A
constituição de empresas municipais tem servido quase sempre –
embora não haja disso noticia, admito que possa haver um ou outro
caso em que assim não seja – para contornar procedimentos,
empregar clientelas e, até algum tempo atrás, para continuar a
aumentar alegremente o endividamento das autarquias.
Estas
entidade empresariais desenvolvem a sua actividade nos mais diversos
sectores. Mesmo naqueles em que a autarquia, a iniciativa privada ou
o movimento associativo, fariam igual ou melhor por muito menos.
Veja-se, por exemplo, no desporto. Por mais estranho que possa
parecer existem em Portugal empresas municipais com equipas
federadas, nas mais diversas modalidades, a competir como se de um
vulgar clube desportivo se tratasse. E não, não me estou a referir
aos clubes que são financiados quase a cem por cento pelos governos
regionais, câmaras municipais ou juntas de freguesia. São mesmo
empresas municipais. Assim, rigorosa e descaradamente.
Podem
argumentar que se trata de proporcionar aos jovens uma salutar
prática desportiva. É, por norma, um bom argumento. Colhe
simpatias, também. Mas, isto sou eu a especular, pode-se igualmente
acrescentar que gera postos de trabalho. E todos sabemos da
importância de empregar a malta amiga que acabou um curso ou que
anda para aí aos caídos. Principalmente daquela que possui o cartão
do partido ou que segurou o pau da bandeira por alturas das eleições.
Haverá certamente, nestas – e nas outras- empresas municipais,
lugar para todos. Desde o administrador ao roupeiro. Não esquecendo
os treinadores e outros profissionais. Tarefas que nos clubes são,
na maior parte das circunstâncias, desempenhadas gratuitamente por
pessoas que dão algum do seu tempo ao clube da terra.
Este
tipo de “organizações” causam-me um elevado nível de alergia.
E nem é por recentemente ter aturado uma claque de um destes
“clubes” palhaços, devidamente uniformizada com t-shirts da
empresa, que acho profundamente erradas estas concepções de
desporto e de iniciativa empresarial local. Ainda que os progenitores
que a constituíam, nomeadamente as mamãs, berrassem mais do que
três claques femininas do Nacional da Madeira. Coisa que,
convenhamos é muito desagradável.
No fundo é a república socialista portuguesa em todo o seu esplendor.
ResponderEliminarÉ o pão nosso de cada dia!!!
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