Está a causar alguma celeuma a atribuição de casas pela Câmara de Lisboa a pessoas que, pelo seu estilo de vida, posição social ou outra, não necessitariam desta “benesse”. Argumenta-se, a propósito de certas situações vindas a público, que todas as capitais ou grandes cidades europeias dispõem de casas para cedências a artistas ou intelectuais e que isso constitui uma mais-valia para a comunidade. Acredito que sim. Apenas me parece estranho, relativamente preocupante até, que essas casas se situem em zonas nobres e nunca em bairros sociais, ou ditos problemáticos, e onde por norma as autarquias dispõem sempre de apartamentos disponíveis.
Provavelmente as pessoas a quem entregaram a casinha não escolheram a sua localização e a mesma foi determinada pelos serviços camarários dentro dos condicionalismos a que normalmente obedecem estas coisas. Se o pudessem fazer estou em crer que muitos escolheriam para morar bairros onde a multiculturalidade da vizinhança estivesse mais de acordo com a tolerância que manifestam relativamente aos comportamentos de muitos habitantes desses locais.
Jamais me passaria pela cabeça sugerir que na atribuição de habitação a condição social de um cidadão, seja ele quem for, constitua um factor determinante na sua localização. Isso seria racismo. Coisa que intelectuais e artistas, obviamente, não são.
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