segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Avaliar a avaliação

A avaliação de desempenho da função pública é, tal como a dos professores, ridícula e mais não visa do que bloquear a progressão na carreira dos funcionários públicos. Dela resulta a degradação do poder de compra de muitas centenas de milhares de famílias, com tudo o que isso acarreta a nível da quebra do consumo privado e o consequente reflexo que provoca na vida das empresas e, em última análise, na própria economia do país. Obviamente que a coisa depois remedeia-se transferindo para algumas empresas largos milhões de euros. Os tais que não havia para pagar a quem trabalha. As mesmas empresas que mais tarde certamente não “esquecerão” quem tomou tão generosa medida, até porque, como ultimamente se tem visto o empresariado português parece não ter memória curta e sabe recompensar quem, em algum momento, o ajudou.

O propósito de impedir as progressões automáticas foi, desde sempre, assumido pelo actual governo e tem merecido o apoio de uma população invejosa de uns quantos pretensos privilégios a que os funcionários públicos teriam acesso. Claro que este sentimento de inveja tem sido habilmente fomentado pelo poder, colocando constantemente a generalidade da população contra o sector social ou profissional contra quem pretende actuar.

Começa a ser tempo de se fazer a discussão acerca do que ganhou o país com este ímpeto avaliador. Parece mais que evidente não ter ganho nada. Profissionais desmotivados, sem perspectivas de evolução nas respectivas carreiras e diminuídos sistematicamente aos olhos da população, não são mais produtivos, tenderão a dedicar-se menos à sua profissão e procurarão outras formas de compensar a ausência dos rendimentos que tinham a expectativa de auferir.

Alguns destes argumentos não fui eu que inventei. Ouvi-os diversas vezes ao conhecido militante socialista Almeida Santos para justificar a sua persistente cruzada a favor do aumento dos vencimentos dos titulares de cargos políticos, nos tempos em que o homem garantia que quando um deputado estendia o braço para chamar um táxi lhe punham uma moeda na mão.

1 comentário:

  1. É verdade que os sistemas de avaliação são uma merda, mas nada disso serve como desculpa para sermos calinos. Digo eu.

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