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Estabilidade? Crescimento? Duvido!

Como estarão recordados os que visitam com regularidade este blogue, desde há muitos meses - ainda muito antes das eleições - vinha escrevendo que fosse qual fosse o resultado da escolha dos portugueses, no ano que agora decorre assistiríamos ao congelamento de salários da função pública.
Tem sido anunciado que o novo Plano de Estabilidade e Crescimento deverá prever situação idêntica até dois mil e treze. Embora nada esteja confirmado acredito que assim irá acontecer. Tal como creio firmemente que essa medida só por si em nada contribuirá para o equilíbrio das contas públicas e que, antes pelo contrário, apenas servirá para agravar ainda mais a periclitante situação em que o país se encontra. O que, ou muito me engano, acabará por servir de pretexto a reduções salariais numa primeira fase e, posteriormente, a despedimentos de milhares de funcionários públicos. Até porque essa é uma exigência que começa as ser repetida demasiadas vezes por aqueles a quem interessa sacar recursos ao Estado.
Se, num primeiro momento, a opção pelo corte na despesa com salários parece razoável, uma observação mais atenta demonstrar-nos-á exactamente o contrário. Assistiremos a quebras no consumo, que conduzirão inevitavelmente a encerramento de empresas, eventualmente a um aumento da procura dos mercados paralelos e da chamada economia subterrânea – aquela que não paga impostos - e a uma baixa significativa nas receitas fiscais. Principalmente a resultante da cobrança de impostos sobre o trabalho e o consumo.
Se tenho ou não razão naquilo que escrevo – provavelmente a esmagadora maioria acha que não tenho e que os meus argumentos são facilmente rebatíveis – o futuro se encarregará de demonstrar. E, no caso, nem será um futuro muito distante. Basta esperar pelos próximos boletins informativos da execução orçamental, emitidos pela Direcção Geral do Orçamento.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A sondagem mal-cheirosa

Terminou o período de votação/resposta ao inquérito/sondagem que esteve disponível cerca de quinze dias na barra lateral aqui do blogue. Como seria de esperar o nível de participação foi extremamente baixo. À pergunta colocada apenas os leitores que frequentam o espaço internet local estariam em condições de escolher cabalmente uma resposta ao que era perguntado.
Foi o que fizeram vinte e um leitores. Dos quais onze, ou seja cinquenta e três por cento, acharam que o pivete – mau cheiro, ar nauseabundo, cheirete, pestilência ou o que lhe queiram chamar – se trata de uma fragrância muito em moda para os lados do resort das Quintinhas. Como se sabe muitos dos habituais frequentadores do Espaço Internet possuem habitação para aquelas bandas. Graças ao choque tecnológico promovido pelo Engenheiro (eheheheh) José Sócrates, um número significativo daqueles habitantes passaram a ter acesso às novas tecnologias e, principalmente, a interessarem-se por elas. O que, na minha modesta opinião, é óptimo e certamente contribuirá para a sua integração plena na sociedade. Embora tomar banho também possa, eventualmente, ajudar.
Faz-me, no entanto, alguma confusão é que esta súbita e inesperada paixão pela tecnologia e a vontade de conhecer novos mundos, mesmo que virtuais, apenas tenham afectado os rapazes/homens e não seja extensível às meninas/senhoras que residem no citado resort. Acredito que os sete leitores, trinta e três por cento, que escolheram a opção “O multiculturalismo é uma coisa muito linda” tenham uma boa explicação para o facto.
Há ainda três visitantes que não sabem ao que cheira naquele espaço. São os que escolheram a opção “não sei…levo sempre uma mola no nariz”. Representam apenas catorze por cento dos votantes e, para além de padecerem de elevada sensibilidade olfactiva, são pessoas precavidas porque, sou eu que vos digo, o pivete é realmente insuportável. Há, no entanto, alguns cuidados a ter em conta por quem opta por esta solução. Um espirro mais inesperado pode projectar a mola e causar graves danos físicos – até talvez a morte - a outros frequentadores. Ou, pior ainda, estragar o equipamento. É que este foi financiado pela União Europeia enquanto os outros, os frequentadores, são financiados por nós.
Por falar em espirro resta-me referir que a última opção, “não me cheira a nada…estou constipado!” não foi escolhida por nenhum dos votantes, o que quer dizer que não temos por aqui gente constipada. O que, sem dúvida, são boas noticias.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnaval 2010

Não acho grande piada ao Carnaval. Tenho, no entanto, um enorme respeito e admiração por todos quantos dão o seu tempo e dedicação a organizar, trabalhar ou participar nas diversas manifestações carnavalescas que vão tendo lugar um pouco por todo o lado. É, essencialmente, devido a eles, à sua boa vontade e entusiasmo, que é possível pôr na rua largos milhares de pessoas, mesmo em localidades de pequena dimensão e quase despovoadas como é o caso de Estremoz.
Apesar do apreço que merecem todos os que contribuíram para a sua realização não posso, com toda a frontalidade, deixar de manifestar a minha opinião. Que, assumo-o também, nem sequer chega a ser uma critica. Porque para criticar seria necessário saber alguma coisa do assunto e de carnavais não percebo grande coisa. Nem, diga-se, tenho grande vontade de perceber. Mas a verdade é que não gostei. Não consigo deixar de pensar – erradamente, talvez – que o Carnaval é sátira, brincadeira e gajas nuas. Ora, não tendo visto nada disso, tenho alguma dificuldade em classificar o desfile como um corso carnavalesco. Vi, em contrapartida, carros e figurantes com mensagens publicitárias a empresas e produtos, o que me faz desviar o pensamento para outras designações que podiam ser atribuídas ao evento.
Motivos para satirizar obviamente que não faltam. Falta, quando muito, imaginação ou vontade de o fazer. Vá lá saber-se porquê. Podia avançar com a explicação que somos todos uns macambúzios ou que não gostamos de “dizer mal”. Mas tenho alguma dificuldade em o fazer. Especialmente quanto a esta última parte. Quando, ao longo do ano, se vão lendo e ouvindo as mais ferozes críticas a tudo e a todos, é no mínimo de estranhar que ninguém tenha coragem de, na rua e na altura apropriada, fazer uma sátira ou uma critica. Por mais suave que seja. Afinal seria tudo na brincadeira e nesta quadra ninguém levaria a mal.
Por fim as gajas nuas. Este ano até se compreendem as hesitações em tirar a roupa. As temperaturas não ajudaram e, pelo contrário, é de enaltecer a ousadia de alguns alegados foliões em desfilar de pernas ao léu. Não me venham é falar de “tabus” ou que as pessoas em Estremoz são “assim” ou “assado”. Não me lixem. Isso é conversa de quem se julga dono de uma superioridade intelectual que é quase sempre sinónimo de estupidez.
Assim sendo, a fotografia que ilustra este post mostra o que havia de mais parecido com “gaijas” desnudadas. É mau, mas é o que se pode arranjar.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

DEUS NÃO EXISTE. NENHUM DELES!

Alguém me diga que estou louco e isto é mentira…

A frase irrelevante - ou nem por isso - do dia

Detesto plagiadores e não é meu hábito andar a copiar o que encontro noutros blogues, mas a esta tirada, que encontrei num comentário a um post publicado no Mais Évora, foi-me impossível resistir.
“A Câmara está a pagar a dois boys para fazer a programação da praça de toiros.”

Estacionamento tuga

Apesar de uma ou outra voz dissonante, acredito que a generalidade dos estremocenses, e seguramente a maioria dos que nos visitam, consideram uma inequívoca vantagem para a cidade a possibilidade de estacionar no Rossio Marquês de Pombal. Por mais “desenhos” que me façam ou me digam que em Barcelona, Praga ou Milão é que é bom, por não se poder estacionar no centro da cidade, não me convencem do contrário. Até porque dar essas cidades como exemplo relativamente a Estremoz é, mais do que parvoíce, perfeitamente ridículo.
Não significa isto que aprecie a maneira como por cá utilizamos o automóvel. Antes pelo contrário. Defendo, desde há muito, que o trânsito e principalmente o estacionamento nas artérias circundantes do Rossio devia ser severamente condicionado. Como em imensas ocasiões escrevi aqui no KK não se justifica que numa pequena cidade como a nossa, onde estamos sempre perto do lugar para onde nos pretendemos dirigir, se utilize o carro de forma completamente irracional.
Mesmo apesar de o homem me ter autuado em circunstâncias absolutamente surreais, exemplos como o que a foto demonstra fazem-me sentir saudades do “Sandokan”. Para aqueles que não sabem, ou já não se lembram, era um chefe da Policia com um comportamento bastante sui generis. Chamemos-lhe, simpaticamente, assim. Não acredito que os condutores dos cinco veículos estacionados à esquerda, em cima do passeio, não pudessem ter deixado o carrinho no Rossio para ir comprar pão. Afinal não serão mais do que cinquenta metros. Bastante menos do que, provavelmente, alguns deles percorrem ao final do dia quando caminham sem destino pelas ruas da cidade para, alegadamente, manter a forma.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Remate kruzado

Como tive ocasião de escrever neste post, se as arbitragens não fossem manifestamente tendenciosas, no sentido de prejudicar o clube de futebol do Porto e favorecer descaradamente o Benfica, a equipa das riscas seria todos os anos campeã nacional, com vinte cinco ou mais pontos de avanço, enquanto as águias andariam a amargar pelos últimos lugares da terceira divisão distrital de Lisboa.
O que se passou na jornada deste fim-de-semana vem inequivocamente dar-me razão. Os auto intitulados dragões – coisa que toda a gente sabe nem sequer existe, mas enfim cada um arranja as mascotes que quiser por mais parvas que sejam – foram claramente prejudicados pelo senhor do apito, no jogo em que empataram com o Leixões e onde confirmaram o modesto terceiro lugar que ocupam no presente campeonato. Que, recorde-se, só não estará em risco devido à época miserável com que outro clube também às riscas, no caso na horizontal, nos está a presentear.
Bruno Paixão, assim se chama o senhor que despudoradamente evitou que o Porto vencesse o jogo de ontem, cometeu uma série infindável de erros, sempre a favor da equipa de Matosinhos, com o evidente propósito de afastar os ainda campeões nacionais da luta pela renovação do título. Como muitíssimo bem salientaram, no final do encontro, o treinador adjunto Jesualdo Ferreira e o capitão Bruto “Cotovelo” Alves. Tendo este, inclusivamente, ido mais longe ao lamentar que este ano os árbitros não estejam a favorecer o Porto.
É, de facto, verdade. Bruno Paixão, em pelo menos duas ocasiões, praticamente isolado não rematou à baliza leixonense quando se encontrava em excelentes condições para desfeitear o guarda-redes adversário. Ainda pior do que isso foi, perto do final, não ter assinalado uma grande penalidade a favor do Porto a castigar um defesa da equipa da casa que não se desviou para o Micael (raio de nome!) passar, à semelhança do que fizera na jornada passada o árbitro do jogo com o Nacional da Madeira. Para culminar tão desastrada actuação o juiz da partida teve ainda a ousadia de terminar a contenda apenas oito minutos depois dos noventa. Como é evidente a coisa só devia acabar quando o Falcão marcasse mais um golo com a asa.
Por seu turno na Luz foi a roubalheira do costume. Mais um roubo de catedral, portanto. A arbitragem começou logo aos dez minutos por validar um golo obtido em claro fora de jogo e marcado com a mão após notória carga sobre o guarda-redes do Belenenses. Depois, em duas ocasiões, não expulsou os defesas centrais do Benfica por estes, noutros tantos remates da equipa forasteira, terem ostensivamente desviado a bola com os olhos quando esta se dirigia para a baliza e encarnada. Finalmente, de forma completamente anedótica e que revela bem a intenção de ajudar o clube da segunda circular a chegar ao título, expulsou o guarda-redes da equipa visitante por este, pasme-se, jogar a bola com a mão!
Não admira por isso que, segundo alegam alguns relatos, o árbitro tenha sido visto, na garagem do Estádio da Luz, a introduzir à socapa uma caixa de fruta na bagageira do carro. Nem que outros aleguem terem avistado o trio de arbitragem, resguardados no calor da noite, a beberricar um café com leite ou, segundo outras versões, a comer um chocolatinho. Mas isso são outros “quinhentinhos” que agora não vêm ao caso.
O Benfica está, toda a gente vê, a ser levado ao colo. Têm razão os adeptos portistas em se lamentarem dos árbitros, do sistema, da Liga, dos túneis e de tudo o mais que lhes vier à cabeça. A continuar assim o Porto dificilmente chegará ao segundo lugar.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Não o gramo!

O fulano que há mais de cinco anos chefia o governo nunca me enganou. Não gosto do tipo, tem qualquer coisa que me leva a desconfiar dele – não estou só em matéria de desconfianças – e, apesar de já ter passado todo este tempo, por vezes ainda tenho dificuldade em acreditar que aquele senhor é mesmo o primeiro-ministro do meu país. Desde há muito que, como podem atestar alguns leitores deste blogue com quem já tive esta conversa em diversas ocasiões, tenho afirmado a minha convicção que o actual líder do PS conduzirá o seu partido a uma crise de identidade igual à que tem atravessado o PSD. Por isso mais que um problema do país, José Sócrates é, cada vez mais, um enorme problema para o Partido Socialista. Tal como Santana Lopes o foi para os sociais-democratas.
Embora nunca tenha presenciado um naufrágio e não possa, portanto, garantir a veracidade do dito popular, costuma dizer-se que os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio. Não será, assim, de estranhar que as primeiras ratazanas comecem a nadar em direcção a algo que lhes pareça mais seguro, ou que pelo menos flutue, na esperança de se manterem à tona. É pois natural que, pelos próximos dias, surjam as primeiras vozes a demarcarem-se das posições do ainda primeiro-ministro, a garantir que, afinal, o homem é mau como as cobras e que andaram todos estes anos a viver enganados por aquilo que pareciam ser as virtudes políticas da criatura.
Seja como for espera-se que o Presidente da República tenha uma atitude mais sensata que o seu antecessor, quando este convocou eleições antecipadas apesar da existência de uma maioria capaz de assegurar a estabilidade governativa. O Partido Socialista tem todas as condições para continuar a dirigir os destinos do país e deverá fazê-lo. Assim se livre do “chefe”.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Invejosos

Uma espécie de sondagem, hoje dada a conhecer por uma estação de televisão, mostra que a maioria dos portugueses concorda com o congelamento dos salários da função pública até 2013. Pelo menos. Porque se o período temporal fosse alargado até 2100 concordariam na mesma.
Nem seria, no entanto, necessário nenhum estudo de opinião para ficarmos a saber que os portugueses não gostam de funcionários públicos, deliram com todas as penalizações que ao longo dos últimos anos tem sido impostas a esta classe profissional e que manifestam um incompreensível espírito de inveja pelos “elevadíssimos” vencimentos que são pagos pelo Estado aos seus empregados.
Provavelmente muitos deles são os mesmos que em altura de eleições integram as listas de candidatos, ou de apoiantes de candidatos, com o objectivo de verem a sua participação recompensada com um emprego público para si ou algum dos seus. É que, como diz quem comenta estas coisas, não se agarraram ao pau de borla. Referindo-se, naturalmente, ao sustentáculo da bandeira que agitaram ao vento.
Podia escrever isto de outra forma, mas não quero. Nutro pelos portugueses que assim pensam um profundo desprezo. Desejo-lhes mesmo, a todos os níveis, o pior dos males. É por isso natural que nos próximos posts, ou enquanto for lendo e ouvindo opiniões deste género, manifeste por aqui algumas opiniões mais azedas relativamente a alguns problemas que afectam grande parte da população e acerca das quais as sondagens dão conta do elevado grau de preocupação com que os portugueses as encaram.

Piadola de oportunidade

- O que faz um engenheiro ao Sol?
- Providencia.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"Oh Granas pá, esquece lá isso!"

Há gente com uma memória prodigiosa. E outra que se lembra de coisas da noite para o dia.

Providência cautelar

À cautela vou tomar providências. Ainda não sei ao certo quais, nem acerca de quê e muito menos quando, mas está decidido que vou providenciar.   

Coisas que fazem sentido

“Excesso de água nas estradas é a causa para o aquaplaning”.
E isso preocupa Nuno Salpico, o Presidente do Observatório de Segurança de Estradas e Cidades.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A dificil arte de mentir

José Sócrates tem, pelo menos, uma virtude. Poucos lhe ficarão indiferentes. Para uns é um líder à altura dos desafios que se colocam ao país e revela uma coragem impar no combate aos interesses instalados que, segundo certas teorias, são a causa do atraso estrutural de que padecemos. Outros vêem nele um conjunto de defeitos difíceis de reunir numa só pessoa. Assim uma espécie de Diabo. Com cornos e tudo.
Reconheço que esta parte dos cornos era escusada e que faria muito mais sentido mencionar as ditas armações quando me referisse ao ex-ministro, e futuro manda-chuva no Banco de Portugal, Manuel Pinho. Mas bolas, isto de um gajo como o Sócrates deve-se sempre dizer mal. Mesmo que não se saiba ao certo porquê, algum motivo haverá que o justifique.
E o homem não se cansa de nos dar “razões para lhe chegar a roupa ao pêlo”. Hoje, no parlamento, garantiu para quem o quis ouvir que não são os vencimentos de políticos, administradores, assessores e toda uma vastíssima panóplia de boys que cirandam pelos lugares cimeiros da administração pública e afins, que prejudicam as contas públicas. Sugerir a redução do vencimento de toda essa malta não passa de populismo e demagogia. Provavelmente será. Que o impacto no equilíbrio do orçamento seria diminuto, também acredito. Agora que contribuiria para legitimar os sacrifícios que se pedem aos portugueses e que constituiria uma medida que podia ajudar à credibilização – se é que eles se importam com isso – de quem vive da politica, disso não duvido.
Mas não foi apenas por esta tirada que o Primeiro-ministro caiu ainda mais baixo na minha consideração. À saída do hemiciclo, confrontado pela comunicação social acerca das declarações contraditórias que tem proferido relativamente a uma das muitas trapalhadas em que estará envolvido, José Sócrates manifestou um estranho embaraço e uma incapacidade, invulgar nele, em responder de forma expedita – pregar mais uma peta, digamos assim – ou esquivar-se de forma airosa às questões suscitadas pelos jornalistas. Até parece que não está habituado.
Quanto aos meus leitores não sei, mas a mim desagrada-me profundamente que o primeiro-ministro do meu país minta de forma brilhante e ao alcance de poucos quando nos quer lixar – ou seja, quase sempre – e não seja capaz de arranjar uma mentira mais ou menos convincente quando o querem lixar a ele.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Nervosismos

Acredito que a maioria dos vendedores que semanalmente expõem os seus produtos – chamemos-lhe, simpaticamente, assim – na feira de velharias que se realiza aos sábados de manhã nas alamedas do Rossio Marquês de Pombal, são pessoas sérias e honestas. Provavelmente algumas reunirão, até, esses dois atributos.
Há, no entanto, entre eles gente com manifesto mau feitio. Ou que revelam fobias dificilmente explicáveis. Uns não gostam de automóveis, que não os deles, estacionados junto ao seu local de venda – no local destinado ao estacionamento automóvel – e outros não suportam máquinas fotográficas apontadas a algumas das suas peças. Ainda que expostas ao público, à vista de todos e ali colocadas para venda! Chegam mesmo a evidenciar, perante uma objectiva, um inquietante nervosismo. Vá lá saber-se porquê.

Reportagens feitas à medida

Sempre que a comunicação social visita um daqueles locais onde mora uma determinada comunidade que ao longo dos anos se especializou em viver de subsídios e que considera como direito adquirido que o Estado, ou a autarquia da área de residência, lhe dê uma casinha, sou levado a pensar que os repórteres enviados ao local são estagiários, uns perfeitos idiotas ou levam o sermão encomendado. Talvez, até, as três coisas em simultâneo.
Vem isto a propósito de uma reportagem exibida por estes dias num canal televisivo, acerca do realojamento de uma dúzia de famílias que vivem em habitações precárias, na cidade de Montemor-o-Novo, e que a Câmara local pretende transferir para contentores. Daqueles que vulgarmente se vêem nas obras e onde dormem muitos portugueses que são forçados a procurar trabalho longe de casa mas que desagradam profundamente aos ditos moradores. Alegam que esse tipo de solução não lhes serve e que não terá as condições de habitabilidade e de conforto indispensáveis para os albergar. Provavelmente por serem mais difíceis de partir, digo eu.
Por algum motivo que me escapa, nestas reportagens, nunca os jornalistas questionam os moradores acerca do seu modo de vida, do porquê de não adquirirem com os próprios recursos uma habitação condigna e, principalmente, porque pedem – exigem, quase sempre – auxílios do Estado destinados aos mais pobres, quando possuem evidentes sinais exteriores de riqueza como ouro em abundância e viaturas de alta cilindrada que não estão ao alcance do cidadão médio. Isto para já não falar em armas, legalizadas ou não, que tal como os anteriores não aparentam constituir artigos de primeira necessidade para quem, alegadamente, vive em situações de precariedade social.
Suscitar este tipo de questões é, para alguns parvos,sinónimo de racismo, xenofobia e outras coisas mais ou menos bonitas que decoraram dos livros que leram em noites de insónia. São a versão esquerdista das frequentadoras dos chás de caridade e consideram-se os detentores de uma superioridade moral inabalável, só ao alcance de quem é de esquerda. Manifestam uma intolerância, que nada tem de estranho atendendo à ideologia que perfilham, para com quem ousa discordar das suas verdades absolutas. O pior, para eles claro, é que ninguém lhes liga.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Os calhandros

Os mais recentes casos de divulgação de dados, que supostamente deviam permanecer na confidencialidade dos processos judiciais, suscita, mais uma vez, uma questão deveras curiosa. Parece que o crime – o ilícito, vá, sejamos condescendentes – não está naquilo que nos é revelado pela comunicação social ou outros meios ainda mais acessíveis ao cidadão comum, mas, surpresa das surpresas, na divulgação do facto. Ou seja, criminoso não é quem comete o acto mas quem o torna público!!!!
Tem o primeiro-ministro toda a razão quando diz que estamos a assistir a jornalismo de “buraco de fechadura”. É perfeitamente normal que assim seja. Equilibra na perfeição com os políticos que temos. Nomeadamente com o partido que está actualmente no poder. Convém não esquecer que é no seio do PS que foi – está? – a ser cozinhado um projecto de lei que coloca online o rendimento de cada português. O rendimento declarado, diga-se, porque o obtido por meios indeclaráveis, esse, continuaremos sem notícias dele.
Também, ao que consta, a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais pretenderá institucionalizar a queixa e a denúncia como forma de combate à fraude e evasão fiscal. Assim uma espécie de bufaria institucional em que os cidadãos – bufos – se substituiriam ao Estado no seu dever de fiscalizar as actividades paralelas ou todos aqueles que tentam escapar aos impostos. Num e noutro caso tenho dificuldade em encontrar outro nome, que não “politica de fechadura”, para denominar este tipo de actuação. Mas, como é iniciativa do poder, deve ser coisa de superior interesse nacional.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Trânsito

Apesar de considerar que fazemos um péssimo uso do automóvel e que, alheios a todo o tipo de custos que isso acarreta, não prescindimos dele mesmo nas situações mais injustificáveis, não partilho da opinião que alguns pretendem fazer passar que esse – e outros – maus hábitos constituem a principal causa dos congestionamentos, quase permanentes, nos cruzamentos junto ao centro de saúde.
Parece-me óbvio que tal situação tem como causa maior a inexistência da variante do IP2. É o preço que todos pagamos para preservar o sossego de uns quantos urbano-deprimidos, mais preocupados com outros interesses que não os da comunidade local que vê, diariamente, a sua segurança colocada em causa. Esta será, muito provavelmente, uma obra que não verá a luz do dia pelos tempos mais próximos ou, a ser feita, terá outro traçado que não resolverá absolutamente nada naquela zona.
O problema não se esgota, no entanto, apenas no adiamento ad eternum da construção da variante. A ausência de uma ligação desde a rotunda do Modelo até ao Parque de Feiras e daí para a Nacional 4, bem como o deficiente traçado do arruamento a poente do centro de saúde, que devia – em minha opinião – ligar à rotunda junto ao Centro de Emprego, constituem dois motivos para o estrangulamento do trânsito junto às escolas. No primeiro caso porque desviaria o trânsito que não se destina à cidade e, no segundo, porque eliminaria o cruzamento actualmente existente.
Mas, enquanto tudo isso não se resolve, a proibição de virar à esquerda em todos os cruzamentos situados no espaço entre as duas rotundas não dava uma ajudinha?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Vozes de burro

“Os funcionários públicos são parasitas do OGE. Vão embora de Portugal! Funcionários públicos = pessoas com cartão do partido.”
“Concordo que a classe politica suga tudo, mas não são piores que a função publica, esse o verdadeiro cancro nacional.”
Com a democratização das novas tecnologias há cada vez mais bestas, daquelas que não conseguem fazer chegar a sua voz nem sequer perto do céu, a escrever as maiores burrices. Como, por exemplo, as que se podem ler no inicio deste post.
Podia ter escolhido outras. Ou, em lugar de duas, trinta ou quarenta frases semelhantes. Mas optei apenas por seleccionar estas duas opiniões que encontrei ao consultar um fórum de que sou habitual frequentador e que demonstram aquilo que em Portugal se pensa dos funcionários públicos. Choca-me que existam criaturas quem pensem assim. Não tanto pela opinião pouco abonatória que expressam acerca dos funcionários públicos mas, muito mais, pela ignorância que evidenciam e pelo ódio que sentem relativamente a outros portugueses.
Provavelmente quem assim escreve são os mesmos que berram e fecham escolas a cadeado quando não há auxiliares para tomar conta dos filhos ranhosos e mal-educados. Ou que guincham estridentemente quando se insurgem contra a falta de policias, de médicos e de qualquer serviço que o governo queira encerrar. Aí – e noutras circunstâncias também - porque lhes dói, porque os afecta, porque de alguma forma colide com os seus interesses muitas vezes mesquinhos, já reclamam pela “indispensável” presença dos funcionários públicos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Depois da economia de casino vem aí a economia de circo!

A redução de salários continua a ser uma das medidas mais defendidas por alguns economistas, alegadamente conceituados, como essencial para combater a actual crise. Começar pelo deles era capaz de não ser má ideia. De preferência um corte substancial para, a título experimental, vermos se resultava. Caso resultasse e a economia começasse a dar os tão esperados sinais de recuperação, avançar-se-ia então para reduções salariais massivas em todos os outros sectores da sociedade. Acredito que, pouco tempo depois, mesmo que o nível de vida da generalidade dos portugueses estivesse ao nível da Coreia do Norte, as contas públicas apresentariam um fabuloso superavit e a economia nacional cresceria muito mais do que a chinesa.
Por alguma razão que não descortino – o que não admira porque nunca estudei essas coisas – os alegados especialistas da área económica entendem que pagando ordenados mais baixos, as empresas poderão criar mais emprego. É capaz de ser verdade. Não menos verdade será que mais empregados representarão uma maior quantidade de bens produzidos a um menor custo que, dentro da mesma linha de raciocínio, chegarão ao consumidor a um preço mais em conta. Consumidor a quem, recorde-se, foi reduzido o vencimento e, em consequência, terá um poder de compra ainda menor. O que fará com que não compre os tais produtos que serão produzidos por mais empregados a ganhar menos.
Suspeito – mas quem sou eu para o afirmar – que por força do que atrás escrevi, a receita dos impostos, directos e indirectos, cairá a pique e o Estado verá consideravelmente diminuída a sua capacidade para assegurar as funções mais básicas que lhe competem. Por outro lado, ainda em consequência do menor poder de compra que se verificará se esta brilhante teoria for avante, é provável que entremos num cenário de deflação. O que, convém não esquecer, ainda há não muito tempo aterrorizava estes génios da ciência económica.
Como escrevi em anteriores posts não consigo levar essa gente a sério. Mas divertem-me, o que já não é mau.

Perguntas parvas

Finalmente uma sondagem. Um inquérito, vá. Inútil tal como todas as outras sondagens e todos os outros inquéritos com que os autores de blogues gostam de artilhar os respectivos espaços. A pergunta em causa, de certeza absoluta, não terá resposta fácil para a esmagadora maioria dos leitores que, diária ou esporadicamente, visitam o KK. Até porque poucos visitarão o espaço internet local, situado no Convento das Maltesas, e desconhecerão por isso os odores que por lá poluem o ar.
Não pretendo, de todo, influenciar a votação mas, para os que não sabem, sempre adianto que aquele espaço é maioritariamente frequentado por uma certa malta que, apesar de ter bom corpo para isso, não trabalha, mesmo tendo idade para tal, não estuda e que, tradicionalmente mantém uma relação inconciliável com hábitos de higiene. Só virtudes, portanto.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A tradição ou a conta

Já, nas páginas deste blogue, tive ocasião de elogiar a decisão governamental de constituir uma conta bancária para cada criança que nasça em Portugal. Recorde-se que esta medida, apesar de só agora ter sido aprovada e de apenas entrar em vigor lá mais para a final do ano, foi anunciada há largos meses integrada num suposto pacote de incentivos à natalidade.
Começam agora a ser conhecidos alguns contornos do projecto e, pelo menos desta vez, quem o elaborou parece ter tido – a confirmarem-se os pormenores que tem vindo a público – o bom senso necessário para não tornar mais uma boa iniciativa numa distribuição generalizada de dinheiro público por oportunistas pouco dados a trabalhar, sempre dispostos a viver à custa dos esquemas manhosos que inventam e com que vão passando entre as malhas da lei.
Creio, no entanto, que alguns aspectos deste novo apoio estatal não agradarão a uma certa esquerda nem aos multiculturalistas peneirentos. Nomeadamente se a obrigatoriedade de completar o ensino secundário vier a ser condição indispensável para ter acesso ao dinheiro depositado. O que, na perspectiva de certos fundamentalistas, constituirá uma discriminação e uma intolerável falta de respeito pelas tradições ancestrais das comunidades que não valorizam o estudo e a formação pessoal.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cem dias

O governo completou os seus primeiros cem dias de governação. Embora a efeméride não me suscite especial entusiasmo, nem os feitos governativos sejam merecedores de grandes encómios, apetece-me mencionar este facto apenas para fazer um ligeiro exercício de memória e tentar recordar-me de alguma coisa de útil em que o executivo de José Sócrates tenha ocupado o tempo. O que é capaz de ser uma tarefa difícil visto, assim de repente, lembrar-me apenas do nome de dois ou três ministros e recordar vagamente uma ministra a atirar para o jeitoso.
Admito com facilidade que a malta do governo se tenha esforçado e, inclusivamente, que tenha desenvolvido iniciativas ou feito coisas. Daquelas importantes, até. Assim como revogar legislação obsoleta e atentatória da liberdade do indivíduo – e da indivídua – que não permitia o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Coisa que, parece, deixa o primeiro-ministro e os seus seguidores todos orgulhosos. Eles lá sabem o que mais lhes convém.
Nada, no entanto, que me surpreenda por aí além. Recordo ainda António Guterres quando, ao leme de outro governo também ele socialista, instado a pronunciar-se acerca da medida que mais se orgulhava de ter tomado enquanto chefe do governo, proclamou que era NÃO ter feito a Barragem de Foz Côa. Há coisas que nunca mudam por mais que o palco do regabofe político vá conhecendo outros actores.
Celebre-se, ainda assim, a centena de dias de funções do actual executivo. A minha modesta contribuição para as comemorações é, tão-somente, constituída por esta foto de três robalos. É que sem aumento de ordenado um gajo não pode entrar em estroinices…