sábado, 26 de dezembro de 2009

Dichotes politicamente (in)correctos

Quando alguém toma uma atitude mais corajosa ou manifesta de forma desassombrada o seu ponto de vista, nomeadamente quando em causa estão questões melindrosas ou polémicas, é usual dizer-se que teve, ou tem, “tomates”. Metaforicamente, claro. Porque os “tomates” em causa são os testículos e não o fruto do tomateiro.
Ora é contra o uso dessa expressão que hoje me insurjo. Acho até que - em nome da igualdade do género, da não discriminação e de outras coisas que agora não me ocorrem - tal dichote devia ser erradicado da linguagem corrente. Mais. O seu uso, por claramente discriminatório, poderia ser considerado como um insulto para com aqueles que não os têm ou, mesmo tendo-os, é como se não os tivessem.
Esta expressão parece limitar a um grupo restrito de elementos da sociedade o exclusivo da coragem e da frontalidade. Enquanto se enaltece a masculinidade esquecem-se valores essenciais como a feminilidade e outros menos comuns resultantes de opções esquisitas agora tão em voga. Podíamos, por exemplo, começar a introduzir – ou vulgarizar para não ferir susceptibilidades - no léxico nacional ditos como “teve ovários…” se nos quiséssemos referir à coragem de uma mulher, ou “teve recto…” se pretendêssemos elogiar a frontalidade de um panasca. Poder, podíamos e se calhar até era a mesma coisa.

3 comentários:

  1. Confesso que não fiquei esclarecido... ou será que temos de dizer, simplesmente que os tem, nos sentido dos ditos, ou dos ovários ou do recto?

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  2. Eu também não fiquei esclarecido. Não percebi aquela parte da "frontalidade dos panascas"... então o recto não fica do lado de trás?

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  3. É preciso ter tomates sim Sr., nem que seja na estufa...!
    Gostei da sinaletica!
    MFCC

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