Li um destes dias num blogue claramente alinhado à esquerda, por onde
passei acidentalmente, onde ao longo de vários textos sobre o assunto é feita
uma intransigente defesa da classe política. São abordados, entre outros temas,
a aposentação da presidente da Câmara de Palmela e a intemporal e pertinente
questão dos alegadamente baixos vencimentos dos políticos. No caso em apreço dos
autarcas.
Para o autor, a senhora edil tem toda a legitimidade em ir para casa –
ou para onde ela quiser – desfrutar dos mil e oitocentos euros da pensão. Coisa
pouca, como refere. Até porque, acrescenta, presidir a uma Câmara é uma
actividade desgastante, que comporta riscos e que obriga quem a desempenha a quase
abdicar da vida privada e familiar. Será tudo isso e o mais que ele quiser.
Mas, digo eu, não deve ser assim tão mau nem provocar os estragos anunciados.
Pelo menos a senhora parece-me em muito bom estado. E o número de candidatos a presidentes
de câmara que por esse país fora surgem diariamente, desmente qualquer
argumento que envolva a penosidade do lugar. Para além de, mas isso o
articulista esqueceu-se de mencionar, integrarem o restrito número de
portugueses que podem violar todas as leis sem ir parar à prisão. Atingiram o
nível supremo da inimputabilidade. Aquele em que por mais tribunais decretem a
sua detenção, ela jamais ocorrerá.
Vem, depois, a questão do vencimento. Ainda que reconhecendo não ser
esta a melhor altura para debater o assunto, não deixa de considerar modesta
remuneração dos cargos políticos. Interroga-se – e interroga-nos – se “faz sentido que um presidente de câmara tenha uma
remuneração (2800 a 3900 euros brutos, conforme o número de eleitores) que fica
a anos-luz de um qualquer administrador ou gestor de empresa de média dimensão”.
Provavelmente não fará. Tal como também não faria sentido um administrador ou
gestor que arruíne uma empresa privada perpetuar-se no lugar. Nem, muito menos,
que os accionistas o aclamem e sucessivamente o elejam para lhes continuar a
derrear o capital. A menos que sejam parvos.
"Tal como também não faria sentido um administrador ou gestor que arruíne uma empresa privada perpetuar-se no lugar." Fazer sentido, até não faz. Mas que acontece, acontece.
ResponderEliminarJá vi isto acontecer, e com a agravante de eu fazer parte da empresa. Como sempre, "quem se lixa é o mexilhão!". Portanto esforcei-me e lutei por uma carreira, abdiquei de outras coisas na minha vida, e entretanto um senhor bem conhecido de alguns, cortou as pernas muita gente. Uma empresa com cerca de 110 pessoas. Amo este país.
Subscrevo inteiramente as tuas palavras e vamos de mal a pior...e a acrescentar as belas nomeações que o governo fez para secretários de estado.
ResponderEliminarTransparência no seu melhore a começar pelo PR até ao Franquelim...todos têm rabos de palha e toca a encher antes de sair do poder.
Como mudar? pois há algo que o povão desconhece: VOTAR mas antes conhecer um pouco do historial dos políticos.
Bom domingo