sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Devem ser uns optimistas, eles...


Começo a interrogar-me acerca das previsões, mais ou menos catastrofistas, que por aqui – e também por outros lados - tenho andado a espalhar. Nomeadamente quanto às consequências que a quebra brutal do poder de compra dos portugueses, em particular dos funcionários públicos, representaria em termos de queda no consumo. Admito que, provavelmente, estarei errado. E, se assim for, ainda bem.
Indiferentes aos aumentos de preços, subidas de impostos, descidas de salários e incertezas quanto ao futuro, continuamos a consumir como se não houvesse amanhã. Ou, noutra perspectiva, a dinamizar a economia. O que, reconheço, não é necessariamente mau. Mas, digo eu, se calhar era conveniente não abusar.
Apesar de todos os indicadores mostrarem uma acentuada diminuição dos níveis de consumo, por cá – pelo menos é essa a minha sensação – não se nota nada. Nos parques de estacionamento das quatro superfícies comerciais, nomeadamente ao fim-de-semana, é quase impossível arranjar lugar para estacionar. Nos cafés e pastelarias, em certas horas, não se arranja mesa para beberricar um cafezito porque estão repletos de malta a devorar os deliciosos bolos e doces cá da terra. Moro num bairro que, a pé, não dista mais do que dez minutos do centro da cidade mas, para além de mim e da patroa, são pouquíssimos os moradores que não fazem sistematicamente este trajecto de automóvel.
É por estas e por outras que desconfio que está a faltar lucidez na análise da alegada crise. Da minha parte, quase de certeza, por pintar um cenário demasiado negro. Ou do restante pessoal, o que será menos provável, que achará não ser o futuro tão mau quanto o pintam. O pessimista serei, portanto, eu. O pior é que há quem insista em definir o pessimista como um optimista informado.

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