O marketing, mesmo entre os bruxos e actividades similares, está cada vez mais agressivo. A prova disso, como se fosse preciso prová-lo, é que acabo de ser alvejado com um molho de prospectos publicitários, atirados de um carro em andamento, onde são divulgadas as capacidades curativas de uma tal “Dona Mara” que, segundo reza o folheto, consulta em todo o país. Estaremos portanto em presença de uma maga ambulante. Um novo e interessante conceito, convenhamos.
Apesar da agressividade das técnicas de divulgação do serviço anunciado, verificam-se ainda evidentes lacunas que urge melhorar. Digo eu, que apesar de leigo nestas matérias da publicidade e da bruxaria, gosto muito de dizer coisas. Tanto que vou até deixar algumas dicas – oportunidades de melhoria é capaz de ser mais apropriado – que se poderão revelar úteis a quem se queira iniciar na arte de resolver problemas nas áreas do “Amor – Saúde – Negócios – Divórcios – Casamento, Namoros, etc “ e saída para a crise em geral, como anuncia o dito papelucho que por pouco não me acertava em cheio.
Para começar o titulo. “Querido paciente” parece profundamente inadequado. “Querido” soa a coisa de tias e quem recorre a esta gente são por norma pessoas com pouca paciência para resolver os seus problemas pelas vias normais. “Fofinho desesperado” era capaz de ser mais apelativo. E muito mais moderno, também.
Diz-se a seguir que “Chegou novamente a Portugal depois de uma breve viagem para aprofundar os seus conhecimentos a famosa senhora de grandes poderes naturais e sobrenaturais.” Ora, como é fácil de constatar, esta frase está repleta de contradições. Ninguém acredita que, numa breve viagem, seja possível aprofundar assim tanto os seus conhecimentos, a não ser, talvez, José Sócrates, mas esse não é para aqui chamado e de mago tem muito pouco. Também a parte dos “poderes” me parece bastante incoerente. Se alguém tem assim tantos poderes sobre naturais não estou a ver para que raio quer os naturais. Nem o contrário. Além que não deixa de ser estranho ter sido dotada logo com os dois. Nestas e noutras coisas quando a esmola é grande o pobre desconfia, por isso o melhor será optar apenas por uma versão dos poderes. Ou, em alternativa, ir variando e conforme a ocasião escolher o que dê mais jeito. Nunca os dois em simultâneo.
Garante ainda a publicidade que a senhora “Trata e cura com as suas próprias mãos”. Aqui a coisa melhora significativamente mas, mais uma vez, o marketing volta a falhar por não incluir uma foto da criatura. É verdade que quem vê caras nem sempre vê mãos, e mesmo que as veja não fica, só por isso, a saber das suas habilidades. Mas lá que ajuda muito na hora de decidir pôr alguma coisa na mão de uma qualquer maga lá isso ajuda.
Esta gente não passa de charlatões. Muitos deles até são analfabetos.
ResponderEliminarCompadre Alentejano
- Normalmente por detrás de todos estes milagres estão "pessoas" que não têm quaisquer escrúpulos em explorar as fragilidades daqueles que já estarão a passar por maus momentos nas suas vidas!
ResponderEliminar- Infelizmente a aflição e desespero destes últimos, leva-os a acreditar em tudo o que lhes aparece pela frente!
- E quando algo corre mal e se procura responsabilizar o dito "Mago" este pura e simplesmente "desaparece" não deixando sequer rasto da sua existência!
Normalmente a única ligação que se tem com essa gente é um qualquer número de telemóvel.
ResponderEliminarÉ frequente verificar-se nesse tipo de publicidade que não existe uma morada concreta.
Aqui ouvimos numa rádio local todos os dias: "Boas notícias! O grande Vidente (...) chegou hoje à Madeira", coitado chega todos os dias, já deve andar cansado de tanto andar de avião!
ResponderEliminarE diz que cura a "má sorte, olhado, casamentos e namoros desfeitos, na invejas, azar nos negócios, etc..." é mesmo em muita coisa!
O que ma pasma é o facto de muita boa gente lá ir...!
Afinal anda muita gente mal de vida!
E eu aqui tão bem!
MFCC