quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A luta é imaginação.



Greves e manifestações não são a forma de luta que mais aprecio. Diria até que constituem um tipo de acção arcaico e a necessitar de urgente modernização. Excepto alguns sectores em que, pela sua especificidade, a paralisação do trabalho pode ainda ter uma força decisiva para fazer valer as reivindicações dos grevistas, na maior parte dos casos de nada vale. Veja-se, por exemplo, a administração pública. Um dia de greve – ou mesmo mais, não interessa a quantidade – apenas serve para prejudicar os utentes e pouco ou nada influencia as decisões governativas, enquanto os governantes, esses, pouco se importarão com os eventuais transtornos causados ao cidadão comum. Já os grevistas, quando olharem para o recibo do vencimento, constatarão que, afinal, apenas contribuíram para o seu empobrecimento.
As manifestações podem ser encaradas como algo mais útil. Pelo menos no âmbito do desabafo. Mas, tal como as greves, de pouca utilidade prática. De resto, se exceptuarmos os tempos demenciais do período revolucionário de setenta e quatro e setenta e cinco, não há memória de um governo – pelo menos daqueles normais – ceder a um grupo mais ou menos numeroso de pessoas aos gritos.
A luta, tal como tudo na vida, tem também ela de evoluir. Adaptar-se a novas realidades, adoptar outras armas, deixar a rua e mudar-se para cenários alternativos de combate. Não há limites para a imaginação humana e, por isso, a nossa capacidade de encontrar maneiras de contornar as barreiras que nos vão colocando - ou apenas protestar contra a sua colocação - causará um impacto muito mais forte do que as tradicionais formas de protesto. Acredito que, aos poucos, os portugueses perceberão isso. E também quero acreditar que o facto de cento e noventa e sete visitantes deste blogue, entre os últimos quinhentos chegados pela pesquisa do Google, aqui terem vindo parar através de buscas relacionadas com a simulação de IRS a pagar em 2012, significa alguma coisa relativamente à preocupação em pagar menos imposto e, pela via fiscal, manifestarem o seu protesto face ao esbulho de que estão a ser alvo.
Outro exemplo do que atrás referi está na pesquisa “como piratear o contador da luz” que trouxe um leitor até cá. Não encontrou por aqui a solução mas, sinceramente, espero que tenha sorte e encontre o que procura. E, já agora, se descobrir diga qualquer coisinha...

1 comentário:

  1. As greves para "funcionarem" deveriam estar servidas por um fundo de greve que sustentasse os grevistas durante um período largo.
    Só assim teriam efeito.
    Mas isto implicaria falar também de outro tipo de sindicatos.
    Lembro-me da célebre grebve dos mineiros(3 meses) com a Tatcher... e ela vergou!

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