Só os papalvos acreditarão na bondade da justificação do governo para
não conceder tolerância de ponto na terça-feira de carnaval. Os motivos que se
prendem com esta decisão não estão, obviamente, relacionados com a
produtividade, a presença da troika, nem com a crise. Primeiro porque a relação
custo beneficio para o país deste dia de intolerância de ponto estará por
demonstrar. Segundo, porque se de facto estivessem preocupados com os argumentos
que mencionam, não permitiam, entre outras coisas, a verdadeira vergonha
nacional que são as greves nos sectores dos transportes.
Estamos a ser governados, tal como aconteceu anteriormente, por um
bando de catraios mal-educados, incompetentes, inconsequentes mentais movidos
por preconceitos ideológicos e orientados apenas para resultados financeiros. E
também, convém não ser ingénuo, por uma agenda eleitoral manhosa. As pessoas, a
economia, o futuro do país e das gerações futuras, esse pouco importa. Só assim
se percebe a tolerância com a greve dos estivadores e a ausência de vontade em
acabar com as sucessivas greves dos transportes das regiões de Lisboa e Porto.
Autocarros e comboios parados e funcionários a descontar os dias sem trabalhar representam
uma enorme poupança de recursos para as respectivas empresas. Todas públicas,
por sinal. Como a receita com a venda dos títulos de transporte está
previamente assegurada é fácil perceber o quanto a situação agradará ao governo
e aos geniozinhos traquinas acabados de largar as fraldas que cirandam pelos
corredores do poder.
Acredito, mas isso sou eu que só sei dizer mal e escrever pior, que meio-dia
de greve nos transportes provoca muito mais estragos à economia e causa muitíssimo
mais transtorno aos portugueses do que a tolerância de ponto no dia de carnaval.
Mas disso aquela malta não quer saber. Nem lá está para se preocupar com
minudências dessa natureza.
Sem comentários:
Enviar um comentário