quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Dia mundial da poupança



Quando se assinala o dia mundial da poupança as noticias não são as melhores para quem procura manter o hábito de poupar. Isto porque o governo prepara-se para voltar a mexer nos nossos bolsos. Área que, diga-se, domina na perfeição e onde os membros que o integram revelam uma imaginação verdadeiramente prodigiosa. Desta vez os alvos são os descontos, as promoções e os cartões de fidelização das principais cadeias de distribuição. É que isso de ficar com mais uns euros na algibeira – ou gastá-los no que mais lhe aprouver - choca frontalmente com o esforço do Parvus & Companhia para reduzir a cinzas o poder de compra do pagode.
O argumento utilizado – algo relacionado com as relações entre produtores e comerciantes – constitui um disparate. Primeiro porque o Estado, até pela doutrina vigente, deve limitar ao mínimo a sua intervenção na economia – sempre que o faz as coisas pioram – e depois porque ao alegadamente pretender proteger os produtores em detrimento dos consumidores acabará, mais cedo do que tarde, por prejudicar quem produz. Mas esperar que a gaiatagem a quem o país está entregue perceba isso é ter as expectativas demasiado elevadas.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Incumpridores



A lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso é, seguramente, a lei mais odiada pelos autarcas. Só porque – veja-se bem o desplante destes governantes de direita – não permite que os organismos públicos, sejam eles quais forem, gastem o dinheiro que não têm. Daí que alguns a ignorem liminarmente e que outros arranjem esquemas, mais ou menos mirabolantes, para a contornar.
No site de uma rádio da região está disponível uma informação, veiculada pelo novo executivo municipal lá da terra, dando conta da situação da autarquia relativamente ao cumprimento daquela lei. Donde, sem grandes surpresa, se pode constatar que aquela Câmara não estará – ou estaria - a cumprir as determinações legalmente estabelecidas quanto à assunção de compromissos. Mas o pior, embora já bastante grave, nem é isso. Espantoso é que o Município não surja na lista de incumpridores divulgados pela Direcção-Geral do Orçamento. Convinha era que os contribuintes soubessem porquê. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

De um estudo que durou sete anos saiu isto?!

O governo – ou alguém por ele – anunciou que vai produzir legislação no sentido de regulamentar a posse de animais domésticos. Nomeadamente por quem reside em apartamentos. Ou mesmo em vivendas desde que não isoladas. Escusado será dizer que acho muitíssimo bem.
Lamentável é que, provavelmente, vai-se desperdiçar uma oportunidade de legislar a sério sobre a matéria. Permitir dois cães ou quatro gatos por residência, ainda mais quando se trata de condomínios, ainda constitui uma aberração. Isto se, como é expectável, o lobbie dos animaizinhos não conseguir elevar o número para o dobro.
Ter um bicho destes em casa é uma evidente falta de higiene. Por mais que se procure negar esta evidência. E se dentro de quatro paredes isso é lá com eles já para os restantes habitantes de um prédio ou - em maior escala - de uma cidade, não é assim. Há, por isso, que impor regras. Sem medos.
Também muito se escreveu e disse sobre a proibição de fumar em locais fechados e hoje, todos reconhecemos, tratou-se de uma excelente decisão. O mesmo acontecerá com medidas como a que agora se anuncia. É tudo uma questão de hábitos. Bons, espera-se.

domingo, 27 de outubro de 2013

Que gente tão boazinha

O facto de milhares de pessoas partilharem esta imagem é, no mínimo, comovente. Mostra que ao contrário do que acontece comigo são pessoas sensíveis e com bom coração. Fofinhas, vá. Embora pareçam pensar mais com o rato do computador do que com a cabeça.
Pois eu não partilho, não apoio e acho esta ideia absolutamente parva. Já existe acção social escolar que chegue. Os meninos carenciados tem livros, material escolar, alimentação e transporte à borla. Ou a preços reduzidos. Bem vistas as coisas, até aqueles que não terão grandes carências beneficiam do sistema. Basta que um ou outro “item” se enquadre em determinados critérios esquisitos que apenas a malta do social e da educação entende. Ser de etnia cigana ou filho de mãe solteira ou divorciada, por exemplo, dá logo direito a apoio social. Mesmo que chegue à escola num automóvel topo de gama ou a mamã ganhe mil e duzentos euros por mês.
Por isso deixem-se de tretas. Quem puder pagar que pague. Quem não puder que seja ajudado na medida das suas necessidades. A vida custa a todos e gente a mamar já existe em demasia. Mas se quiserem continuar a ser parvos estão à vontade para partilhar tão comovente imagem lá no facekoiso...

sábado, 26 de outubro de 2013

Onde estão estes manifestantes sempre que se anuncia mais despesa?!


Onde estavam estes canalhas no 25 de Abril de 1974?” perguntava-se num cartaz passeado em Lisboa durante a manifestação de hoje. Os canalhas serão, adivinha-se, as actuais governantes. Onde estavam, parece-me, não interessará muito. Até porque, nessa data, a maioria deles não passavam de uns pirralhos. Seria, digo eu, muito mais interessante saber onde estava toda esta gente, que agora protesta, quando os governos da época decidiram construir os estádios do Euro, as autoestradas onde ninguém passa ou a distribuição generalizada de dinheiro pelos mais variados sectores da sociedade. A aplaudir o Guterres e o Sócrates, quase de certeza. Ou a babar-se de entusiasmo com tanto desenvolvimento, pelo menos.

Ridícula. A velha, que o animal não tem culpa.


Há quem pareça fazer questão em tornar o seu cão parecido consigo. Ou assemelhar-se o mais possível ao canito. Tudo depende do ponto de vista. Um ou outro é igualmente estúpido. Mais dia menos dia ainda hão-de querer que o bicho tenha conta bancária. E um cartão multibanco, também. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Frutos da crise


Morangos, no quintal cá de casa, e romãs, na propriedade agora a modos que concessionada, são os únicos comestíveis de produção própria em condições de serem consumidos. A agricultura da crise está, portanto, mais ou menos num interregno. Pelo menos no que diz respeito a colheitas. As sementeiras, em virtude da concessão da courela, vão cingir-se ao logradouro. Logo que as condições climatéricas, manifestamente adversas nos últimos dias, o permitam. Isto no caso de se verificar, para além do elemento meteorológico, uma conjugação de outros factores. Nomeadamente que a minha aversão ao acto de cavar seja ultrapassada. De forma temporária, claro.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Viver à pala da fornicação

O governo pretende que as empresas proporcionem aos seus trabalhadores as condições necessárias para que estes passem mais tempo com as suas famílias. Deve estar, calculo, preocupado com a baixa natalidade e pretenderá assim, sem custos para o erário público, que os portugueses desatem a procriar. O que é bom. Nomeadamente a parte que envolve a procriação. Que é, diga-se, essencial para que o país possa ter algum futuro.
Esta intenção é, no entanto, de uma incoerência a toda a prova. Assim do tipo faz o que eu digo mas não faças o que faço. Isto porque para os seus trabalhadores os governo não concede aquilo que sugere aos privados. Pelo contrário. Em lugar de lhes conceder mais tempo para estar com a família, aumenta-lhes o horário de trabalho. O que, a meu ver, constitui mais uma inqualificável discriminação. Das piores, no âmbito das discriminações.
Quem não precisa de incentivos para se reproduzir é um determinado grupo de cidadãos que alguns insistem em apelidar de etnia cigana. Multiplicam-se que nem coelhos. Ou ratos, que também se reproduzem que é uma coisa por demais. O número de gaiatas – terão treze, catorze ou quinze anos, quando muito – grávidas, com bebés ao colo e outros a reboque, é assustador. São mais que muitas ali para os lados do resort. Será, presumo, a forma de aquela gente manter um certo estilo de vida à custa dos subsídios da segurança social. Viver à pala da fornicação, em suma. Claro que se não fossem ciganos tratar-se-ia de pedofilia, assim é um salutar caso de preservação das tradições culturais. Será. Mas por este andar um dia destes isto é a Roménia. 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Olha quem foi eleito presidente de câmara


Ricardo Rodrigues vai ser presidente de Câmara. Trata-se, como muitos se lembrarão, do deputado que inadvertidamente levou consigo o gravador do jornalista que o entrevistava. Coisas que acontecem. Nomeadamente isso dos gravadores e de levar consigo objectos que alegadamente pertencerão ao interlocutor. A mim está sempre a acontecer. Até à distância me acontece. De cada vez que o Parvus Coelho vai à televisão fazer uma das suas “conversas em família” leva-me uma parte do ordenado.

domingo, 20 de outubro de 2013

Autocarros ao serviço do povo, pá!

Ontem foi um dia bom para as empresas de camionagem. Nomeadamente as que alugam autocarros de transporte de passageiros. Mais um a juntar a muitos outros que já passaram e a outros tantos que hão-de vir. Ainda bem que é assim. Faz lembrar aquela velha máxima: “Quando todos choram o gajo dos lenços ganha dinheiro”. Ou algo parecido, para o caso importa pouco.
O que importava saber era o que faziam ontem à tarde em cima da ponte 25 de Abril dezenas de autocarros de câmaras municipais. Concorrência desleal, provavelmente. E gastar dinheiro aos contribuintes, também. Aquele dinheiro que não há para pagar os vencimentos aos funcionários nem as dividas aos fornecedores. Apesar disso não consta que os manifestantes se tenham insurgido contra essa situação. Selectiva, a indignação deste povo.

Tão barato nem no OLX...

Os autarcas são conhecidos por, quase todos, realizarem bons negócios. Será o caso do presidente cessante de uma autarquia alentejana que, em fim de mandato, terá adquirido por cinquenta euros o iPad 2, propriedade da empresa municipal lá do sitio, que utilizava enquanto exerceu funções. Traquitana que, parece, foi lançada em Portugal em Março de 2011 e terá um valor de mercado entre os quatrocentos e os quinhentos euros.
Percebo que para o autarca a gerigonça tenha um significativo valor sentimental. Até porque, garante o homem, apenas ele a terá usado e, digo eu, lhe seja desagradável vê-la nas mãos de outro. O que se afigura um tanto estranho é a manifesta diferença entre os valores físico e afectivo da coisa. Embora, justifica, a aquisição do aparelho tenha sido financiada pela União Europeia e, portanto aquilo em termos patrimoniais nada vale. 
Estaremos, segundo o senhor em causa, perante um não assunto. Que é normalmente o que chamam àquilo que não interessa que a malta saiba. Coisas de gente que nada mais tem para fazer do que vir para as redes sociais dizer mal de negócios espectacularmente bons. Um descaramento. Uma vergonha, até. E uma falta de respeito e consideração pelo tempo que o homem passou a brincar trabalhar com aquilo.

sábado, 19 de outubro de 2013

Quem semeia ventos...

Não vejo onde está o espanto – indignação, em alguns casos – por a Ministra das Finanças ter declarado, em recente entrevista televisiva, que não tem poupanças. A senhora, como fez questão de frisar, é funcionária pública, está sujeita aos mesmos cortes e descontos brutais no vencimento e por isso não terá margem para poupanças. A juntar a isso tem, segundo disse, três filhos e uma casa para pagar ao banco. Compreendo perfeitamente a sua confessa incapacidade aforradora. Ainda assim, acredito, não passará grandes dificuldades. Nem pequenas, provavelmente.
Algumas reacções mais intempestivas às palavras da ministra é que parecem pouco compreensíveis e são bem reveladoras do enorme desconhecimento quanto aos valores salariais que se praticam na administração pública. Muita dessa ignorância fomentada, diga-se, pelos próprios governantes. Bem feito que, de vez em quando, sejam vitimas do seu próprio veneno. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Pagar a renda?! Que aborrecimento.

Infelizmente em Portugal, de uma maneira geral, não se premeia a competência, o rigor, ou a disciplina. Pelo contrário. Prefere-se a bandalheira, o facilitismo, o compadrio e o deixa andar. Por norma quem cumpre com as regras estabelecidas é que um sacana, o gajo que só sabe é lixar o próximo e, em suma, um verdadeiro filho da puta. Principalmente quando não está para fazer favores à custa do dinheiro público. Este modo de pensar está enraizado na cultura nacional e pouco ou nada há a fazer para mudar esta mentalidade tacanha e que nos trouxe até aqui.
Os ataques que uma certa classe de gente faz a Rui Rio, enquanto presidente da Câmara do Porto, têm a ver com este tipo de pensamento. O mais recente deve-se ao despejo de uma companhia de teatro, que ocupava um edifício público, por não pagar a renda do espaço que ocupava. Em divida estará para lá de uma conta calada, porque, apesar de tudo, a autarquia portuense – senhoria, no caso - ainda teve uma paciência de santo para com os inquilinos pouco cumpridores. Tanto que terá, em tempos, feito um acordo que permitisse, em suaves prestações, a regularização das rendas em atraso. Que, parece, não terá sido cumprido pelo inquilino.
Desde que a noticia foi conhecida não têm faltado as criticas ao autarca Rio. Como se quem estivesse a proceder mal fosse aquele que fez cumprir a lei e que acautelou o interesse das finanças da autarquia. O homem fez apenas aquilo que tinha a fazer. E já fez tarde, saliente-se. Porque se o edifício fosse dele é que podia permitir que os indivíduos lá continuassem sem pagar. Sendo público tem a obrigação de fazer o que fez. Pena é que a generalidade dos autarcas não tenha a mesma postura. Claro que isto é difícil de entender para o pessoal da “cultura”. E para muita gentinha que acredita que o que é público é “nosso”. Deles, entenda-se.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O tema da moda

Ao que parece são os blogs sobre a vida doméstica, nas suas diversas vertentes, que estarão a suscitar a atenção do internautas. Dicas para poupar, as ultimas tendências da moda ou receitas de deixar qualquer um a babar-se, estão a reunir a preferência de cada vez mais utilizadores da Internet em detrimento dos que se dedicam a outros temas.
Foi por isso que cá pelo Kruzes resolvemos fazer hoje uma incursão por estes domínios. Dos morfes, no caso. Verdade que os conhecimentos quanto a esta matéria são praticamente nulos e, daí, não me alongar em grandes considerandos. Fica a fotografia do jantar. Em conta, garante a patroa. E saboroso, afianço. Agora vou fazer como a restante parolada e ponho no Face. Como eles carinhosamente chamam aquilo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Expectativa chocante

Compreendo a satisfação dos que enchem as caixas de comentários dos jornais online com manifestações de agrado pela redução dos vencimentos dos funcionários públicos. É da vida. E da natureza humana, também. Já dei o suficiente para esse peditório. Tal como há muito desisti de tentar explicar a quem, labutando no privado, vê isso como algo positivo – por acreditar na retórica oficial ou apenas por gozo pessoal – que as coisas não são bem assim e que, mais cedo do que tarde, vão ter repercussões no seu ordenado ou no seu negócio.
Costumo dizer, sempre que me reduzem o ordenado, que alguém se vai lixar. Para além de mim e dos meus, obviamente. Isto porque não penso recorrer ao crédito, nem pedir fiado, para manter o nível de despesa que fazia antes. E é aqui, precisamente aqui, que o drama começa. O impacto desta medida, num pequeno município como Estremoz, será dramático. Considerando o elevado número de habitantes do concelho que trabalha para o Estado, facilmente se pode concluir que os funcionários dos diversos organismos públicos da cidade deixarão de receber mais de um milhão de euros. Isto deixando de lado tudo o que já perderam e levando apenas em conta os cortes previstos no próximo Orçamento de Estado. A estes números, recorde-se, há ainda que juntar o que vão cortar nas reformas... e reformados é, também, coisa que não falta por aqui.
O reflexo no comércio local será imediato. Com as consequências fáceis de adivinhar. Seguir-se-à o financiamento da própria autarquia. Que, como um ou outro saberá, tem como fonte de financiamento principal a participação no IRS, IRC e IVA. Qualquer quebra nas receitas destes impostos não será de certeza uma boa noticia para os munícipes. Funcionários públicos ou não.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Investiguem, mas não aborreçam.

Diz que lá para as ilhas britânicas os meios de comunicação social estão surpreendidos com a indiferença dos portugueses perante o reabrir da investigação ao alegado desaparecimento da pequena Maddie. Não sei do que se admiram. O assunto foi tratado por quem tem competência para o fazer, foi-lhe dado o tratamento que entenderam dar e, parece-me, que a existirem motivos de interesse serão só e apenas para as autoridades policiais.
Por mim, surpreende-me é que os nossos opinion makers, sempre tão atentos aos jornais angolanos e prontos a espingardar a propósito dos seus artigos, não digam qualquer coisa em relação ao desplante dos bifes em opinar acerca daquilo que nos deve interessar. Ou que não se indignem com o esbanjamento de recursos públicos a reinvestigar um processo que já nos está demasiado caro. Que essa malta da estranja mande palpites quanto ao funcionamento do tribunal constitucional ainda vá que não vá, agora que queira escolher os assuntos que devem suscitar a nossa atenção é que já me parece demais. Como diria o outro: Eles que vão mazé bardamerda!

domingo, 13 de outubro de 2013

Solidariedade intergeracional?! Não percebo...

Isso da solidariedade inter-geracional é, nomeadamente, o quê? Assim à primeira vista e sem pensar por aí além na coisa supunha eu que era a geração actual a trabalhar para, com os seus descontos, financiar a reforma da geração anterior, esperando que a geração seguinte fizesse o mesmo. Mas, se nos debruçarmos ligeiramente mais sobre o assunto, talvez não seja bem assim. Ou então sou eu que não percebo muito bem essa coisa da solidariedade. É que, por mais voltas que dê, não sei por que raio hei-de ser solidário com o viúvo Constâncio. Quem diz eu, diz, por maioria de razão, um qualquer jovem que só tem acesso a empregos precários a ganhar, se tiver sorte, o salário mínimo nacional.
Reitero, portanto, a minha pouca disponibilidade para me solidarizar com o Constâncio. Gajo que, diga-se, até tem sido muito pouco solidário comigo. Ainda não me esqueci que o fulano se fartou de proclamar a necessidade de baixar salários porque, achava, andávamos a ganhar demais. Que falava da sustentabilidade do sistema de pensões, mas que se pode reformar com menos de 20% do tempo de serviço que eu preciso para poder fazer o mesmo. Solidariedade?! Não percebo...

sábado, 12 de outubro de 2013

Levem lá o ordenado mas não nos tirem a cervejola!

Vão saindo ao ritmo de gota-gotas as noticias sobre os eventuais cortes na despesa pública alegadamente previstas no orçamento de Estado para o próximo ano. Assim a modos que a apalpar o pulso à rapaziada. Anuncia-se o oitenta, depois afinal fica-se pelo oito e a malta acaba toda satisfeita por poder continuar na mesma vidinha. Ou quase. Porque entretanto já esqueceu o que fizeram no orçamento passado. E no outro. E, também, no outro antes desse.
Desta vez, ao que parece, haverá a intenção de ir um bocadinho mais longe e alargar a austeridade para lá do âmbito do funcionalismo público e dos reformados. Diz – e às tantas é apenas para testar reacções – que em 2014 as administrações terão de reduzir em 20% o montante dos subsídios que generosamente distribuem pelas diversas entidades. De toda a natureza. Desde os bombeiros voluntários até ao grupo excursionista dos amigos do garrafão.
Vai ser bonito, vai. Não a redução do subsidio público para sustentar divertimentos privados, porque isso não irá acontecer. Agora a reacção que a ideia desencadeará junto do pessoal que anda a mamar à conta do orçamento – seja do Estado ou dos Municípios – é que será digna de apreciar. Tal como o contorcionismo legislativo dos que asseguram a sua sobrevivência politica através da atribuição de subsídios a tudo o que mexe. Isto na remota e mais que improvável hipótese de uma coisa como esta vir a ser aprovada. O mais certo é ficar tudo na mesma e para compensar cortar mais um bocado aos vencimentos dos funcionários públicos. Antes isso do que acabar com os passeios a Fátima, o porco no espeto, a cervejola ou a sardinha assada.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Devo estar a ficar mouco...

Visivelmente indignado, António José Seguro garantiu que era contra a extinção de freguesias e que, mal chegasse ao governo, trataria de repor tudo como estava antes.
Comovido e à beira de um ataque de choro, o mesmo António José Seguro, proclamou que uma das suas primeiras medidas, logo que tome posse como primeiro-ministro, será voltar a pagar as reformas pelos seus valores actuais caso o governo concretize a intenção de as cortar.
A propósito da anunciada redução de 10% nos vencimentos da função pública ainda não ouvi o aspirante a chefe de governo garantir, proclamar ou sequer prometer que, uma vez empossado, tratará de anular essa medida. Mas, admito, talvez o tenha feito. O problema deve ser meu. Ando de certeza a ouvir mal. Ou estou a ficar esquecido. Coisas da idade, só pode.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pontapé

A CGTP parece decidida a manifestar-se na Ponte 25 de Abril. Percebo a intenção. Acham, talvez, que a história se repete. Foi ali, com os protestos contra as portagens, que começou a cair o cavaquismo. Recordo ainda como um individuo, que mais tarde teve funções governativas e dirigiu dois dos maiores bancos nacionais, por lá passou todo ufano sem pagar portagem. Para telespectador ver, obviamente. Presumo que o estado calamitoso em que está o país, a banca em geral e em particular o banco onde o senhor trabalhou, nada tenham a ver por gente daquela estirpe ter chegado aos lugares onde o nosso destino é decidido.
Tal como também presumo que o facto de o protesto de então ter sido liderado por pessoas pouco recomendáveis – alguns terão até sido condenados por tráfico de droga – não incomode quem atribui àquela desordem um simbolismo vagamente idêntico ao de uma revolta popular. Que – mas isto sou só eu a presumir – pretende reeditar. Para bem de todos esperemos é que, desta vez, nenhum dos eventuais figurantes chegue ao governo ou a manda chuva na banca.
Continuando em matéria de presunções desconfio que, nesse dia, os transportes públicos não estarão em greve e que, a transportar os manifestantes, não faltarão carrinhas e autocarros de Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia. O costume, portanto. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Tenho más noticias. Vou gastar (ainda) menos.

Diz que vem aí uma nova tabela salarial da função pública. Para reduzir vencimentos, ao que parece. Que a coisa está difícil, o país não tem dinheiro para pagar a essa cambada de calões e, principalmente, para prosseguir o caminho de convergência com os trabalhadores do privado. Que coitados, garantem, auferem muito menos e trabalham muito mais. O que me faz uma certa espécie. É que na entidade pública onde trabalho para aí metade ganha o salário mínimo e trabalha oito horas por dia... Mas é, de certeza, a excepção que confirma a regra. Só pode ser.
Presumo que mais esta quebra nos rendimentos dos funcionários públicos cause uma imensa satisfação em todos os que não trabalham para o Estado. Ou em quase todos. Não me surpreende. Mas tenho más noticias. Alguém se vai lixar. A generalidade dos que trabalham na função pública têm o péssimo hábito de esturrar tudo o que ganham. Normalmente em negócios geridos por privados...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Demagogia feita à maneira...socialista.

Esta história das pensões de sobrevivência está, como muitas outras histórias que vão ocorrendo na politica nacional, muitíssimo mal contada. O que dá, como acontece sempre nestas circunstâncias, origem a declarações demagógicas e, não raras vezes, a verdadeiras bacoradas. Inclusivamente daqueles que aplaudem de forma efusiva de cada vez que o governo ataca os funcionários públicos mas que agora, se calhar porque lhes toca, já não acham assim tão bem.
Cortes, estes ou outros que envolvam rendimentos das pessoas, estão errados, não resolvem nada e servem para degradar, ainda mais, a actividade económica. Escrevo isto desde que o governo do Sócrates me roubou o abono de família. Sim, porque isto de cortar não é de agora nem foi inventado por estes palermas que lá estão. Vem já, embora pareça que uns não se lembram e outros não se querem lembrar, do tempo em que o Partido Socialista era governo. Com o resultado que se tem visto.
E o abono de família constitui um bom termo de comparação com a chamada pensão de sobrevivência. Na altura os socialistas entenderam como justo retirar aquela prestação social, cerca de sessenta euros, a um casal com dois filhos e mil e poucos euros de rendimento. Mantendo, porque assim lhes pareceu acertado, a pensão de sobrevivência – viuvez, ou lá o que seja – a quem, sem ninguém a cargo, aufere os mesmos mil e tal euros de vencimento ou pensão. Justo, certamente, do ponto de vista socialista. Por mim estão os dois errados e um não desculpa o outro, mas que diabo, não sejam demagogos nem digam bacoradas!

sábado, 5 de outubro de 2013

Touradas

Poucas coisas me podiam interessar menos que a tauromaquia. Daí que a recuperação da praça de touros cá do sitio nunca me tenha entusiasmado. Nem, tão pouco, a polémica que se seguiu – e que, estranhamente, ainda se prolonga – me suscite grande interesse. A bem dizer, nem sabia ao certo os motivos que provocaram tamanha celeuma entre os apaixonados da festa brava.
O problema residirá, ao que deduzo, por o município, na qualidade de proprietário do imóvel, ter alegadamente entregue a realização de umas quantas touradas a uma empresa da especialidade. Com todos os custos e proveitos a correrem por conta da mesma. O que, assim de repente, se afigura do mais elementar bom senso. Pois que não, garantem os opositores da ideia. Bom era as corridas serem organizadas por gente da terra e as receitas reverterem a favor de associações locais. Por exemplo os bombeiros ou outras associações igualmente beneméritas.
Também não ficava mal esta última opção. Não fora um pequeno detalhe. E essa coisa das despesas ficava para quem? É que, garantem os entendidos, dada a capacidade do recinto só bilhetes com preços elevados e lotação quase esgotada garantirão algum “conforto” aos organizadores das corridas e, nos tempos que correm, juntar este dois factores é coisa para reunir um alto grau de improbabilidade. Visto assim, quase parece que existe uma corrente de opinião a defender que devem ser os contribuintes a pagar mais estas touradas. Repito, parece. Porque não acredito que possa haver quem sequer se atreva a ter tal pensamento.



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

As dividas são para ir pagando. Devagar. Muito devagar.

Isto de achar que as dividas não são para pagar é uma ideia que parece fazer escola. Não falta quem pense assim. Alguns ainda condescendem que, vá lá, se vão pagando. Aos poucos, para não ir aborrecendo nem prejudicando a carteira do devedor. Num país de caloteiros como o nosso não é de admirar que este tipo de pensamento tenha tantos seguidores. Afinal basta olhar para os processos que entopem os tribunais, para a carteira de clientes dos agentes de execução ou falar com um qualquer comerciante para perceber o quanto, cá pelo rectângulo, esta prática se encontra enraizada.
Vem isto a propósito – mas nem precisava – de um texto que li um destes dias, em que a autora, sob forma de conselho a um presidente de câmara recém eleito e que pela primeira vez vai dirigir os destinos de um concelho altamente endividado, dava sugestões quanto à melhor maneira de pagar a divida. Que sim senhor, deve ser paga. Mas devagar. Aí tipo 4% ao ano. Ou seja, os últimos credores receberiam daqui por 25 anos. E é para quem quer que isto, diz ela, a câmara não pode parar nem estar obcecada com o pagamentos de dividas e entre os primeiros estão, na sua douta opinião, os agentes desportivos e culturais.
É por estas e por outras que nunca chegaremos a lado nenhum. Com este tipo de pensamento o país continuará a afundar-se, a rebentar com as empresas a quem não paga, a mandar gente para o desemprego, jovens para o estrangeiro e a tornar-se cada vez mais insustentável. Pena que esta gente não seja tão magnânima quando em causa está o seu bolso. Sempre gostava de saber se, entre os muitos que defendem este tipo de tese, haverá alguém disposto a emprestar-me mil euros. Garanto que não vou ficar obcecado quanto à parte do pagamento. Pago-vos quarenta euros por ano e não se fala mais nisso.   

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O resort tem uma vedação toda catita

Obras ao pé da porta são uma chatice. Um transtorno, por assim dizer. Que o digam os habitantes do resort das Quintinhas. Há meses que suportam estoicamente a construção do quartel da GNR mesmo paredes meias com o condomínio fechado. Agora, como se isso não constituísse já arrelia suficiente, vão ter de suportar os incómodos causados pelas obras do lar dos combatentes. Decididamente, um mal nunca vem só. Por este andar a tranquilidade do lugar vai demorar a chegar e o repouso dos residentes também.
Menos mal que alguém pensou na segurança e na privacidade dos moradores do resort. Antes desprotegidos e entregues à sua sorte – sim, porque as forças policiais não frequentam muito o local, ao contrário que que acontece com outros espaços congéneres noutros locais do país – os residentes podem agora dormir mais descansados. Uma sólida vedação protege-os de ameaças externas e a tela branca que a envolve deixa-os a coberto de olhares indiscretos. Foi, sem dúvida, uma boa ideia. Um sinal destinado a fomentar a boa vizinhança dos gajos que vão construir aquilo, porventura. Mau mesmo é o raio das obras. A malta não vai conseguir pregar olho o dia inteiro. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Autárquicas 2013 - O balanço impossível.

Discordo da generalidade dos balanços que, nas rádios e televisões, têm vindo a ser feitos das últimas autárquicas. Até porque se foram trezentas e oito eleições, teriam de ser fazer outros tantos balanços. E consolidar todas essas contas de certeza não dá grande resultado. Pode, quando muito, dizer-se umas quantas generalidades. Assim tipo, ah e tal o PS ganhou porque teve mais votos e venceu em mais Câmaras. Pois sim. Vão dizer isso aos socialistas de Braga, Guarda ou Évora que eles vão ficar entusiasmados com a estrondosa vitória que insistem em proclamar. O mesmo para os comunistas de Niza, Crato ou Vendas Novas que, certamente, erguerão felizes as suas vozes perante a tão propalada vitória da CDU.
Pretender tirar conclusões nacionais em resultado de um conjunto de eleições locais não me parece, portanto, boa ideia. Em cada terra os eleitores fizeram as suas escolhas em função da simpatia - ou falta dela – que nutriam por cada candidato e o resto é conversa de pateta. Ou do Seguro. O que, basicamente, é a mesma coisa.
A entender-se o resultado das eleições como um cartão amarelo – ou vermelho, depende das interpretações mais ou menos fundamentalistas – que os eleitores mostraram ao governo, então como qualificar as intenções do eleitorado dos concelhos que deram a vitória a movimentos de cidadãos? Será que, para não ir mais longe, alguém acredita que a intenção dos 5.590 cidadãos dos concelhos de Estremoz e Borba que elegeram Presidentes independentes, em detrimento dos candidatos do PSD, o que queriam mesmo era penalizar o governo?! Se alguém achar que sim o melhor é ir ao médico!