segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Clubes-palhaço


A constituição de empresas municipais tem servido quase sempre – embora não haja disso noticia, admito que possa haver um ou outro caso em que assim não seja – para contornar procedimentos, empregar clientelas e, até algum tempo atrás, para continuar a aumentar alegremente o endividamento das autarquias.
Estas entidade empresariais desenvolvem a sua actividade nos mais diversos sectores. Mesmo naqueles em que a autarquia, a iniciativa privada ou o movimento associativo, fariam igual ou melhor por muito menos. Veja-se, por exemplo, no desporto. Por mais estranho que possa parecer existem em Portugal empresas municipais com equipas federadas, nas mais diversas modalidades, a competir como se de um vulgar clube desportivo se tratasse. E não, não me estou a referir aos clubes que são financiados quase a cem por cento pelos governos regionais, câmaras municipais ou juntas de freguesia. São mesmo empresas municipais. Assim, rigorosa e descaradamente.
Podem argumentar que se trata de proporcionar aos jovens uma salutar prática desportiva. É, por norma, um bom argumento. Colhe simpatias, também. Mas, isto sou eu a especular, pode-se igualmente acrescentar que gera postos de trabalho. E todos sabemos da importância de empregar a malta amiga que acabou um curso ou que anda para aí aos caídos. Principalmente daquela que possui o cartão do partido ou que segurou o pau da bandeira por alturas das eleições. Haverá certamente, nestas – e nas outras- empresas municipais, lugar para todos. Desde o administrador ao roupeiro. Não esquecendo os treinadores e outros profissionais. Tarefas que nos clubes são, na maior parte das circunstâncias, desempenhadas gratuitamente por pessoas que dão algum do seu tempo ao clube da terra.
Este tipo de “organizações” causam-me um elevado nível de alergia. E nem é por recentemente ter aturado uma claque de um destes “clubes” palhaços, devidamente uniformizada com t-shirts da empresa, que acho profundamente erradas estas concepções de desporto e de iniciativa empresarial local. Ainda que os progenitores que a constituíam, nomeadamente as mamãs, berrassem mais do que três claques femininas do Nacional da Madeira. Coisa que, convenhamos é muito desagradável.

2 comentários:

  1. No fundo é a república socialista portuguesa em todo o seu esplendor.

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  2. É o pão nosso de cada dia!!!

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