domingo, 21 de março de 2010

Tudo à mostra, já!

Assistimos actualmente ao preocupante fenómeno de, cada vez mais gente dentro do Partido Socialista, estar a perder a noção do país em que vive, do cargo que ocupa ou do exemplo que, por força dos lugares que desempenha – bem ou mal, por mérito ou por compadrio, para o caso pouco importa – deve transmitir aos portugueses. A quem, é bom que se recordem disso, devem prestar contas.
Veja-se a desabrida intervenção do deputado José Lello no plenário da Assembleia da República. Agastado pelo facto de o monitor do seu computador poder estar a ser alvo das objectivas indiscretas dos repórteres fotográficos, o homem evocou supostos direitos à privacidade para tentar condicionar o trabalho daqueles profissionais. Verdade que a resposta do Presidente da Assembleia foi lapidar - nem podia ter sido outra – mas, reconheça-se, qualquer coisa não estará a bater bem dentro de certas cabeças quando é necessário recordar a um titular de um elevado cargo público que no desempenho das suas funções e enquanto utilizador de um equipamento público destinado exclusivamente a ser utilizado ao serviço do órgão de soberania, não pode exigir privacidade. Não é para isso que foi eleito.
Não é que me incomode que os deputados naveguem pelas redes sociais, leiam blogues ou, até mesmo, vejam gajas nuas. Acho, inclusivamente, de extrema utilidade que o façam. Pretender enganar-nos, impedindo que outros nos mostram que o fazem, é que me parece grave, porque temos todo o direito a escrutinar o que se passa no parlamento. Sejam computadores ou decotes mais ousados.

5 comentários:

  1. Não sabia que tenho o direito de escrutinar decotes mais ousados. É sempre bom conhecer os nossos direitos... :)

    O Jaime Gama esteve muito bem; o Lelo, enfim, escreveu uma linda página na História do parlamento, para já não falar no seu currículo político.

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  2. Gostava de saber qual a empresa onde o empregado pode ler tranquilamente o jornal durante uma reunião. É isso que alguns deputados fazem.

    Por outro lado, reconheço o direito à privacidade (na qual não se inclui, obviamente, a leitura de jornais). Fotografar uma conta de email ou um telemóvel é baixo nível. Mas baixo mesmo é um director de jornal autorizar essa publicação (este é um tema que desenvolvo em post a sair amanhã).

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  3. Fizeste um texto magnífico, porque também ouvi a prepotência do Lello, mas Jaima Gama uma vez mais esteve a altura do cargo que desempenha.

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  4. E eu? qu'é qu'eu poderei, por direito, lá escrutinar, se não ligo aos decotes das madames?
    LOL

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  5. Qual privacidade, qual quê?!
    Se escolheu aquela profissão tem de "arcar com as consequências"... É 1 figura pública, suscita curiosidade.
    Eu se pudesse também ia "meter o bedelho" e observar o que andava o homem a ver... Mesmo os decotes... ou pernas altas.
    MFCC

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