quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A dificil arte de mentir

José Sócrates tem, pelo menos, uma virtude. Poucos lhe ficarão indiferentes. Para uns é um líder à altura dos desafios que se colocam ao país e revela uma coragem impar no combate aos interesses instalados que, segundo certas teorias, são a causa do atraso estrutural de que padecemos. Outros vêem nele um conjunto de defeitos difíceis de reunir numa só pessoa. Assim uma espécie de Diabo. Com cornos e tudo.
Reconheço que esta parte dos cornos era escusada e que faria muito mais sentido mencionar as ditas armações quando me referisse ao ex-ministro, e futuro manda-chuva no Banco de Portugal, Manuel Pinho. Mas bolas, isto de um gajo como o Sócrates deve-se sempre dizer mal. Mesmo que não se saiba ao certo porquê, algum motivo haverá que o justifique.
E o homem não se cansa de nos dar “razões para lhe chegar a roupa ao pêlo”. Hoje, no parlamento, garantiu para quem o quis ouvir que não são os vencimentos de políticos, administradores, assessores e toda uma vastíssima panóplia de boys que cirandam pelos lugares cimeiros da administração pública e afins, que prejudicam as contas públicas. Sugerir a redução do vencimento de toda essa malta não passa de populismo e demagogia. Provavelmente será. Que o impacto no equilíbrio do orçamento seria diminuto, também acredito. Agora que contribuiria para legitimar os sacrifícios que se pedem aos portugueses e que constituiria uma medida que podia ajudar à credibilização – se é que eles se importam com isso – de quem vive da politica, disso não duvido.
Mas não foi apenas por esta tirada que o Primeiro-ministro caiu ainda mais baixo na minha consideração. À saída do hemiciclo, confrontado pela comunicação social acerca das declarações contraditórias que tem proferido relativamente a uma das muitas trapalhadas em que estará envolvido, José Sócrates manifestou um estranho embaraço e uma incapacidade, invulgar nele, em responder de forma expedita – pregar mais uma peta, digamos assim – ou esquivar-se de forma airosa às questões suscitadas pelos jornalistas. Até parece que não está habituado.
Quanto aos meus leitores não sei, mas a mim desagrada-me profundamente que o primeiro-ministro do meu país minta de forma brilhante e ao alcance de poucos quando nos quer lixar – ou seja, quase sempre – e não seja capaz de arranjar uma mentira mais ou menos convincente quando o querem lixar a ele.

2 comentários:

  1. Fizeste-me sorrir e a mim não me desagrada, enfurece-me que é diferente e sinceramente também andam à batatada por merdices(desculpa a expressão) apenas para manter o povo distraído e longe dos graves problemas nacionais.O povo é sereno, está desempregado mas recebe subsidio e tem futebol para o animar...tal milho aos pombos!

    Acreditas que o Manuel Pinho vai para o lugar do Constâncio? hummmm a ver vamos, acho que não entrará por aquela porta pequena...mas todos irão girar!

    A imagem está fabulosa!

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  2. É que as mentiras já são tantas, que o rapaz anda baralhado sem se lembrar o que é que disse e sobre o quê.

    Compreende-se, não?

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