Dizia-se em tempos que o boato era a arma da reacção. Apelava-se, nessa altura, a que os portugueses não dessem crédito nem ajudassem a propagar supostas notícias que visariam destabilizar o processo revolucionário em curso que conduziria o país no glorioso caminho rumo ao socialismo.
Muita coisa mudou entretanto. Ao contrário do que então se garantia, de punho em riste e vozes ao alto, a reacção acabou por passar e o caminho seguido sofreu, para o bem e para o mal, os desvios conhecidos e que nos conduziram a esta espécie de lugar nenhum. Também o boato desapareceu. Em seu lugar surgiu o rumor. Herdou os malefícios do seu antecessor e para isso nos alertam os actuais responsáveis pelo processo actualmente em curso. Seja ele qual for.
Ficámos hoje a saber, através dos gajos que percebem destas coisas, que a criminalidade afinal não aumentou, ao que parece tudo não passou de rumores. O mesmo se pode dizer da crise financeira. Embora essa pareça existir, também quanto a isso não devemos ligar ao que por aí se diz, nem dar credibilidade a algumas vozes. Voz abalizada quando o tema envolve dinheiro, Vítor Constâncio alerta-nos diligentemente para não ligarmos aos ditos rumores que, tal como os boatos do PREC, apenas pretendem aniquilar o sistema.
Provavelmente será do meu mau feitio, ou então de uma inexplicável mania de complicar o que é simples e transparente, mas não consigo deixar de fazer estranhas associações entre boatos e rumores, criminalidade e crise do sistema financeiro ou, até mesmo, entre caminhos que sofreram desvios que, cada um na sua época, se afiguravam como altamente improváveis.
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