Posso, ainda que vagamente, perceber a intenção de baixar os
vencimentos dos funcionários públicos. Não que isso, como está amplamente
demonstrado, constitua um ganho para as finanças publicas no seu conjunto, mas dada
a popularidade da medida admito que possa ser defensável do ponto de vista
eleitoral. Compreendo até que economistas e outros doutores destas áreas estejam
convictos da sua bondade. Incompetentes e parvos há em todas as profissões e
gente com canudos comprados a saber tanto daquilo em que se diplomou como eu a
perceber de cozinha tchechena é coisa que não falta.
Já quanto à ideia mirabolante de reduzir os vencimentos intermédios e
baixos da função pública, aumentado em contrapartida os mais altos, é que nem
sei o que diga. Principalmente em face dos argumentos utilizados para defender
a tese que, segundo os alucinados que a propõem, pagando mais aos do topo eles
não vão à sua vidinha laborar para outro lado e pagando menos aos outros adequa-se
o seu vencimento ao que se paga no privado onde, ao que nos querem fazer acreditar,
se ganha muito menos.
Vinda de um iletrado perdido de bêbado esta teoria era capaz de ter a
sua piada. Agora dita de forma séria – no sentido de que não se estão a rir –
faz-me reflectir na utilidade da parte dos meus impostos que tem servido para
financiar os cursos a estas bestas. Alguém que explique a esta gentalha quanto
pagam hoje a generalidade das empresas aos licenciados. E já agora, se eles
souberem, que esclareçam para onde é que os técnicos superiores do Estado, que ganham
cinco ou dez vezes mais e têm as tão apregoadas regalias, vão que melhor
estejam. Seria também interessante saber quanto pensam reduzir os vencimentos
dos que menos recebem. Quatrocentos e oitenta e sete euros não darão para
baixar muito. A menos que queiram instituir um salário ainda mais mínimo para a
função pública.
Será muito pouco provável que entre os três leitores que vão ler este
texto se encontre alguma das alimárias que tem sugerido esta medida. Mas, se
por uma estranha coincidência isso acontecer, aconselho que vá perguntar à mamã
ou ao papá quanto é que pagam à empregada doméstica lá de casa. Quando souber é
capaz de começar a pensar que no Estado os menos qualificados não são assim tão
bem pagos.
Não consigo perceber a inteligência destas bestas, mas tenho a certeza que dividir para reinar compensa!...anda todo um povo de orelhas murchas e humilhado.
ResponderEliminarO povo está adormecido...ou melhor atordoado...e tens toda a razão, subscrevo!
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