sexta-feira, 13 de maio de 2011

Critérios para a extinção de municipios

Embora conste do memorando que o país está obrigado a cumprir, não acredito que o futuro governo – ou outro que lhe venha a suceder – se atreva a extinguir um único município. Nem, sequer, a promover a sua fusão mantendo, pelo menos transitoriamente, assim uma espécie de mini-associação. 
A ideia, no entanto, estará já presente na mente de muitos autarcas que começam a posicionar-se para a guerra que, inevitavelmente, será travada e em que todos irão apresentar argumentos para que o concelho a extinguir seja o do vizinho e não o seu. Talvez seja por isso que, ao que consta, alguns Presidentes de Câmara estejam já a preocupar-se com o nível de endividamento a que conduziram as autarquias que governam. Será relativamente consensual entre os que estudam a matéria, que o tamanho ou a demografia não deverão constituir os únicos factores a ter em conta quando estiver em cima da mesa a discussão acerca dos municípios que vão fechar portas. Haverá quem defenda – e com muita razão, acho eu – que o montante do endividamento terá de ser um critério a ter em conta. 
Desconfiando da marosca, jogando na antecipação ou simplesmente procurando acautelar-se, autarcas mais perspicazes e previdentes, temerosos do que possa acontecer aos seu sconcelho e não querendo inscrever o nome na história como o último presidente da Câmara lá do sitio, iniciaram este ano um curioso programa de contenção de despesas. Por mais que isso desagrade aos seus munícipes. Que não apreciam a ideia – são muitos anos de maus hábitos – mas que poderão, no futuro, ter de lhes dar razão.
Ainda que acredite no fim de uma ou duas centenas de freguesias, reitero que não vislumbro como possível a extinção de um único município. Mas se estiver enganado desconfio que o critério a seguir será apenas um. Fecham os que Sócrates quiser. O que, diga-se, me parece justo. E merecido. Principalmente para quem se prepara para o reeleger.

7 comentários:

  1. Eu concordo que fechem. Diga-se em abono da verdade que há muita vila no Alentejo que não tem dimensão para uma autarquia, são um sorvedouro de dinheiros públicos que em nada contribuem para o desenvolvimento.

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  2. A ver vamos e estou muito mais inclinada para a tua opinião...porque não vislumbro nenhum "com garra política para atacar o cancro nacional a nivel autárquico e não só: compadrio familiar e político"!

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  3. Olá boa tarde. Gostaria de pedir autorização para republicar um post seu (o do dia 23 de Abril do corrente ano) que revela muita qualidade e actualidade , mormente em virtude das últimas sondagens.
    Bom FDS

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  4. Será uma decisao muito dificil, que irá certamente penalizar quem estiver à frente do governo, seja em que altura for. Até porque à partida o nosso povo gosta de ter tudo ao pé da porta, cada aldeia com igreja, cada igreja com salao de festas e, já agora, com a sede de conselho à mao de semear. Estou, no entanto, a lembrar-me de alguns concelhos aqui à volta que sao parcos em freguesias e em eleitores, no entanto...lá têm a sua câmara e respectivo presidente. Entroncamento-criou-se recentemente uma freguesia para ficar com 2 (sede de conc. incluida); Vila Nova da Barquinha 3 freguesias (sede de conc. incluida); Golegã - 2 freguesias (sede de conc. incluida); Constancia - 3 freguesias (sede de conc. incluida); Vila de Rei - 3 freguesias (sede de conc. incluida); etc, etc, etc.. Penso que há urgencia no reordenamento do territorio, haja coragem politica para o fazer!

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  5. Por uma boa causa pode sempre republicar um texto deste blogue. Se com isso conseguir trazer à razão pelo menos um eleitor já será uma grande vitória!

    Cumprimentos e bom fim-de-semana!

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  6. E há por aí concelhos que se extinguirem freguesias extinguem-se os próprios.

    Saudações do Zé Marreta.

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