sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Prevaricar sai mais caro...




Apesar da entrada fechada a cadeado, do aviso de que o acesso ao espaço é expressamente proibido a pessoas estranhas ao município e que a deposição de lixo no local não é tolerada, ainda assim, nada parece demover quem, à socapa, se pretende livrar de resíduos indesejáveis. Dada a distância a que fotografia foi obtida -  do lado de fora da cerca como é perfeitamente visível -  poderá não ser possível confirmar, mas, garanto, pneus, colchões e restos de automóveis são alguns objectos identificáveis para quem passa no caminho que ladeia a propriedade municipal.
Será necessária uma elevada dose de descaramento, ignorância e parvoíce para efectuar despejos de resíduos desta natureza e nestas circunstâncias. Nomeadamente quando o município dispõe de um serviço de recolha completamente gratuito e no concelho existe um ecocentro vocacionado para a recepção dos mesmos. Logo, para além de ilegal, sairá substancialmente mais caro e dará muito mais trabalho carregar com o lixo até este descampado.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

RTP a dar lucro? Só se for no facebook...


Garantiam-nos ainda há pouco tempo que a RTP custava um milhão de euros por dia aos portugueses. O número assustava, não faltando quem contra ele proclamasse a sua indignação exigindo que se fizesse qualquer coisa que aliviasse desse fardo os pagantes de impostos. Entretanto uma qualquer espécie de milagre, daqueles que com uma admirável frequência acontecem por cá, deve ter acontecido e, para a mesmíssima RTP, está anunciado um lucro de vinte milhões a verificar-se já no próximo exercício. Fabulástico. Algo melhor que fabuloso e para lá de fantástico.
Face a esta habilidade para torturar os números, começo a ter esperança que sairemos em breve da crise. O mesmo princípio, seja ele qual for, talvez possa ser aplicado ao país. Assessores, consultores, malta do facebook em geral, esforce-se lá mais um bocadinho e vão ver que conseguem transformar o nosso défice num vistoso superavit.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Violadores


É provável que na sequência de mais uma inspecção da troika à maneira como nos estamos a comportar em matéria de cumprimento dos objectivos que acordámos cumprir sejamos confrontados com mais medidas de austeridade. E é muito bem feito.  Andamos mesmo a pedi-las. Veja-se, apenas um entre muitos outros, o exemplo daquela autarquia que, deliberadamente, assumiu violar a lei dos compromissos. A tal que, recorde-se, determina que os organismos públicos apenas gastem até ao limite do que podem pagar nos noventa dias seguintes e que, saliente-se igualmente, está enquanto princípio incluída no acordo de financiamento ao país.
Pode, naturalmente, discordar-se da dita lei. Podem os motivos para ultrapassar os seus limites serem muito nobres. Curiosamente, no caso e sempre que os autarcas a contestam, estão em causa o fornecimento das refeições e transportes escolares. Nunca, não menos curiosamente, as despesas com festarolas, assessorias manhosas ou obras de utilidade duvidosa. Ainda assim é lei e, portanto, para cumprir. Nem que as criancinhas levem o almoço de casa e tenham de ser levadas para a escola pelos pais. O que, diga-se, não me parece nada do outro mundo. Bem pelo contrário. Certamente não faltarão municípios que vão imitar Leiria e decidir não cumprir a lei. Coisa aparentemente de herói e que de certeza cairá bem entre os seus eleitores. Nós, portugueses, cá estaremos para pagar a conta.
Argumentam os autarcas, como justificação para o seu espírito esbanjador, que o contributo das autarquias para o défice não é mais do que umas décimas do seu valor. Talvez. Contudo a divida declarada do conjunto das autarquias ronda os dez mil milhões de euros. Declarada, sublinho. Cinco anos de subsidio de férias e de natal, portanto.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Festas populares


Nada tenho a obstar à realização das tradicionais festas populares. Desde que sejam os populares que delas usufruem a pagá-las. E, também, desde que não me incomodem. O pior é que a primeira condição raramente se cumpre e a segunda, com preocupante frequência, também não. É que, apesar das autarquias portuguesas estarem para lá de falidas e com as finanças absolutamente rebentadas, são larguíssimos milhões que se estouram em festividades de norte a sul do país. Para gáudio de muitos inconscientes e benefício de uns quantos que fazem profissão destas coisas.
A minha irritabilidade atinge níveis pouco habituais quando, a meio de uma viagem, chegado a uma localidade em festa e ainda a fazer contas a quanto é que aquilo pode ter custado em subsídios de férias e de natal, me deparo com a estrada nacional que atravessa a aldeola fechada ao trânsito. Para que os eleitores populares desfrutem da festinha descansados em trezentos metros de alcatrão, os incautos automobilistas são forçados a um desvio de meia dúzia de quilómetros por caminhos de cabras. E isto – pasme-se - num Domingo, ao fim da tarde, quando o trânsito de regresso a Lisboa tem uma intensidade bastante apreciável por, entre outras coisas, se tratar de um acesso à ponte Vasco da Gama.
Reitero a minha simpatia por este tipo de eventos de carácter popular. Revelam, se organizados exclusivamente pelas comissões de festas, uma salutar vitalidade das aldeias, vilas e cidades que as organizam. Ou uma ingerência doentia naquilo que pertence à chamada sociedade civil quando é o poder politico a fazê-lo. Já cortar uma das mais movimentadas estradas nacionais, para mais em hora de grande intensidade de trânsito, é, para ser simpático, um bocado parvo.  

sábado, 25 de agosto de 2012

Animais pouco estimáveis


Tenho manifesta dificuldade em perceber o que motiva alguém a ter cães dentro da própria casa e a coabitar com eles. Partilhar a habitação com animais parece-me algo assim a atirar, digamos, para o javardote. Cada coisa no seu lugar e, queiramos ou não, o lugar de um animal não é em casa. Pior ainda quando se trata de espaços exíguos, nomeadamente apartamentos ou vivendas sem logradouros, como acontece frequentemente nas cidades.
Tratando-se de raças perigosas, então, entramos já no domínio do deficit intelectual. Por mais razões que possam invocar nada justifica a posse de animais desse tipo. Legalizados ou não, mais ou menos obedientes, melhor ou pior treinados, constituem sempre uma ameaça para os outros cidadãos. E, convenhamos, todos temos o direito à nossa tranquilidade sem nos estarmos a preocupar com a fera que algum deficiente mental resolveu adoptar como amiguinho de estimação.
 A recente sequência de acontecimentos trágicos, inclusivamente com várias mortes, vem evidenciar – como se tal ainda fosse necessário – a urgente tomada de medidas para erradicar dos meios urbanos este tipo de bicho. Mas, se calhar, tudo tem de começar pelas pessoas. Nomeadamente estabelecendo regras rígidas, em cada condomínio, que não permitam a permanência destes animais no interior dos prédios. Depois, exigir que o governo legisle no mesmo sentido relativamente aos espaços públicos. Por mim, prefiro um fumador na mesa ao lado dentro de um café do que partilhar uma esplanada com um cão destas espécies. Mas isso sou eu, que devo ser dos poucos a achar que realmente importante é proteger as pessoas.