Se bem entendo os princípios da coisa – da causa, talvez – o denominado Movimento Slow Food terá como finalidade contrariar o fast food, o ritmo frenético da vida actual e o desaparecimento das tradições culinárias. Pretende igualmente este Movimento internacional promover o interesse das pessoas pela procedência e sabor dos alimentos que consomem, bem como desenvolver programas de educação alimentar a favor da biodiversidade. Tudo, portanto, boas razões para nos congratularmos com a sua existência.
Como acontece quase sempre com os denominados “Movimentos”, deve ser por isso que se chamam assim, também este se espalhou pelo planeta - mais uma espécie de franchising - e chegou, há algum tempo, ao Alentejo. Nada de mais. Principalmente se tivermos em conta a má afamada lentidão nossas gentes – uma injustiça contra a qual voltarei a salivar um destes dias – e a rica tradição dos “comeres” alentejanos. Verdadeiras iguarias que, diga-se, estão por estes dias a ser promovidos junto da criançada que, lamentavelmente, já conhece melhor o sabor de uma lasanha congelada do que o excepcional gosto de umas migas com carne de porco.
Reconheça-se no entanto que há coisas que não se devem juntar. Água com azeite será o exemplo mais conhecido. Com as palavras sucede o mesmo. Lembro-me de, em tempos já distantes, o Portimonense ter uma dupla de centrais que obrigava os gajos dos relatos radiofónicos a fazer uma pausa quando anunciavam a constituição da equipa. Eram o Amílcar e o Alhinho. Ou do outro que insistia em ser conhecido pelo nome com que o padrinho o tinha baptizado – Adolfo - e pelo apelido do seu distinto pai. O Dias.
Com este movimento sucede algo parecido. “Slow Food Alentejo” lido assim, para o pessoal que nem o inglês técnico conseguiu tirar, é capaz de parecer outra coisa. Boa, igualmente, e que, se quisermos ser brejeiros, dará para fazer umas quantas piadolas relacionadas com a gastronomia. Ou uns trocadalhos do carilho.
Mais "movimentos"!?
ResponderEliminarMovimentos paradoxalmente parados...!
Os "movimentos" se andassem não tinham tanto tempo para parir tanto movimento!
Fast food, de qualidade (entenda-se mais uma vez como paradoxo), porque se
é fast, logo é manipulada e sem qualidade (no meu ver)...
Em relação á Biodiversidade, se todos, digo: TODOS, pobres, ricos e remediados, consumissem consoante a Biodiversidade, EU era a 1ª a também seleccionar a comida e comer aquilo que mais abundava...
Mas quando vejo (tal como antes nas Bulas papais, que quem paga bem, pode consumir...). Logo, EU também vou usufruir de tudo aquilo que gosto(enquanto há) e me dá prazer...
E cada um come aquilo que gosta, temos de educar os nossos filhos (descendentes) a gostar (palato) das comidas caseiras, biológicas e reais...
MFCC