domingo, 6 de fevereiro de 2011

A menos que seja criminoso ter direitos é (quase) um crime...

Ultimamente apareceram na imprensa e blogues de opinião prosas, quase tão brilhantes quanto os seus ofuscantes autores, em que se pretende incriminar as gerações que hoje têm quarenta, cinquenta ou sessenta anos, pelas dificuldades sentidas pelas gerações seguintes. Nomeadamente as que hoje estão na casa dos vinte e trinta anos. Segundo o luminoso pensamento, terão os primeiros todas as comodidades e privilégios enquanto os últimos, coitados, vitimas do desvario de pais e avós, viverão condenados a pagar o bem estar e o conforto dos que os antecederam. 
Seria de bom tom - e de algum rigor intelectual, também - que essa gente que assim disserta explicasse a quem se está a referir. Se é à geração de políticos que vive à conta do Estado - seja pela via de reformas, tachos diversos ou promoção conseguida através de desempenho de cargos públicos - então estaremos de acordo. O mesmo não acontece se, no grupo dos segundos - os tais desgraçados - não incluir as carinhas larocas sub-quarenta que têm lugar nas diversas bancadas do parlamento e todos os Ruis Pedros Soares desta vida. 
As desigualdades gritantes a que assistimos, parece-me por demais óbvio, têm muito pouco a ver com a idade dos portugueses. Os factores que as originam são outros e pretender associa-los a direitos básicos é de uma indigência mental que até mete dó. Curiosamente a culpa nunca é apontada por estes badamecos à corrupção, à economia paralela ou a um patronato bronco, incapaz, incompetente e praticamente iletrado. Se calhar, digo eu, coisas em que gente que assim analisa se reconhece.

3 comentários:

  1. Totalmente de acordo, posso subscrever?

    Bom domingo!

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  2. Texto muito bom. Claro e conciso. Apesar de eu próprio ter escrito também sobre este tema, não caí, felizmente, no pecadilho que tão claramente aqui denuncia.

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  3. quais tachos, vencimentos e reformas chorudas... o que essa gente do centrão mais cds/pp no Estado, mais a cdu e vários "independentes" nas autarquias têm feito, ajudados por amigalhaços "empresários", é roubo descarado, assalto às contas do Estado puro e duro. agora até assaltam os fundos sociais europeus para financiar as escolas públicas, uma vergonha, depois a senhora Merkl, etc. e tal.

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