Citando um mediático presidente de Câmara, “sempre que ouço falar em cultura só me apetece sacar da calculadora”. Por isso raramente aqui me refiro a eventos de índole alegadamente cultural que, quase sempre, mais não são que manifestações de gosto duvidoso e um esbanjamento descarado dos dinheiros públicos e que raramente teriam lugar se os responsáveis pela sua organização tivessem que as pagar do seu próprio bolso. Lembro, por exemplo, um “espectáculo” realizado no adro da Igreja de S. Francisco em que uns quantos jovens davam uns pinotes – não havia música senão ainda podia supor que estavam a dançar – enquanto eram regados por várias mangueiras de água. Provavelmente, a julgar pelas palmas no final, as dezenas de espectadores presentes terão percebido a essência da coisa. Eu, garanto, não entendi patavina. Mas isso sou eu que sou burro, nem manifesto capacidade intelectual para descortinar o quanto artísticas podem ser várias sequências de pulos abundantemente regados.
O mesmo não posso dizer das exposições que periodicamente estão patentes ao público no centro cultural. Ainda que não seja assíduo frequentador vou, com alguma regularidade, acompanhado o que por lá se expõe. Garanto, com a mesma convicção com que escrevi o parágrafo anterior, que vale a pena. É o caso da que por estes dias se pode visitar, em que pode ser apreciado um conjunto de fotografias que documentam o derrube da igreja paroquial de Santo André, bem no centro da cidade - ocorrido no princípio da década de sessenta do século passado - para em seu lugar edificar o Palácio da Justiça e que será certamente um dos maiores crimes contra o património histórico de Estremoz. A par, talvez, da demolição de uma vasta área de muralha efectuada anteriormente.
“Igreja de Santo André – História de um crime” é, por isso, uma exposição a visitar. Para que, pelo menos, todos tenhamos a consciência da dimensão do disparate que foi cometido.
A cultura tem muito que se diga...
ResponderEliminarPorque há gente que se julga culto, que sabe muito, mas não passa de 1 analfabeto(a) a nível cultural...
Aqui quem tem o pelouro da Cultura* (vareação), e talvez ai em Estremoz seja igual, são pessoas que nada tem a ver com o tema, ou seja: são ex-bancários, ex-professores e "ex-qualquer coisa", desconhecendo a verdadeira cultura e assim adulterando-a, já me debati, fartei-me de falar, ams agora calo-me e deixo a caravana passar... Porque os cães vão ladrar sempre!
* pode-se aplicar também ao Ambiente, Obras etc.
É por isso que depois escolhem estes espectáculos deprimentes em que só os pais e amigos dos intervenientes gostam e aplaudem...
Rídiculo!
Mas, já vi isto em qualquer lado, só mudam os autores...
MFCC