Assistimos actualmente ao preocupante fenómeno de, cada vez mais gente dentro do Partido Socialista, estar a perder a noção do país em que vive, do cargo que ocupa ou do exemplo que, por força dos lugares que desempenha – bem ou mal, por mérito ou por compadrio, para o caso pouco importa – deve transmitir aos portugueses. A quem, é bom que se recordem disso, devem prestar contas.
Veja-se a desabrida intervenção do deputado José Lello no plenário da Assembleia da República. Agastado pelo facto de o monitor do seu computador poder estar a ser alvo das objectivas indiscretas dos repórteres fotográficos, o homem evocou supostos direitos à privacidade para tentar condicionar o trabalho daqueles profissionais. Verdade que a resposta do Presidente da Assembleia foi lapidar - nem podia ter sido outra – mas, reconheça-se, qualquer coisa não estará a bater bem dentro de certas cabeças quando é necessário recordar a um titular de um elevado cargo público que no desempenho das suas funções e enquanto utilizador de um equipamento público destinado exclusivamente a ser utilizado ao serviço do órgão de soberania, não pode exigir privacidade. Não é para isso que foi eleito.
Não é que me incomode que os deputados naveguem pelas redes sociais, leiam blogues ou, até mesmo, vejam gajas nuas. Acho, inclusivamente, de extrema utilidade que o façam. Pretender enganar-nos, impedindo que outros nos mostram que o fazem, é que me parece grave, porque temos todo o direito a escrutinar o que se passa no parlamento. Sejam computadores ou decotes mais ousados.
Não sabia que tenho o direito de escrutinar decotes mais ousados. É sempre bom conhecer os nossos direitos... :)
ResponderEliminarO Jaime Gama esteve muito bem; o Lelo, enfim, escreveu uma linda página na História do parlamento, para já não falar no seu currículo político.
Gostava de saber qual a empresa onde o empregado pode ler tranquilamente o jornal durante uma reunião. É isso que alguns deputados fazem.
ResponderEliminarPor outro lado, reconheço o direito à privacidade (na qual não se inclui, obviamente, a leitura de jornais). Fotografar uma conta de email ou um telemóvel é baixo nível. Mas baixo mesmo é um director de jornal autorizar essa publicação (este é um tema que desenvolvo em post a sair amanhã).
Fizeste um texto magnífico, porque também ouvi a prepotência do Lello, mas Jaima Gama uma vez mais esteve a altura do cargo que desempenha.
ResponderEliminarE eu? qu'é qu'eu poderei, por direito, lá escrutinar, se não ligo aos decotes das madames?
ResponderEliminarLOL
Qual privacidade, qual quê?!
ResponderEliminarSe escolheu aquela profissão tem de "arcar com as consequências"... É 1 figura pública, suscita curiosidade.
Eu se pudesse também ia "meter o bedelho" e observar o que andava o homem a ver... Mesmo os decotes... ou pernas altas.
MFCC