segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Contas manhosas

O novo horário de trabalho da função pública entrou hoje em vigor. Para alguns. Poucos, ao que parece. É que isto de cumprir as leis que vão sendo publicadas é uma coisa que não assiste à maioria, sempre pronta para arranjar um – às vezes mais - estratagema manhoso que dê a volta ao que é determinado. O habitual, portanto.
Diz que agora é preciso ouvir os sindicatos. Mesmo com a lei publicada há mais de um mês e, supostamente, a produzir efeitos. Ora, se assim é, espero que os sindicatos se pronunciem quanto antes. De acordo com a lei, de preferência. Isto para não prejudicar quem ainda tem férias para gozar. Entre os quais me incluo. De que maneira posso ser prejudicado? Fácil. Se tirar dois dias de férias quando trabalho sete horas por dia, tenho catorze horas de férias. Se tirar os mesmo dois dias com o horário das oito horas, então, já gozo dezasseis. Dahhhh!!!

domingo, 29 de setembro de 2013

Lágrimas de crocodilo

Corre um vídeo na Internet onde uma alegada professora aposentada chora as suas desditas no ombro do líder do PS que, lavado em lágrimas, procura reconfortar a senhora. A cidadã que assim se expõe estará, segundo as suas palavras, a passar sérias dificuldades. Por culpa do governo, claro. Terá tido um corte de mil euros na sua pensão e isso, como é bom de ver, causou-lhe um assinalável transtorno. Ao ponto de se prestar a fazer aquela triste figura. Quase tão triste como a de Seguro.
A larguíssima maioria da população terá razões de queixa da actual politica. Uns mais que outros, é certo. Só um idiota não concordará que entre as vitimas preferenciais da camarilha que substituiu a corja anterior no governo, estão os reformados e os funcionários públicos. Há, no entanto, que ter noção do mundo que nos rodeia.
Por mais injusto que seja tudo o que estão a fazer a este conjunto de portugueses o espectáculo protagonizado pela senhora do vídeo e principalmente pelo secretário geral do PS, vai muito para lá do razoável. Ver o rendimento mensal reduzido em mil euros por mês é, de facto, mau. Mas, ainda assim, parece pranto a mais. Nomeadamente por comparação com as centenas de milhar de desempregados sem qualquer tipo de rendimentos ou os reformados com pensões abaixo do limiar de pobreza.
Se a senhora tem razão para estar revoltada? Obviamente que sim. Se era motivo para aquele espectáculo? É evidente que não. Se devia ter dito quanto ficou a receber, para que todos chorássemos com ela? Se calhar sim. Quanto ao outro interveniente, o Seguro, demonstrou mais uma vez que não passa de um demagogo execrável. E é o que de mais simpático me ocorre. 

sábado, 28 de setembro de 2013

Hoje tive muitos motivos para reflectir


Andava eu a reflectir ali pelo Rossio quando dou de trombas com a gravação de uma cena da novela da TVI. Daquela que a acção se passa em Estremoz apesar de ter nome de uma terra da Beira interior.
Por causa disso fiquei com mais um motivo de reflexão. Isto de ser actor, realizador ou exercer outra actividade ligada à produção de filmagens no exterior não é vida fácil. Pelo menos hoje não foi. A complicar a acção estiveram a chuva, frio e o raio de um sino, com os decibéis a um nível de fazer inveja a qualquer avião supersónico, a tocar ali mesmo ao lado a anunciar mais uma das muitas mortes que por cá têm ocorrido nos últimos tempos. O que me proporcionou mais dois motivos para reflectir: Está a morrer demasiada gente num curto período de tempo e os sinos devem estar a debitar mais decibéis do que a lei permite. 

Não há margem para mais cortes?! De certeza?

Número de eleitores

Número de habitantes


O que ganhou o país com a recente reforma administrativa e a extinção, agregação ou lá o que lhe queiram chamar, de mais de mil freguesias? Nada, provavelmente. Os fluxos financeiros transferidos para estas entidades não são, no imediato, reduzidos e, em muitos casos, os custos de funcionamento sofrerão um agravamento que dificilmente irão compensar os proveitos obtidos com a diminuição destes organismos.
Estremoz tinha catorze freguesias. Tem agora nove. Não será dos exemplos piores. Duas morreram de morte natural – não tinham gente – outra, na cidade, não tinha razão para existir e ninguém dará pela falta dela. Já o mesmo não acontece quanto aos “Ameixiais”. Neste caso todos ficamos a perder. Os habitantes primeiro e os contribuintes depois. Por razões óbvias e facilmente entendíveis para quem conhece esta realidade.
Desconfio que, caso houvesse realmente intenção de promover a poupança, o recenseamento eleitoral seria um “território” capaz de gerar uma economia de meios substancialmente maior. Mas isso sou eu, que não consigo entender como é que um país com menos de dez milhões de habitantes tem quase nove milhões e meio de eleitores. Esta situação pode ser explicada por alguns concelhos conseguirem a extraordinária proeza de ter mais gente a votar do que a morar lá. Algo que no meu fraco entendimento se afigura a um qualquer tipo de falcatrua.
A actualização destes dados conduziria a uma significativa redução do número de eleitos e, por consequência, de lugares de nomeação politica. E, para os que ficavam, a uma importante redução dos vencimentos. É só fazer a conta, como diria o outro. Assim a olho nú era coisa para valer por duas ou três “reformas administrativas”. O que, como é óbvio, não interessa nada a essa malta da politica. No governo ou na oposição. 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Uma cidade sem cães?! Bastava sem donos javardolas.

Anda por aí uma turba imensa a malhar no autor deste artigo. Não admira. O país está cheio de gente que se acha no direito de incomodar os outros e que estes têm o dever de aturar as suas javardices. Sim, porque a porcaria é deles e não dos seus apêndices. Que é como quem diz dos cães que passeiam ou que soltam deliberadamente para ir cagar nas ruas, parques e jardins por onde todos temos o direito de passear sem pisar merda.
Nada tenho contra os que optaram por viver num canil. É lá com eles. O que não aceito de bom grado é que os que fizeram essa opção prolonguem na rua o seu estilo de vida. Nem, menos ainda, que os poderes públicos nada façam contra esta praga que, para além de nos sair muito cara, devia envergonhar a todos.
Nesta, como noutras situações, sou claramente a favor da repressão. Que é a única forma de fazer cumprir as leis. Isso da sensibilização e outras tangas não passa de coisas de meninos. Umas multazitas aos prevaricadores, taxas municipais mais elevadas e uma fiscalização competente à legalidade dos animais que circulam nas ruas, é o mínimo que se pode exigir aos que desempenham - ou vão desempenhar – cargos públicos. Afinal é para isso que os contribuintes lhes pagam.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

"Papão"?! Se calhar é mais o "homem do saco"...

Há quem considere que falar da divida é uma espécie de “papão” com que se pretende assustar o eleitorado. Principalmente quando, dizem, ela – a divida – resulta de investimentos que consideram importantes. Embora, se calhar, quase todos passassem bem sem eles. Os tais sorvedouros de dinheiro que alguns, pomposamente, intitulam de investimentos.
Não me surpreende que os discípulos pensem assim. Seguem apenas a linha de pensamento do mestre. Daquele que depois de arruinar o país se mudou para França. Para onde, diga-se, devia ter ido muita da tralha que, de norte a sul, seguidores ou não, rebentaram com isto e que, em vez de terem seguido o líder, ainda andam por aí a cantar loas à bondade da politica do betão que nos arrasou financeiramente e hipotecou o futuro das gerações mais novas.
Dizer, como acabo de ler, que é normal ter uma divida elevada porque se investiu – logo não virá daí nenhum mal ao mundo - revela uma absoluta falta senso de quem assim fala. Diria mesmo próprio de alguém que devia ser proibido de se aproximar de dinheiros públicos. Para além de se afigurar como desculpa de mau pagador. 
Seguindo este raciocínio quem ganha o salário mínimo terá toda a legitimidade em aspirar possuir uma mansão de dez quartos, com piscina, jardim e outras comodidades. Basta construí-la e posteriormente, quando lhe pedirem contas, argumentar com os credores que o facto de lhes dever uma pipa de massa não constitui qualquer espécie de problema. E, do ponto de vista de alguns, de facto não. Afinal ele apenas tem uma divida porque investiu em algo que considera importante para o seu bem estar...  

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Eu também procuro voluntários para me cavarem o quintal...e, como sou um mãos largas, pago uma bejeca!


Se estás disponível - que é como quem diz, se não tens nada para fazer – és uma pessoa dinâmica, possuidor de uma imensa vontade de ajudar e, a juntar a todas essas qualidades, és suficientemente parvo para trabalhar à borla, não percas esta oportunidade. Que, curiosamente, não é proposta por nenhum capitalista nojento ávido de explorar o seu semelhante. Tão pouco envolve um empresário armado em porco fascista desejoso de se encher de dinheiro à custa de trabalho escravo. Nada disso. Quem pretende obter o serviço destes “voluntários” - também podiam ser estagiários – é uma empresa municipal. Essa fantástica invenção daquilo a que alguns insistem em chamar, vá lá saber-se porquê, poder local democrático. Uma entidade integrante do Estado. De direito. Pois.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A mim parece-me mais o inferno...mas, se calhar, é porque sou ateu.

"Se houvesse eleições todas os meses, este país seria um paraíso...
Por todos os lados há obras..."


Esta citação é um comentário escrito num blogue da região – de Beja, parece-me - a propósito de um post onde a sua autora escreveu qualquer coisa acerca das autárquicas e das obras que estarão a decorrer ou que irão ser feitas em virtude da proximidade das eleições. O comentador tem, convenhamos, um conceito um bocadinho estranho do que será o paraíso. Assim como assim prefiro o paraíso dos muçulmanos. Esse, ao que eles garantem, envolverá virgens e isso. Bastante melhor, portanto.
Outra hipótese é que o leitor do tal blogue seja um empresário do ramo da construção e obras públicas. Daqueles que estiveram nas últimas dezenas de anos sentados à mesa do orçamento e a quem as revisões de preços, os trabalhos a mais e outras manigâncias, encheram os bolsos de dinheiro e deixaram o país abarrotar de dividas. Se for esse o caso, até posso perceber que para ele um estaleiro constitua um cenário paradisíaco. Gostos. E esses nem ouso discuti-los.
Poderá ser, também, um eleitor comum. Dos que há por aí aos encontrões. Adoram obras - mesmo que não sirvam para nada a não ser dividas e encargos futuros - e baseiam as suas escolhas em função do número de metros cúbicos de betão gastos pelo politico da sua eleição. É uma opção de vida. Respeitável, como todas as outras. Não venham é depois aborrecer com os impostos que são um escândalo, o malandro do Coelho que só sabe roubar nos ordenados e nas reformas ou essa chata da Merkel que não gosta de nós. É que alguém tem que pagar o vosso paraíso, sabiam?

domingo, 22 de setembro de 2013

Perguntar não ofende. Digo eu...mas não tenho a certeza!

(Foto do Blasfémias)
Não tenho seguido com particular atenção ou interesse os muitos debates e entrevistas aos candidatos autárquicos que têm sido transmitidos pelas rádios e televisões. No entanto, daqueles que ouvi, ficou sempre uma pergunta – fundamental, do meu ponto de vista – por fazer aos intervenientes. Provavelmente por os entrevistadores não estarem muito sensibilizados para o tema ou – prefiro nem acreditar na segunda hipótese – entenderem que tal pergunta pode deixar os entrevistados ou participantes nos debates pouco à vontade.
Seja por alguma das razões acima apontadas ou por outra qualquer, a verdade é ainda não ouvi perguntar a quem promete obras, apoios da mais variada ordem e outras actividades que inevitavelmente envolvem aumento de despesa, onde é que vai arranjar o dinheiro para as concretizar. O mesmo se aplica àqueles que prometem baixar impostos. O que conduziria à perda de receita e, consequentemente, produziria o mesmo efeito nas contas municipais que o aumento da despesa.
Sabendo-se, como julgo que toda a gente sabe, que as autarquias não podem aumentar o seu endividamento – caso o façam sofrerão as sanções previstas na lei e que não são nada meigas - impõe-se que os eleitores sejam esclarecidos sobre as consequências das promessas eleitorais. Quem promete aumentar a despesa ou diminuir a receita que diga onde vai cortar ou, em alternativa, que impostos pretende  subir. E que se lhes pergunte, já agora.

sábado, 21 de setembro de 2013

Coisas aparentemente relacionadas...


Anda por aí um bando de virgens ofendidas com o resultado de um inquérito aos juízes em que estes, na sua esmagadora maioria, terão respondido que o povo não saber votar. Se com isso querem dizer que o povo não sabe colocar a cruz dentro do respectivo quadrado, dobrar o boletim e introduzi-lo na urna, se for isso, não concordo. Acho que, excepto um ou outro caso, toda a gente saber como a coisa funciona.
Já se este resultado quer dizer que os magistrados entendem que os portugueses estão perfeitamente a leste da situação do país, não fazem a mais parva ideia da desgraça financeira em que a nação está mergulhada e que vão atrás de quem promete dar o que não tem condições para oferecer e que, se o fizer, nos está a lixar a todos, então, estou plenamente de acordo. Mas, nessa ignorância, incluo também os juízes. Ou não fossem eles portugueses como nós.
A segunda imagem, partilhada por milhares de pessoas no fuçasbook, retrata, se isso fosse preciso, a dimensão do nosso desfasamento face à realidade. E o pior é que quem o faz nem sequer estará nos últimos lugares da escala da indigência mental. Sabe, pelo menos, ler e escrever e terá acesso a um nível de informação relativamente aceitável. Mas se, ainda assim, acha que aquela mensagem tem alguma aproximação à realidade, estamos conversados quando ao acerto do entendimento dos juízes...

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Se for assaltado seja simpático com o ladrão.

O caso do assaltante que processou as vitimas que, por terem ficado desagradadas com o assalto, alegadamente o terão sovado e detido até à chegada das autoridades policiais, não é apenas ridículo. É muito pior do que isso. Pode constituir – se é que não constitui já – um precedente de consequências imprevisíveis. Que, ao pedir a condenação das vitimas do assalto, o Ministério Público não terá tido em conta.
Andar no gamanço é uma actividade de risco. Quem a pratica deve estar preparado para os riscos daí decorrentes. Nomeadamente ser apanhado com a boca na botija por alguém que não fique entusiasmado pelo facto de ser roubado e resolva dar um enxerto de porrada ao assaltante. Sempre foi assim. Não andarei longe da verdade se afirmar que sempre assim será. O que pode mudar é que nunca mais ninguém siga o procedimento dos cidadãos agora processados pelo ladrão. Provavelmente daqui por diante, sempre que seja possível dar uma coça ao gatuno, qualquer um pensará sempre duas vezes antes de chamar a policia. E o meliante, por mais desfigurado que o tenham deixado, de certo pensará outras tantas antes de se queixar. O que significa que, caso surja a oportunidade, é malhar à vontade. Desde que ninguém morra não haverá problema. Ou então é capaz de haver. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Tenham medo...

Esta preocupação da Comissão Nacional de Eleições com o cumprimento do chamado período de reflexão é bem reveladora da fraca velocidade a que as leis evoluem relativamente ao mundo que procuram regular. Tentar censurar as redes sociais é tarefa impossível. E – valha-nos ao menos isso – os senhores da dita comissão reconhecem-no. Tanto que, a acreditar no seu porta-voz, apenas actuarão se houver queixas. O que também não deixa de ser curioso porque, se bem percebo o funcionamento destas coisas, se o prevaricador tiver o mínimo de cuidado jamais será identificado. Basta criar um perfil falso numa rede social qualquer e aceder numa rede pública. E se quiser ser ainda mais cuidadoso, fazê-lo de chapéu na cabeça, com óculos escuros, uma gabardina e onde não existam câmaras de vigilância. Nestas circunstâncias sempre quero ver a quem é que vão passar a multa.
Parece até que os tipos da CNE não sabem que o tempo em que pretendem aplicar a lei eleitoral – por mais razoável que isso possa parecer - já nada tem a ver com o tempo em que esta foi feita. É, de certa forma, uma atitude comparável à dos juízes do Tribunal Constitucional e à interpretação que estes fazem da Constituição. O que, para manter um certo nível de coerência, deverá ser do agrado da rapaziada que tem andado por aí a aplaudir as decisões dos homens de negro lá do Ratton...

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Todos os animais são iguais. Uns têm é mais sorte.

O Natal é uma época lixada para os perus. Por essa altura do ano são dizimados aos milhares. Bêbados, alguns. Outros, coitados, nem isso.
A Pascoa não traz melhor sorte aos borregos. Os desgraçados são chacinados em larga escala e, ao contrário das aves que devoramos na quadra natalícia, nem sequer têm direito a apanhar uma bebedeira de caixão à cova.
Os porcos têm mais sorte. Não por estarem a salvo da gula dos humanos mas apenas porque as eleições autárquicas são apenas de quatro em quatro anos. Digamos que elas estão para os suínos como o natal e a pascoa estão para os perus e os borregos.
Mas se o peru e o borrego estão associados a festas de cariz religioso o porco, aparentemente, não está. Ou melhor, não estava. Agora já não sei ao certo. Diz que por esta altura do ano, a par de ter disparado o número de porcos sacrificados para satisfação do potencial eleitorado, as excursões a Fátima são mais que muitas. O que se compreende. Há que tratar adequadamente do estômago e do espírito ao eleitor. Isto, como diz o outro, anda mesmo tudo ligado.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Taxas para pagar tachos

As eleições autárquicas são, dada a sua natureza, propicias ao aparecimento de propostas parvas. O que tirando aquela parte de, caso postas em prática, nos arruinarem a carteira não teria nada de mal. Pelo contrário, podiam até contribuir para melhorar os índices de boa disposição dos eleitores.
Desta vez não é o caso. Até porque a proposta parva do dia não se parece com uma promessa. Afigura-se antes uma ameaça e chegou pela voz de um dos cabecilhas do bloco de esquerda, simultaneamente candidato à Câmara de Lisboa. O homem considera necessário que a autarquia crie uma taxa que penalize os proprietários de prédios devolutos que não sejam colocados no mercado, seja para venda ou arrendamento. Quero acreditar que as restantes forças politicas terão o bom senso de ignorar liminarmente esta ideia. Embora, no ponto a que as coisas chegaram, não tenha assim tanta certeza.
A voracidade da máquina parece não conhecer limites quando se trata de sacar dinheiro. Não lhes chega o IMI, que pode ser agravado em determinadas circunstâncias, como querem esmifrar mais ainda os bolsos dos cidadãos. Alguém avise o cabeçudo que estamos no meio de uma crise, casas à venda é o que não falta – a menos que as placas das imobiliárias sejam só a fingir – e que a maioria dos proprietários com as casas devolutas gostaria de, por um ou outro meio, se livrar delas. Presumo que seja tarefa difícil convence-lo. É que para um gajo alegadamente de esquerda não deve ser fácil perceber que proprietário não é sinónimo de rico. 

domingo, 15 de setembro de 2013

Eles prometem esturrar ainda mais...

Continuamos a não perceber o que nos está a acontecer. Parece que ainda não entendemos que estamos a viver uma tragédia e que ou mudamos radicalmente de rumo ou isto ainda vai piorar mais. Muito mais. Olhar para os cartazes que se vão vendo por esse país fora, assistir aos poucos debates que se vão realizando ou ler as propostas eleitorais dos candidatos a governar as autarquias não nos permite concluir outra coisa.
De facto, praticamente todas as propostas apresentadas ao eleitorado – ou melhor, aos trezentos e oito eleitorados – envolvem aumento da despesa pública. Gastar mais do nosso dinheiro, portanto. Construir coisas, sejam elas quais forem e que utilidade tenham, continua na vanguarda em matéria de prometimento. Segue-se - está muito em moda, diga-se – essa coisa do social. A ideia será apoiar os mais desfavorecidos, ao que garantem.
Ainda que uma ou outra ideia até possa aparentar um nível de coerência vagamente aceitável falta, quase sempre, um pequeno dado. Uma minudência, a bem dizer. Esquecem-se invariavelmente de nos esclarecer onde vão desencantar o dinheiro para assegurar a realização dessas propostas. Isto porque, para lá dos chavões habituais a envolver os automóveis ao serviço das presidências, nunca é feita qualquer referência a eventuais cortes na despesa que permitam enquadrar no orçamento autárquico o valor daquilo que se pretenderá gastar a mais.
Mais preocupante ainda é que, por norma, a estas intenções seguem-se mais umas quantas no sentido de reduzir o IMI, a participação municipal no IRS, a Derrama, as taxas municipais ou o preço dos bens e serviços fornecidos pelas autarquias. Quer isto dizer que os candidatos autárquicos conseguem fazer a quadratura do circulo. Ou não sabem do que estão a falar. Ou, mais provável, querem enganar-nos. A menos que achem que isto da crise, das dividas e da necessidade de ter as contas equilibradas é tudo conversa fiada e que as dividas não são para pagar, como dizia o outro. Os que chegarem ao poder com este pensamento e graças a este tipo de promessas pode ser que, mais cedo do que tarde, tenham uma surpresa... 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Vão vender velhinhos, é?

Algumas Câmaras Municipais parecem verdadeiras agências de organização de eventos e os seus presidentes autênticos mestres de cerimónias. A identificada na imagem e o seu autarca-mor, a julgar pelo que se vai vendo, encaixam na perfeição nesse estereótipo. A terra, a acreditar nos relatos que nos vão chegando, estará quase permanentemente em festa. Cabe, desta vez, aos velhotes aguentarem a fúria festiva do mestre-sala lá do sitio. Haja coragem. E paciência. E já agora dinheiro nos bolsos dos portugueses para pagarem todo este dinamismo lúdico-festivo.
Em terra de velhos um evento dedicado aos idosos até parece ter alguma lógica. Mas chamar-lhe “Feira” afigura-se assim um bocadinho esquisito. É que, no meu dicionário, “feira” é um grande mercado que se efectua em épocas determinadas. E mercado, ao que acredito saber, é um lugar público onde se compram mercadorias colocadas à venda. Por exemplo: Na feira de artesanato transacciona-se artesanato, na feira do gado compra-se e vende-se gado e assim por diante.
A julgar pela denominação será, portanto, um certame destinado a vender idosos. Percebo a ideia. Como têm muitos quererão ver se alguém lhes compra uns quantos. Para renovar o stock, provavelmente. E se o preço estiver em conta até pode ser que tenham saída. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ora aí está uma mensagem que fará todo o sentido.


Grandes Cenas


Cá pela cidade e seus arredores estão a ser gravadas cenas de uma telenovela a exibir proximamente pela TVI. O que, diz-se, vai ser bom para o concelho. Talvez seja. Para já está a ser óptimo para jovens estudantes em férias, desempregados e reformados que foram escolhidos para figurantes. Mesmo que apanhem uma grande seca pelo tempo que aquilo demora a filmar, como o cachet é simpático a coisa compensa. E para aquele pessoal que tem a sorte de ter um patrão daqueles mesmo fixes é melhor ainda. Ir “figurar” na hora de serviço, não descontar no ordenado e receber vinte cinco euros é, só por si, um espectáculo! Isto, obviamente, se houver alguém entre os figurantes que tenha a sorte de ter um patrão tão espectacularmente porreiro.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Não importa sol ou sombra...


Estaciono em qualquer sitio. Desde que, claro, estejam reunidos determinados requisitos. Nomeadamente ser permitido, não haver arrumadores por perto, o acto de estacionar não envolva o pagamento de nenhuma tarifa à câmara ou outra entidade qualquer, não implique deixar o carro em cima do passeio e ao lado, atrás ou à frente não se encontrar já estacionada uma carrinha de caixa aberta ou um mata-velhos. Fora isso não sou esquisito. Não procuro sombras nem um local que me deixe a meia dúzia de passos do local onde me pretendo dirigir. Daí que, às vezes, quando dou à chave o termómetro assinale esta simpática temperatura. É o resultado de uma manhã inteirinha ao sol e encostado a uma parede branca... 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O país dos rosalinos

O secretário Rosalino é um arauto da defesa daquilo a que muita gente chama igualdade entre trabalhadores do sector público e privado. Isso da igualdade é uma coisa bonita. Daquelas de que toda a gente gosta de ouvir falar. Ainda que essa alegada igualdade não seja para melhorar a vida dos que estão pior mas sim e apenas para piorar a dos que, alegadamente, estarão melhor.
Mas o Rosalino é, na vida real, bancário. No Banco de Portugal, ao que parece. Ora a instituição onde o nosso Rosalino trabalha quando não está na politica será, segundo se diz, das que mais direitos - provavelmente privilégios, na perspectiva dos Rosalinos e seus admiradores – concede aos seus funcionários. De tal maneira que o Rosalino terá, segundo a imprensa, dois créditos à habitação. Daqueles a juros módicos a que apenas os bancários têm acesso. O que não tem nada de mal, diga-se. A menos que mentes perversas – como a minha, admito – se comecem a questionar acerca de um tal conceito esquisito nem sempre visto de maneira igual. Igualdade, ou lá o que é.
Não consta que relativamente a matérias desta – e de outra – natureza, os Rosalinos que andam lá pelo governo evidenciem especial preocupação. Nem que os habituais defensores da equidade, convergência, igualdade e outros conceitos todos jeitosos, manifestem a mais leve indignação. São coisas que não interessam ao pagode. A esse basta que lhe vão alimentado o ódio aos funcionários públicos.

domingo, 8 de setembro de 2013

Cagarras falantes


Não faltaram alarves a ironizar acerca da deslocação do Presidente da República às Ilhas Selvagens. Gente sábia e geralmente bem informada, quase sempre. A mesma que irá debitar baboseiras sem conta, de índole patrioteira ou de natureza pacifista conforme os gostos, quando, numa qualquer manhã, a bandeira espanhola estiver içada naquele – por enquanto – território português. Mas isso será depois. Por agora nem um pio a lamentar a figura deplorável que fizeram quando se fartaram de gozar com as cagarras. Deve ser porque ainda não perceberam o motivo da deslocação do homem àquelas paragens. O que não deixa de ser estranho para gente tão esperta.

sábado, 7 de setembro de 2013

Férias


Os textos publicados entre 31 de Agosto e hoje foram, tal como este post, escritos e agendada a sua publicação antes daquela data. O que significa que, desde então, o blogue tem estado em "piloto automático". Os comentários que entretanto por aqui tenham sido deixados pelos frequentadores deste espaço serão, se tudo tiver corrido dentro da normalidade, publicados logo mais para a noite. À hora da publicação desta prosa ainda estarei pelos Algarves a gozar as últimas horas de férias...

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Às tantas alguns deviam ir mesmo para a rua...

A construção como "motor do desenvolvimento" acabou. É passado. E o futuro, pelo menos o mais imediato, não passará pela reabilitação urbana. Pelo menos enquanto o governo não tiver a coragem de extinguir uma quantidade de organismos públicos intervenientes nos processos relacionados com esta área que, para justificar a sua existência, emperram sistematicamente qualquer tentativa de investir neste sector.
Quase toda a gente conhece histórias mais ou menos rocambolescas sobre a actuação deste ou daquele “instituto”, neste ou naquele processo. Basta alguém tentar substituir um telhado em ruínas de uma qualquer casa, num qualquer centro histórico de uma qualquer vila ou cidade, para perceber o imenso sarilho onde se meteu. A menos que tenha uma sorte do caraças e apanhe alguém bem disposto. Nesse caso pode ser que até autorizem buracos numa qualquer muralha.
Questiono-me acerca do motivo por que os esparveirados que estão no governo, já que têm tanta vontade de despedir gente e fechar serviços, não começam por aqueles que, sem razão aparente, apenas servem de entrave a quem pretende investir, criar postos de trabalho ou recuperar património. Deve ser por envolver “cultura”, ou lá o que é.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Será que temos assunto fracturante?!

Os partidos são importantes. Essenciais para a democracia, mesmo. Sem eles viveríamos numa ditadura e isso, por mais que alguns afiancem que era a única forma de endireitar o país, é coisa que poucos apreciam. Pelo menos quando aplicada a nós. Já se for noutras paragens – Coreia do Norte, Cuba ou Arábia Saudita – não faz mal nenhum e até algo muito valorizável.

Mas, discorria eu, os partidos são importantes. Nomeadamente para tratar de assuntos importantes. Como, a titulo de exemplo, o piropo. A sua importância está claramente desvalorizada, a sociedade tolera-o e isso, na opinião de duas activistas da causa feminista por acaso militantes do Bloco de Esquerda, é algo intolerável. Do mais intolerável que há. Será, portanto, altura de começar a pensar em controlar o piropo. Como, ainda não sabem. Para já o assunto está em discussão no partido e depois, lá mais para a frente, logo se vê o que se pode fazer. Mas, seja o for, será importante.  

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Incêndios

Todos os anos há fogos. É inevitável. Por uma ou outra razão. Todos os anos também se repetem as mesmas lengalengas da falta de limpeza, da ausência de meios, da insuficiente aposta na prevenção, de interesses instalados e muito mais consoante a imaginação de quem disserta sobre a matéria. Todos, admito, terão razão. E, também acredito, todos gostariam que a realidade fosse diferente e, muito principalmente, que não houvesse perda de vidas a lamentar.
Discordo, em parte, na proporção da culpa que se pretende atribuir aos proprietários de terrenos por não limparem as suas propriedades. Logo porque, tratando-se de mato, não fará grande mal que arda. Depois porque essa coisa da combustão espontânea não é das mais frequentes e raramente acontecerá durante a madrugada. Finalmente, ainda que poucos a mencionem, a desertificação do país contribui decisivamente para estas ocorrências. O abandono dos campos, com tudo o que isso acarreta, será um dos principais factores para as dimensões que muitos incêndios atingem.
Bêbados, malucos e maridos encornados com tendências pirómanas são, igualmente, um perigo para a floresta. Desses devia ser a justiça a tratar. A popular, porque a outra...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

No segurar é que está o ganho

Por preguiça, mais do que por qualquer outro motivo, raramente dou uso à bicicleta. O percurso para o trabalho é feito a pé e como não sou muito dado à actividade física a título de lazer, o velocípede acaba por quase não sair da garagem. Menos sairá se uma proposta que anda por aí a circular, no sentido de obrigar as bicicletas a ter um seguro, vier a ser concretizada. Estava-se mesmo a ver que, dado o seu exponencial crescimento nos últimos anos, este seria um mercado extremamente apetecível para as seguradoras. Não admira por isso que, um destes dias, o governo faça a vontade a essa malta e obrigue quem quiser andar de bicicleta na via pública a contribuir para encher os bolsos às empresas do ramo segurador. E não só, digo eu, que isto acaba sempre por escorrer qualquer coisinha para fora do pote.
Os argumentos para tal decisão têm, se vistos isoladamente, alguma coerência. Os ciclistas podem, de facto, causar danos a outros utentes do espaço público. Tal como os carrinhos de bebé. Ou aqueles carrinhos, com duas rodas, que as velhotas usam para ir às compras e – parece que fazem de propósito, o raio das velhas - chocam com os nossos tornozelos. Os andarilhos, usados pelos mais idosos e com dificuldade de locomoção, constituem outro perigo escondido. Sabe-se lá os danos que podem causar se uma das rodas atropelar a unha do dedo grande de um transeunte em chanatos. Isto para não ir mais longe. Porque, bem visto, ainda se arranjam uma meia-dúzia de razões que justifiquem a obrigatoriedade de um seguro de peão. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mais do mesmo

Há anos que nos tentam convencer que a solução para todos os nossos males está na alteração das leis laborais. Facilitar os despedimentos, garantem-nos, estimula a criação de emprego. Pois. Deve ser, deve. O resultado de dez anos – ou mais – desta conversa está à vista. Nem o aumento brutal do desemprego tem a ver com as leis em vigor, nem a alteração do quadro legislativo criará emprego. Mas vá lá alguém convencer disso os iluminados que nos governam ou os génios, alegadamente especialistas em coisas, que os apoiam nas televisões e jornais.
A par de uma ainda maior liberalização dos despedimentos pretendem agora reduzir o salário mínimo nacional. Já de si bastante... competitivo, digamos, para usar um termo todo modernaço. É difícil imaginar que gente pretensamente letrada equacione sequer a adopção de tal medida. A ir em frente será, tal como a maioria das tomadas até agora, mais um desastre e causará uma devastação a nível social com contornos fáceis de imaginar. Mas, se calhar, é mesmo isso que eles querem.   

domingo, 1 de setembro de 2013

A sombra. Ou a falta dela.


Nesta viela quase não entra o sol. Ou, a entrar, os seus raios não impedirão que a rua tenha sombra durante quase todo o dia. Mas o quase não chega ao automobilista extremoso e cioso com o conforto do seu carrinho. Desconfio que um dias destes, se é que não o fez já, ainda arranja maneira de mesmo em viagem continuar a manter o popó ao abrigo da inclemência do astro-rei. Com uma sombrinha daquelas grandes acoplada ao tejadilho, por exemplo. Ou de outra forma igualmente parva...