A generosidade dos
patrões portugueses continua a comover-me. A sua preocupação com o bem-estar
dos seus trabalhadores atinge níveis inusitados e que poucos suspeitariam ser possíveis.
É verdade que querem mais liberdade para despedir. Não é menos certo que pretendem
reduzir – ou mesmo extinguir – as indemnizações por despedimento. Estamos
fartos de saber que pagam cada vez mais baixos salários e que tentam eximir-se
a toda a espécie de obrigações. Mas, surpresa das surpresas, estão visceralmente
contra a aplicação de qualquer imposto sobre os subsídios de férias e de natal
dos seus colaboradores. Que é como eles chamam agora à malta a quem não podem,
por enquanto, por a trabalhar de borla nas suas empresas. São uns porreiraços,
em suma.
Desconfio sempre da
generosidade. E desta, vinda de quem vem, ainda desconfio mais. Quanto a mim os
patrões – recuso-me a considerá-los empresários – apenas estão contra a
aplicação de um imposto aos subsídios dos seus criados porque teriam de entregar
ao Estado o imposto retido. Mais uma despesa, portanto. Nomeadamente para
aqueles que não fazem intenção de os pagar. Mas claro que fica sempre bem vir
para as televisões explicar, como se fossemos muitos burros, que reduzir custos
no Estado – leia-se vencimentos – é bom para a economia. Só se for para a deles,
porque para a minha é péssimo. E para aqueles a quem eu “entregava” a parte que
entretanto me foram roubando, também não me parece que esteja a ser
suficientemente bom.
Totalmente de acordo!
ResponderEliminarUsou o termo certo: patrões. Porque empresários vai lá vai...
ResponderEliminarSe antes já tinha uma imagem dos mesmos nada abonatória, agora então desde que contacto com muitos de outras latitudes a coisa é pouco menos que confrangedora. Grande parte da nossa crise também passa por aqui.
Há bons exemplos, felizmente, mas são uma pequena minoria num oceano de mediocridade.