quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Neve em Estremoz


Não é que seja especial apreciador de neve. Seria mesmo incapaz de assapar umas quantas dezenas de quilómetros apenas para a ver. A bem dizer nem umas centenas de metros... mas pronto isso sou eu que apenas gosto de ver neve através da janela. Prefiro o calor. Estou como diz o outro:
Ó sol és a minha crença
nem que eu morra queimado
ainda assim não me compensa
dos frios que tenho passado”


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vem aí o IMI


Vamos, dentro de poucos dias, começar a receber as notas de cobrança do IMI. Abrir a caixa do correio e deparar com contas a pagar é algo que aborrece qualquer um, mas esta missiva das finanças vai ser coisa para deixar a maioria dos proprietários de imóveis com os níveis de irritabilidade em alta. Dependendo do montante a pagar – do tamanho do saque, por assim dizer – a conta será dividida até três prestações. A última, curiosamente, será paga apenas lá para Novembro. Depois da eleições autárquicas. Quando a malta já votou, colocando assim a salvo os muitos candidatos que vão andar por aí ao abrigo de algum percalço mais ou menos desagradável. Pelo menos daqueles relacionados com este imposto desgraçado, inútil e que, nos moldes actuais mais não é do que um roubo descarado aos nossos bolsos.
De positivo neste esbulho vejo apenas um aspecto. O de os portugueses terem finalmente a oportunidade de perceber que é o seu dinheiro que paga as festas de que tanto gostam, as obras que não se cansam de exigir e tudo o mais que tanto apreciam no governo e nos governantes da sua terra. Ou na parte do IMI resultante da reavaliação dos prédios, como vai suceder neste e no próximo ano, para pagar os empréstimos contraídos por estes junto da banca. É que isto não há almoços grátis. Nem promessas “deles” que nós não paguemos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Deve ser uma espécie de perseguição religiosa

Ainda que baptizado e casado pela igreja não me considero católico. Nem sequer, embora provavelmente as estatísticas me incluam nesse número, católico não praticante. Digamos que as minhas relações com a igreja serão muito mais circunstanciais do que movidas por qualquer espécie de convicção.
Apesar disso não aprecio muitos dos ataques que quase constantemente são dirigidos à igreja, enquanto instituição ou à sua hierarquia, nomeadamente quando as outras religiões não são postas no mesmo patamar de exigência. Desagrada-me sobretudo que se critique de forma despudorada a igreja católica e se deixe impune à critica, seja por cobardia ou em nome do pensamento politicamente correcto vigente, outras religiões que claramente oferecem mais motivos de reprovação. Refiro-me, entre outras, ao islão. Crença acerca da qual todos parecem ter um imenso receio de tecer o mais moderado dos comentários.
A foto que acompanha este post é um dos exemplos mais elucidativos do que acabo de escrever. Tem sido partilhada no fuçasbook e divulgada em sites e blogs como forma – se bem interpreto a mensagem – de denunciar a alegada indiferença da igreja perante a fome de milhares, quiçá milhões, de criancinhas africanas e de outras paragens menos favorecidas. Terão os que partilham este tipo de imagem alguma razão. Se calhar uns quantos indivíduos vestidos de forma abichanada podiam fazer mais qualquer coisa para minorar o sofrimento destas e de outras pessoas. Mas, se mal pergunto, os ayatollahs de toalha na cabeça, que rezam de cú para o ar e a quem também não faltam riquezas, não podiam fazer nada? Até porque estão lá mais perto. E, mesmo sabendo que são estes fulanos que muitas vezes impedem o auxilio a estas crianças, não há por aí umas quantas fotos desses seguidores do profeta que se possam colar às destas criancinhas?
Não se pode exigir que quem partilha e divulga estas palermices pare muito tempo para pensar. Ou que, em muitas circunstâncias, tenha sequer grande capacidade para o fazer. É por isso que aquela rede social substitui quase na perfeição a parede do WC. Sinal dos tempos e da evolução tecnológica. Que não, necessariamente, do utilizador.


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Onde é que está a dúvida que andámos a viver acima do que podíamos?


São muitos os que ficam com os cabelos em pé quando ouvem dizer que vivemos – e se calhar continuamos a viver – acima das nossas possibilidades. Isto enquanto país, obviamente. Não gostam e acham que os problemas estão algures noutros pontos quaisquer da nossa vivência em sociedade. Terão, sem dúvida, toda a razão relativamente a muitos argumentos que evocam para rebater a tese, que abominam , de termos andado a esbanjar o dinheiro que tínhamos, o que não tínhamos e o que provavelmente nunca chegaremos a ter.
O pior é que a razão deles não chega. O problema vai muito para além dela. E o gráfico junto é por demais elucidativo. Os juros e encargos com a divida representam a mais importante parcela da despesa financiada com os nossos impostos, superam até os gastos com a saúde, o que, somando o BPN, torna o país praticamente ingovernável. Digamos que se fosse uma empresa, ou mesmo um particular, um destes dias era declarado falido. 
Ora estes encargos resultam de empréstimos que foram contraídos para financiar investimentos e para irmos mantendo o nosso simpático nível de vida. O mesmo que muitos portugueses fizeram, portanto. Desgraçadamente todos os créditos têm aquela parte chata, aborrecida e muito desagradável que envolve o seu reembolso e o pagamento dos respectivos juros. Coisa para a qual não temos graveto porque não geramos riqueza para isso. Se isto não foi viver acima das possibilidades, então não sei o que lhe chame. Talvez mania das grandezas, querer fazer figura com dinheiro alheio ou não ter onde cair morto mas fazer vida de rico, é capaz de não ser, também, desajustado de todo. 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Peçam muitas facturas em meu nome que eu não me importo!


Desatar a trautear a Grândola vila morena quando nas imediações se encontra um qualquer membro do governo pode parecer um bocadinho a atirar para o estranho mas, enfim, ainda se tolera. Mesmo correndo o risco de o fulano que democraticamente se pretende silenciar desate, também ele, a cantar a dita cantiga. O que, convenhamos, tira todo o brilho ao putativo protesto.
Já fazer uma compra, paga-lá e no fim pedir factura em nome de outro é, para ser simpático, das atitudes mais parvas de que já ouvi falar. Apesar disso, parece, é o que andarão a fazer uns quantos totós. Diz que será uma forma de protestar contra a obrigação de pedir factura. Desconheço o que ganhará com isso quem assim procede ou em que medida ficará prejudicado o possuidor do número de contribuinte a quem a factura foi emitida. O efeito é, desconhecerão os idiotas mentores desta acção, exactamente o contrário. Eles ficam a perder e os contribuintes identificados a ganhar. Por causa de palermas desta estirpe PPC, Relvas e outros terão já direito a pagar menos 250 euros de IRS. ¹
A ideia é tão estúpida que já tem milhares de seguidores no facebook - um local onde as ideias estúpidas surgem a uma velocidade estonteante. De estranhar é apenas ter surgido agora. Se a intenção de mandar facturar em nome de outro tem a ver com a possibilidade deste vir a ser investigado para determinar a origem dos proveitos que lhe permitiram adquirir bens acima dos seus rendimentos, porque raio ninguém se lembrou de pedir facturas em nome de um alegado engenheiro desempregado até há uns dias atrás?! Ou da senhora sua mãe? Ou de outra pessoa qualquer que compre apartamentos de centenas de milhares de euros quando ganha apenas uma reforma miserável.

¹ Se quiserem pedir factura em meu nome é só deixar o contacto na caixa de comentários que eu disponibilizo o meu NIF para o efeito. Abater 250 euros ao IRS dá sempre jeito. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O que o álcool faz... a um pobre diabo!


Que os vinhos de Estremoz são dos melhores que se produzem no país parece ser, a acreditar na opinião dos especialistas em matéria vinícola, uma realidade incontornável. Por mim, que não não sou grande entendido nessas coisas da pinga, posso apenas garantir que possuem qualidades insuspeitas. Pelo menos ao nível do efeito que produzem na fluência do discurso e clareza do raciocínio dos seus consumidores. Sobretudo daqueles que o consomem em quantidades mais elevadas.
Foi por causa desses efeitos que um destes dias num popular tasco cá da terra, enquanto aguardava o registo do euro-milhões, tive a oportunidade de assistir a um verdadeiro comício improvisado em torno de umas quantas garrafas de um tinto aqui da zona. O orador improvável, um borra-botas qualquer incapaz quando sóbrio de dizer burro duas vezes seguidas, discorria fluentemente sobre o carácter e a conduta de um conhecido politico local. Fluente, mas em termos que a decência aconselha a não reproduzir. Mesmo num espaço como este.
Nada de mais se atendermos ao que todos os dias se diz dos políticos, pensará quem se dá ao trabalho de me ler. De facto, o episódio não teria nada de especial não fosse a piece de resistance da história. É que para gáudio dos que assistiam,  o homem terminava invariavelmente cada frase com um sonoro “e eu sou amigo dele”. Nem quero pensar o que a criatura dirá, quando com os copos ou até mesmo sem eles, de quem não grama.
Ainda assim o discurso inflamado do bêbado contribuiu involuntariamente para a divulgação do produto. Alguém por perto pediu “um daqueles que o gajo está beber”.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Autárquicas 2013


À semelhança do que aconteceu em 2005 e 2009, em 2013 o Kruzes Kanhoto vai acompanhar as eleições autárquicas com toda a atenção que elas merecem. Pouca, portanto. Mais uma vez serão as promessas extravagantes, as ideias delirantes e as candidaturas mais ou menos excêntricas em que estes actos eleitorais costumam ser pródigos, que vão merecer destaque aqui pelo blogue. Ainda que outras patetices e até mesmo as coisas relativamente sérias não sejam esquecidas e possam, de vez em quando, merecer uma referencia. Necessariamente breve, como é óbvio, que isto há que manter o padrão a que os leitores já se habituaram.
Comecemos, como nas outras ocasiões, por Estremoz. Parece que um dos candidatos afinal já não é. Deixou de ser antes que fosse. Nunca chegaremos, por isso, a saber se a pessoa em causa, com a sua vastíssima experiência neste ramo de actividade, seria uma mais valia para o concelho. Isto se ganhasse ou se, sequer, fosse eleito. Hipóteses que – a primeira - os auto proclamados especialistas em matéria de previsões nem colocam ou, quanto à segunda, manifestam as mais sérias reservas. Garantem até saber que nem o ex-candidato votaria nele próprio. Mas isso agora, como diria a outra, não interessa nada. São contas, se houver outro volte-face e o agora ex-candidato for mesmo a votos, para fazer lá mais para o inicio do Outono.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Governo alternativo precisa-se


Como aconteceu no tempo do governo do Partido Socialista, também agora Passos Coelho e os seus ministros são apupados para onde se deslocam. Estarão, portanto, a governar mal e com isso a provocar um elevado nível de irritabilidade aos portugueses. Tal como Sócrates e seus acólitos o fizeram antes, recorde-se.
Já no poder local, agora como nos últimos vinte anos, a deslocação do presidente da câmara, seja de que partido for, a qualquer parte do território que administra constitui uma festa. Estarão, portanto, a governar bem e com isso a provocar um elevado nível de satisfação aos portugueses. Tal como todos os seus antecessores o fizeram antes, recorde-se.
Se calhar, digo eu que gosto muito de dizer coisas, era capaz de não ser má ideia promover a constituição de um governo de união nacional, onde estivessem representados todos os partidos, integrado exclusivamente por presidentes de câmara. Seriamos, acredito, um povo muito mais feliz. E o país seria, seguramente, um lugar divertido, com muita animação e onde tudo constituiria motivo para uma festa. Fosse a colocação de uma máquina de multibanco numa aldeola ou a oferta de uma gaita de beiços para uma filarmónica qualquer.  

domingo, 17 de fevereiro de 2013

À vontade!


Num tom de voz claramente irritado e em circunstâncias que não vêm ao caso, porque pouco ou nada acrescentariam à historieta, alguém me fez notar que era “autarca da Câmara do (…) só para o pôr à vontade”. Dada a grande velocidade a que o alegado autarca produziu esta afirmação nem dei conta da ligeira pausa, que daria sentido à frase, e que significaria a existência de um ponto final a seguir à identificação da autarquia. Apesar disso admito que a criatura a tenha feito. Até porque será muito mais coerente que o homem desempenhe o cargo que alega por amor à sua terra do que para me pôr à vontade. Admiti, por isso, que o senhor terá afirmado que é “autarca da Câmara do (uma determinada terra). Só para o pôr à vontade.”
Lamentavelmente ficaram por esclarecer as inquietantes duvidas que manifestei perante o interesse da extemporânea revelação. O alegado autarca tratou de desviar a conversa. Apesar de não ter visto esclarecido o motivo porque ficaria à vontade perante a informação que me estava a ser transmitida, acredito que foi melhor a troca de palavras ter seguido outro rumo e, principalmente, ter terminado pouco depois. É que entre as muitas coisas que me irritam, as referências aos lugares que se ocupam estão no topo da lista. Nomeadamente quando isso envolve a intenção de deixar o interlocutor à vontade. Seja lá o que for que isso queira dizer.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Temos piada nós


Tantos anos a reclamar de serem sempre os mesmos a pagar impostos, a lamentarmos a generalizada fuga ao fisco e a criticar a inépcia da máquina fiscal para caçar aqueles que em nada contribuem para as finanças do país e, agora que podemos fazer alguma coisa para contrariar esta situação, o que fazemos nós? Zombamos da possibilidade de, finalmente, aquilo que sempre exigimos – pôr muitos dos que não pagam a fazê-lo – se tornar realidade. Pior ainda. Barafustamos e recusamos participar no esforço colectivo que deve mobilizar a sociedade contra a fuga e evasão fiscal. Achamos que controlar a cobrança de impostos é um acto pidesco e manifestamos a nossa repulsa por nos pretenderem obrigar a exigir a factura que nos é devida por cada compra que efectuamos. Somos uns tristes. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Estacionamento tuga


O Rossio, um dos maiores “largos” do país, fica tão longe quanto o outro lado da rua. Ainda assim demasiado distante quando o objectivo é estacionar o popó o mais perto possível do local de destino.
Esta imagem, cada vez mais frequente nas placas da zona lateral do Rossio Marquês de Pombal, faz-me sentir saudades do Sandokan. Aquele policia excessivamente zeloso das suas funções que, durante a permanência no comando da polícia local, aterrorizou os automobilistas estremocenses e muitos dos incautos visitantes desconhecedores do seu modus operandi.
A julgar por aquilo que se vai assistindo começo a suspeitar que as horrorosas barracas de lata, que estão paulatinamente a desaparecer, vão acabar substituídas por automóveis. Entre uns e outros venha o diabo e escolha. 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval II





Para o ano, se houver mais, volto a refilar da ausência de gajas nuas e da quase inexistente sátira política ou social. Por hoje o destaque, não necessariamente por esta ordem, vai para a Cergal, a Sagres e a Argus. E para o “assalto” à loja dos chineses. 

A vasta gama de tolerâncias governativas não inclui o carnaval


Só os papalvos acreditarão na bondade da justificação do governo para não conceder tolerância de ponto na terça-feira de carnaval. Os motivos que se prendem com esta decisão não estão, obviamente, relacionados com a produtividade, a presença da troika, nem com a crise. Primeiro porque a relação custo beneficio para o país deste dia de intolerância de ponto estará por demonstrar. Segundo, porque se de facto estivessem preocupados com os argumentos que mencionam, não permitiam, entre outras coisas, a verdadeira vergonha nacional que são as greves nos sectores dos transportes.
Estamos a ser governados, tal como aconteceu anteriormente, por um bando de catraios mal-educados, incompetentes, inconsequentes mentais movidos por preconceitos ideológicos e orientados apenas para resultados financeiros. E também, convém não ser ingénuo, por uma agenda eleitoral manhosa. As pessoas, a economia, o futuro do país e das gerações futuras, esse pouco importa. Só assim se percebe a tolerância com a greve dos estivadores e a ausência de vontade em acabar com as sucessivas greves dos transportes das regiões de Lisboa e Porto. Autocarros e comboios parados e funcionários a descontar os dias sem trabalhar representam uma enorme poupança de recursos para as respectivas empresas. Todas públicas, por sinal. Como a receita com a venda dos títulos de transporte está previamente assegurada é fácil perceber o quanto a situação agradará ao governo e aos geniozinhos traquinas acabados de largar as fraldas que cirandam pelos corredores do poder.
Acredito, mas isso sou eu que só sei dizer mal e escrever pior, que meio-dia de greve nos transportes provoca muito mais estragos à economia e causa muitíssimo mais transtorno aos portugueses do que a tolerância de ponto no dia de carnaval. Mas disso aquela malta não quer saber. Nem lá está para se preocupar com minudências dessa natureza. 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carnaval






Todos os anos lamento a ausência de gajas nuas no carnaval cá do burgo. Prefiro, desta vez, dirigir as minhas queixas para a falta de público. Admito que possa estar enganado mas, assim de repente, parece-me que este terá sido o corso com menor assistência de sempre. Pelo menos dos que me recordo. Seja do tempo, da crise ou do pessoal não ter grande vontade para carnavais, o que se afigura evidente é que o número de visitantes não justifica a despesa. Já quanto aos figurantes, mesmo deixando de parte a falta das moçoilas desnudadas, pode dizer-se que a coisa estava jeitosa. 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Modernices é o que é...


Este anúncio – reclame, como se dizia antigamente – é no mínimo ambíguo. Capaz, até, de se prestar a equívocos. E de, ao contrário do pretendido, afastar a clientela. Um prato de caracóis por confeccionar, vivinhos da costa e cornitos de fora, não me parece que seja a coisa mais apetecível para acompanhar umas bejecas. A menos que se trate de uma nova moda. Assim uma espécie de sushi em versão gastrópode. Mas melhor, porque o bicho, para além de cru, ainda está vivo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Lixados...


A cena repete-se todos os anos por estas paragens quando o frio começa a apertar. Caixotes do lixo a arder, pelo menos a fumegar, são coisa que não falta, principalmente nos bairros residenciais. Menos mal que, no caso, o contentor é de metal. Se assim não fosse lá seriam mais umas centenas de euros do nosso dinheiro a derreter. O que para esta malta friorenta e preguiçosa não terá importância nenhuma.  Se nem percebem as consequências de despejar os restos da lareira ainda acesos, quanto mais imaginar que os estragos que causam também lhe saem da algibeira.
O contrário do que acima escrevo poderá ser igualmente verdade. Por desconfiar do elevado preço que é pago para depositar os resíduos em aterro, algum munícipe mais zeloso terá deitado fogo ao lixo. Ou, quiçá, a treinar para num futuro próximo queimar todos os restos que produzir. Quando, depois de concluída a privatização da água, a recolha dos resíduos sólidos urbanos for também ela privatizada e, então, cada quilo de lixo nos custar os olhos da cara. Como é que nos vão cobrar isso? Não se preocupem que eles hão-de pensar numa maneira manhosa de nos lixar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Foi para isto que andaram a estudar?!


Posso, ainda que vagamente, perceber a intenção de baixar os vencimentos dos funcionários públicos. Não que isso, como está amplamente demonstrado, constitua um ganho para as finanças publicas no seu conjunto, mas dada a popularidade da medida admito que possa ser defensável do ponto de vista eleitoral. Compreendo até que economistas e outros doutores destas áreas estejam convictos da sua bondade. Incompetentes e parvos há em todas as profissões e gente com canudos comprados a saber tanto daquilo em que se diplomou como eu a perceber de cozinha tchechena é coisa que não falta.
Já quanto à ideia mirabolante de reduzir os vencimentos intermédios e baixos da função pública, aumentado em contrapartida os mais altos, é que nem sei o que diga. Principalmente em face dos argumentos utilizados para defender a tese que, segundo os alucinados que a propõem, pagando mais aos do topo eles não vão à sua vidinha laborar para outro lado e pagando menos aos outros adequa-se o seu vencimento ao que se paga no privado onde, ao que nos querem fazer acreditar, se ganha muito menos.
Vinda de um iletrado perdido de bêbado esta teoria era capaz de ter a sua piada. Agora dita de forma séria – no sentido de que não se estão a rir – faz-me reflectir na utilidade da parte dos meus impostos que tem servido para financiar os cursos a estas bestas. Alguém que explique a esta gentalha quanto pagam hoje a generalidade das empresas aos licenciados. E já agora, se eles souberem, que esclareçam para onde é que os técnicos superiores do Estado, que ganham cinco ou dez vezes mais e têm as tão apregoadas regalias, vão que melhor estejam. Seria também interessante saber quanto pensam reduzir os vencimentos dos que menos recebem. Quatrocentos e oitenta e sete euros não darão para baixar muito. A menos que queiram instituir um salário ainda mais mínimo para a função pública.
Será muito pouco provável que entre os três leitores que vão ler este texto se encontre alguma das alimárias que tem sugerido esta medida. Mas, se por uma estranha coincidência isso acontecer, aconselho que vá perguntar à mamã ou ao papá quanto é que pagam à empregada doméstica lá de casa. Quando souber é capaz de começar a pensar que no Estado os menos qualificados não são assim tão bem pagos. 

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Estacionamento tuga


Este pode ser considerado o tuga dois em um. A dobrar. Daqueles que merece um par de sopapos bem aviados. Verdade que estacionar seja lá onde for é um verdadeiro suplício. É o que dá termos, per capita, um dos maiores parques automóveis da Europa. Fruto da nossa vaidade e de uma suposta necessidade de nos fazermos deslocar de carrinho para todo o lado, por menor que seja a distância a percorrer. Daí que talvez o Nando do BPI tenha alguma razão. Se calhar aguentamos mais. Como diz o outro “quem não aguenta larga a carga”. Parece é que estamos relutantes em largá-la e insistimos em continuar a carregar o peso para que não temos arcaboiço. O popó, por exemplo…

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Quem corre por gosto...


Li um destes dias num blogue claramente alinhado à esquerda, por onde passei acidentalmente, onde ao longo de vários textos sobre o assunto é feita uma intransigente defesa da classe política. São abordados, entre outros temas, a aposentação da presidente da Câmara de Palmela e a intemporal e pertinente questão dos alegadamente baixos vencimentos dos políticos. No caso em apreço dos autarcas.
Para o autor, a senhora edil tem toda a legitimidade em ir para casa – ou para onde ela quiser – desfrutar dos mil e oitocentos euros da pensão. Coisa pouca, como refere. Até porque, acrescenta, presidir a uma Câmara é uma actividade desgastante, que comporta riscos e que obriga quem a desempenha a quase abdicar da vida privada e familiar. Será tudo isso e o mais que ele quiser. Mas, digo eu, não deve ser assim tão mau nem provocar os estragos anunciados. Pelo menos a senhora parece-me em muito bom estado. E o número de candidatos a presidentes de câmara que por esse país fora surgem diariamente, desmente qualquer argumento que envolva a penosidade do lugar. Para além de, mas isso o articulista esqueceu-se de mencionar, integrarem o restrito número de portugueses que podem violar todas as leis sem ir parar à prisão. Atingiram o nível supremo da inimputabilidade. Aquele em que por mais tribunais decretem a sua detenção, ela jamais ocorrerá.
Vem, depois, a questão do vencimento. Ainda que reconhecendo não ser esta a melhor altura para debater o assunto, não deixa de considerar modesta remuneração dos cargos políticos. Interroga-se – e interroga-nos – se “faz sentido que um presidente de câmara tenha uma remuneração (2800 a 3900 euros brutos, conforme o número de eleitores) que fica a anos-luz de um qualquer administrador ou gestor de empresa de média dimensão”. Provavelmente não fará. Tal como também não faria sentido um administrador ou gestor que arruíne uma empresa privada perpetuar-se no lugar. Nem, muito menos, que os accionistas o aclamem e sucessivamente o elejam para lhes continuar a derrear o capital. A menos que sejam parvos.