domingo, 30 de novembro de 2008

Manter a sala limpa era bonito, não era?

Estremoz, Rossio Marquês de Pombal, dez e trinta da manhã, hora local. Uma residente na zona entreabre a porta, apenas o suficiente para permitir a rápida saída do lulu que, aflitinho, se precipita em direcção à calçada para fazer aquilo que a natureza o obriga. Enquanto isso, a dona aguarda - por acaso uma das poucas que não usa saco para recolher os “restos” - que o bichinho alivie a tripa e regresse ao conforto do lar. A dita senhora vai, entretanto, olhando de forma ameaçadora para mim e resmungando entre dentes qualquer coisa imperceptível mas que facilmente se adivinha.

Vezes sem conta já aqui escrevi sobre este tipo de comportamento tão vulgarizado entre nós. Hoje não o vou fazer. Não me apetece. Ficam apenas as imagens e a merda no pavimento da nossa praça nobre. A tal sala de visitas de que tanto nos orgulhamos.

sábado, 29 de novembro de 2008

Larica, viagens e tvcabo.

A acção desenvolvida pelo Banco Alimentar é por demais reconhecida, pelo que nem vale a pena prolongar-me em considerandos acerca dela. O mesmo se aplica a todos os que, desinteressadamente, colaboram nas acções de recolha de alimentos, como a que este fim-de-semana decorre por todo o país, ou nas restantes actividades decorrentes de todo o processo de armazenamento, manutenção e distribuição dos produtos recolhidos.

Contribuir com alguma espécie de alimentos constitui por isso, para mim, quase uma obrigação que cumpro sempre de bom grado. Principalmente quando sei que a esmagadora maioria dos beneficiários dos bens recolhidos são idosos a quem a reforma não chega para pagar a conta da farmácia e famílias a quem o desemprego, ou outra contingência da vida, atirou para uma situação que era de todo improvável vir a ocorrer.

Nos últimos tempos, no entanto, tem surgido notícias na comunicação social que me causaram alguma inquietação e que, também, me fizeram ficar mais atento a certos sinais que, se não exteriores de riqueza, são pelo menos muito pouco compatíveis com a condição de alegado pobre e de alguém que necessite de recorrer à assistência alimentar prestada pelas instituições de solidariedade social a que se destinam os alimentos recolhidos em campanhas como a que está a decorrer.

Consta, são os próprios responsáveis que o admitem, que recorrem à ajuda alimentar cada vez mais pessoas que não pretendem abdicar de um estilo de vida dificilmente compatível com os rendimentos auferidos. Ou seja, pedem alimentos – via correio electrónico na maior parte dos casos – enquanto gastam o ordenado, ou o dinheiro proveniente de outras fontes de rendimento, em coisas tão essenciais como “viagens ou na Tvcabo”.

Outros, esses com evidentes sinais de pobreza, diariamente apoiados por instituições que se dedicam a estas causas, podem ser vistos a tomar o pequeno-almoço ou o lanche nas diversas pastelarias e cafés da cidade ou passeando e fumando o seu cigarrito enquanto a generalidade dos cidadãos trabalha. E, pior do que isso, roubando e achincalhando os que trabalham e contribuem para sustentar a sua existência.

O número de casos deste tipo, provavelmente, não será significativo. Mesmo que o seja não coloca em causa o trabalho destas instituições. Pode, eventualmente, é tirar a alguns a vontade de contribuir. E isso sim, é preocupante.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Opções...

Desde a entrada em vigor da nova lei das Finanças Locais, os municípios portugueses têm direito a uma participação até 5% da receita do imposto sobre o rendimento de pessoas singulares pago pelos munícipes residentes na sua área territorial. O seu valor é fixado anualmente pelos órgãos autárquicos, que podem, inclusivamente, abdicar da totalidade desta receita garantindo assim um significativo benefício fiscal aos contribuintes.

Este imposto, tal como o IMI, IMT e a Derrama, constitui uma importante fonte de financiamento autárquico. No entanto, apesar do seu peso nos orçamentos autárquicos ser menor que qualquer um dos outros impostos mencionados, a sua redução não tem constituído uma prioridade para a esmagadora maioria dos executivos municipais. Nem, estranhamente, para as oposições.

Embora a discussão acerca de impostos como o IMI ou a derrama seja mais ou menos frequente, e amiúde surjam opiniões contestando o elevado valor do primeiro ou a necessidade de não cobrar a segunda sob o pretexto de um pretenso apoio às empresas, nomeadamente a banca, gasolineiras ou as grandes cadeias de distribuição, já quanto à parte do IRS destinado aos municípios não tem surgido vozes a questionar o seu valor. Provavelmente por ignorância. Ou por se escaparem ao seu pagamento.

O impacto da percentagem do IRS destinado aos municípios, bem como qualquer alteração à taxa a aplicar, pode ser constatado pela apreciação do mapa seguinte. Para outros valores de colecta, como diria um tristemente célebre engenheiro – mais um – é fazer a conta.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Zé, afinal, não faz falta

O Bloco de Esquerda retirou a confiança política no seu único vereador na Câmara de Lisboa. Alega que José Sá Fernandes, o tal Zé que fazia falta, não passa cavaco ao partido e se está perfeitamente nas tintas para aquilo que o Bloco entende deve ser a politica a seguir pela edilidade da capital. Nada de estranho, se atendermos que todos os partidos, alguma vez em algum lugar, já passaram pelo mesmo.

A retórica do vereador em causa, quando instado a pronunciar-se acerca desta situação, é a mesma que todos usam nestas circunstâncias. E noutras, também. Entre os lugares comuns do costume sobressai o inevitável “Lisboa está acima do Bloco...”. Este desprendimento em relação a outras causas e a devoção - sempre presentes no discurso dos políticos - ao interesse das suas terras, no caso dos autarcas, ou ao interesse nacional no caso dos governantes, são comoventes. De ir às lágrimas, até. De riso, claro.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

"O" 25 de Novembro

O dia vinte cinco de Novembro constitui para mim uma referência incontornável. Foi o meu primeiro dia de trabalho. Faz, precisamente, vinte e oito anos.

O dia de amanhã – vinte seis de Novembro – também. Faz, precisamente, vinte e oito anos que recebi o meu primeiro ordenado. Bons tempos.