Greves
e manifestações não são a forma de luta que mais aprecio. Diria
até que constituem um tipo de acção arcaico e a necessitar de
urgente modernização. Excepto alguns sectores em que, pela sua
especificidade, a paralisação do trabalho pode ainda ter uma força
decisiva para fazer valer as reivindicações dos grevistas, na maior
parte dos casos de nada vale. Veja-se, por exemplo, a administração
pública. Um dia de greve – ou mesmo mais, não interessa a
quantidade – apenas serve para prejudicar os utentes e pouco ou
nada influencia as decisões governativas, enquanto os governantes,
esses, pouco se importarão com os eventuais transtornos causados ao
cidadão comum. Já os grevistas, quando olharem para o recibo do
vencimento, constatarão que, afinal, apenas contribuíram para o seu
empobrecimento.
As
manifestações podem ser encaradas como algo mais útil. Pelo menos
no âmbito do desabafo. Mas, tal como as greves, de pouca utilidade
prática. De resto, se exceptuarmos os tempos demenciais do período
revolucionário de setenta e quatro e setenta e cinco, não há
memória de um governo – pelo menos daqueles normais – ceder a um
grupo mais ou menos numeroso de pessoas aos gritos.
A
luta, tal como tudo na vida, tem também ela de evoluir. Adaptar-se a
novas realidades, adoptar outras armas, deixar a rua e mudar-se para
cenários alternativos de combate. Não há limites para a imaginação
humana e, por isso, a nossa capacidade de encontrar maneiras de
contornar as barreiras que nos vão colocando - ou apenas protestar
contra a sua colocação - causará um impacto muito mais forte do
que as tradicionais formas de protesto. Acredito que, aos poucos, os
portugueses perceberão isso. E também quero acreditar que o facto
de cento e noventa e sete visitantes deste blogue, entre os últimos
quinhentos chegados pela pesquisa do Google, aqui terem vindo parar
através de buscas relacionadas com a simulação de IRS a pagar em
2012, significa alguma coisa relativamente à preocupação em pagar
menos imposto e, pela via fiscal, manifestarem o seu protesto face ao
esbulho de que estão a ser alvo.
Outro
exemplo do que atrás referi está na pesquisa “como piratear o
contador da luz” que trouxe um leitor até cá. Não encontrou por
aqui a solução mas, sinceramente, espero que tenha sorte e encontre
o que procura. E, já agora, se descobrir diga qualquer coisinha...
As greves para "funcionarem" deveriam estar servidas por um fundo de greve que sustentasse os grevistas durante um período largo.
ResponderEliminarSó assim teriam efeito.
Mas isto implicaria falar também de outro tipo de sindicatos.
Lembro-me da célebre grebve dos mineiros(3 meses) com a Tatcher... e ela vergou!