É,
confesso, com uma pontinha de emoção que digo adeus a 2011. Apesar
de, em termos profissionais, no ano que hoje acaba não ter tido
aumento de ordenado nem sido promovido e a classificação de serviço
não ter ido além do “Bom”. O mesmo que o Mário Nogueira. Coisa
que, vista assim, me aborrece. Recordarei este como o último ano em
que recebi subsídios de natal e de férias, em que me foi devolvida
uma parte do IRS que paguei e onde não foram necessárias privações
de maior para poder pagar o IMI. É também com mal contida tristeza
que não esqueço que foi neste conjunto de doze meses que hoje
terminam que, provavelmente pela última vez, pude desfrutar de
pequenos prazeres como gozar meia dúzia de dias de férias, fazer
uma ou outra refeição fora de casa e dar-me a outros pequenos luxos
manifestamente acima das minhas possibilidades. Tivesse o Benfica
sido campeão e teria sido um ano fantástico. Mesmo assim, por
comparação com o que aí vem, foi certamente o melhor de todos os
que se vão seguir. É por isso que desejo a todos os que me lêem um
2012 o menos mau possível.
sábado, 31 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Antes a mentira era uma coisa má. Agora não.
Os
leitores que tem a paciência de frequentar este blogue farão o
favor de reconhecer que não tenho qualquer simpatia politica pelo
figurão que, durante seis anos, tratou de afundar o país. Nem mesmo
os tratantes – no sentido de tratar de coisas - que se lhe
seguiram me fizeram mudar de
ideias. Apesar de se esforçarem muito e não se cansarem de me dar motivos para que isso aconteça. Ainda assim, face a tudo o que se tem passado nos últimos
meses, não posso deixar de considerar que o actual estudante de
filosofia foi um injustiçado. Nomeadamente pela comunicação social
e fazedores de opinião em geral. Se as bacoradas que tem sido
proferidas pelos actuais governantes e seus sequazes fossem
pronunciadas pelos Socretinos e apaniguados, nem quero imaginar o
escarcéu que por aí andava.
Estranhamente os portugueses estão a aceitar tudo. Até o inaceitável. Mesmo o que até há poucos meses parecia impensável. Daí que seja de espantar que não pareçam incomodados por no lugar de um mentiroso estar agora um pantomineiro. Deve ser um sinal que os sequazes de agora estão a desempenhar melhor o seu papel do que fizeram antes os apaniguados do outro. Ou então que nos sentimos confortáveis.
Estranhamente os portugueses estão a aceitar tudo. Até o inaceitável. Mesmo o que até há poucos meses parecia impensável. Daí que seja de espantar que não pareçam incomodados por no lugar de um mentiroso estar agora um pantomineiro. Deve ser um sinal que os sequazes de agora estão a desempenhar melhor o seu papel do que fizeram antes os apaniguados do outro. Ou então que nos sentimos confortáveis.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Mancha Negra
Por
gente vestida mais ou menos como as imagens acima documentam – ou
por causa de fatiotas do género – foram mortos na Nigéria,
durante o último fim de semana, algumas dezenas de cristãos que,
pasme-se, tiveram o desplante de se deslocar a uma igreja para rezar.
No seu próprio país, assinale-se. Estavam, é bem de ver, mesmo a
pedi-las. Tendo por perto pessoal dotado de tão bom gosto, no que
diz respeito a indumentária e não só, apenas a um tonto ocorre
dirigir as suas preces a outro deus que não aquele que abomina o
porco.
Usassem
os falecidos uma toalha à volta da cabeça ou andassem enrolados em
panos negros apenas com os olhos à mostra e a causa da morte fosse
uma bomba desses bandalhos americanos ou dos seus sabujos israelitas
e, calculo, teríamos por aí uma onda de indignação. Comunistas,
bloquistas, a eurodeputada Ana Gomes e, até mesmo, algumas pessoas
daquelas que uma vez por outra dizem algo que merece ser levado em
consideração, já teriam manifestado a sua indignação e teriam
partilhado connosco o quanto estas mortes os horrorizam. Assim estão
caladitos. Deve ser porque ainda não lhes passou o choque que
tiveram com a morte do querido líder. Aquele grande democrata de
aspecto badalhoco que reinava lá para a Coreia.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
O cafézinho da crise
O
aumento de preço da bica parece inevitável. Pelo menos é o que
considera um representante do sector hoteleiro que, face à subida da
taxa do IVA entende não ser possível aos empresários do ramo
deixar de repercutir o encargo no preço do café. Desconheço se a
maioria das empresas a operar nesta actividade terão ou não
condições para serem elas a suportar o diferencial resultante da
subida do imposto. Além de, convém não esquecer, terem também de
arcar com o aumento de outros factores como a electricidade, a água
ou o gás. O que sei - até porque nem foi assim há tanto tempo
quanto isso - é que quando da entrada em circulação do euro, sem
que nenhum dos custos atrás mencionados tivesse sofrido qualquer
acréscimo, os donos de cafés, pastelarias e afins trataram de
adaptar os preços à nova moeda. Verdade que eram outros tempos. A
malta andava eufórica, julgava-se rica e ninguém se aborreceu com
os aumentos. Hoje a coisa fia mais fino e acredito que, a haver
subidas substanciais de preço, não faltarão estaminés a fechar
portas.
Por
mim, desde que o PPC anunciou o fim dos subsídios de férias e de
natal, que entre as várias medidas anti-crise incluí a redução
dos gastos em cafetarias e correlativos. O café da hora de almoço é
bebido em casa. O que, apenas com esse pequeno gesto, representa uma
poupança diária de cinquenta cêntimos. Mais ou menos cento e
oitenta euros por ano. Incluindo cerca de vinte e um euros de IVA. Se
um milhão de portugueses fizer o mesmo... é só fazer a conta!
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Harmonias
Bastou
surgir a noticia de que o governo se prepara para rever as tabelas
salariais da função pública, alegadamente no sentido de as
aproximar daquilo que se paga no sector privado, para os comentários
de satisfação de inúmeros opinadores se multiplicarem. Seja nos
sites dos jornais que publicaram a noticia ou numa qualquer esquina.
Toda essa gente saliva de agrado com a perspectiva de ver os
funcionários públicos sofrerem mais uma quebra dos seus
vencimentos. Isto porque – com intenções fáceis de adivinhar - é
frequentemente transmitida a ideia que no sector público os
ordenados são mais elevados.
Provavelmente
até serão. Talvez a sua harmonização com os pagos no sector
privado constitua um factor de justiça social. É que a mim, um gajo
relativamente preocupado com os mais desfavorecidos, fazem-me
confusão as listas – públicas todas elas – de atribuição de
apoios de âmbito escolar a alunos carenciados. Quase todos, diga-se,
filhos de pessoas que trabalham no sector privado. E, não raras
vezes, até a descendência de empresários que todos julgávamos de
sucesso por lá aparece.
Fará,
portanto, algum sentido a satisfação evidenciada por uma certa
populaça que sofre de uma raiva mal contida contra os funcionários
públicos. Verem-se incluídos numa lista de pobrezinhos não deve
ser agradável. Mesmo que os carros em que se locomovem, as casas
onde habitam ou os sofisticados telemóveis e outros gadgets
manuseados pela sua prole, indiciem que vivem numa zona de conforto
pouco compatível com a sua condição de quase miseráveis.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Isto não vai acabar nada bem...
Admiro
este governo. De verdade. Identifica rapidamente um problema e, quase
de imediato, encontra soluções. Temos demasiadas pausas por culpa
do excesso de pontes, férias e feriados. Tudo pretextos para parar a
produção e dar cabo dos esforços governativos para fomentar o
crescimento, aumentar as exportações e essas coisas que eles acham
que crescem por decreto. Vai daí a resolução da questiúncula
surgiu célere. Acabam-se com uns quantos dias festivos - nacionais
ou religiosos - põe-se fim às pontes, tolerâncias nem que venha o
Papa e reduzem-se os dias de férias. Vai ser produzir até mais não,
o mundo vai ver-se grego – péssimo exemplo, mas isto é a força
do hábito – para consumir tudo aquilo que exportamos e, num ápice,
estaremos podres de ricos. Pelo menos alguns de nós.
Reitero
a minha admiração pela malta do governo. Não só pela perspicácia
que demonstra na identificação dos problemas e pertinácia que
coloca na sua resolução mas, principalmente, pela quantidade de
ideias parvas que conseguem produzir. São imbatíveis. É por isso
que aguardo com ansiedade o dia em que o ministro da economia – ou
o Parvus Coelho, tanto faz – nos anuncie que estamos proibidos de
comer carne. Esta será toda para exportação e, por cá, ficaremos
apenas com os ossos. Diz que dão uma sopinha óptima. Foi uma
receita – o caldinho e a ideia - que já foi testada na Roménia no
tempo do Ceausescu. Com os resultados, quer para o ditador quer para
os romenos, que se conhecem.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Festarolas e luzinhas
Certas
opiniões, se expressas por um qualquer vulgar cidadão, para além
de não deverem ser levadas a sério, são perfeitamente
irrelevantes. Daí que alguns disparates que se vão dizendo – ou
escrevendo – não tenham importância absolutamente nenhuma. É, no
fundo, a aplicação daquela máxima que garante que vozes de burro
não chegam ao céu.
O
caso muda de figura quando manifestadas por outros com alguma
responsabilidade ou projecção mediática. As opiniões expressas
por este tipo de figurão, até por chegarem muito longe, deveriam
ser bem pensadas e não constituírem uma espécie de bocas mais
comuns entre os frequentadores de tabernas ou outros antros de má
vida. E, neste aspecto, os últimos dias têm sido particularmente
férteis. Desde o maluco que acha não serem as dividas coisa que os
adultos devam levar a sério até ao outro que se está a marimbar
para os compromissos financeiros, passando pelo gajo que sugere a
emigração como solução para quem não tem emprego.
Ainda
assim não foi este tipo de conversa que mais de indignou. Outras
declarações tiveram o condão de me desagradar bastante mais. Ouvir
– na televisão – um Presidente de Câmara garantir que pode não
haver dinheiro para mais nada, mas que nunca faltará para pagar
almoços aos eleitores mais velhotes lá da terra é bastante mais
irritante. Ou escutar um conhecido comentador a considerar pindérico
que a Câmara da capital do reino tenha – apenas para poupar a
bagatela de setecentos mil euros - decidido não proceder às
habituais iluminações de natal, é coisa para me deixar de boca
aberta.
As
prioridades desta gente são intrigantes. Festarolas e luzinhas.
Apesar disso, um vai continuar a gerir uma autarquia e o outro a
vomitar opiniões num canal televisivo. O pior é que continuará a
haver quem os leva a sério. Por mais parva que seja a sua
verborreia.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Vizinho incendiário
Esta
é uma imagem que, segundo os moradores, se repete quase todos os
dias logo que o tempo se torna mais fresco. Desleixo, distracção ou
tendências pirómanas de algum vizinho friorento e sem paciência
para aguardar que o lume se extinga por completo, constituirão a
razão para que tal aconteça. Desnecessariamente. O vizinho
incendiário que deita as cinzas mal apagadas da lareira para dentro
do contentor que me diga qualquer coisinha. Os resíduos de que
apressadamente se quer livrar davam-me um jeitão. Diz que as cinzas
são óptimas para fazer medrar os alhos e – acabei de saber -
para repelir as lesmas. Espécie que - vá lá saber-se porquê -
resolveu fixar residência no meu quintal e da qual, apesar de todas
as tentativas, ainda não me consegui livrar.
domingo, 18 de dezembro de 2011
O estranho caso do autarca pudico.
Por
alguma razão que me escapa, tem sido noticia nos diversos meios de
comunicação social um email enviado por um funcionário de uma
Câmara Municipal a desejar as boas-festas aos colegas e que terá,
por motivos ainda mais difíceis de entender, causado um elevado
nível de indignação junto da presidência da autarquia em causa. O
caso atingiu tais dimensões que a demissão do autor da mensagem
estará mesmo a ser equacionada.
Face
ao teor do noticiado fui levado a pensar que se trataria de algo
bastante grave. Mas não. O próprio desenvolvimento da noticia se
encarrega de revelar o ridículo da situação. Quer pelo destaque
noticioso, quer pela posição da autarquia perante o ocorrido.
Afinal tratam-se apenas de meia-dúzia de imagens de moçoilas com
notória falta de roupa e umas quantas frases a desejar coisas boas
para o ano que se aproxima. Nada de mais, portanto.
Principalmente
numa altura em que são necessário estímulos, onde todos concordam
que faz falta levantar a moral e há é que ter pensamentos
positivos, o alarido e a consequente atitude sancionatória do
município relativamente ao comportamento do seu funcionário
revelam-se totalmente descabidos e assim a atirar para o parvo.
Vendo o assunto numa outra
perspectiva, não acredito que o senhor presidente – letra
minúscula intencional – tivesse “coragem” para tomar a mesma
atitude se o conteúdo do email fosse de carácter apaneleirado. Nem,
muito menos, que as recriminações contra o seu autor atingissem
idênticas proporções. Aí, provavelmente, estaríamos a falar de
discriminação a um larila qualquer.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Os alhos da crise.
Tal
como dei conta noutras ocasiões, nomeadamente aqui e aqui, o meu
exíguo quintal está este ano quase todo cultivado. Daí que uma
pequena parcela tenha sido reservada para uma sementeira de alhos. Um
alhal, portanto. Ou, quiçá, uma alhada. A produção, não é
difícil de adivinhar, não me tornará auto-suficiente neste tipo de
temperos. Nem, de certeza, a colheita resultaria em material bastante
para afastar um vampiro. Se eles existissem, claro. Mas, espero,
talvez seja coisa para durante uns quantos meses, quando for ao
supermercado, não necessitar de me preocupar com a origem desta
planta hortense liliácea. Sim, porque é necessária uma elevada
dose de atenção para não meter no carrinho alhos oriundos da
China. Para já, a julgar pelo desenvolvimento que apresentam, se
calhar até demasiado precoce para esta época do ano, tudo indica
que a colheita vai ser jeitosa.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
A luta é imaginação.
Greves
e manifestações não são a forma de luta que mais aprecio. Diria
até que constituem um tipo de acção arcaico e a necessitar de
urgente modernização. Excepto alguns sectores em que, pela sua
especificidade, a paralisação do trabalho pode ainda ter uma força
decisiva para fazer valer as reivindicações dos grevistas, na maior
parte dos casos de nada vale. Veja-se, por exemplo, a administração
pública. Um dia de greve – ou mesmo mais, não interessa a
quantidade – apenas serve para prejudicar os utentes e pouco ou
nada influencia as decisões governativas, enquanto os governantes,
esses, pouco se importarão com os eventuais transtornos causados ao
cidadão comum. Já os grevistas, quando olharem para o recibo do
vencimento, constatarão que, afinal, apenas contribuíram para o seu
empobrecimento.
As
manifestações podem ser encaradas como algo mais útil. Pelo menos
no âmbito do desabafo. Mas, tal como as greves, de pouca utilidade
prática. De resto, se exceptuarmos os tempos demenciais do período
revolucionário de setenta e quatro e setenta e cinco, não há
memória de um governo – pelo menos daqueles normais – ceder a um
grupo mais ou menos numeroso de pessoas aos gritos.
A
luta, tal como tudo na vida, tem também ela de evoluir. Adaptar-se a
novas realidades, adoptar outras armas, deixar a rua e mudar-se para
cenários alternativos de combate. Não há limites para a imaginação
humana e, por isso, a nossa capacidade de encontrar maneiras de
contornar as barreiras que nos vão colocando - ou apenas protestar
contra a sua colocação - causará um impacto muito mais forte do
que as tradicionais formas de protesto. Acredito que, aos poucos, os
portugueses perceberão isso. E também quero acreditar que o facto
de cento e noventa e sete visitantes deste blogue, entre os últimos
quinhentos chegados pela pesquisa do Google, aqui terem vindo parar
através de buscas relacionadas com a simulação de IRS a pagar em
2012, significa alguma coisa relativamente à preocupação em pagar
menos imposto e, pela via fiscal, manifestarem o seu protesto face ao
esbulho de que estão a ser alvo.
Outro
exemplo do que atrás referi está na pesquisa “como piratear o
contador da luz” que trouxe um leitor até cá. Não encontrou por
aqui a solução mas, sinceramente, espero que tenha sorte e encontre
o que procura. E, já agora, se descobrir diga qualquer coisinha...
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
A folga deles é o nosso aperto
A
almofada
orçamental
– também
conhecida
por
margem,
excedente,
folga
ou
outra
coisa
qualquer
que
lhe queiram
chamar
-
já
irá,
entre
erros
diversos
e
negociatas
variadas,
perto
dos
três
mil
milhões
de
euros.
Nestas
circunstâncias,
não
parece
abusivo
concluir
que
o
confisco
dos
subsídios
de
natal
e
de
férias
se
revela
como
desnecessário.
Daí
que
não
me
pareça
despropositada
a
conclusão
– manifestada
em
posts
anteriores
-
que
o
objectivo
governamental
passa
pelo
empobrecimento
dos
portugueses
e
pela
forte
desvalorização
do
trabalho.
O
destino
dado
pelo
governo
ao
alegado
excedente
orçamental
é
revelador,
para
além
da
evidente
opção
política
atrás
referida,
da
desconfiança
que
o
executivo
de
Pedro
Parvus
Coelho
manifesta
relativamente
à
maneira
como
gastaríamos
o
dinheiro.
Que,
por
sinal,
era
nosso
por
direito.
Talvez
suspeitando
que
desatássemos
a
fazer
compras
nas
lojas
dos
chineses,
no
estrangeiro
ou,
o
mais
provável,
o esturrássemos em bens importados,
entendeu
o
governo
ficar com ele e – diz - pagar
dividas
a
fornecedores
do
Estado.
Seria, com certeza, uma decisão de aplaudir e que até me levaria a
considerar o homem como pessoa de boas contas. Seria, se eu achasse –
como qualquer um dos muitos “neo-liberais” que não se cansam de
elogiar esta ideia - que o Estado é um bom gestor e que faz a
gestão de recursos, sejam eles quais forem, melhor do que os
privados.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Mas que raio é um peru fêmea?!
Não
sei se tem a ver com essa coisa toda modernaça relacionada com o
“género” ou lá o que é. Também pode, eventualmente, tratar-se
de uma tentativa parva de evitar as conotações desagradáveis
geralmente associadas à palavra. Ou, última e mais provável de
todas as hipóteses, ignorância. Minha ou do gajo da publicidade.
Seja como for, a verdade é que nunca tal eu tinha visto. Ou, no
caso, lido.
Para
mim, pelo menos até hoje, um peru é um peru e uma perua é uma
perua. Concedo, até, que para os mais velhotes ou iletrados, a ave
galinácea em causa seja denominada por pirum e a respectiva fêmea
por pirua. Mas para a malta que faz estes prospectos publicitários –
que, admito, para além de “jove” deve ter algumas letras - já
me parece coisa mais própria de um asno. Ou, que eu não sou de
discriminar ninguém, burro-fêmea...
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
O azeite da crise
Com
a entrega no lagar terminou hoje a safra da azeitona. O resultado
obtido, face aos meios materiais e humanos envolvidos, enquadra-se
nas expectativas e deixou-me relativamente agradado. Por dois
motivos. Primeiro porque contribui para amenizar os efeitos
recessivos que estão a incidir sobre o meu rendimento. Em segundo
lugar, porque a produção de azeite da empresa que me comprou a
azeitona será, ao que parece numa quantidade bastante significativa,
para exportação. O que significa que dei o meu modesto - e,
saliente-se, pouco desinteressado - contributo para o equilíbrio na
nossa balança de transacções.Para o ano, com crise ou sem ela, talvez haja mais.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Temas fracturantes, precisam-se.
Não
são bem saudades - talvez apenas uma certa nostalgia - mas a
verdade é que sinto falta dos temas fracturantes com que o anterior
governo resolvia entreter-nos enquanto o mundo, tal como o
conhecíamos, se ia desmoronando à nossa volta. Faltam, de facto,
assuntos de relevante interesse nacional para discutir. Assim do tipo
legalização de casamento entre rabetas e fufas. Cada grupo por si,
claro, que eu não sou de intrigas nem de andar por aqui a ofender
uns e outros.
Acredito
que a actual maioria, com o tempo, encontrará um ou outro motivo
para nos divertir, lançando a debate um tema que realmente mobilize
a opinião pública e suscite mais uma animada controvérsia entre os
portugueses. Só espero que, quando isso acontecer e ao contrário do
que tem sucedido até aqui, a discussão não continue a girar à
volta do buraco. Nem dos arredores.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Patrimónios
Durante
anos, quase tudo – diria mesmo tudo – servia para entrar para o
Guiness. Os recordes, ou as tentativas de os bater, sucediam-se e não
havia tuga que não ambicionasse ver o seu nome inscrito no celebre
livro. Por mais parvo que fosse o objectivo a superar.
Parece
estarmos agora perante uma nova vertente desta lusitana parolice.
Depois do fado – que alguns sustentam ser, vá lá saber-se porquê,
a canção nacional - ser reconhecido como património imaterial da
humanidade, começam a surgir noticias de mais umas quantas putativas
candidaturas. O cante alentejano será, provavelmente, uma delas. O
bailinho da Madeira, o corridinho do Algarve ou o vira minhoto
incluirão, talvez, o lote seguinte.
Enquanto
foi o tuga anónimo, quase sempre em iniciativa isolada e de carácter
meramente individual, a parvoíce que envolvia este tipo de
iniciativa – vulgarmente associada a exibicionismos bacocos - não
se configurou como algo de que devêssemos ter vergonha enquanto povo
e enquanto país. No entanto, agora, que estas idiotices são
promovidas por entidades públicas, a coisa muda de figura. Se
calhar, digo eu, em lugar de reconhecimentos que não valem a ponta
de um corno e a que a humanidade não liga nenhuma, era capaz de não
ser má ideia aplicar o dinheiro que estas palermices custam a cuidar
do património material nacional que tão desleixadamente é tratado.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Alentejo
Diz
que o Alentejo é lindo quando chega a Primavera. Embora seja
suspeito quanto a isso, permito-me discordar. O Alentejo é lindo e
pronto. Sempre. Mesmo num dia enevoado, sem a nossa luminosidade
habitual e ainda que visto pela objectiva de um gajo com manifesta
falta de jeito para a fotografia.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Tarantantam não enche barriga mas paga menos imposto
As
questões suscitadas pelas recentes alterações em sede de iva tem
sido mais que muitas. Principalmente pelos sectores alegadamente
afectados pela transição para a taxa máxima. Neste, como noutros
assuntos, a posição do governo e as opções pouco coerentes que
tomou não ajudam mesmo nada à aceitação pacifica da mudança que
se aproxima.
Veja-se,
por exemplo, o caso do vinho. A jeitosa da ministra da agricultura
fez finca pé na sua manutenção na taxa intermédia com a
justificação que se trata de um produto nacional e com elevado
potencial exportador. Podia, até, aceitar-se este ponto de vista se
o mesmo não fosse absolutamente ignorado no que diz respeito a
outros sectores com a mesma, ou muito maior, capacidade de exportar e
de criar emprego.
O
mesmo entendimento, mas no sentido de penalizar as importações, não
foi seguido, entre outros casos, relativamente às chamadas
actividades culturais. Que, diga-se, na sua esmagadora maioria são,
como é óbvio, negócios exactamente iguais aos outros. Assim, de
repente, não estou a ver porque raio as entradas – ou os cachets –
de um concerto de um qualquer artista estrangeiro hão-de pagar
apenas treze por cento de iva e um cozido à portuguesa, comido na
tasca da esquina, terá de levar com vinte e três. Mas, aposto, deve
haver uma excelente justificação.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
As azeitonas da crise
Desde
que o olival da família iniciou o seu ciclo produtivo – há uma
dúzia de anos, ou coisa parecida – que a apanha da azeitona tem
sido feita em regime de outsourcing. Falta de tempo, inexistência de
equipamento adequado, baixa rentabilidade, tudo servia de desculpa
para justificar uma manifesta ausência de vontade de meter mãos à
obra e faziam com que a tarefa fosse entregue a terceiros. Este ano
está a ser diferente. Talvez por causa da crise, da perspectiva –
quase certeza – que tudo irá piorar muitíssimo mais ou, apenas,
porque me deu uma inusitada vontade de me dedicar à agricultura.
Seja como for, eu e a minha Maria resolvemos passar as férias de
inverno por aqui, vestir a pele de agricultores e apanhar as
azeitonas antes que elas fujam!
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
29 de Fevereiro dia mundial do repouso
Terá
sido hoje assinalada pela última vez, enquanto feriado, a
restauração da independência. Não é que ache mal. Nem a
restauração da soberania nacional sobre o território que ocupamos,
nem o facto de tal data deixar de estar incluída entre os feriados
que, por enquanto, ainda não vão abaixo. Parece que com a abolição
deste - e de mais uns quantos dias de descanso - o país se vai
fartar de ganhar dinheiro, o que, como é óbvio, constituirá um
forte motivo de satisfação para qualquer português que se preze.
Mas,
ainda que mal pergunte e sem pretender com a minha ignorância
colocar em causa esta nova moda de garantir que temos feriados a
mais, quem é que vai ficar mais rico por o pagode trabalhar mais
quatro dias no ano? O Estado não é certamente. Os quatro futuros
ex-feriados vão custar aos cofres públicos, só em subsídios de
refeição, cerca de doze milhões de euros. Isto sem contar com os
tais consumos intermédios – luz, água, telefone, combustíveis,
etc – que passarão, nestes dias, a ser consumidos pelos serviços
estatais. Eu também não devo ver a minha fortuna aumentar
significativamente. Afinal apenas verei o meu pecúlio crescer
dezassete euros. Ainda que livres de impostos – do mal o menos –
não é lá grande coisa.
Para
ser à séria e produzir efeitos que realmente se vissem, devia de
haver coragem, politica e não só, de acabar com o descanso. Porquê
trabalhar apenas oito horas cinco dias por semana?! O horário de
trabalho devia contemplar a obrigação de cumprir, no mínimo,
dezasseis horas por dia – oito chegam muitíssimo bem para
recuperar energias – trezentos e sessenta e cinco por ano. Descanso
– até podia ser o dia mundial do repouso – apenas a vinte nove
de Fevereiro.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
As favas da crise
É
um dado adquirido que vamos ser nós – vocês sabem de quem eu
estou a falar – a pagar as favas. Nem, aliás, outra coisa seria de
esperar. As bestas que passaram pelo poder, tal como as alimárias
que lá estão agora, leram todas a mesma cartilha e, mesmo que
esteja demonstrado até à exaustão que este caminho não tem saída,
insistem em marrar contra a parede.
Mas,
voltando às favas, farei tudo o que puder para não as pagar. Nem
que tenha de as semear. O que, pela primeira vez na minha vida,
acabei de fazer no meu quintal. Só mesmo para ser do contra. É por
isso que aqui vai, pelo menos é o que espero, nascer um pequeno
faval. Ínfimo, por assim dizer, mas que, simbolicamente, representa
o meu protesto. Se o tempo permitir, num outro local, tratarei de
“protestar” muito mais. Tanto que – caso a colheita corresponda
às expectativas – favas será coisa que não pagarei. Mas disso
darei conta na ocasião.
domingo, 27 de novembro de 2011
Coisas da lavoura
Ao
contrário do que a imagem pode sugerir, não se trata de uma
plantação de garrafões. É, apenas, a forma que encontrei de
preservar as ervilhas, que começam agora a despontar, da gula dos
pardais. Espantalhos e outras artimanhas têm-se revelado incapazes
de atemorizar os pequenos terroristas alados que insistem em saciar o
seu apetite voraz no meu diminuto quintal. A técnica consiste em
cortar ao meio um garrafão de agua, fazer-lhe diversos furos para
permitir a circulação do ar e colocar sobre as plantas
recém-nascidas. Quando começam a surgir as primeiras flores
retira-se a protecção porque, nessa altura, a passarada já não
representa qualquer perigo para as plantas.
Mesmo
com todos estes cuidados a produção não será por aí além. Nem
terá grande peso na redução da minha dependência alimentar face
ao exterior. É antes, digamos, uma forma de me ir habituando a
empobrecer com alguma qualidade. E, também, de contribuir, ainda que de forma modesta,
para o empobrecimento de outros. Pela primeira vez nos últimos dez ou quinze
anos, o meu quintal vai ser integralmente aproveitado para cultivar
alguns produtos hortícolas, e, assim, para além de obter
produtos mais saudáveis, poupar uns trocos. Poucos, obviamente, mas
que a juntar a muitos outros, constituem a minha humilde contribuição
para atingir o novo desígnio nacional. Empobrecer. Empobreçamos,
então.
sábado, 26 de novembro de 2011
Eles não regulam bem...
Hoje
no tradicional mercado dos Sábados, em Estremoz - entre galinhas e
outros galináceos, couves e restantes vegetais, brinhol e outras
iguarias ou velharias e umas quantas modernices – vendiam-se,
também, cartões de crédito. Ignoro se as vendas tiveram êxito, se
revelaram um fracasso ou terão corrido dentro daquilo que eram as
expectativas de quem vende. No entanto, ainda que para os vendedores
– coitados, precisam de se governar como toda a gente – a manhã
tenha corrido bem, não auguro nada de especialmente bom para os
eventuais compradores.
Atendendo
à prática comercial particularmente agressiva – chata, até –
dos promotores destes produtos, não me parece adequado permitir a
sua actuação em plena via pública. Nem toda a gente consegue
contrariar a sua insistência e – às vezes é necessário –
olhá-los nos olhos e dizer-lhes que não queremos ser incomodados. É
que não vale a pena lamentar que as pessoas passem dificuldades por
causa desses malandros dos bancos e, simultaneamente, permitir que
eles andem por aí a semear crédito fácil. Um pouco de regulação,
neste caso, era capaz de não fazer mal a ninguém.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Oportunidades. Ou oportunistas, sei lá.
Isto
da crise tem um lado bom. Ou, se calhar, até mais do que um. Faz,
por exemplo, despertar o empreendedor que existe escondido em cada
cidadão e estimula ainda mais o espírito de iniciativa dos que têm
mais olho para o negócio. Até mesmo em Estremoz e no Alentejo em
geral, onde tradicionalmente por factores da mais variada ordem que
agora não vêm ao caso existe uma menor capacidade de iniciativa,
já vão surgindo pessoas a investir em pequenos negócios –
esquemas, vá – capazes de proporcionar uma rentabilidade bastante
interessante.
Foi
o caso com que me deparei na última edição de um jornal local –
o Brados do Alentejo – onde um anúncio, também colocado em
diversos sites na Internet, se propõe ensinar “como ganhar
dinheiro trabalhando em casa”. Muito dinheiro. Para mais de “dois
mil e quinhentos euros mensais”. Melhor ainda, de uma maneira
“fácil e agradável”. Provavelmente tratar-se-à daquele
fantástico negócio de dobrar circulares e introduzi-las em
envelopes. Coisa para dar uns cobres ao anunciante – investidor,
digamos – caso muitos parvos caiam na esparrela.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Greve quase geral
Apesar
de sobejarem motivos de indignação perante o actual estado de
coisas, não vou fazer greve amanhã. Não estou disponível para
contribuir com um dia de ordenado para o governo - o que, admito,
levará o ministro das finanças a desejar uma significativa adesão
da parte da função pública – nem sou, como já escrevi por aqui
variadíssimas vezes, especial apreciador desta forma de luta.
Prefiro o boicote, a sabotagem e outras maneiras mais astutas –
mais sacanas, vá - de contrariar as intenções do governo e que não
envolvam a diminuição do meu pecúlio em favor do Estado, mas
exactamente o contrário.
Embora
isso não me cause especial incomodo, desconfio que entre os
grevistas de amanhã estarão muitos com responsabilidade – que
nisto, como noutras coisas, não há inocentes – por termos chegado
até aqui. Nomeadamente aqueles sindicalistas que, há dezenas de
anos, contribuíram para abarrotar os quadros da função pública. É
verdade que hoje faz-se o mesmo sem ouvir os sindicatos, mas isso não
branqueia a verdadeira mancha vermelha que, por exemplo, alastrou por
quase todas as Câmaras do Alentejo.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
A estranha aranha
O
meu quintal parece exercer um fascínio irresistível sobre a
bicharada. Desde um pato-bravo, o saboroso Barnabé, que o escolheu
para se despenhar, até ao gato maricas da vizinha. Sem esquecer um
coelho que se conseguiu escapulir de uma forma muito mais
espectacular do que qualquer Michael Scofield. Isto para referir
apenas os maiores, porque, com dimensões bastante mais reduzidas, são
inúmeras as formas de vida que escolhem este pequeno pedaço de
terreno para passar parte das suas curtas vidas.
Desta
vez foi esta coisa esquisita. Uma aranha, ao que aparenta. Diferente
de todas as outras que tinha visto antes e que, pela pesquisa de
imagens que fiz na net, não parece muito popular. Nem mesmo para
aracnídeo. Pelo menos a julgar pela falta de fotografias de outras
da sua espécie. Tinha, sensivelmente, o tamanho de uma moeda de um
euro e, quando esmagada derramou uma substância viscosa e amarelada.
De salientar que, até agora, ninguém reclamou o corpo nem a família
apareceu para o funeral.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Jardim iluminado
As
luzinhas da Madeira, aquelas que vão alumiar a vaidade de Alberto
João, estarão prestes a acender. Diz que é próprio do natal e que
sem elas a época não terá tanta piada. Estará, portanto,
desculpado aos olhos de muitos que acharão esta despesa das menos
más quando comparadas com outras que o mesmo personagem tem
protagonizado. Não partilho, obviamente, desta opinião. Os enfeites
natalícios de ruas, praças e largos – pelo menos com a
exuberância e ostentação que se conhecem – são relativamente
recentes, servindo essencialmente para alimentar os egos – quando
não outras coisas – dos seus mentores. Á custa, como é fácil de
calcular, dos bolsos de todos. E, por mais que me tentem convencer do
contrário, em pouco contribuem para a dinamização seja do que for.
A menos, talvez, da carteira do gajo que vende as lâmpadas.
No
actual contexto uma iniciativa deste género mais parece uma
provocação. Queimar largos milhões de euros e não pagar as
dividas, não direi que seja inédito. É, no entanto, uma
irresponsabilidade própria de um nababo que há muito tempo devia
ter sido afastado da proximidade de qualquer local onde exista
dinheiro público. Também por isto sinto-me cada vez mais satisfeito
por não ter colaborado nem com um cêntimo para a campanha
de angariação de donativos organizada na sequência do temporal na
Madeira. Verifico agora que o meu contributo não era necessário.
Afinal dinheiro é coisa que não falta por lá.
domingo, 20 de novembro de 2011
Assalto facturado
Tudo
serve de pretexto para nos irem ao bolso. Vejam-se, por exemplo, as
facturas da água ou da electricidade. São tantas as parcelas
facturadas, a suportar pelo consumidor, que chega a ser difícil
perceber o que efectivamente gastámos em água ou luz e quanto do
que nos é facturado vai para aquilo a que, eufemisticamente, chamam
de taxas, impostos e outros contos do vigário.
Mas
parece que, ainda assim, não chega. É preciso mais. Cada vez mais.
Novas taxas, tarifas, impostos, sobre-taxas e tudo o que a fértil
imaginação da gentalha que manda destas coisas conseguir inventar
irão, num futuro não muito longínquo, juntar-se ao extenso rol do
que todos os meses temos de pagar. Deve ser a isso que chamam
sacrifícios. Só falta dizerem que lhes dói mais a eles do que a
nós...
sábado, 19 de novembro de 2011
Roubalheira!
Pagar
é algo que me desagrada. Quando se trata de impostos, então, nem se
fala. Nomeadamente quando daí não se retira qualquer lógica para
além da mais descarada roubalheira. É o caso dos cinco euros que
este mês me estão a ser cobrados a titulo de imposto de selo pela
utilização do cartão de crédito. Mais uma invenção dos
criativos das finanças – no caso os outros que lá estiveram e dos
quais estes que lá estão agora em nada diferem – encontraram para
nos sacar dinheiro. Os espertalhões arranjaram um esquema manhoso em
que – pasmai – mesmo não tendo qualquer valor em divida e esteja
a decorrer o prazo para o pagamento do extracto mensal, o portador do
cartão de crédito é sempre obrigado a pagar uma percentagem sobre
o valor das compras. Ainda que pague a totalidade dentro do prazo
estabelecido.
Por
alguma razão, que segunda-feira vou tratar de averiguar, apesar da
legislação já ter mais de um ano, este foi o primeiro mês que o
banco de que sou cliente se aproveitou da marosca. O roubo está
legitimado por esta jóia da arte de sacar dinheiro:
“Crédito utilizado sob a forma de conta corrente, descoberto
bancário ou qualquer outra forma em que o prazo de utilização não
seja determinado ou determinável, sobre a média mensal obtida
através da soma dos saldos em dívida apurados diariamente, durante
o mês, divididos por 30”. Portanto
crédito gratuito por cinquenta dias foi coisa que passou à
história. Tal como o meu cartão de crédito. Logo que pague o
extracto deste mês vou entregá-lo ao banco. Não estou para
engordar gulosos.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Despesa, querem eles dizer...
Num prospecto hoje distribuído à porta do meu local de
trabalho, onde se apela à mobilização para a próxima greve geral, consta, entre
outras, uma proposta “não só exequível como absolutamente indispensável” com
contornos assaz curiosos. Propõem os autores do manifesto “a aposta no
investimento produtivo e no investimento público”. Ora, a menos que esteja a
ver mal a coisa, é precisamente por aqui reside o problema. Como se depreende
da construção da frase assume-se desde logo que o investimento público não é
produtivo. E, de facto, não tem sido. Estádios onde ninguém joga à bola, auto
estradas onde não passam automóveis, estradas que vão de nenhures a sítio
nenhum e escolas novas onde não existem crianças, podem constar de um extenso
rol de investimentos públicos, manifestamente improdutivos, que contribuíram
decisivamente para o estado a que chegámos.
Existirão motivos de sobra para apelar à greve. Entre os
quais se incluirão a exigência na aposta em investimento produtivo, seja ele
público ou privado. Ou, também, para exigir a responsabilização daqueles que,
nesta matéria, insistiram em tomar opções que, como saltava à vista de qualquer
iletrado, acabaram por se confirmar ruinosas. E, já agora, porque não igualmente
daqueles que, de uma ou de outra forma, andam por aí a exigir, para além de
investimento produtivo, também investimento público?!
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