Como é publico e notório, de tantas
vezes que já o repeti, tudo o que é opção de reduzir custos pela via dos
salários causa-me uma certa alergia. Dá-me brotoeja, digamos. A recentemente
anunciada intenção governativa de reduzir para metade os cargos dirigentes na
administração local não foge à regra e, para além da vontade de me coçar,
provocou-me igualmente uma incontrolável vontade de rir. Embora até admita que
a necessidade de controlar nomeações nas autarquias é essencial – por este lado
a ideia pode ser vista como positiva – já a parte da poupança prevista me
parece completamente tola. Das duas, uma. Ou o governo é ingénuo ou é parvo. Ou
então acha-nos ingénuos e quer fazer de nós parvos. É que, se não forem tomadas
outro tipo de medidas, o dinheiro que não for pago aos dirigentes municipais
que deixarem de o ser – trabalhadores como os outros, recorde-se – não irá
ficar nos cofres autárquicos. O mais certo é ir direitinho para as contas
bancárias do clã Carreira e de outros agentes culturais do nosso contentamento,
para fazer obras que apenas servem para alimentar o ego dos autarcas ou para
governar a malta que, de norte a sul, pulula em redor de muitas associações de
utilidade mais que duvidosa.
Veja-se, por exemplo, o que aconteceu
com a redução salarial este ano decretada e com o fim do abono de família. Os
números são públicos e demonstram claramente que o facto de os trabalhadores
levarem para casa bastante menos dinheiro que anteriormente, em nada, mas mesmo
em nada, contribuiu para a redução da despesa e do endividamento global das
autarquias. Antes pelo contrário. Estas não pararam de se endividar, de admitir
mais “funcionários” e de fazer mais despesa que, se vivêssemos num país sério,
devia colocar na prisão quem a autoriza. Daí que anúncios destes me dêem vontade
de chamar nomes pouco abonatórios a muita gente. A começar por aqueles que os
aplaudem.
Estás certíssimo.
ResponderEliminarTens toda a razão e subscrevo.
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