Isaltino foi preso e libertado menos de vinte e
quatro horas depois. Não sei, nem isso me interessa muito, se a justiça
procedeu mal quando o prendeu e bem quando o soltou ou vice-versa. O que me entristece,
desgosta e repugna, tudo em simultâneo, é a opinião dos eleitores do seu
concelho. Independentemente do carinho, da estima pessoal ou do apreço em que
até possam ter a sua obra, tentar justificar as suas por enquanto alegadas acções
e aceitá-las como perfeitamente naturais é, pelo menos na minha maneira de ver
as coisas, algo de inaceitável e que me faz ter vergonha de ter nascido no
mesmo planeta que aquela gentalha.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Insensibilidade e falta de bom-senso (ou de senso, apenas)
Não sei o que causa tanta indignação nas
declarações proferidas por um corretor inglês - que afinal, sabe-se agora, não o era - numa entrevista televisiva onde afirmou estar radiante com a actual crise porque, ao que garantiu, lhe está a
permitir auferir elevados proveitos. Qualquer corretor dos verdadeiros, se quisesse ser sincero, diria exactamente a mesma coisa. Não é desonestidade nenhuma e, nesta como em noutras profissões em que tal é possível, ganhar muito dinheiro revela elevada competência
profissional. Pena que a esmagadora maioria diabolize o lucro e dirija a sua
fúria na direcção errada.
Vejamos este pequeníssimo e quase insignificante
exemplo. Numa qualquer localidade, mesmo daquelas onde a maioria dos escassos
habitantes está com os pés para a cova, construiu-se uma piscina, um pavilhão
desportivo onde se podem praticar todas as modalidades e mais algumas, dotou-se
o campo de futebol lá do sítio de um relvado todo janota, fizeram-se estradas que vão de nenhures a lado nenhum e edificaram-se duas
ou três escolas todas catitas e modernaças. Isto apesar de quase não nascerem
crianças lá na terra e de idênticos equipamentos existirem já em todas as localidades vizinhas. Tudo somado é coisa para vinte milhões de euros
financiados a oitenta por cento. O que, para os decisores, se afigura como um
negócio fantástico. Ou soberbo, na opinião dos eleitores inebriados com tanto
dinamismo. Claro que o insignificante pormenor de ainda faltarem quatro milhões
é apenas um miserável detalhe, só invocado pela falta de visão estratégica de
uns quantos parvos. Até porque, como é óbvio, a banca estava mesmo desejosa de
financiar a parte do investimento que os fundos europeus não cobriam. Apesar de,
também ela tal como o país, não ter dinheiro e, por consequência, necessitar de
recorrer aos mercados.
Ora, como é suposto saber-se, estas coisas
pagam-se. E quando alguma coisa se paga alguém ganha alguma coisa. E é aqui que
os tais corretores, insensíveis e gananciosos, entram em acção. Embora, que se saiba, nunca tenham posto os andantes na tal terriola perdida onde já não nascem crianças.
Nem precisam. O melhor é mesmo não aparecerem por lá. Nessa terra – e nas outras
todas também – as pessoas não gostam de quem ganha dinheiro. Apreciam muito
mais quem o gasta.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Premiar a burrice
Contrariando
todos os que já duvidavam da intenção do governo em cortar na despesa, o
executivo anunciou finalmente medidas que visam inverter o caminho do inusitado
despesismo pelo qual o país enveredou nas últimas décadas. Foi hoje anunciado
que, afinal, o prémio de quinhentos euros a atribuir depois de amanhã aos
melhores alunos do ensino secundário já não seria atribuído. Em vez disso o
montante global em causa será destinado ao apoio a alunos carenciados. Mesmo
que burros e se estejam cagando para essa maçada das actividades lectivas. Parece-me
bem. Essa ideia parva de premiar o mérito e a excelência é socialmente injusta,
fascizante, despesista e elitista. Há, pelo contrário, que promover a
solidariedade social, estimular o espírito de partilha e fazer ver aos alunos
que se esforçaram e deram o melhor de si, que será para eles muito mais
gratificante e enriquecedor apoiar, por exemplo, os filhos daquele comerciante
de toda a espécie de coisas, que, coitado, não tem dinheiro para livros,
material escolar e alimentação dos seus meninos. Isto apesar de se deslocar num
veículo topo de gama e de, alegadamente, já ter sido visto mais do que uma vez
a depositar uma invulgar quantidade de notas numa instituição bancária.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Vozes que não chegam muito alto
A julgar
pelas opiniões expressas nas caixas de comentários de alguns sítios onde o
assunto tem vindo a ser abordado, a redução significativa do número de
freguesia agrada claramente a uma imensa maioria de comentadores. São, até, em
número bastante considerável os que acreditam que se devia ter coragem e ir
mais além, aproveitando a ocasião para acabar igualmente com uma quantidade
apreciável de municípios.
Relativamente
a esta temática já aqui deixei a minha opinião e, pelo menos nos tempos mais
próximos, não voltarei ao assunto. Mas, confesso, desagradam-me a esmagadora
dos comentários que acabo de ler. Nomeadamente porque, tenho a certeza, não
haverá igual consenso quando chegarmos à fase determinante do processo. Aquela
em que o legislador vai, preto no branco, escolher as freguesias que deixarão
de o ser. Ou, se for o caso, os municípios a agregar. Aí, acredito, vou ler
opiniões tão convictas das suas certezas como as de agora. E a maioria, não me
devo enganar muito, manifestando um grau de concordância bastante mais reduzido.
domingo, 25 de setembro de 2011
Fitas
É assim, sem
mais pormenores, que é anunciado o filme em exibição naquela sala de cinema. Ficamos,
por isso, sem conhecer dados determinantes como os protagonistas ou o
realizador. Embora, por outro lado, até seja boa esta ausência de detalhes.
Podemos sempre dar largas à imaginação e tentar adivinhar o enredo, o elenco ou
o figurão que dá as ordens.
Pode não ser
coisa para ganhar um Óscar, um Leão de Ouro ou, sequer, merecer uma nomeação
para um qualquer prémio secundário. Não irá, na melhor das hipóteses, além de
uma menção desonrosa. Mas lá que tem um nome sugestivo, isso tem.
sábado, 24 de setembro de 2011
Uma fisga para cada um e não se fala mais nisso
Garantem
muitos que o dinheiro gasto em guerras e armamento chegaria, e ainda sobejava,
para acabar com a fome e a miséria no mundo. Terão, provavelmente, toda a razão.
Acredito que países como o Iraque, Irão, Paquistão, Coreia do Norte ou Índia
estariam num patamar elevadíssimo de desenvolvimento humano se não desviassem
parte significativa dos seus recursos para fins militares. Até mesmo o Afeganistão,
o Sudão ou a Somália não seriam a bosta que se conhece caso o dinheiro
investido na sua islamização e no combate religioso fosse aplicado em coisas
realmente úteis. Ou, aqui mais perto, a ETA aplicasse todos os meios de que
dispõe para ajudar quem precisa – e calculo que haja gente no país basco a
passar mal - em lugar de andar a pôr bombas que, por acaso, matam pessoas que
nada têm a ver com as suas ideias parvas.
Não tenho a
certeza – é, aliás, uma dúvida que me persegue – se será a este dinheiro que a
maioria dos que usam este argumento se referem. Desconfio que não. Parece-me
que estarão antes a pensar na massa que o ocidente rebenta em despesas
militares e que, por qualquer espécie de obrigação moral, alguns consideram que
devia gastar a ajudar os pobrezinhos do resto do mundo. Como se esses pobrezinhos não estourassem em tralha militar, também eles, dinheiro mais do que suficiente para viverem muito melhor. Mas isso sou eu a
especular. É que, ainda sou desse tempo, de vez enquanto vem-me à memória a
história dos mísseis bons e dos mísseis maus.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Noticias do país irreal onde a crise é imaginária
Não faz
parte do currículo do 1º ciclo, ao que julgo saber, nenhuma disciplina que,
pelo menos ao de leve, aborde temas como a economia, gestão ou finanças. E
ainda bem. Mas, pelo menos, quando este tipo de generosidade – e outros, também
– são praticados, deviam vir sempre acompanhados de uma explicação acerca da
origem do dinheiro que permite adquirir os “presentes”, da necessidade de se
substituir na compra de livros a eleitores encarregados de educação que os
podem comprar e, já agora, do prazo que o fornecedor vai ter de esperar para
receber a conta.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
As coisas que eu não sei...
Fez hoje notícia
a alegada e já desmentida intenção do governo em nacionalizar a Santa Casa da
Misericórdias de Lisboa. Apesar de estranho não seria coisa que me
surpreendesse. O que me deixou surpreso, principalmente com o meu nível de
ignorância, foi o facto de, entre os exemplos de equipamentos sociais, ser
mencionada uma tal Herdade do Monte de Cima, situada no concelho de Estremoz.
Será, com toda a certeza, uma falha imperdoável para quem aqui viveu quase toda
a sua vida, mas, verdade verdadinha, nunca ouvi falar da existência de qualquer
equipamento de carácter social propriedade da SCML instalado por estas bandas. Se até da Misericórdia local, assim de
repente, é difícil lembrar a existência de alguma instalação deste género,
quando mais da de Lisboa…
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Cuidai-vos!
Diz que um
velho satélite vai despenhar-se na Terra na próxima sexta-feira. Ou, talvez, um
dia antes. Mas também pode ser um dia depois. Os cientistas ainda não sabem ao
certo. Optam, por isso, pelo incerto. Quanto a mim, que destas coisas de
satélites apenas sei mudar de canal, a culpa pela incerteza das previsões científicas
relativamente à hora – ou pior, ao dia – da sua entrada na atmosfera terrestre
terá a ver com as dimensões do objecto. Mais ou menos as mesmas de um
autocarro.
O local de
aterragem do monte de sucata espacial está já identificado. Será, mais coisa
menos coisa, algures entre o norte do Canadá e o sul do Chile. Nada de
preocupante, portanto. Até porque o obsoleto aparelho irá fragmentar-se e ao solo
apenas chegarão vinte e poucos pedaços de dimensão mais apreciável. Assim como
assim, espero que em termos longitudinais a possibilidade de queda do satélite
se restrinja a uma área bem menor. Apesar de, como salientam os gajos da NASA,
a probabilidade de aquilo cair em cima de alguém ser praticamente remota. Ou residual,
vá. O que, atendendo às circunstâncias e às características do objecto em
queda, não me deixa particularmente tranquilo.
domingo, 18 de setembro de 2011
Dislike
Alberto João
Jardim tem sido, principalmente nos últimos dias, alvo da crítica desabrida da
esmagadora maioria dos portugueses. Dado como exemplo de como não se deve
governar é apontado a dedo como gastador-mor e um dos grandes responsáveis pelo
gigantesco buraco – mais um – nas contas deste desgovernado e ingovernável
país.
Independentemente
das inúmeras tropelias financeiras que o homem tenha, alegadamente, feito
durante a sua já longa governação, não me parece que haja muita gente com
moralidade suficiente para o atacar. Isto, claro, no âmbito estritamente da
gestão financeira da ilha e do endividamento a que conduziu a região. Quem
ataca o governante madeirense que olhe para o todo do país ou, se não se quiser
dar a esse trabalho e ficar pelas coisas mais comezinhas, para a sua autarquia.
Qualquer uma serve. É só escolher entre os trezentos e oito municípios e mais
de quatro mil freguesias. De caminho pense um pouco e, para não criticar apenas
comportamento alheios, ponha a mão na consciência e reflicta se nunca exigiu
nada ao seu autarca, se não se congratulou com aquele fantástico espectáculo do
Carreira, meteu uma cunha para um emprego lá na autarquia ou andou a espalhar
“likes” sempre que é anunciada mais uma obra sem a qual os moradores lá da
terra passavam muitíssimo bem e que, por mais estranho que possa parecer, desequilibra
também ela as contas do Estado.
É fácil
criticar, à posteriori, quando estas coisas vem a público. Aí o gajo que
autorizou é “um malandro”, ”devia ir preso” e “andou-se a amanhar”. O pior é
que muitas vezes fomos nós que exigimos, aplaudimos a sua actuação e, no fim,
quando a factura é apresentada, fazemos de conta que não o conhecemos e que não
é nada connosco. Por isso é bom que se perceba que o descalabro das contas
nacionais, incluindo regiões e autarquias, é culpa de todos. Ou os “likes” nascem
de geração espontânea?!
sábado, 17 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Montra
Alguém, provavelmente um aspirante a
decorador de montras, entendeu decorar esta fonte - que por acaso está seca - com o recheio de um guarda-roupa.
Não sei se a fatiota está ou não fora de moda. Nem, sequer, desconfio se estará
em condições de ser utilizada. Agora que é de um mau gosto assinalável promover
esta exposição de peças de vestuário, disso tenho a certeza.
Neste local é frequente encontrar todo
o tipo de despojos. A zona é maioritariamente habitada por pessoas idosas e não
é raro encontrar por aqui sinais claros de mais uma casa que fica vazia. É por
isso que, perante este cenário, hesito em alargar-me nas piadolas. Quem sabe,
se continuarmos a percorrer este caminho, um destes dias o último pendura a indumentária e já não há ninguém para tirar a fotografia.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Coisas da bloga
Sete anos a escrever em blogues, a
comentar e a ser comentado, dão-me um certo à vontade a lidar com provocações.
Sejam elas feitas on-line ou na vida real. Já perdi a conta aos insultos, às
ameaças de me chegarem a roupa ao pêlo e a reacções mais ou menos intempestivas
acerca de coisas que escrevo com uma intenção e que, espantosamente, alguém encaixa
como ofensa pessoal ou ataque desrespeitoso às suas opiniões. Continuo, no
entanto, sem entender o motivo de tanta susceptibilidade. Principalmente quando
comparada com a fraquíssima capacidade de reagir que a maioria demonstra quando
confrontados a sério – e com coisas sérias – ao vivo e a cores. Parece,
portanto, que muitos de nós apenas nos ofendemos e reagimos de forma desabrida
quando navegamos na internet.
Vem isto a propósito de um comentário
que deixei num blogue, tristonho e desengraçado, onde o seu autor, socrático devoto,
criticava o actual governo por não fazer nada para promover o emprego. Limitei-me,
sarcasticamente, a deixar um comentário interrogando o autor se ficaria
satisfeito com um eventual anúncio de criação de cento e cinquenta mil novos
empregos. Nada de mais nem de ofensivo e incapaz de, em qualquer conversa, provocar
mais do que um sorriso amarelo. Mas que, vá lá saber-se porquê, despoletou a
ira do bloguista em causa e motivou uma reacção pouco cordial que envolveu o
recurso à ofensa pessoal. Não há – senhor Manuel pequenino – necessidade de
tanta irritabilidade. Deixe lá. Nem o
Sócrates lhe agradece nem eu me aborreço com comentários bacocos.
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