segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Isto anda tudo ligado

Pois anda. A prova são as pesquisas verdadeiramente fantásticas - ruinzinhas, vá - que têm trazido, nos últimos dias, alguns leitores até ao Kruzes. 
Tomemos como o exemplo o termo "galpinante". Seja isso o quer for. Embora parta do principio que se trate daquele que galpina, coisa que obviamente também não sei o que é. Repare-se como a pesquisa dessa palavra apontou para a página onde disserto sobre a feira de velharias. Ou como, por coincidência, pouco antes alguém tenha procurado inteirar-se acerca de ajustes directos e, outro alguém, pesquisado informação relativa ao Quim Barreiros. Tudo factos que poderão servir, eventual e alegadamente, para esclarecer melhor o significado de galpinante. Ou não. Porque eu fiquei na mesma. 
"Gajas nuas" continua a ser a expressão mais pesquisada. No entanto "preservativos" tem sido também um termo a motivar alguma procura. Pela análise de uma das imagens que acompanha este texto depreendo que há quem esteja com vontade de ver gajas nuas no Carnaval de Estremoz e, quiçá, tenha esperança de participar na "festa do preservativo". Se é que vai acontecer algo do género, claro. 
O último exemplo de que isto anda tudo ligado, pode ser doloroso. Principalmente para os meus amigos ou leitores sportinguistas. A mim, confesso, deixa-me sem palavras. "Sporting a levar no cú"?! Francamente. Não havia necessidade...

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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Amigos da onça

Kadhafi tem azar com os amigos. De líder carismático o homem passou, quase num ápice, a louco varrido e a constituir uma séria ameaça à paz, à estabilidade, à democracia e a não sei que mais conceitos deveras interessantes. Pelos menos nas palavras daqueles que, durante décadas, encontraram sempre justificações para as tropelias em que foi envolvendo o país que, possivelmente por pouco tempo, ainda governa. 
Poderá, acredito piamente, ser isso tudo. Mas parvo é que o excêntrico ditador líbio não é de certeza. Não deve ser por acaso que Kadhafi aponta o dedo à Al Qaeda como estando na origem destes movimentos, alegadamente espontâneos e populares, que têm ocorridos por todo o mundo árabe. Até porque em matéria de terrorismo o gajo é um perito. A agitação a que temos assistido é perfeitamente organizada e tem uma estratégia bem definida. Colocar no poder regimes islâmicos. Só um anjinho, daqueles mesmo anjolas, não vê. 
Trata-se de uma estratégia perfeita. Qualquer que seja o resultado destas movimentações, tenham ou não sucesso, cheguem ou não ao poder, o objectivo dos islamistas será sempre atingido. Se os "movimentos populares" falharem ou por alguma estranhíssima razão a islamização demorar mais tempo do que o previsto, haverá sempre - já está em curso - mais uma vaga de emigrantes desses países que se deslocarão para a Europa, fazendo crescer ainda mais a influência da politica islamico-fascista no velho continente.
No fundo o azar de Kadhafi é também o nosso. Os amigos que agora o abandonam e apelidam de maluco estão também a lixar-nos a nós. Contrariamente a outras guerras, agora esses amigos não mencionam o petróleo, o poder, a ingerência e mais uma quantas alarvidades que estiveram em voga na deposição de outros ditadores por paragens não muito distantes. A ironia da coisa é que esses amigos vão também, num futuro não muito distante, ser vitimas das suas novas amizades.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Spam pretensamente mobilizador.

Corre pela internet uma missiva, que já devo ter recebido pelo menos umas vinte vezes, apelando a uma gigantesca manifestação - um milhão de manifestantes, propõem os supostos organizadores - em que se pretenderá apelar à demissão de toda a classe politica. Do manifesto que, qual vírus, se tem propagado pelas caixas de correio electrónico constam um conjunto de trinta pretensas medidas que, no dizer do seu - ou seus - autores, salvariam a pátria da tragédia que se avizinha. E, também, adivinha. Ou o contrário. 
Convém que quem nos pretende mobilizar saiba do que está a falar e não cometa erros por completo desconhecimento da realidade. Vejamos algumas "propostas" que revelam a ignorância de quem redigiu o conjunto de alarvidades que me anda a encher as caixas de correio. "Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões de Câmara." Ora sabendo que os vereadores têm direito a uma senha de presença no valor de 2% do ordenado do respectivo Presidente e que este aufere, conforme a dimensão da autarquia, entre 40 a 55% do vencimento do Presidente da República, é só fazer a conta... 
Outra ideia brilhante é "reduzir drasticamente o número de câmaras e assembleias municipais". Suponho, mas isto sou eu a especular, que o autor terá em mente propor que sejam extintas igual número de cada. Sinceramente não entendo a obsessão desta gente com o número de autarquias a extinguir em vez de optar antes pela necessidade da sua existência ou pelo que representam para as respectivas populações. De certeza que será muito mais doloroso, terá consequências bastante mais funestas e representará muito menos em termos financeiros acabar com Municípios como Barrancos, Alandroal ou Castro Marim, do que fechar a Câmara da Amadora, Odivelas ou qualquer umas das muitas que existem na chamada margem sul. Mas disto e doutras coisas não quer esta gente saber. Afinal fazer contas dá muito trabalho.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Estacionamento tuga



Mais um estacionamento tuga. Desta vez em cima de uma passadeira, numa das artérias que circundam o Rossio Marquês de Pombal. Uma zona lindíssima, manchada apenas pelo inenarrável conjunto de barracas onde, inexplicavelmente, a ASAE ainda permite que vendam fruta, hortaliças e outros produtos usados na alimentação humana. 
Como sabem todos os que conhecem Estremoz, a escassos trinta ou quarenta metros existe um imenso largo onde cabe sempre mais um carro. Coisa que, para um tuga desenrascado, constituirá uma distância imensa e que exigirá um dispêndio de energia pouco compatível com a sua noção de conforto. Assim é, sem dúvida, muito mais prático. 
Não é que deseje mal à criatura que tão despreocupadamente arruma a viatura. Mas, há que dizê-lo com toda a frontalidade, era muitíssimo bem multado. Até porque se o país precisa de dinheiro, obtê-lo através de quem não cumpre as leis nem respeita os outros parece-me muito mais justo do que roubá-lo ao ordenado de quem trabalha.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Campo ou cidade?



É em circunstâncias como as que se podem observar nas fotografias que me surgem dúvidas se moro no campo ou na cidade. Afinal não é todos os dias que se pode observar - e fotografar - um rebanho a circular calmamente por uma rua de um qualquer bairro de um aglomerado urbano.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cagada matinal

Este canito, propriedade de uma professora primária aposentada e de seu esposo igualmente a saborear os prazeres da reforma depois de longos anos a trabalhar numa seguradora, é um dos que diariamente faz o seu passeio higiénico, logo de manhãzinha, pela minha rua. Sozinho, já é suficientemente crescido para não se perder, vai cagando por onde muito bem lhe apetece. À minha porta, no meu quintal se o portão não estiver fechado ou noutro qualquer lugar. Hoje - menos mal - foi na espécie de espaço ajardinado que a junta de freguesia vai, ingloriamente, tentando manter limpo.
Desde que publico este blogue têm sido inúmeros os textos onde tenho abordado este tema. Não espero com isto, obviamente, mudar o comportamento de ninguém nem, ainda menos, influenciar qualquer decisão de quem tem algum poder para controlar a negligência dos donos. Nada disso. Mas, mesmo assim, continuarei a insistir e a reclamar contra aqueles que contribuem para sujar a minha terra. Por mais que custe a alguns. Tal como provam os comentários impublicáveis que recebo quando publico um post desta natureza.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Azedume diz ele...

Estou entre aqueles que evidenciam todo o seu azedume face aos números do défice. Não pelos resultados propriamente ditos, como pensa um certo e determinado pateta cujo nome não será aqui mencionado, mas antes por, para a substancial melhoria que se verificou, ter contribuído decisivamente a minha algibeira. A minha e a de muitas outras vitimas. 
É, convenhamos, preciso ser muito parvo para manifestar regozijo pelos valores apurados na execução orçamental de Janeiro. Face à subida brutal de impostos, aos cortes cegos naquilo que são obrigações básicas do Estado e aos artifícios contabilísticos de que se ouve falar, só mesmo um burro admitiria como possível que, mais milhão menos milhão, não se chegasse a valores parecidos com os anunciados. Manifestar satisfação por ver os seus concidadãos esbulhados de parte significativa dos seus rendimentos para pagar as asneiras que cometeu é, para ser simpático, próprio de um mentecapto. 
Não é para me gabar mas conseguia fazer ainda melhor. Eu ou outro idiota qualquer quase tão idiota quanto o idiota que não gosta de azedumes. Reduzia os vencimentos dos funcionários públicos para metade, cobrava-lhes cinquenta por cento de irs sobre a totalidade, aumentava o iva para noventa por cento e proibia as pessoas com mais de cinquenta anos de ir ao médico. Era um tratamento de choque? Sim mas obtinha exactamente os mesmos resultados que aquela gentinha pretende. Só que uns anos antes e poupava muita gente a uma morte lenta e dolorosa.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Vara, o dinâmico.

As noticias, ontem amplamente difundidas, que davam conta de uma intempestiva entrada de Armando Vara no gabinete de uma médica, num Centro de Saúde de Lisboa, com a finalidade de obter um atestado médico são, entre outras coisas, mais um ataque ao actual PS - quiçá, até, ao primeiro ministro - e indiciadoras de mais uma campanha negra visando caluniar e desprestigiar uma conceituada figura pública. Mesmo que o homem não tenha aguardado, como os outros pacientes, pacientemente a sua vez de ser atendido. O que, vendo a coisa pelo lado positivo, não revela má educação, como sugerem a peça jornalística e a directora do serviço, mas apenas impaciência. Ou, como preferem José Sócrates e os lambe-botas de serviço, um saudável dinamismo. 
Irromper hospitais e centros de saúde adentro, sem respeitar filas de espera e outras normas vigentes nesses locais, acontece todos os dias. Veja-se o caso dos ciganos. Quem não assistiu já a cenas semelhantes protagonizadas por esses cidadãos? Apenas quem nunca, para felicidade sua, necessitou de recorrer aos serviços públicos de saúde. Mas com isso, a TVI e outros orgãos de comunicação que criticam o comportamento do ex-ministro, nunca se preocuparam. Era, se calhar, politicamente pouco correcto relatar os constantes desacatos que essa malta provoca ou mencionar o tratamento vip de que gozam só para o pessoal hospitalar os ver pelas costas. 
O politico socialista em causa não terá, ao que se sabe, ameaçado bater ou dar tiros a ninguém, nem recorrer a outras formas de violência já vistas por sítios como aquele. Não foi agressivo para com os outros utentes, pelo contrário até os terá cumprimentado de forma cordata e pacifica, e não causou qualquer espécie de distúrbio. Não se percebe, por isso, o tratamento diferenciado, comparativamente aos ciganos, de que está a ser alvo por parte dos jornalistas. Questiono-me - com uma certa inquietação, diga-se - acerca do que haverá de diferente entre Armando Vara e um cidadão de etnia cigana. Nada, parece-me.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O dever acima de tudo

Por aquilo que transparece das suas aparições nos orgãos de comunicação social, o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, não aparenta ser uma daquelas pessoas que cativa facilmente as audiências. O tom desabrido em que se expressa, o ar de "quem toda a gente lhe deve e ninguém lhe paga" e uma tendência incontrolável para a peixeirada, não farão dele alguém muito popular entre os que o ouvem. O homem tem, no entanto, um frontalidade a toda a prova e uma invulgar capacidade de transformar conversas de taberneiro ou taxista num discurso que as elites, por mais desagrado que lhes cause, são forçadas a ouvir. 
Para o bastonário, em declarações divulgadas hoje, os tribunais portugueses estão transformados num "paraíso para caloteiros e num inferno para os credores" e que essa circunstância constitui a causa principal para que os cidadãos se afastem da Justiça. Não será grande a novidade. Nem, tão pouco, seja coisa que motive o ministro do sector ou o governo no seu conjunto a tomar qualquer espécie de medida. Até porque todos os sinais, desde há largos anos a esta parte, tem sido no sentido de proteger quem não tenciona pagar as dividas contraídas. Instituiu-se uma cultura de impunidade para a qual não se vislumbra uma saída. Actualmente apenas quem é parvo paga aquilo que deve ou a que se compromete e, caso queira esquivar-se ao seu cumprimento, goza da protecção de todo o sistema legal. 
Trata-se de um fenómeno que atravessa transversalmente toda a sociedade e que já deixou de constituir vergonha e humilhação pública como acontecia há poucas décadas atrás. Veja-se o caso de certos figurões que nem sequer se coíbem de ameaçar processar aqueles a quem ferram o cão quando as vitimas da sua irresponsabilidade ganham coragem e têm a ousadia - gente de uma desfaçatez inqualificável - de reclamar aquilo que é seu. Não tardará que coisas destas venham a ser resolvidas de outra maneira. Muito mais rápida e, também, mas eficaz. Enquanto isso não acontece vão-se informando por aqui.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Corrida ao subsidio

O facto de existirem num só concelho cerca de quarenta associações de caracter desportivo pode constituir um sinal de vitalidade do movimento associativo e um assinalável entusiasmo dos seus habitantes pela prática desportiva. Mais extraordinário ainda se, nesse concelho, não residirem mais do que quinze mil pessoas. A maioria, para aí uns sessenta por cento, idosos. 
A que se deverá, então, a proliferação de "clubes" e "associações" alegadamente dedicadas à prática de actividades desportivas? Não se sabe ao certo mas, se excluirmos as instituições mais tradicionais e com um presente e um passado que falam por si, pode-se suspeitar de muita coisa. Nomeadamente que se tratam apenas de grupos de amigos, negócios de família e esquemas diversos para obter o subsidiozito da praxe. Todos desenvolverão, naturalmente, actividades meritórias e de elevado interesse público. Sejam elas quais forem. Mas lá que são muitos, isso são.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Indigentes, exigentes e outros pingentes

Recessão e desemprego a nível nunca visto por estas paragens são realidades incontornáveis num país à beira do colapso. Não constituem, no entanto, novidade face às medidas alegadamente de controlo da despesa com que o governo nos resolveu presentear. Surpresa seria se a situação apresentasse contornos significativamente diferentes. De resto nem se compreende a relutância de governo, apaniguados e dependentes do regime em aceitar estes factos. 
O que, pelo menos para mim, é mais difícil de compreender é o comportamento dos portugueses face ao momento que vivemos. Principalmente daqueles que têm a responsabilidade de gerir dinheiro que não lhes pertence e dos que, não a tendo, não exigem rigor redobrado aos que o gerem. Esforço-me por acreditar que não vivo num país de loucos, mas todos os que aplaudem, exigem ou simplesmente sugerem novas e cada vez mais rebuscadas formas de esbanjamento dos recursos que não temos, encarregam-se de me provar o contrário. 
Apesar da penúria em que vivem os cofres públicos, é impressionante a maneira como a sociedade em geral continua a insistir e a pressionar para que estes despendam cada vez mais e mais recursos a financiar tudo e mais alguma coisa. Desde que não seja para pagar ordenados a esses mandriões dos funcionários públicos, tudo parece ter justificação e merecer o aplauso de uma imensa mole de ignorantes, parvos e bestas diversas.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Não aconteceu...ainda.

O medo está instalado entre os mais velhos. Nomeadamente naqueles que vivem sozinhos. Como se a crise, as baixas reformas, a solidão e as maleitas associadas ao avançar da idade não constituíssem já motivo bastante para preocupações, os acontecimentos dos últimos dias têm deixado muitos idosos à beira de um ataque de nervos. E o caso não é para menos. De repente toda a gente começou a dar conta do sumiço de um vizinho detestável, daqueles que normalmente se deseja que vão morrer longe, e vá de chamar a policia, os bombeiros ou outras pessoas com jeito para arrombar portas e janelas, no intuito de se certificarem que o velhote se encontra no recesso do seu lar. 
Não sei se já terá ou não ocorrido - mas se não ocorreu não tardará a ocorrer - uma situação em que alguém saia de casa sem dizer água vai, de resto não é obrigado a fazê-lo, com o intuito de passar uma temporada em casa dos filhos, de amigos, conhecidos ou de alguma amante e, no regresso, se depare com a porta deitada abaixo ou alguma janela estilhaçada por uma legião de vizinhos intrigados com a sua ausência. Aliás esse pode muito bem passar a ser o álibi para qualquer amigo do alheio que revolva introduzir-se numa residência. Se apanhado pela policia, pode sempre argumentar que se foi apenas inteirar se o morador - de preferência idoso - se encontrava vivo e bem de saúde. 
Nem tudo, neste campo, são más noticias. Terá sido, finalmente, encontrada uma idosa viva na sua própria casa. Aguardam-se, com expectativa, que sejam reveladas as razões para tão macabro achado.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Invejosos!

Interrogo-me acerca do que poderá motivar uns quantos portugueses a vir para a rua manifestar-se contra o primeiro-ministro de outro país. Ao que consta, a Itália - é contra Berlusconi que protestam - não pretende invadir nenhuma outra nação, tão pouco tenciona declarar guerra a quem quer que seja e, tanto quanto se sabe, nem sequer decretou qualquer espécie de boicote aos produtos que exportamos. O que, certamente, deixaria o nosso primeiro profundamente irritado mas não causaria preocupações de maior aos manifestantes. A inquietação desta malta é, pasme-se, com as actividades alegadamente libertinas a que se dedicará o chefe do governo italiano. 
O homem, apesar da idade avançada, será, ao que dão conta algumas noticias, danado para a brincadeira. Terá múltiplas amantes, recorrerá aos serviços de prostitutas e dedicar-se-á a práticas pouco próprias para a sua idade. O que, parece, está a indignar alguns. Ou a causar inveja, quiçá. Desconfio, no entanto, que se o gajo fosse paneleiro o pessoal que anda por aí a protestar nem piava.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O importante é proteger a privacidade dos vigaristas

Quando, por tudo e por nada, se levantam questões relacionadas com a privacidade e com a divulgação dos dados pessoais de cada um, não deixa de ser espantosa a facilidade com que se expõem fotografias e disponibilizam informações pessoais na Internet colocando-as à disposição e ao alcance de qualquer um. Bem intencionado ou não. 
Por outro lado, quando é o Estado que pretende ter acesso a coisas tão banais como, por exemplo, saber que rendimentos aufere cada cidadão para aferir se deve ou não ter acesso a benefícios sociais ou quanto deve pagar de impostos, levanta-se toda uma panóplia de questões acerca da protecção da privacidade no sentido de evitar aquilo a que alguns chamam devassa da vida privada. Como se o Estado, todos nós portanto, apenas tivesse obrigação de distribuir o que uns quantos pagam sem se preocupar se aqueles que recebem necessitam ou não. 
Infelizmente o controlo peca, ainda, por escasso. Desde o inicio do ano que para ter acesso às prestações sociais é necessário, para além de estar abaixo de determinados montantes a nível remuneratório, permitir que a Segurança Social tenha conhecimento dos valores das contas bancárias dos beneficiários. O que é manifestamente insuficiente. Quando um, ou mesmo os dois, membros do casal trabalha por conta própria não há qualquer espécie de controlo sobre os seu rendimentos, o que permite a essa gente continuar a receber as prestações sociais como vinha acontecendo. 
Estes burlões, que todos conhecemos, vão continuar a rir-se de nós. Os parvos que não conseguimos esconder um cêntimo do que ganhamos. E vão também continuar a bradar pela privacidade. A tal que vai permitindo que saquem os recursos para os quais não contribuem. Confesso que me apetece escrever por aqui uma dúzia de nomes. Mas, descansem vigaristas, não o vou fazer. Isso seria violar a vossa privacidadezinha.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Contestatários

Nos dias que se seguiram ao vinte cinco de Abril de setenta e quatro, “Nem mais um soldado para as colónias” era uma palavra de ordem que se berrava nas manifestações que, então, se realizavam quase diariamente por todo o país e que, simultaneamente, se pintava nas paredes de vilas e cidades. Manifestar-se e pintar paredes eram, naqueles tempos conturbados, actividades prazenteiras e que agradavam ao pessoal. 
Depois disso houve ténues tentativas de contestar o serviço militar obrigatório em que foram usadas frases como “Não quero ir à máquina zero”, “Tropa não” e outras onde se manifestava uma certa irritabilidade perante a obrigação de "assentar praça". Não levaram a lado nenhum, é verdade, mas sempre iam animando o pagode mais contestatário. Porque, como se sabe, o fim da tropa obrigatória apenas aconteceu quando Paulo Portas foi ministro da Defesa de um célebre governo que foi demitido porque o Presidente de então, Jorge Sampaio, se cortou ao fazer a barba. 
O fim das "crianças soldados" é, também, uma boa causa. Embora, por se tratar de uma realidade distante, pouco mobilizadora. Mas, ainda assim, lixada. A mensagem também não ajuda. É fraquinha. Os mentores da ideia podiam, por exemplo, ter optado por pendurar as mãos com o dedo médio espetado. A fazer o característico gesto obsceno. É o que merece essa malta das guerras. Não que eles se importassem, mas tinha mais piada. Tal como está parece uma ornamentação manhosa a embelezar o coreto decrépito. Sem êxito, diga-se.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Opções parvas

O caso da velhota encontrada morta na sua residência, quase nove anos depois de uma vizinha ter dado conta do seu desaparecimento, despoletou na comunicação social um inusitado interesse pela situação em que vivem muitos idosos. Têm-se sucedido os opinadores de serviço, cada um a cagar a sua estaca, colocando quase todos especial ênfase na falta de solidariedade entre vizinhos, no desprezo que os familiares nutrem pelos seus parentes mais velhos e numa sociedade cada vez mais envelhecida onde escasseiam jovens e abundam idosos. 
Terão, com certeza, alguma razão. Pena que se fiquem por um diagnóstico simplista do problema. Não vejo apontar o dedo a um modelo de organização do trabalho que exige cada vez mais a quem trabalha, ao Estado que se demite do apoio à terceira idade, a muitas instituições ditas de apoio social mas que se preocupam muito mais com os apoios que podem angariar para si próprias do que com os que deviam prestar nem, por último mas mais importante, a um modo de vida que inverteu todos os valores. 
Nos últimos anos anos o Estado entendeu promover o aborto em lugar de fomentar a natalidade ou cuidar da saúde dos que mais precisam. Tem recursos para fazer, gratuitamente, interrupções voluntárias da gravidez a todas as mulheres que o desejem, mas não possui dinheiro para pagar abonos de família ou o transporte de doentes. Garante um rendimento mensal a quem não quer trabalhar, mas é incapaz de assegurar um lugar onde quem trabalhou toda a vida possa passar, tranquila e devidamente acompanhado, os últimos dias. 
Situações como a agora conhecida irão, seguramente, multiplicar-se. Constitui uma fatalidade a que será impossível escapar. Trata-se, tão só, de colher os frutos dos comportamentos que temos andado a semear. Em lugar de filhos optamos por ter cães, as poupanças para as contingências da velhice são gastas com automóveis ou naquela viagem de sonho e aplaudimos quando a autarquia lá sitio opta por construir um centro de acolhimento a extra-terrestres* quando devia construir lares de idosos. Temos, portanto, o que merecemos. 

* Substituir por outra obra, igualmente parva, entre as muitas obras parvas que as autarquias promovem.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Estacionamento tuga

Prevaricar dá, ao tuga, um especial gozo. Principalmente quando entre as mãos tem um volante. Sente-se, nessas circunstâncias, como um verdadeiro inimputável. Só isso justificará alguns comportamento a que diariamente se assiste nas ruas das nossas cidades e nas estradas do país. 
Veja-se o caso da foto. Nesta rua é permitido estacionar em, aproximadamente, setenta e cinco por cento do seu comprimento. Pois onde é que o tuga vai deixar o carrinho? Precisamente no sitio onde a sinalização não permite e a ocupação da faixa de rodagem prejudica o normal fluxo de transito. Nomeadamente a entrada nas Portas a veículos de maiores dimensões. Que o digam condutores e passageiros dos autocarros, obrigados a esperar que o tuga se digne a mover o tugamóbil para outro lugar. 
Como se pode apreciar, não é por falta de regulação que as coisas não correm nada bem por aqui em matéria de trânsito. Se calhar o mal também não estará na fiscalização porque, como está fácil de ver, não pode haver policias em todas as ruas o tempo todo. Provavelmente o problema será apenas a ausência de um qualquer Sandokan...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Kruzes kanhoto!

"La bolsa del miserable llega el diablo y la abre" é um dito popular espanhol cujo significado não é difícil de entender. Deparei-me com ele no sábado passado, em Estremoz, e estava - provavelmente ainda estará, a menos que se tenha quebrado - inscrito num prato que se encontrava à venda numa banca da feira de velharias. 
Como sempre é Belzebu a carregar com a culpa. Coitado. Chego, confesso, a ter pena do Mafarrico. Há por aí muito pior. Daqueles que são o Diabo em figura de gente. Assim, de repente, estou a lembrar-me de outro nome a quem incriminar pelo assalto à minha bolsa. 
E por falar em espoliação recordo que, no último vencimento, já não recebi o abono de família. Cinquenta e três e euros. Começa, portanto, a ser tempo de exigir explicações. Ou o país melhorou a sua situação financeira - pelo menos neste montante - ou então alguém se está a apropriar do que é meu. A gamar, como é fácil de ver. E não é o Chifrudo. Ou então é.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Fumaça ao lusco-fusco

Até ao momento não foram ainda divulgadas as causas que motivaram a intensa fumarola que se elevava ontem, ao final da tarde, num bairro periférico da cidade. Enquanto as autoridades competentes - ou, até mesmo, as incompetentes - não revelam os resultados da investigação que terão levado a cabo, toda a especulação acerca do ocorrido é legitima. 
Especulemos então. Dada a hora da ocorrência, o lusco-fusco, é provável que se tratasse de um churrasco. As febras estavam em promoção no Modelo e da cerveja de lata, na dita superfície comercial, praticamente apenas restavam as embalagens de cartão. A escassez de carrinhos de compras, usados vulgarmente como grelhas para suportar a carne sobre as brasas, pode igualmente ser considerado um indicio que nas redondezas estaria a ocorrer um festim gastronómico. 
Podia, em alternativa, tratar-se apenas de um fogaréu destinado a aquecer os habitantes. O tempo tem estado a atirar para o fresco e as mudanças de temperatura são uma coisa lixada. Capazes de deitar um gajo abaixo. Ou uma gaja. Convém, portanto, aquecer o exterior para não estranhar quando se sai à rua abandonando o conforto do ar condicionado. Chato apenas o pivete a borracha queimada que se entranha pelas ventas, mas a malta está habituada.
Pouco plausível, quase até de descartar, a hipótese avançada por algumas línguas mais viperinas que sugerem poder tratar-se de algo relativamente pouco licito. Assim do género de queimar objectos que incorporam elevado teor de materiais pouco nobres e ainda menos rentáveis. Itens, chamemos-lhe assim, que se encontram por aí ao Deus dará e mesmo a pedir que alguém lhes deite a mão.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A menos que seja criminoso ter direitos é (quase) um crime...

Ultimamente apareceram na imprensa e blogues de opinião prosas, quase tão brilhantes quanto os seus ofuscantes autores, em que se pretende incriminar as gerações que hoje têm quarenta, cinquenta ou sessenta anos, pelas dificuldades sentidas pelas gerações seguintes. Nomeadamente as que hoje estão na casa dos vinte e trinta anos. Segundo o luminoso pensamento, terão os primeiros todas as comodidades e privilégios enquanto os últimos, coitados, vitimas do desvario de pais e avós, viverão condenados a pagar o bem estar e o conforto dos que os antecederam. 
Seria de bom tom - e de algum rigor intelectual, também - que essa gente que assim disserta explicasse a quem se está a referir. Se é à geração de políticos que vive à conta do Estado - seja pela via de reformas, tachos diversos ou promoção conseguida através de desempenho de cargos públicos - então estaremos de acordo. O mesmo não acontece se, no grupo dos segundos - os tais desgraçados - não incluir as carinhas larocas sub-quarenta que têm lugar nas diversas bancadas do parlamento e todos os Ruis Pedros Soares desta vida. 
As desigualdades gritantes a que assistimos, parece-me por demais óbvio, têm muito pouco a ver com a idade dos portugueses. Os factores que as originam são outros e pretender associa-los a direitos básicos é de uma indigência mental que até mete dó. Curiosamente a culpa nunca é apontada por estes badamecos à corrupção, à economia paralela ou a um patronato bronco, incapaz, incompetente e praticamente iletrado. Se calhar, digo eu, coisas em que gente que assim analisa se reconhece.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O cu e a estratégia politica

Com mais ou com menos deputados, em democracia, os parlamentos nacionais são instituições respeitáveis e que, por consequência, devem ser respeitados. O mesmo se aplica aos governos. Aqui ou nos países que ficam três dias para lá do sol-posto. Pena é que, nem cá nem lá, se dêem ao respeito. Não seria com certeza pedir demais, nem constituiria exigência de maior, que deputados e governantes ocupassem o seu tempo a tratar de coisas sérias. 
A seriedade parece, contudo, ser algo inconciliável com a função. Por cá, os nossos representantes passaram semanas entretidos a discutir a possibilidade legal da realização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Num longínquo país dos confins do continente africano, governo e parlamento, estudam aturadamente a hipótese de criminalizar a flatulência em público. Num e noutro caso o cu aparenta ser o cerne da questão. O que não admira. Ou não fossem os políticos, em todos os lugares do mundo, verdadeiras cagaitas. Daquelas que se agarram a qualquer coisa, por mais fina que seja, para evitar que sejam removidas.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Travessuras

Se para alguma coisa serviram as últimas eleições foi para nos tentarem convencer que um dos candidatos, até agora agora tido como sério e honesto, não passaria de um maroto. Um mariola da pior espécie, mesmo. Um gabirú conforme o caracterizou, num momento de rara sagacidade, um analista politico da nossa praça, entre um bagaço no quiosque decrépito e um jogo da malha ali no Rossio. 
Foi graças ao pretérito acto eleitoral que ficámos a saber que não podemos confiar num homem que compra e vende acções, que troca uma propriedade por outra e, desconfia-se, ainda é gajo para ter trocado algum electrodoméstico mais problemático com recurso ao cartão de fidelização de uma loja estrangeira. 
O que não se sabia, nem desconfiava, é que o senhor em causa terá igualmente trocado um beco mal-afamado por uma travessa. E não foi por uma daquelas, apanhadas no lixo ou roubadas a um qualquer espólio doméstico, que os ciganos vendem a preços exorbitantes aos tios e tias de Lisboa no mercado das velharias aos Sábados de manhã. Nada disso. É daquelas à séria onde já não mora ninguém e as casas estão todas à venda.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mas ninguém sabe fazer contas?!

O actual Partido Socialista parece estar, finalmente, inclinado para admitir a hipótese de proceder à reforma administrativa do país. Que é como quem diz extinguir uns quantos municípios e freguesias. Esta ideia está a entusiasmar uma legião de comentadores, na internet e fora dela, que têm debitado as mais variadas alarvidades acerca do que deve ser extinto, das inúmeras vantagens que isso comporta e da imensa poupança que isso vai representar para as contas nacionais. Mais do que reorganizar seja o que for é de reduzir custos que se trata, portanto. Pelo menos é por aí que a discussão está a começar. 
Os pequenos municípios do interior são o principal alvo dos que manifestam opinião acerca deste assunto. Argumentos não lhes faltam. Curiosamente ou talvez não, ninguém, mas mesmo ninguém, questiona a existência de dezasseis municípios no distrito de Lisboa, dezoito no distrito do Porto e, pasme-se, nove (!!) naquilo a que vulgarmente se chama "margem sul". Alguns de dimensões minúsculas e quase ridículas mas com um aparelho "administrativo-politico-empresarial" de proporções gigantescas e cuja extinção representaria, de facto, uma poupança de recursos assinável. Coisa para valer, cada um deles, por duzentos ou trezentos Barrancos. Por ano.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Contenção que ainda é capaz de acabar com tensão

Verdade verdadinha que gostava de comungar do positivismo exacerbado e da infinita esperança num futuro radioso que emana das hostes socialistas. Ficaria deveras agradado se, tal como esses optimistas inveterados adoradores do ainda líder do actual PS, fosse capaz de descortinar mais do que um país, qual navio sem rumo, a navegar à vista, prestes a afundar, tomado de assalto e governado por um bando de piratas doidos. E histéricos a maioria deles. 
Deste rótulo não excluo nenhum nível de governo. Desde o central até à mais pequena junta de freguesia. Que, por acaso, é aqui perto e, se calhar, até é bem gerida, diga-se. Depois de terem andado a despejar rios do dinheiro que não tínhamos em cima de uma crise onde, argumentavam para justificar tão parva estratégia, o importante era ajudar a economia veio outra crise - que por acaso até era a mesma - e desataram a cortar a torto e a direito - mais o primeiro que o segundo - com a justificação que é necessário poupar e rentabilizar os recursos que, afinal, são escassos. 
Nessa altura, a exemplo do governo, não houve autarquia que não elaborasse o seu plano anti-crise. Muita despesa, muito apoio a tudo e mais alguma coisa, que no apoiar é que está o ganho e as eleições eram logo a seguir. Volvidos poucos meses e uns quantos actos eleitorais, a história repete-se. Mas ao contrário. Multiplicam-se os planos de contenção de custos e as despesas são seleccionadas criteriosamente. Ou quase. O governo corta na saúde, no abono de família e aumenta todo o tipo de taxas e impostos. As autarquias isentam ou reduzem os preços dos bens e serviços que vendem ou prestam aos seus munícipes, aumentam as comparticipações financeiras a associações e eleitores e, qual cereja em cima do bolo, apoiam os agregados familiares em situação de insolvência. Os tais que estouraram todos os limites de crédito, que não pagam um chavo das dividas que contraíram, se pavoneiam como se fossem gente importante e que deixaram outras famílias a arder com as dividas que não pagaram. Parece-me justo!