sexta-feira, 27 de maio de 2011

Memorando a quanto obrigas

Há quem insista em vender a ideia que o poder local gere os recursos colocados à sua disposição – sempre poucos, segundo se apressam a alegar – muito melhor do que a administração central. Pode, até, ser verdade. Mas isso não quer dizer que a nível autárquico o dinheiro dos contribuintes – do concelho, portugueses em geral ou europeus – seja convenientemente administrado. Pelo contrário. Por norma, é muitíssimo mal-gerido. Só assim se explica que o volume total do endividamento liquido acumulado pelos municípios, à data de trinta de Setembro do ano passado, fosse de 3.696 milhões de euros. E desconfio que, de então para cá, a tendência não terá sido no sentido descendente. 
Muitos dos que não tem a gestão dos municípios portugueses em grande conta, concedem que o peso do endividamento autárquico não terá importância significativa no peso total no défice das contas nacionais. Hesito quanto a isso. Principalmente quando se lê atentamente o “memorando”  - o  tal que ninguém discute e todos preferem ignorar - e se faz um pequeno exercício matemático leva-nos a concluir, com facilidade, que o peso do défice autárquico não é assim tão negligenciável como alguns querem fazer crer. 
O desvario com que a generalidade das autarquias tem sido governada está, no entanto, prestes a chegar ao fim. Nos dois próximos anos os municípios portugueses vão receber menos 525ME mas, mesmo assim terão de reduzir o actual nível de endividamento. O que vai constituir um desafio interessantíssimo para autarcas habituados a gastar sem controlo, sem limite e muitas vezes sem critério. O pior, embora poucos acreditem nisso, é que vai mesmo de ter que ser assim. Senão a tia Merkel – rabugenta e chata – não manda o dinheirinho para a malta se ir governando.

4 comentários:

  1. Venha quem vier tem que cumprir à risca as regras impostas pela Troika, caso contrário... nem quero pensar!!

    A redução dos gastos do aparelho do EStado, já deveria ter sido feito há muito...e dos municipios, onde poderemos ser mais criticos...o povo está-se nas tintas porque muitas das vezes também é conivente!

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  2. Quer então dizer que cada municipio tem em média um défice de 12 milhões de euros. Porra que é muita fruta!
    Sempre acreditei que os municipios são um sorvedouro de dinheiros públicos, principalmente desde que lhes deram asas para as empresas municipais. A prova virá quando receberem menos verbas. Vai ser o bom e o bonito...

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  3. António Gomes12:03 da tarde

    Será que Câmara de Estremoz, também está englobada?

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  4. A situação da Câmara de Estremoz - tal como a de todas as outras - é PÚBLICA e pode ser consultada em www.portalautarquico.pt

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