terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Coerências


Dois factos contribuíram hoje para me baralhar as ideias. Ou para me esclarecer. Não sei ao certo. Nem, sequer, ao incerto. O primeiro dá conta de um relatório do Banco de Portugal onde se afirma que as medidas de austeridade e a contenção salarial vão implicar uma quebra recorde no consumo e conduzir-nos a uma recessão sem precedentes. Fiquei, no entanto, com dúvidas se, para este gente, isso seria ou não uma coisa má. Pelos vistos não é. Se para qualquer pessoa com juízo mediano este seria uma caminho a evitar, para esta malta é por aqui que se deve continuar. De tal forma que até admitem a necessidade de mais austeridade. O que - não sei, digo eu – é capaz de ainda agravar mais a tal recessão sem precedentes.
O segundo facto que contribuiu para me aturdir, foi a justificação dada por Eduardo Catroga quando inquirido se não achava o seu novo ordenado – uns míseros 45 mil euros por mês a acumular com uma pensão de quase dez mil – um bocadito a atirar para o exagerado. Que não, terá dito o homem. Porque “quanto mais ganhar maior é a receita do Estado com o pagamento dos meus impostos e isso tem um efeito retributivo.” O que é manifestamente verdade, Embora seja mais verdadeiro para uns do que para outros. Principalmente quando esta tirada de génio não se aplica aqueles que são vitimas da redução salarial decretada em consequência de acordos em que o figurão em causa terá estado, directa ou indirectamente, envolvido.
Perante declarações e relatórios deste quilate parece legitimo questionar-me, citando um famoso filosofo brasileiro, se o burro serei eu. Quero acreditar que não, mas lá que ando há anos a levar coices destas bestas disso é que não tenho dúvidas.

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