quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Estratégias


O governo produziu um documento, actualmente em discussão pública e portanto aberto a sugestões de todos os cidadãos, a que chamou Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas. O que, desde logo, é sugestivo. Ter uma estratégia, seja lá para o que for é sempre bom e quando se trata de uma abordagem à comunidade cigana – o que implica mais do que um – é melhor ainda.
Ao longo das sessenta e oito páginas que compõem o dito documento estratégico é definido um conjunto de boas intenções – e também ideias meritórias, sejamos simpáticos - visando que nos tornemos todos amigos. Ou, pelo menos, que não nos andemos por aí a discriminar uns aos outros. A estratégia é tão boa e completa que reserva mesmo umas quantas medidas para as minorias existentes dentro desta minoria e, por isso, nem os ciganos paneleiros foram esquecidos. Também serão integrados estrategicamente, portanto.
Parte fundamental desta estratégia é, como não podia deixar de ser, a educação. Daí que nela se preveja mandar os adultos desta comunidade para as Novas Oportunidades e as crianças para a escola. Nomeadamente – é o que consta do documento - promovendo turmas mistas de ciganos e não ciganos. Parece, mais uma vez uma excelente estratégia. Pelo menos a julgar pelo sucesso da escola de uma certa freguesia que, de um ano para o outro, passou do risco de fechar para mais de cinquenta alunos. Todos não ciganos idos, na sua maioria, de um estabelecimento de ensino frequentado por um número bastante elevado de membros da comunidade alvo desta estratégia. Stratágie, em francês.

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