sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sacrificios

Pergunta hoje uma estação de televisão que sacrifícios estaremos dispostos a fazer para salvar o país. Pela minha parte a questão é de fácil resposta. Nenhum. Pelo menos voluntariamente. A classe politica tem, durante as ultimas dezenas de anos, sugado os recursos da nação e, por isso, se alguém tiver que se sacrificar que sejam eles. De resto, nenhuma politica de austeridade que não implique cortes sérios nos sectores mais privilegiados da sociedade merecerá qualquer credibilidade nem produzirá os efeitos pretendidos.
Claro que quando chegar a hora de fazer sacrifícios ninguém nos vai perguntar se estamos ou não dispostos a fazê-los. Não teremos voto nessa matéria. Com mais ou menos dificuldade, mais ou menos protestos, pagaremos o bem-estar de um grupo de privilegiados e de oportunistas. Deve ser a isso que chamam patriotismo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Os desempregados que paguem a crise!

Diz-se, com alguma ironia, que o mundo - e no caso o país - não encontra saídas para a crise porque aqueles que seriam capazes de a resolver estão ocupados a cortar cabelo e a conduzir táxis. Ou, acrescento eu, a escrever em blogues. É provável. Quase tão provável como a maior parte daqueles que conduzem táxis, cortam cabelo ou escrevem em blogues, não acreditarem nessa tal crise que, insistem em garantir-nos, anda por aí e, tal como já fez na Grécia,  ameaça instalar-se de armas e bagagens cá pela lusa pátria. 
Tenho dias - e hoje é um deles - em que faço parte desse grupo. Dos que têm dificuldade em acreditar que a tal crise financeira que, garantem, nos pode levar à ruína, existe mesmo e que não passa de uma manobra para os mesmos de sempre ganharem mais uns cobres. Senão vejamos: Apesar de todo o alarmismo provocado por umas denominadas agências de rating*, que terão feito subir os juros do dinheiro de que necessitamos para nos ir governando, as medidas anunciadas pelo governo no sentido de poupar “algum” para fazer face às despesas acrescidas que terá de suportar com o aumento do serviço da divida, implicam apenas alguns cortes nas despesas com o subsidio de desemprego!!!!! Com o acordo do maior partido da oposição, sublinhe-se. É por coisas destas que não consigo levar esta crise a sério. Nem, menos ainda, quem nos governa e quem finge que se opõe mas que afinal até está de acordo. 
Decididamente os gajos que cortam cabelo, conduzem táxis e escrevem em blogues, não percebem nada disto. São tão ignorantes que não viram que a culpa é dos desempregados. Esses malandros que, além de não quererem trabalhar, recebem uma pipa de massa para ficar em casa sem bulir. E o pior é que são cada vez mais. Aposto que fazem de propósito! 

* O corrector ortográfico sugere-me que substitua rating por ratinha. Eu bem que andava desconfiado…

terça-feira, 27 de abril de 2010

O outro lado da praça de touros.

Por muito que custe aos aficionados e outros saudosistas dos tempos áureos que se terão vivido naquele espaço, a recuperação da praça de touros de Estremoz é coisa que não se me afigura como viável. O edifício está em ruínas e qualquer projecto de reconstrução teria de partir do zero. Ou lá perto. 
Reclama-se com frequência que sejam os poderes públicos a intervir e apontam-se sucessivos exemplos do que terá ocorrido em localidades vizinhas, onde espaços semelhantes foram intervencionados e transformados em modernos locais de utilização multidisciplinar. É bom ter presente que a praça de touros é propriedade privada e que é ao legítimo proprietário a quem cabe a responsabilidade de zelar pela sua conservação. Convém igualmente não esquecer que a tourada é um negócio, normalmente da esfera privada, e que são as entidades vocacionadas para esta área empresarial que deverão criar condições para que o mesmo se realize. 
Como em tudo o que possa contribuir para dinamizar a actividade económica local – e, admito, os espectáculos taurinos até podem dar algum contributo – os poderes políticos locais e nacionais não devem ficar indiferentes e é nesse contexto, e apenas nesse, que não acharia chocante ver dinheiro público envolvido nesse negócio. Não directamente mas, por exemplo, adquirindo todo aquele espaço, demolindo as construções existentes e promovendo a recuperação de toda aquela área ligando-a ao parque desportivo do Caldeiro. Tal arranjo urbanístico proporcionaria, para além da integração da zona desportiva na cidade, a aproximação ao centro das novas urbanizações situadas nas traseiras das escolas, com  inegáveis vantagens para moradores e comércio local.
Quanto à praça de touros pode perfeitamente ser construída noutro qualquer local sem os condicionalismos, técnicos e urbanísticos, que a reconstrução da actual forçosamente implicaria. Seria neste aspecto que a autarquia teria um papel determinante, nomeadamente na construção de infra-estruturas ou na concessão de isenções de taxas e impostos à entidade que promovesse a sua construção. Algo que vá para além disso é capaz de ser pedir demais aos contribuintes estremocenses…

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Bonecos

Sou, seguramente, das pessoas menos indicadas para dissertar acerca dos eventos culturais que se vão realizando cá pela terrinha. Até porque é sobejamente reconhecida a minha vontade de puxar da calculadora sempre que ouço falar em cultura. Não é, hoje, o caso. 
Assisti ontem, na sede da Junta de Freguesia de que sou freguês, a um espectáculo dos “Bonecos de Santo Aleixo”. Para quem não sabe do que se trata é só pesquisar no Google, ou noutro motor de busca qualquer, que está lá tudo. Não farei a crítica à representação. Disso percebo pouco e para além de dizer que gostei e que achei divertido não terei muito a acrescentar. De assinalar a linguagem utilizada pelos actores que dão voz aos bonecos e às personagens. Popular, politicamente incorrecta quanto baste e, se calhar, só possível de utilizar naquilo a que chamam a província. Veja-se o caso do acto “Castigo de Caim”, em que Deus castiga o irmão e assassino de Abel transformando-o em negro. Calculo que para um molusco intelectualóide da capital tal facto constitua algo capaz de pôr os cabelos em pé, se os tiver, e de provocar a publicação de inúmeras postas indignadas nos blogues da esquerda caviar que não poupariam acusações de racismo. 
É apenas um pormenor, mas que não podia deixar de saudar. Principalmente quando se assinala mais uma passagem do vinte cinco do A e numa altura em que a liberdade de expressão, então devolvida ao povo, se encontra seriamente ameaçada pela ditadura do politicamente correcto quase sempre promovido por aqueles que mais se arvoram em defensores dessa mesma liberdade.

domingo, 25 de abril de 2010

Reservado


Á semelhança do Marquês de Pombal em Lisboa, da Rotunda da Boavista no Porto e, provavelmente, muitos outros lugares espalhados por esse país fora, também os benfiquistas de Estremoz já reservaram um local para as eventuais comemorações do título de campeão nacional. A rotunda dos Combatentes evidentemente…

sábado, 24 de abril de 2010

Legalizar a corrupção

Sou do tempo em que muitas práticas hoje legais ou toleradas constituíam crime ou eram socialmente reprovadas e aqueles que as praticavam, na linguagem actual, discriminados em função do seu comportamento. Outros tempos, outros valores e, seguramente, uma perspectiva muito diferente de ver a vida relativamente à maneira como são hoje encarados muitos conceitos. Ou preconceitos, alegarão muitos. 
Recordo-me da legalização do divórcio e de como, antes de ser legalizado, se olhava com desconfiança as pessoas que entendiam colocar um fim ao casamento. Também a legalização do aborto foi uma medida recente e, sabe-se, houve quem tivesse sido presa por o praticar. Até há pouco tempo duas pessoas do mesmo sexo viveram maritalmente seria algo impensável e mesmo quem tinha os gostos trocados não era tratado pela sociedade da melhor forma. Lembro-me ainda do tempo em que alguém apanhado a roubar era de imediato preso. E os exemplos podiam continuar… 
Poucos ousarão contestar a tese que a legalização destes comportamentos constituiu um significativo avanço civilizacional. Mas não chega. Há que inovar. Ser ousado e avançar ainda mais. Legalizar, por exemplo, a corrupção. Se hoje corromper, subornar, untar as mãos ou, simplesmente, ofertar um valor simpático – monetário ou de outra natureza - com vista à remoção de um obstáculo às suas pretensões, não é motivo para levar ninguém à prisão e é socialmente bem visto – vide o resultado de alguns actos eleitorais - porque raio a lei não há-de determinar que tal prática é perfeitamente legal?!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Surpresas e indignações. Ou talvez não.

Discordo dos que se mostram indignados com a decisão parlamentar de suportar as viagens - e respectivas ajudas de custo - entre Lisboa e Paris, onde alegadamente terá residência, a uma ilustríssima deputada da nação. Não acho mal que assim seja. Os bons profissionais devem ser bem pagos, sejam eles gestores, futebolistas ou exerçam outra qualquer profissão. O mesmo se aplica aos deputados. E às deputadas boas. 

Também o alarido relativamente à absolvição do empresário Domingos Névoa da acusação de tentativa de corrupção a um vereador da Câmara de Lisboa me parece manifestamente exagerado. Afinal a douta decisão judicial constituirá uma dinâmica interpretação da legislação em vigor e, principalmente, tratar-se-á do merecido reconhecimento há muito devido ao livre empreendedorismo. Absolva-se, pois, o homem. Melhor ainda. Louve-se o empresário dinâmico, de sucesso e, já agora, ensine-se-lhe que da próxima vez se deve dirigir às pessoas certas…

Por cá tem constituído notícia o desaparecimento, num caso, e o aparecimento, noutro, de coisas com rodas. O sumiço de três tractores do interior das instalações de uma empresa de comércio destes equipamentos, por serem objectos de dimensões apreciáveis, não pode deixar de ser surpreendente. Afinal uma máquina daquelas não se transporta num bolso nem esconde num qualquer canto. Nem, sequer, se vende em mercados semanais.

Surpreendente, ou talvez não, é o alegado aparecimento de umas largas dezenas de carrinhos de supermercado num bairro contíguo a uma superfície comercial. Ao que se diz, a inusitada procura destes apetrechos por parte dos moradores, assíduos frequentadores do estabelecimento em causa, terá a ver com as múltiplas utilizações que lhes podem ser dadas. Entre outras coisas diz que são óptimos como utensílios de cozinha. Grelhas para colocar sobre as brasas, nomeadamente.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Boatos

Alguns, com o sentimento clubistico um pouco abalado, têm andado a espalhar a piada que o espaço aéreo nacional esteve prestes a ser encerrado por causa de uma espessa nuvem de pó. Segundo os piadistas de serviço o encerramento apenas não se verificou porque, atempadamente, o Instituto de Meteorologia detectou que a dita nuvem não tinha origem no vulcão islandês de nome impronunciável, mas que tal quantidade de pó provinha dos cachecóis de milhões de adeptos benfiquistas.
Tem, de facto, alguma piada mas não corresponde, no entanto, à verdade. Até porque a nuvem  vulcânica terá mesmo atingido o nosso país e com uma densidade muito maior do que a verificada noutros países europeus. Apesar disso o espaço aéreo nacional não foi fechado e muitos voos puderam ser realizados normalmente. Há quem garanta que José Sócras, as companhias aéreas e muitos passageiros que puderam regressar a suas casas sem os incómodos que se verificaram noutros aeroportos, já terão agradecido ao Bloco de Esquerda.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A minha quinta

Se forem verdadeiras as conversas que por aí se vão ouvindo, os portugueses voltaram a interessar-se pela agricultura. Estão de novo a tratar a terra, a semear, a colher e, em suma, a dedicarem-se a um tipo de vida mais saudável. Fazem bem. Por mim, devo confessar, não sou apreciador. Nada que envolva a utilização de ferramentas agrícolas me entusiasma e encaro com desagrado qualquer actividade relacionada com o mundo da lavoura.
Felizmente a minha quinta não o chega a ser. É apenas um quintal. Dos pequenos. Digamos que mais ou menos à medida da aversão que nutro pelas labutas rurais. Não dá, ao contrário da maioria dos novos lavradores, para comprar maquinaria pesada, manter animais ou para fazer sementeiras que resultem em fabulosas colheitas. Nada disso. Como partilho com os meus leitores, a coisa não vai além de uns miseráveis espinafres, coentros que hesitam em brotar da terra, salsa raquítica, duas couves manhosas e nabiças que prometem constituir a excepção neste panorama de pré-calamidade que parece vir a tornar-se a presente época agrícola. 
A fauna residente é constituída essencialmente por uns quantos pássaros, pardais e outros de marca desconhecida, e lesmas. Muitas lesmas. Deixo mesmo um apelo aos que têm a paciência de me ler para me enviarem sugestões – que não incluam produtos químicos - que conduzam ao extermínio de tão irritante praga.
Há, também, uma gata. Que, por sinal, até é da vizinha. Bonita. A gata, claro, porque a vizinha… 


terça-feira, 20 de abril de 2010

Promessas por cumprir


É definitivo. Pinto da Costa, o septuagenário que preside ao clube de futebol do Porto, não cumpriu a sua promessa de dedicar o título de campeão nacional ao defunto treinador José Maria Pedroto tal como prometera, chorando baba e ranho, numa reunião de "família". Não constitui surpresa por aí além. De resto é perfeitamente normal que naquela idade já não consiga atingir determinados objectivos nem cumprir tudo o que promete. 
Às senhoras que o acompanham, invariavelmente bastante mais novas, não sabemos que tipo de promessas faz e se as cumpre ou não é coisa que dificilmente chegará ao nosso conhecimento. Nem, diga-se, temos nada a ver com isso. Acredito no entanto que, uma ou outra vez, as possa concretizar. Até porque um golo é muito mais difícil que um gole…

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sejamos tolerantes

Já escrevi acerca do assunto mas não resisto a voltar ao tema. Constitui para mim um mistério a indignação que vai grassando por aí relativamente à concessão de tolerância de ponto aos funcionários públicos aquando da visita papal. Os argumentos contra, ou a favor, da decisão governativa são mais que muitos e cada um mais espectacular que o outro.
Entre a argumentação mais rebuscada dos que se manifestam contra encontrei a opinião, partilhada por um número significativo de intervenientes, que o dia de descanso da função pública vai custar largos milhões de euros ao país. Provavelmente entre os que perfilham este argumento encontrar-se-ão alguns que consideram os funcionários do Estado uma cambada de calões que pouco produzem. Excepto, evidentemente, nos dias em que o Papa vem a Portugal. Aí não há funcionário que não produza o dobro. Ou mais. Deve ser algo parecido com a influência que o Jesus exerce sobre os jogadores do Benfica… 
Há também quem alegue que o mesmo principio se deve aplicar quando outros chefes de Estado visitam Portugal e citam, a título de exemplo, a visita de Barack Obama a realizar lá mais para o final do ano. Sou tentado a pensar que debaixo de marosca. Embora pela minha parte ache muitíssimo bem essa coisa das tolerâncias – devemos ser tolerantes, não é? – hesito em achar boa ideia que se tome tal medida na altura da visita do Presidente norte-americano. Ou muito me engano ou essa malta quer é ir para lá manifestar-se contra o homem e a sua politica imperialista.

domingo, 18 de abril de 2010

Cobardemente, sob pseudónimo.

A blogosfera constitui um espaço onde todos podem - de forma anónima, sob um pseudónimo cobarde ou de maneira perfeitamente identificável – exprimir a sua opinião acerca de tudo. Percebam alguma coisa ou sejam manifestos ignorantes relativamente ao assunto sobre o qual estão a opinar. Ao contrário de muita gente, defendo e acredito que qualquer das opções não é determinante para a validade das ideias que se pretende transmitir.
Relativamente ao anonimato, diabolizado quando critica e tolerantemente aceite quando elogia, constitui um direito de qualquer cidadão não querer ser identificado quando exprime a sua opinião. Deve ser por isso que o voto é secreto. Deve, também, ser essa a razão porque na nossa sociedade democrática tanto se criticam os partidos e organizações de vária índole onde as votações ainda se realizam de braço no ar, método pelo qual inevitavelmente se ficam a conhecer as opiniões de cada um. Não estou, mas aceito facilmente que seja problema meu, a ver grande diferença entre uma e outra situação. Com a inegável vantagem de, no caso de comentadores, o webmaster poder com toda a facilidade eliminar as opiniões divergentes. Coisa que nos tais partidos e organizações nem sempre é possível. E sublinho nem sempre. 
Já quanto aos cobardes que se escondem por detrás de um pseudónimo é, de facto, intolerável. Nem sei como é que a legislação nacional – ou comunitária que estas coisas não conhecem fronteiras – não se encarregou de regulamentar esta matéria. E já agora de proibir artistas, escritores, jogadores de futebol e outros palhaços de usar um nome diferente daquele que pais ou padrinhos lhes atribuíram. 
Escrever e assinar por baixo, de preferência com fotografia ao lado, não me parece – mas isso é só a minha opinião – acto de particular coragem. Atente-se num caso ocorrido, não há muito tempo e certamente ainda fresco na memória dos mais atentos à blogosfera, onde alguém perfeitamente identificado escreveu as maiores bacoradas, ofendeu e ameaçou de forma que poucos anónimos ousaram fazer, todos os que agiram ou pensaram de maneira diferente daquilo que parecia correcto ao opinante cabalmente identificado. Argumentar-se-á que será possível pedir responsabilidades a quem assim procede. Pois sim. Vê-se. Quando muito a única vantagem é saber a quem se pode dar um murro nos cornos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Calinadas

O português é uma língua muito traiçoeira. Disso já sabíamos. Também não nos é desconhecido que é muito maltratada. Mesmo ao mais alto nível. Veja-se, literalmente porque ouvir não se ouve nada, a resposta do primeiro-ministro ao chato do Anacleto Louçã. “Manso é a tua tia, pá!” constitui um enorme pontapé na gramática, como qualquer puto ranhoso do quarto ano do ensino básico tem obrigação de saber e todos os que – ranhosos ou não – se sentam no parlamento tem igualmente o dever de conhecer. 
Garanto que se no meu tempo de instrução primária mandasse uma atoarda desse calibre seria valentemente sovado. Embora nessa altura, justiça seja feita, nem fosse necessário nenhum motivo em especial para a facínora que me leccionou as primeiras letras malhar qualquer um. O facto de frequentar a sua escola já era razão suficiente. 
O pretenso insulto proferido por Sócrates enferma, portanto, de um erro fundamental. “Manso é o teu tio, pá!” estaria, isso sim, correcto. No entanto, vá lá saber-se porquê, não teria o mesmo impacto nem atingiria com a mesma intensidade aquele que se pretende ofender. Sabe-se que constitui uma ofensa muito maior a referência aos membros femininos da família. Coisa que, agora que penso nisso, se revela um intrigante mistério. Neste contexto, e partindo do principio óbvio que o adjectivo “manso” seria sempre de incluir na ofensa, o primeiro-ministro devia ter afirmado “Manso é o teu pai, pá!”. A construção da frase estaria correcta, evitando uma confrangedora calinada ao nível de outras construções pelas quais também é responsável, e, simultaneamente, ofendia Anacleto Louçã fazendo uma implícita referência a um elemento feminino da família daquele. A menos que a lembrança dos cornichos do seu ex-ministro Manuel Pinho tenham feito José Sócrates, no último momento, trocar o parentesco…

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Finalmente boas noticias

Quando tudo parecia correr mal para as finanças nacionais, eis que começam a surgir as boas notícias. Um daqueles fulanos que manda uns bitaites lá para as europas veio a público ameaçar os estados com défices excessivos que essa condição poderá levar a União Europeia a fechar a torneira dos fundos comunitários. Apesar do alarme que essa eventualidade, a concretizar-se, possa causar às construtoras e a todos os que, de uma ou de outra forma, obtém alguns proveitos dos dinheiros europeus, esta é uma excelente noticia para os portugueses. Aquilo que é tido como uma represália pelo mau comportamento das nossas finanças públicas poderá afinal constituir um excelente ponto de partida para a recuperação das contas nacionais e, eventualmente até, contribuir para alguma moralização da sociedade.
A falta de financiamento poderá por em causa os investimentos megalómanos já anunciados pelo governo, bem como outros, embora de menor dimensão mas de utilidade igualmente duvidosa, promovidos pelas autarquias locais. Ao contrário daquilo que nos querem fazer crer, a comparticipação comunitária representa um valor que oscila entre os cinquenta – às vezes nem isso – e os setenta e cinco por cento do total do investimento. Significa isso que uma obra financiada terá sempre uma forte componente nacional que será tanto maior quanto menor for o financiamento europeu. Ou, exemplificando, se o arranjo de um qualquer largo tiver um custo de dez milhões de euros, e obtiver um financiamento de cinquenta por cento, o promotor nacional terá de entrar com cinco milhões de euros. Como não possui esses recursos irá, inevitavelmente, recorrer à banca para se financiar o que, como é fácil de ver, aumentará o seu nível de endividamento. De recordar que muitos analistas consideram esse – o endividamento – o maior dos nossos problemas. Mal comparado, seria o mesmo que alguém me desse quinhentos mil euros para comprar uma casa de um milhão e eu ficasse com a obrigação de pagar o resto…Nestas circunstâncias haveria muita gente a pensar que seria um bom negócio?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Bento de Jesus Carcaça"?! Cum caraças!

Há muito que não faço menção às buscas no google que dão origem às visitas dos leitores que, por um ou outro acaso, acabam por vir parar até ao Kruzes. Verdade que ultimamente não tem aparecido nada de muito especial. Até hoje. Não sei se sou só eu que acho, mas “Bento de Jesus Carcaça” parece-me uma pesquisa a atirar para o sui generis…

Não chateiem o Zé Rato!

Apesar de algumas tentativas de pressão em sentido contrário, o governo resolveu – e bem – conceder um conjunto de tolerâncias de ponto nos dias em que o Papa visita o país. Treze de Maio, dia em que a dispensa de comparecer ao serviço se estende a todo o país, é feriado cá na terrinha e, por isso, os benefícios da visita papal não se farão sentir por aqui. Ainda assim, reitero, acho muitíssimo acertada a decisão governativa. O que me parece pouco acertada é a contestação que alguns sectores da sociedade, embora marginais e muito menos representativos do que o eco das suas vozes pode fazer crer, estão a evidenciar relativamente a esta questão.
Por detrás da contestação à visita de Joseph Ratzinger - o Zé Rato - estarão os movimentos e associações da paneleiragem e os interesses de uns quantos que, alegam, terem sido abusados por padres pedófilos quando eram miúdos. Esta situação levou alguns membros do clero a fazer a associação óbvia, que qualquer mortal faria, entre pedofilia e paneleiragem. Admito que nem todos os paneleiros sejam pedófilos mas, no caso, não sei que nome chame aos padres que, alegadamente, terão abusado dos senhores que agora se queixam de, em crianças, terem sido vítimas de abusos sexuais. Talvez homossexuais. Ou gays, vá. 
Os assuntos religiosos, desde que não interfiram com o meu modo de vida, são coisa que não me interessam absolutamente nada. Como tal a visita da criatura é-me indiferente. O que já não me é tão indiferente é a indiferença que alguns – agora tão ofendidos com estes casos de pedofilia, paneleiragem ou lá o que lhe queiram chamar – manifestam relativamente a outras ocorrências semelhantes. Bem mais próximas de nós no espaço e no tempo. Deve ser, parece licito concluir, por os intervenientes em lugar das batinas e sotainas usarem fatos e gravatas de marcas famosas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Homenagem?!

A Câmara de Lisboa homenageou hoje o Marechal António de Spínola, assinalando a data em que, se fosse vivo, completaria cem anos. Está bem que o homem, escassos seis meses depois do golpe militar que o colocou na presidência da república, optou por outro estilo de vida mas, que diabo, também não havia necessidade de atribuir o seu nome a uma avenida que vai dar a Chelas. Ainda assim o senhor foi presidente deste país, porra!

Os patetas do politicamente correcto são a maior ameça à liberdade de expressão


A comunicação social, a blogosfera, a classe política e uma pequena parte do país real discutiram não há assim tanto tempo, de forma acalorada, se em Portugal havia ou não condicionalismos que limitavam a liberdade de expressão. Fui um dos subscritores da petição on-line que sobre esta matéria circulou pela internet mas, provavelmente, por razões diferentes da maioria dos que subscreveram o tal abaixo-assinado virtual. Pese todas as tentativas de controlo da comunicação social por parte do poder político, ou das ameaças e chantagens dos seus apaniguados para controlar a bloga, não me parece que a liberdade de cada um exprimir as suas opiniões políticas esteja em causa. Afirmar o contrário é, para não lhe chamar outra coisa, patético. 
Como venho a afirmar há muito tempo a liberdade de expressão está, de facto, ameaçada mas por outros motivos. Que – e aí reside, quanto a mim, o verdadeiro perigo – vão muito para além das opções politicas de cada cidadão. Vivemos a época do politicamente correcto, onde uma elite supostamente bem pensante define os termos e as condições em que nos devemos pronunciar acerca das coisas mais banais. O pior é que nem sempre damos conta dos seus avanços, dos tentáculos com que vão silenciando a sociedade e da forma, como quase sem nos apercebermos, vamos expulsando da nossa linguagem palavras ou expressões que sempre utilizámos. 
Como todas as ditaduras também esta é ridícula. Veja-se um recente episódio em que um ouvinte da rádio pública se queixou ao provedor do ouvinte da dita estação por o jornalista que fazia a transmissão radiofónica do jogo de futebol entre o Sporting e o Everton ter usado, durante o relato, expressões como “ graças a Deus”, “Deus queira” ou “oxalá”. Argumenta a criatura que “a utilização destas expressões é injustificável precisamente porque a linguagem na comunicação social laica deve ser a adequada”, entre outros argumentos, verdadeiramente risíveis, que evoca para sustentar a sua critica relativamente ao trabalho do profissional que assegurou a cobertura do evento desportivo em causa. 
Se a existência deste tipo de queixa já de si seria motivo para preocupação – pelo menos pela sanidade mental de quem a faz – a coisa piora quando o provedor lhe dá razão. Vai mesmo mais longe e afirma que “não fazem sentido expressões destas numa transmissão radiofónica” e que “a melhor forma de as evitar é o exercício de uma atenção crítica e autocrítica permanentes na área profissional”. Um pouco de auto censura, portanto. 
Se episódios destes não são condicionadores da liberdade de expressão, então não sei como os classifique. Até porque se repetem com uma frequência inusitada em todos os sectores da sociedade. Mesmo na classe politica, que também é vitima desta nova e repugnante classe de ditadores. Ou ainda ninguém reparou como o termo “autista”, outrora tão em voga independentemente do evidente mau gosto, desapareceu misteriosamente do debate político?

domingo, 11 de abril de 2010

Estacionamento tuga

Vão-me faltando as palavras para qualificar o comportamento dos condutores quando chega a hora de estacionar os seus carrinhos. Faltam-me na mesma proporção em que me sobram as imagens de constante atropelo às normas que regulam o trânsito na via pública e, principalmente, ao civismo e ao bom senso que deviam estar sempre presentes quando se tem um volante nas mãos.

sábado, 10 de abril de 2010

As teorias do Dr. Frasquinho

Ainda nem oito dias tinham passado desde a publicação deste post e já o Dr. Frasquinho se encarregava de me dar razão. Ao discursar em mais um congresso do PSD, o ex-secretário de estado de Manuela Ferreira Leite no governo em que esta foi ministra das Finanças, defendeu que o partido a que pertence devia propor a redução dos vencimentos dos funcionários públicos. Acerca disto já manifestei a opinião, em muitos textos publicados aqui no blogue, que tal medida, a efectivar-se, apesar de numa primeira fase até poder contribuir para o equilíbrio das finanças públicas, acabaria por se revelar catastrófica para a economia. Recorde-se que o governo a que o Dr. Frasquinho pertenceu foi pioneiro no congelamento de salários – durante dois anos consecutivos os vencimentos acima de mil euros estiveram congelados – e os resultados demonstraram claramente que tal medida foi absolutamente ineficaz e não produziu qualquer efeito no combate ao deficit. Todos se recordarão que, apesar disso e das muitas receitas extraordinárias cozinhadas à pressa, o desequilíbrio das contas do Estado não parou de aumentar.
Acredito que o Dr. Frasquinho seja um brilhante economista. É, até, Mestre em “Teoria Económica”. Perceberá destas coisas, como é óbvio, muitíssimo mais do que eu. Pelo menos em teoria. Do que eu e do que muita gente. Mais até do que o Belmiro que, apesar de forreta e de ter fama de pagar mal aos seus empregados, não lhe parece bem que haja uma redução de salários. Porque, diz ele, o consumidor com menos dinheiro compra em menor quantidade, o vendedor não consegue vender os seus produtos e, por consequência o produtor terá de produzir menos ou, pior, encerrar o estaminé e mandar o pessoal para o desemprego. O que se reflectirá em menor receita fiscal – desempregado não paga irs e diminuindo a actividade comercial baixa a receita gerada pelo iva – e maior despesa publica porque aumentarão os encargos com o subsidio de desemprego e com o Rendimento social de inserção. Mas isso deve ser o Belmiro a divagar porque o Mestre em “Teoria Económica” é o tal Frasquinho do PSD.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Soltem os prisioneiros!


Tem sido noticiada ao longo do dia a entrada em vigor  do novo código de execução de penas na sequência do qual passará a ser possível a qualquer meliante que se encontre detido passar a sair em liberdade após cumprir um quarto da pena a que foi condenado. Apesar de alguém do governo - ou do PS, não sei ao certo mas também não faz grande diferença – já ter vindo a público garantir que afinal não será bem assim, a verdade é que a medida está a deixar muita gente indignada. O que, como adiante se verá, é manifestamente exagerado. 
Argumentam os detractores deste governo, para quem tudo está mal e cada medida é pior que a última, que com a entrada em vigor do novo código um homicida condenado a vinte anos de cadeia deixará o xelindró ao fim de cinco. Ora esta é uma forma absolutamente redutora de ver o problema. Só não vê quem não quer – e os bota abaixistas não querem ver - que o dito assassino passará uma longa meia década na choça antes de poder vir de novo para a rua continuar a assassinar. O que é muito tempo, concordarão. 
Há também quem sustente que esta medida, aprovada no parlamento apenas com os votos favoráveis deste Partido Socialista, foi tomada à cautela. Uma espécie de medida de prevenção. Com tantos processos por aí a correr – correr é uma forma de expressão porque a maioria está tão imóvel como o Cardozo – e com novos escândalos a surgirem diariamente, que não são poucos os que consideram isto obra de  uma certa malta a prevenir-se contra algum juiz mais descontrolado que tenha a improvável ideia de mandar prender alguém. 
Por mim não concordo com esta última teoria. Inclino-me mais para a tese que esta será uma nova causa fracturante deste PS. Quase tão crucial para o desenvolvimento do país como o casamento dos rabetas ou a limitação do teor de sal no pão.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Oportunidade de negócio


A crise, a falta de juízo ou a baixa educação económico-financeira - ou tudo em simultâneo - da generalidade dos portugueses, a par da eficiência da máquina fiscal, estão a contribuir para fazer disparar o número das penhoras efectuadas pela Direcção-Geral dos Impostos. Como o azar de uns constitui a sorte de outros, esta pode ser a altura certa para realizar bons negócios. Basta para isso estar atento ao que vai sendo posto à venda e ter alguma liquidez. Não muita, como se pode ver pela imagem anexa. Afinal, por pouco mais que o preço de um café é possível comprar um T1.
Obviamente que não se poderá esperar grande coisa deste imóvel. Provavelmente será algo ao nível de um pardieiro, capaz de provocar uma enorme dor de cabeça a quem arrisque fazer uma licitação. E nem sequer estou a pensar na eventualidade da ocorrência de uma derrocada do edifício sobre a cabeça de um eventual comprador. Recordo-me, antes, de casos similares que de vez em quando vem a público e que relatam os sarilhos em que se metem aqueles que adquirem imóveis através deste processo. 
O valor pelo qual o bem é colocado à venda revela, suponho, uma divida insignificante e a forma quase sempre ridícula como se esbanja o dinheiro público em nome de conceitos absolutamente estúpidos. Há, no entanto, quem lhes chame objectivos. Objectivamente sairia muito mais barato perdoar ao caloteiro…

Discriminados?!

De vez em quando surge um intelectual, normalmente da esquerda fracturante ou da direita caritativa, a lamentar a marginalização e a discriminação de que são alvo as comunidades ciganas em Portugal. São, à sorrelfa, quase sempre apontadas umas quantas críticas à sociedade, que é como quem diz à generalidade dos portugueses, por manifestar uma percepção pouco positiva dessa etnia. O que, eufemismos à parte, significa para essa intelectualidade da treta que somos todos racistas e xenófobos. 
Rejeito em absoluto, pela minha parte, essa classificação. Embora, se quisesse ser racista, xenófobo ou  seguidor de outra qualquer fobia era e pronto. Afinal cada um é o que quer e ninguém tem nada a ver com isso. Mas, como acabo de escrever, não discrimino ninguém com base na raça, na nacionalidade ou noutra coisa qualquer - não gosto de islâmicos, mas isso fica para outro post - contudo incomoda-me que um grupo de pessoas com elevada liquidez e evidentes sinais exteriores de riqueza seja sistematicamente apontado como discriminado, estigmatizado, desfavorecido da sociedade e mais umas quantas parvoíces que os profissionais da sua defesa gostam de afirmar.
Veja-se o exemplo do "nosso" Ciganário e dos seus habitantes. Beneficiarão do Rendimento Social de Inserção e do Subsidio de Desemprego espanhol – muitos terão documentos de identificação do país vizinho – e dedicar-se-ão aos mais variados negócios que, acredita-se, lhes trarão lucros significativos. É o que se pode concluir das viaturas de alta cilindrada em que se passeiam e do facto de todos eles apresentarem um aspecto em nada compatível com quem passa por dificuldades de carácter alimentar ou de evidenciarem carências de qualquer outro bem essencial à vida.
As condições exteriores das suas habitações não são, de facto, as melhores. Embora, garante quem já viu, o interior seja bem mais sofisticado. Paciência. Não se pode ter tudo. O dinheiro do Jaguar era capaz de dar para um T1 em segunda mão, mas o facto de terem optado pela sua compra em lugar de uma habitação não lhes dá o direito de reclamarem, ou de outros reclamarem por eles, uma casinha grátis. Isso sim é discriminação relativamente a todos aqueles que trabalham e fazem sacrifícios para pagar a sua casa ao banco.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Porque será que lá fora não há quem os queira?!

Anda por aí uma legião de indignados com o ordenado, prémios e rendimentos diversos que constituem o simpático pecúlio arrecadado, no espaço de apenas doze meses, pelo manda chuva da EDP. Uns invejosos digo-vos eu, é o que é. Então o homem trabalha que nem um mouro - talvez este não seja o melhor exemplo porque a mourama não consta que seja muito dada ao labor, mas diz que o senhor trabalha quem nem uma besta – e depois vem para aí uns quantos badamecos, que não sabem fazer mais nada do que praticar o bota-abaixismo, pôr em causa os honorários do distinto gestor?! Tá mal pá. Bem esteve o nosso primeiro, que se desfez em elogios à gestão levada a cabo na empresa em causa. Pena não se ter referido ao aumento do preço da energia nem à manifesta falta de concorrência no sector que, digo eu feito alarve, é capaz de ter dado uma ajudinha aos resultados obtidos.

Ainda sou do tempo em que este tipo de indignação era quase exclusivamente dirigido aos jogadores de futebol. Hoje, se repararem, já ninguém questiona os ordenados que os profissionais da bola auferem. Os que por cá jogam, mesmo nos principais clubes, seriam as segundas linhas de qualquer clube europeu e se algum revela uma maior aptidão para a arte do pontapé no esférico é de imediato “requisitado” por clubes estrangeiros que, esses sim, pagam a peso de ouro.

Ora é precisamente esse mesmo princípio não se aplicar aos profissionais da gestão que me faz uma confusão do catano. Se esta gente é assim tão boa a gerir empresas, porque raio não vem cá nenhuma grande empresa estrangeira recrutar um destes gurus da gestão, à semelhança do que fazem os clubes de futebol?! Apenas vejo dois motivos. Ou não pagam tanto ou, afinal, os tais gestores de ordenados chorudos não são assim tão bons.

Para que se perceba melhor o meu ponto de vista. Até o Fernando Santos – que treinou o Sporting e o Benfica com os resultados conhecidos e conseguiu não ser campeão no Porto ainda com o Jardel – treina um dos maiores clubes gregos. Já quanto aos nossos mais bem pagos gestores, pese toda a sua genialidade, não consta que haja nenhuma empresa europeia interessada nos seus serviços. Nem mesmo na Grécia. Vá lá saber-se porquê.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O amor é uma coisa muito linda!


Não sei de que se envergonha a senhora da fotografia. O amor é uma coisa muito linda e os gestos de ternura não devem deixar ninguém embaraçado. Não havia, por isso, necessidade de esconder o rosto da objectiva. O que os une, mulher e animal, deve ser algo muito forte. De tal forma que, se repararem com atenção, ambos usam uma fatiota que apenas difere na cor.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Esclarecimento deveras esclarecedor

Pouco depois de ter publicado o último post, tomei conhecimento de um comunicado emitido pelo gabinete de José Sócrates onde este reconhece a existências dos projectos de construção de várias moradias particulares, que hoje fazem manchete na comunicação social, ao mesmo tempo que  esclarece terem sido elaborados de forma gratuita, a pedido de amigos. Fica, portanto, esclarecida a questão que suscitei acerca da existência ou não de recibo relativamente aos honorários pelos serviços prestados. Quando muito – e não há mal nenhum nisso, acrescente-se - a retribuição, ou o agradecimento, pode ter sido feita sob a forma de presentes. Uma caixa de robalos pelo Natal, por exemplo.

Campanha negra!


A campanha negra contra o nosso honrado e impoluto primeiro-ministro não dá sinais de parar. Os episódios rocambolescos que lhe são atribuídos, as calúnias, a maledicência tornaram-se uma constante e tudo parece servir para denegrir a imagem do homem que os portugueses adoram. Pelos menos os suficientes para o eleger chefe do governo e para o defender nos jornais, nos blogues, nos cafés ou à volta do Rossio. 
Anuncia hoje o Público, com honras de primeira página, que José Sócrates terá assinado – o que, acrescento eu, não é a mesma coisa que ter elaborado, mas isso é outra história que não vem ao caso – mais de vinte projectos de casas quando já era deputado na Assembleia da República. Coisa que não devia ter feito porque, acrescenta o periódico, usufruía do regime de exclusividade no Parlamento. 
A este propósito diversas questões se podem aqui suscitar. A primeira que me ocorre é se a assinatura dos projectos será mesmo de um engenheiro. E, a sê-lo, se será a do agora primeiro-ministro. Por fim, mas não por último nem menos importante, será curioso saber se – a confirmarem-se como positivas as respostas às duas primeiras questões – o engenheiro José Sócrates, então deputado e engenheiro projectista de moradias, terá passado recibo das quantias auferidas em resultado desta sua actividade privada. Na óptica do pagador, os honorários cobrados por este tipo de serviços não são nada simpáticos e poderá ter existido pelo meio aquela velha ameaça de “com recibo tenho de cobrar o iva” a que poucos conseguem resistir. 
Tudo isto, claro, partindo do principio que a noticia publicada hoje tem algum fundo de verdade. Coisa em que tenho dificuldade em acreditar. O nosso primeiro não seria capaz de uma coisa dessas. Se uma legião imensa de seguidores garante a honorabilidade do senhor, enquanto afiança que o homem é quase santo e que todas estas questões mais não do que manifestações de ódio e perseguição pessoal promovidas por um jornalismo de sarjeta, não sou eu quem vai dizer o contrário.

domingo, 4 de abril de 2010

Quem é que o Coelho quer tramar? Os do costume, obviamente...


O PSD está afastado do governo há mais anos do que aquilo que sempre esteve habituado. Sendo uma das tradicionais forças de poder é normal que não conviva bem com a situação e os seus sucessivos dirigentes vão procurando, de forma mais ou menos desesperada, inverter o actual estado de coisas e colocar o partido de novo na rota governativa. Para isso, ao invés de procurarem politicas alternativas, vão-se agarrando às politicas do Partido Socialista e afirmando que iriam, ainda, mais longe. O que não augura nada de bom e, ao contrário do que pensarão os seus actuais dirigentes, não constitui garantia de uma mais rápida aproximação ao poder.

Com a chegada de Passos Coelho à liderança do partido esta tendência acentuou-se de forma preocupante. Garante, entre outras coisas, o recém-eleito líder social-democrata que o PSD preconiza ainda mais cortes na despesa pública como forma de controlar o défice. O que, a mim, me parece muitíssimo bem. O que já não me parece assim tão bem e revela antes o enveredar por um populismo fácil, é aquilo que é anunciado como prioritário. Pretendendo ir ainda mais longe que o governo, garante o líder laranja que com ele apenas entrará um novo funcionário público por cada cinco que saírem. Ou seja, um novo médico por cada cinco que se forem embora do serviço nacional de saúde, um novo policia ou GNR por cada cinco que abandonarem as forças de segurança, um novo juiz por cada cinco que deixarem os tribunais, um professor e um auxiliar de acção educativa por cada meia dezena que deixarem as escolas e assim sucessivamente até ao encerramento do país.

Lamentavelmente Passos Coelho não propõe a redução do número de deputados. Já nem digo na mesma proporção, mas pelo menos de duzentos e trinta para cento e vinte. Ou de ministros, secretários de estado, sub-secretários, directores-gerais e a extinção dessa invenção pós-Abrilada que são os assessores. Hoje toda a gente que ocupe cargos políticos, por mais insignificantes que sejam, tem uma legião de assessores. Desconfio que até os assessores terão outros assessores a assessorá-los! Digo eu, que gosto muito de dizer coisas, era capaz de levar a uma poupança de recursos bastante superior a que poderá ser alcançada através de congelamento de salários ou do despedimento de funcionários públicos, que é uma ideia que também corre por muitas cabeças sociais-democratas.

Mas, até compreendo a opção de Passos Coelho. Afinal o PSD está há muito tempo longe do poder e é necessário arranjar lugares para tantos e tantos militantes laranja, que esperam - e desesperam - que a rosa murche para poderem ocupar o espaço deixado livre no canteiro. Afinal até no chefe os dois partidos são, agora, iguais.

sábado, 3 de abril de 2010

Remate kruzado

Tenho estado à espera das reacções ao jogo de ontem que opôs o Braga e o Guimarães. Nomeadamente daqueles arautos da verdade desportiva, da transparência e que, invariavelmente, defendem que este é o campeonato dos túneis. Espaço onde, garantem, o actual líder cimentou a sua liderança. É verdade que nas imagens amplamente divulgadas dos incidentes que terão ocorrido no túnel da Luz apenas é possível vislumbrar jogadores do Porto a agredir seguranças privados. Também em Braga, naquilo que é possível ver, o que se descortina são jogadores do clube da casa a malhar em tudo o que ostenta o emblema da águia. Mas, ainda assim, é por causa desses incidentes que o Benfica vai à frente do campeonato. Opiniões. 
Esperava ver e ouvir - que inocência a minha! – ondas de indignação, vindas especialmente daqueles opinadores que tem visto o Benfica ser beneficiado pelos árbitros em todos os jogos e graças aos quais, e apenas por isso, segue na liderança. Depois do escândalo que constituiu a arbitragem do jogo de ontem, dificilmente acreditei que Pinto da Costa – esse acérrimo defensor da lisura de processos no futebol português – ficasse calado e não manifestasse o seu veemente protesto pelo facto de continuar a ver o segundo lugar a cinco pontos. Tão pouco achei possível que Domingos Paciência não fosse para a conferência de imprensa arrasar a actuação do árbitro. Nem, muito menos ainda, me pareceu plausível que hoje os muitos bloggers portistas que aí pululam não desancassem em todos os  que contribuíram para a imensa palhaçada a que o país, incrédulo perante tanta incompetência, pode assistir ontem ao fim da tarde. 
A menos que toda essa gente tenha um ódio tão grande ao Glorioso que prefira ver o seu clube prejudicado desde que isso represente uma hipótese, ainda que remota, de afastar o Benfica do título. Talvez seja isso. De resto nem lhes interessará por aí além ir à liga dos campeões. Assim perderia sustentação a tese de terem sido prejudicados pela ausência do Givanildo e, consequentemente, a razão da choruda indemnização que reclamam da Liga de Clubes. E toda a gente sabe a importância do homem naquela equipa. O Meireles que o diga.

Águas limpidas

 
A julgar por aquilo que a comunicação social nos vai dando a conhecer, os negócios que envolvem água não serão dos mais transparentes. Seja quando estão em causa coisas que submergem, que flutuam, ou simplesmente quando o precioso líquido se destina à ingestão a suspeita de que haverá qualquer coisa a turvar o negócio parece estar sempre presente. 
Pena que não seja tudo tão claro como no desporto que se pratica dentro dela. Aqui a qualidade vem sempre à tona. Fanfarrões e grunhos, que também os há como em tudo na vida, são facilmente desmascarados no curto espaço de vinte cinco metros… 
Serve isto de pretexto para publicar este vídeo de uma prova em que a mais jovem membro do clã (na pista dois com touca vermelha), diversas vezes campeã e vice-campeã regional nos escalões etários que tem ido percorrendo, participou na presente época. E também para provar, se isso ainda fosse necessário, que é muitíssimo melhor a nadar do que o pai a filmar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Negócios subaquáticos.


Desconfio que vem aí mais uma campanha negra. Ou, para continuar a não ser original, uma cabala. Provavelmente voltaremos a assistir a telejornais travestidos de ódio e perseguição pessoal em que será feita uma verdadeira caça ao homem. Teremos igualmente motivo para mais umas quantas comissões de inquérito, às não faltarão razões para convocar diversos ex-ministros, ou outros ex-qualquer coisa, a fim de serem ouvidos acerca dos negócios subaquáticos em que estiveram envolvidos antes de serem ex-fosse o que fosse. Tudo normal, portanto. 
Enquanto isso lá para os lados da Alemanha esses mesmos negócios já deram origem a uma prisão e a várias acusações pelo Ministério Público alemão. Coisa que, obviamente, não se entende. Devem, quase de certeza, ser ainda os resquícios do regime nazi que não foram devidamente expurgados da legislação germânica. Deviam era pôr os olhos em nós, portugueses, que quando se trata de julgar estes casos estamos na vanguarda do direito, da justiça e da defesa dos inocentes. Ou não fossemos uma sociedade e uma democracia muito mais avançadas do que as desses boches! 
De referir, finalmente, a nossa – pelo menos de alguns de nós – propensão para os negócios. É espantoso que este país, onde até com sucata se fazem fortunas e se mete dinheiro ao bolso quando o mais normal seria meter água, não constitua um exemplo de progresso, de modernidade e os seus cidadãos não tenham um nível de vida muito acima da média europeia.