sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Fome, fomeca, larica ou já marchava qualquer coisinha...


A emissão da manhã da rádio Antena Um tem estado a ser dedicada à pobreza, ao empobrecimento e, de uma forma geral, a dar voz a situações de algum dramatismo que envolvem as novas condições de vida dos portugueses. Foram muitos os relatos de quem perdeu quase tudo – a casa, o emprego e a qualidade de vida anteriormente desfrutada – e que agora é colocado perante alternativas com que, de forma alguma, esperava vir a deparar-se. Ou, pior ainda, a falta delas.
Verdade que cada situação será sempre diferente e que cada individuo lá “sabe as linhas com que se cose”. Há no entanto alguns relatos que me deixam de pé atrás. É o caso descrito por um desempregado, alegadamente a receber mil e cem euros de subsidio de desemprego, com dois filhos que também não trabalham – provavelmente estudam – recebendo a esposa seiscentos e cinquenta euros provenientes de um emprego num call-center. Cerca de mil e oitocentos euros seriam, segundo o próprio, o rendimento total da família. Um valor que, acrescentava, insignificante e que em breve o faria regressar para casa da mãe pois, garantia, estaria a passar fome. Finalizou a sua história afiançando que com aquele montante era impossível dar de comer a quatro pessoas e que o seu desespero ainda era capaz de o levar a alguma loucura.
Nada na actual situação me surpreende. Não sou bruxo, adivinho, nem tenho qualquer tipo de poderes que me permitam antecipar o futuro. Contudo, nada do que se está a passar era difícil de prever. Estava, aliás, mesmo a ver-se que era no que ia dar. Como quem tiver a paciência de ler o que aqui escrevo desde 2005 poderá atestar. O que ainda me vai aborrecendo são historietas como a que acima referi. O homem viverá, não duvido, uma situação lixada e que poucos invejarão. No entanto, convenhamos, mil e oitocentos euros é um montante de que muitíssimos portugueses, ainda que empregados, não dispõem mensalmente para viver. E não passam fome, pagam a renda ou a prestação da casa, os estudos dos filhos e alguns, pasme-se, até vão de férias. Se calhar, mas isto cada um sabe de si, o senhor terá sido dos que andou a viver com as possibilidades que tinha e que agora insiste em viver da mesma maneira com as possibilidades que não tem. Isso é lá com ele. Não precisa é de vir chatear com o seu “problema”.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Luzinhas milagreiras


Ainda não vai assim tão distante o tempo em que o país desbaratava euros aos milhões a iluminar festivamente os centros das cidades, nomeadamente nas áreas de maior concentração de estabelecimentos comerciais, por ocasião da quadra natalícia. Hoje os gastos em luzinhas de Natal estão muito mais comedidos e aqueles que continuam a insistir neste esbanjamento de dinheiro são já um número muitíssimo menor por comparação ao que ocorria há dois ou três anos. Ainda assim, uma meia-dúzia de esbanjadores de dinheiro dos outros continua a fazer a mesma vidinha e a esturrar, impunemente, os recursos que não temos ou que podiam ser usados em coisas realmente úteis.
Os argumentos em defesa das iluminações de Natal – as das ruas, claro – são absolutamente fantásticos. Há quem acredite que isso fará com que as pessoas comprem mais no pequeno comércio e ajudem a dinamizar a economia da sua terrinha. Ainda que não tenham dinheiro. Deve ser uma espécie de milagre. Assim do género da multiplicação dos pães dos tempos modernos, que faz aumentar o número de notas na carteira dos cidadãos que por elas forem iluminados. Cada um acredita no que quer. Não tem é o direito, pelo menos moral, de o fazer à nossa conta. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Coisas do diabo


A capa da última edição do semanário “O Diabo” revela - como se fosse necessário fazê-lo, porque quase toda a gente sabe – mais uma maneira como é esturrado em Portugal o dinheiro que não temos. Os valores apresentados, saliente-se, são apenas para o artista em causa. Agora imagine-se o resto. O quanto se derrete neste permanente “sempre em festa” em que vivemos. Depois, quando a conta é apresentada, andamos por aí a dizer mal da Merkel, da troika e a atirar pedras à policia. Enquanto isso os verdadeiros culpados desta tragédia vão-nos enganando. Com festas e bolos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Défice de educação




Não aprecio as piadas de alentejanos. Muito menos aquelas que nos apresentam como mandriões, sem vontade nenhuma de nos mexermos e, como se não fossemos portugueses como os demais, portadores de uma parvoíce sem limites. Digamos que se muitas dessas piadolas palermas tivessem como protagonista um paneleiro, um cigano ou um preto desconfio que quem as contasse teria de certeza problemas com a justiça porque alguém havia de descobrir ali um comportamento xenófobo, racista e intoleravelmente discriminatório.
Ao deparar-me com imagens como esta – acontecem em qualquer ponto do país, diga-se – admito que alguns alentejanos e os portugueses em geral se enquadram no estereótipo do preguiçoso, ignorante e parvo. De facto é preciso reunir estas três condições para não mexer o cú dez metros mais para o lado e depositar os garrafões de plástico ou as caixas de cartão no local que lhes está destinado. Isto custa-nos dinheiro. A todos. Mas eles não sabem ou não se importam. São burros.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Manifestem-se contra o despesismo, porra!


A CGTP vai amanhã promover mais uma manifestação frente à Assembleia da República. Não está em causa a legitimidade do ajuntamento. Nem, ainda menos, o justeza dos motivos que levam a organização sindical a convocá-lo. O que me aborrece é o desinteresse desta malta perante o contínuo esbanjar de dinheiros públicos que, apesar da dita austeridade, continuamos a ver delapidar. Como se a conta não fosse para nos ser apresentada num futuro mais próximo do que muitos supõem.
Amanhã, ou muito me engano, assistir-se-à a um desfile de autocarros de câmaras municipais e juntas de freguesia em direcção a Lisboa. A maioria, provavelmente, colocados à disposição dos trabalhadores que, certamente por conta de um dia de férias ou com perda de um dia de salário, se vão manifestar. Não estarão em causa - a serem suportados pelo erário público – valores significativos. O BPN, só para usar o argumento que actualmente serve para justificar todos os disparates que se continuam a cometer, é bem mais criticável. O pior é que o conjunto de pequenas insignificâncias, contra as quais este pessoal não se insurge, representam vários BPN's. Mas contra isso ninguém se manifesta. Vá lá saber-se porquê.

domingo, 25 de novembro de 2012

Deve ser a isto que chamam refundar o Estado


Dizia um destes dias um individuo, deputado ou merda que o valha, que o país não pode manter o actual número de funcionários públicos. Até porque, justificava, agora existem computadores e uma infindável panóplia de meios técnicos ao dispor dos cidadãos que os aproximam muito mais da administração e que, pretenderá a besta, se pode por isso dispensar o trabalho de muita gente. Um pequeno pormenor terá escapado ao animal. Ou então não escapou e o bói estará é a querer enrolar os mais ingénuos. É que, caso o idiota não saiba, as admissões de pessoal não pararam desde que a informática se generalizou na administração pública. Pelo contrário. Nos últimos dez ou quinze anos teremos assistido à entrada de cem ou duzentos mil novos funcionários. A mesma quantidade que agora alguns iluminados entendem como necessária colocar no olho da rua para salvar as contas públicas.
A par desta alegada necessidade de reduzir os custos do Estado, de contenção da despesa, da eliminação de gorduras e de mais umas quantas parvoíces que os javardolas que nos governam vão vomitando, aparecem de vez em quando noticias que ainda têm a capacidade de nos deixar de queixo caído. É o caso do projecto de lei que pretende criar mais uns quantos tachos. A pensar, talvez, nos autarcas que se não podem recandidatar às próximas eleições. São as chamadas entidades intermunicipais. Chefiadas por um “artista” que vai bater quatro mil euros por mês mais 30% para despesas de representação. Diz que vão ser ai uns noventa...Isto, se mal pergunto, será coisa para dar quanto em subsídios de férias ou de natal? Ou em IMI? Ou IRS? Haja por aí um qualquer apaniguado destas politicas que faça as contas.

sábado, 24 de novembro de 2012

Tremei caloteiros...


Diz que estará em cima da mesa um proposta de alteração legislativa  que, alegadamente, revolucionará o funcionamento da justiça. Entre muitas outras coisas, parece, estará em causa a maneira como, até aqui, se têm cobrado as dividas em Portugal. A ir avante aquilo que estará previsto no documento recentemente vindo a público muito irá mudar na relação dos portugueses com o calote. Um dos aspectos fundamentais da nova legislação será, caso se verifique a sua aprovação, a possibilidade de um agente de execução proceder à penhora, sem necessidade de intervenção de um juiz, das contas bancárias do devedor. Vai ser o bom e o bonito. Ai vai, vai...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Agricultura da crise




Embora sempre tivesse desconfiado que se tratava de um modo de vida que, mais tarde ou mais cedo, se revelaria insustentável fui, confesso, daqueles que cheguei a acreditar que não valia a pena produzir. Outros o fariam por nós. A nossa parte no processo limitar-se-ia ao acto de comprar a um preço mais ou menos em conta. Tão em conta que não justificava que nos déssemos ao trabalho de sujar as mãos. E se, contra as expectativas, o preço não fosse assim tão em conta, lá estaria a banca e o seu crédito rápido, fácil e barato para nos ajudar. O pior é que o mundo mudou e a insustentabilidade desta estranha forma de vida chegou muito mais cedo do que as minhas piores desconfianças.
Se no ano passado a agricultura da crise se limitou ao pequeno logradouro a que ouso chamar quintal, este ano a actividade agrícola estendeu-se, também, à courela da família. Enquanto no primeiro as favas da crise apresentam já este aspecto todo janota, na propriedade foi, por estes dias, tempo de semear. Alhos e ervilhas, foram ontem e hoje lançados à terra. A juntar às couves e nabiças que por lá vão medrando. E aos marmelos. Mas esses são de geração espontânea.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Transtornados


A generalidade dos políticos portugueses estão chateados. Disso mesmo se tem dado conta nos últimos dias. Já os restantes portugueses, na sua esmagadora maioria – quase arriscaria dizer a totalidade – estão-se nas tintas para a mais recente preocupação da classe politica. A causa da esquizofrenia dessa malta é, pasme-se, a provável diminuição dos fundos estruturais a que Portugal terá direito nos próximos anos. Tal possibilidade levou já o primeiro ministro a garantir que vetaria o orçamento da União Europeia caso a proposta reflectisse esta intenção.
Não me surpreende o aborrecimento nem, ainda menos, o consenso que o tema gerou entre os actores políticos dos diversos quadrantes. Sabe-se a forma como grande parte do dinheiro vindo da Europa tem sido aplicado. É hoje aceite que a enxurrada de financiamentos é uma das principais, para mim a principal, causa da situação dramática que vivemos. Para além de ter levado ao endividamento sem controlo, permitiu a construção de infraestruturas sem as quais passávamos lindamente e que hoje, só em manutenção e outros custos que entretanto vieram criar, nos custam os olhas da cara.
Há, depois, o resto. Aquilo de que todos falam, que poucos podem provar, que ninguém condena e que eu desconheço em absoluto. Daí que não seja difícil de perceber o transtorno que a diminuição de fluxos monetários causará à classe dirigente. Já para os portugueses esta será, a concretizar-se, uma excelente noticia. Talvez assim não haja dinheiro para despedir duzentos mil funcionários públicos e rebentar de vez com o que resta das funções do Estado.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Prioridadezinhas


“As pessoas primeiro” ou ”as pessoas não são números”, foram apenas dois slogans, entre outros, de campanhas partidárias relativamente recentes. Significavam que, pelo menos em teoria, seriam as pessoas a estarem no centro das preocupações dos partidos políticos – que, se não estou enganado, até chegaram ao poder – que, na época, os propagandeavam.
Hoje, por maioria de razão, devem ser as pessoas a merecer a atenção, se não de quem nos governa, de todos os que, de uma ou outra forma, se preocupam com a tragédia que estamos a viver. Não é, infelizmente, essa a realidade. Os portugueses parecem ter outras prioridades. Nada respeitáveis, diga-se. Se olharmos para os “movimentos” mais votados, uma espécie de causa que qualquer um pode promover no site do governo, no top cinco os três primeiros envolvem a protecção e o bem estar dos animais, o quarto pretende estabelecer em vinte o número máximo de alunos por turma e o quinto visa proibir os menores de assistirem a touradas.
Em finais de Novembro de 2012, ano dois da troika em Portugal e quando estamos a um pequeno passo de um verdadeiro cataclismo social, são estas as prioridades de alguns milhares de portugueses. Elucidativo.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Estes gajos têm um trauma com os funcionários públicos...

Da enfadonha conferência de imprensa do ministro das finanças fica a perspectiva de, no tocante aos funcionários públicos, mais um ataque àquilo que uns quantos badamecos – com tanto de invejoso como de ignorante – apelidam de direitos adquiridos ou, noutros dias, privilégios inqualificáveis.
Uma das medidas que ficou a pairar foi a intenção de aumentar a carga horária dos trabalhadores da função pública para quarenta horas semanais. O que não me parece desapropriado uma vez que esse é o horário praticado pela generalidade de quem trabalha no sector privado. Como é possível constatar no arquivo do Kruzes, defendo esta ideia há muito tempo. Lamento apenas que estes idiotas que nos governam sejam incapazes de definir um rumo para o país e não tenham, em lugar de roubar salários, começado exactamente por aí.
Para lá do lado moral – que, como referi, se afigura por demais evidente – esta medida a concretizar-se irá ter efeitos perniciosos que, receio, não estejam a ser equacionados. Primeiro porque a produtividade que se pretenderá alcançar, dado o actual estado de espírito reinante entre os funcionários públicos, dificilmente será conseguida. Depois porque o aumento da jornada de trabalho implicará um aumento de custos, os tais consumos intermédios, nomeadamente energia e seguros. Finalmente, porque será expectável a redução do intervalo para almoço ou até adopção da jornada contínua, veremos o impacto desta alteração nos cafés, restaurantes ou pastelarias que se situam nas imediações dos organismos públicos. Nomeadamente nos centros urbanos de maior dimensão onde muitos, na impossibilidade de – como eu – ir almoçar a casa, ainda conseguem ter dinheiro para comer uma sopinha e um croquete na espelunca mais próxima.
Anunciam-se também mexidas na ADSE. Mas quanto a isso nem vou perder mais tempo a comentar. Alguém que acha que vai conseguir poupanças com a sua extinção nem merece resposta. De tão estúpida que é a ideia.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Quem paga a limpeza?


Continuo a achar que a existência em profusão de merda de cão nas ruas das nossas cidades é, claramente, revelador da má formação cívica dos moradores que possuem um canito como animal de estimação. Ainda assim não deixo de, também, responsabilizar por esta pouca-vergonha todos aqueles que, a qualquer nível, têm algum tipo de responsabilidade na gestão da coisa pública. Taxas mais elevadas pelo licenciamento de canideos, adequada fiscalização da legalidade do animal e aplicação de coimas em conformidade, seriam algumas das medidas mais fáceis de implementar e que teriam como consequência a diminuição da população canina e, por força disso, a existência de dejectos na via pública.
Mas naturalmente ninguém usará o poder de que foi investido para mexer uma palha. Nesta como noutras coisas o melhor é não levantar ondas. Fingir que não passa nada. Os porcos são mais do que muitos e também votam. Daí que aborrecê-los com minudências de que mais tarde, na altura do voto, venham à memória é coisa de todo desaconselhável.


sábado, 17 de novembro de 2012

Mas esta gente julga que somos parvos?!


Das muitas propostas de alteração ao orçamento de Estado para 2013 há uma de que gosto particularmente. Aquela - da autoria dos partidos da coligação - que altera a data de pagamento do IMI. O tal imposto que mais não é do que uma renda que cada um dos que compraram casa tem de pagar ao respectivo Município. Pois parece que o pagamento do dito imposto, em lugar de ocorrer – como até agora - em Abril e Setembro, vai passar para Abril e Novembro.
Longe de mim sequer imaginar que esta mudança possa ter a ver com o facto das eleições autárquicas se realizarem em Outubro. Eu era lá capaz de insinuar que aquela malta pretende fazer de nós parvos. Nada disso! Eles pensaram apenas no nosso bem estar. Em Setembro muitos ainda estão de férias e, portanto, sem tempo para ligar a essas minudências. Depois há o regresso às aulas e os encargos associados. Assim sendo nada melhor que adiar o pagamento do IMI para depois das eleições dessas preocupações. Quem é amiguinho, quem é? O PSD e o CDS, pois então...

Aiiiii...róbaram mi burro!


Estes animais passeavam-se tranquilamente um destes dias pela zona industrial de uma cidade vizinha. Diz – não sei se verdade – que será prática mais ou menos corrente. Tudo indica que serão propriedade de uns cavalheiros que residem numa espécie de bairro situado em terreno contiguo ou dos seus compinchas que, de vez em quando, vão montando acampamento na dita zona residencial.
Acredito que, atendendo ao volume de transito no local, a circulação desta bicharada possa não causar males maiores. Os donos causarão, provavelmente, mais estragos. É também por coisas como esta que, ao contrário do que alguns pretendem, considero a actuação que os responsáveis cá do burgo têm tido desde sempre quanto a esta matéria, como altamente sensata. Quem quiser “casinhas”, de qualquer espécie, que as compre. Ou arrende. Ou, melhor ainda, vá-se embora.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

PAEL fofinho


Mais de oitenta municípios assinaram hoje com o governo um contrato de empréstimo que vai permitir às autarquias aderentes saldar as dividas mais antigas. É o denominado PAEL - Programa de Apoio à Economia Local – que, na sua versão fofinha, quase não tem obrigações para as câmaras que a ele recorrem. Excepto, claro, aquela parte chata, aborrecida e desagradável que envolve o seu reembolso. O pagamento das prestações. Vinte e oito, no total. Ou seja, os juros e a amortização do empréstimo a saírem das contas municipais a cada seis meses durante catorze anos.
Trata-se de uma operação financeira que vai trocar divida de curto prazo por divida a médio e longo prazo. O endividamento total fica na mesma – a divida à financeira cresce em igual montante da diminuição da divida comercial – e portanto, assim à primeira vista, a adesão a esta medida do governo pode, a alguns, parecer uma boa opção de gestão. A mim, substituir uma divida por outra nunca me pareceu boa ideia. Trata-se, mal-comparado, de pedir emprestado ao amigo porreiraço para pagar ao gajo lixado que leva o tempo a moer o juízo.
Pretende-se com o PAEL colocar o “contador” das dividas a zero e começar uma vida nova. E é precisamente aqui que começa o meu cepticismo. Não acredito que quem sempre viveu a construir divida – a estrutura das autarquias e os autarcas em geral – sejam capazes ou, sequer, queiram mudar de vida. De hoje a um ano, mil milhões de euros e um acto eleitoral depois, a maioria das autarquias que hoje assinou o programa e as que dentro de dias irão assinar vão estar, seguramente, mais endividadas. Algumas, talvez, até incapazes de cumprir as obrigações para com a banca. Mas isto sou a profetizar, porque se calhar muitas até conseguirão obter descontos de pronto pagamento...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Perderam-se as que caíram no chão...


Discordo o mais possível dos que consideram a actuação das forças policiais, ontem frente ao parlamento, como tendo sido adequada às circunstâncias. Por mim foi tudo menos isso. Não me parece adequado que uma policia, que tem como finalidade manter a ordem, seja condescendente para com um bando de desordeiros. Principalmente quando a desordem ocorre mesmo nas suas barbas e se prolonga por um período de tempo bastante significativo.
Impõe-se, como defendem uns quantos – embora por outros motivos – que seja instaurado um inquérito à maneira como a policia agiu. Nomeadamente porque permitiu, impávida e serena, a destruição de mobiliário urbano, de infraestruturas e de outros bens públicos e privados, que agora terão de ser pagos por todos nós. Não é tolerável que um aparato daquela natureza seja mobilizado para conter eventuais desacatos e depois se limite, muito para lá do aceitável, a assistir a um triste e deprimente espectáculo protagonizado por vadios e outros marginais que se interessam tanto por politica quanto eu por folclore nepalês.
Perante aquele cenário não são muitos os que se queixam da cacetada distribuída pela policia quando, finalmente, se dignou intervir. Até agora apenas a Amnistia Internacional, como não podia deixar de ser, se colocou do lado dos arruaceiros. Deve ser por posições desta natureza, perante factos por demais evidentes, que são poucos os que levam aquela organização a sério. Pretenderia, provavelmente, que em vez de serem expulsos à bastonada tivessem sido convidados para tomar um chazinho. Ou fumar umas brocas. 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os likes da greve



A greve de hoje constitui o tema forte das redes sociais. As opiniões, como seria de esperar, dividem-se entre apoiantes e críticos, cada um com as suas razões que acha, invariavelmente, melhores e mais consentâneas com a realidade do que as daqueles que pensam de maneira diferente. Tudo normal, portanto.
Não foi, no entanto, isso que verdadeiramente me interessou. Principalmente depois de encontrar declarações como as da imagem. O senhor em causa é presidente de uma câmara municipal e, no seu espaço pessoal no fuçasbook, dá conta que na sua terra os serviços camarários contaram com uma adesão à greve de noventa e nove por cento. Só não consigo perceber se está triste ou contente. Mas parece-me, assim à primeira vista, que estará satisfeito por praticamente ninguém ter trabalhado na organização que dirige. O que a mim, mas se calhar sou eu que estou a ver mal, se afigura um bocadinho estranho...A menos que o autarca esteja a pensar nos euros que o município poupou.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Xunning



Este modelo da Fiat conheceu os seus tempos de glória há mais de vinte anos. Agora, em plena decadência, é alvo da irreverência do seu proprietário que o vai artilhando como pode e com o mau gosto que se vê. Colar fotos de gaja – para mais tipo passe - na carripana não lembra a ninguém. Ainda que, provavelmente, a ideia seja tapar um outro buraco provocado pela ferrugem.

domingo, 11 de novembro de 2012

Luta selectiva




Satirizar a próxima greve geral não terá sido – digo eu, mas não é que tenha a certeza - o objectivo de que quem “vestiu” algumas estátuas e bustos da cidade com a indumentária alusiva à jornada de luta da GCTP a ter lugar dentro de dias. Embora hesite que seja coisa - a greve -  para levar muito a sério. Isto porque olhando para a Grécia – a nossa bola de cristal onde olhando para o seu passado podemos ver o nosso futuro – se constata que, mais de uma dezena de greves gerais depois, tudo tem ido de mal a pior.
Continuo a insistir que existem motivos de sobra para a indignação. Por exemplo a escandalosa maneira como o dinheiro público continua a ser esturrado. Basta fazer uma pequena busca nos sites da especialidade e constatar-se-á que a quadra natalícia irá ser comemorada em muitos locais como se a crise morasse ao lado. Iluminações de natal, festas, jantaradas, cartões e presentes diversos – estou, naturalmente, a referir-me a actividades oficiais porque das outras não temos nada a ver com isso –  vão animar o eleitorado a malta  durante as semanas que se seguem. Mas contra esses desmandos, que também saem dos nossos impostos, ninguém “luta”. Nem os profissionais do protesto. Porque será?

sábado, 10 de novembro de 2012

Uma enxada para cada português



A julgar pelo que se lê nas redes sociais os portugueses estão encantados com a solução islandesa e parecem desejar que por cá se adopte solução idêntica. Desconfio é que o entusiasmo não terá muito a ver com as opções políticas e económicas encontradas – até porque, se calhar, não as conhecem – mas apenas com o facto de os responsáveis governativos na altura em que rebentou a crise terem sido levados a julgamento.
Admito que a maioria ficasse satisfeita, numa primeira fase, caso deixássemos de pagar a divida. Talvez alguns não se mostrassem especialmente preocupados se saíssemos do euro e a nossa moeda desvalorizasse, logo de seguida, setenta ou oitenta por cento. Agora o que – quase de certeza - deixaria a esquerda esquizofrénica, muito activa em tudo o que é espaço online onde se publicite opinião, à beira de um ataque de nervos, seria a garantia do primeiro-ministro que ninguém morreria à fome enquanto o governo pudesse oferecer uma enxada a cada português. O equivalente nacional à cana de pesca que o presidente da Islândia prometeu ao seus concidadãos para evitar que morressem à mingua.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Não gosto



Continuamos – ou pelo menos muitos de nós continuam – a não perceber o que nos está a acontecer. Todos os dias surgem novos sinais da nossa ignorância quanto à realidade dos tempos que vivemos e da falta de percepção que temos acerca dos que estão para chegar. Só assim se justificam as reacções idiotas relativamente às declarações da responsável pelo Banco Alimentar. No fuçasbook, por exemplo, a parvoíce assume proporções verdadeiramente assustadoras. O que não surpreende. Foi aí que encontrei, na página da mesma pessoa que chama tudo menos mãe à doutora Isabel Jonet, a imagem que anexo e que diz muito quanto à noção que, quem a colocou, tem acerca do momento que o país e os portugueses estão a viver. Mas depois a Merkel é que tem a culpa.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Taxa turistica (Nem se pode dormir descansado)



Já são algumas as autarquias que resolveram cobrar uma taxa – no valor de um euro, ao que julgo saber – por cada dormida, em unidade hoteleira, no território que administram. A finalidade, ao que tem sido divulgado, será ajudar os mais carenciados. Assim uma espécie de roubar aos ricos para dar aos pobres. Mas numa versão cobarde porque, ao contrário do Robin dos Bosques, fazem-no à socapa, por interposta pessoa e quando apanham os que consideram mais abonados a dormir.
O argumento para a cobrança desta taxa é mais do que ridículo. Servirá, quando muito e nem isso dou como adquirido, para tentar equilibrar as depauperadas contas das autarquias que a estão a lançar. Até porque a medida pode produzir um efeito exactamente ao contrário. É que eu não sei se esta malta sabe fazer contas, mas um euro por dormida dá para uma família de quatro pessoas que passe uma semana de férias na terra desses iluminados pagar qualquer coisa como vinte oito euros de taxa a somar ao custo do alojamento. A menos que esta gente acredite que vão ser os operadores turísticos a suportar o custo desta ideia completamente parva.
Os nossos bolsos estão a ser atacados por todos os lados e sob os pretextos mais estapafúrdios. Há que resistir. Não sei exactamente como fazer face a todos os ataques mas, quanto a este, a forma de resistência é por demais evidente. Evitar pernoitar em municípios onde esta taxa seja cobrada. E, já agora, incentivar os outros a fazer o mesmo. Eles que façam caridade ou acertem as contas com o dinheiro deles. Já que acabar com comes e bebes, passeatas e festarolas é capaz de ser pedir de mais…