O Primeiro PEC, à boa maneira Guterrista, era assim:
1:
Limitar o crescimento da despesa corrente primária a quatro por
cento por ano;
2: Reduzir drasticamente e de imediato a admissão
de novos funcionários;
3: Utilizar a bolsa de emprego para
flexibilizar a gestão de recursos humanos;
4: Não efectuar
novas reestruturações de carreiras até final de 2003;
5:
Moderar os aumentos salariais;
6: Permitir um endividamento
controlado da Administração Local;
7: Acompanhar a criação de
empresas municipais;
8: Aprovar uma lei de Estabilidade
Orçamental;
9: Eliminar uma incorporação do segundo semestre
de 2001 no SMO e reapreciar as incorporações de 2002;
10:
Reformar a gestão do serviço nacional de saúde (SNS);
11:
Racionalizar a despesa do SNS e combater o desperdício;
12:
Reforçar o controlo da despesa na ADSE e nos outros subsistemas de
saúde;
13: Gerir conjuntamente os serviços sociais;
14:
Regulamentar no prazo de um ano a convergência gradual do regime da
Caixa Geral de Aposentações para o da Segurança Social;
15:
Concretizar um programa de extinção de serviços públicos;
16:
Não permitir a criação de novos serviços;
17: Reapreciar
sistematicamente e racionalizar os quadros de pessoal;
18:
Reapreciar até final de 2001 grandes projectos de investimento em
processo de decisão;
19: Melhorar o acompanhamento dos grandes
projectos de investimento público e as parcerias
público-privado;
20: Avaliar e acautelar os custos correntes dos projectos de investimento;
21: Reestruturar e redimensionar o
sector empresarial do Estado;
22: Reavaliar o preço dos bens e
serviços públicos, sem prejuízo das opções de política
social;
23: Cortar as dotações congeladas ao abrigo da lei nº
30/C/2000;
24: Reduzir as horas extraordinárias;
25: Rever os
contratos de avença e tarefa;
26: Congelar até final de 2002 as
aquisições de edifícios;
27: Congelar até o final de 2002 as
aquisições de material de transporte;
28: Reduzir o dispêndio
dos serviços em viaturas;
29: Reduzir a despesa com
deslocações;
30: Gerir eficientemente os meios financeiros do
Estado absorvendo saldos de gerência excessivos;
31: Controlar a
despesa com bonificações;
32:Reapreciar os suplementos
remuneratórios e eliminar os casos em que deixaram de ter
justificação;
33: Extinguir estruturas temporárias;
34:
Regulamentar os serviços mínimos;
35: Elaborar um orçamento
plurianual;
36: Elaborar o orçamento do Estado em duas
fases;
37: Criar em cada ministério um responsável pelas
contas;
38: Reduzir o grau de rigidez do OE e a assunção de
encargos deficientemente avaliados;
39: Reforçar a disciplina na
assunção de encargos plurianuais;
40: Limitar no tempo os
subsídios, benefícios e apoios desta natureza;
41: Adoptar um
método de orçamentação que permita avaliar o desempenho dos
serviços;
42: Dinamizar a unidade de tesouraria do Estado;
43:
Melhorar a gestão do património do Estado a acelerar a elaboração
do cadastro patrimonial;
44: Aplicar o regime de administração
financeira do Estado a toda a administração pública até final de
2002;
45: Obrigar à adopção do POCP a toda a Administração
Pública até final de 2002;
46: Avaliar a despesa pública e
melhorar a eficácia do controlo interno.
47: Realizar auditorias
externas aos serviços;
48: Promover a certificação de
contas;
49: Definir um novo regime de responsabilidade por
ilícitos financeiros;
50: Contratualizar a autonomia de gestão
dos serviços públicos".
Em
2001 já era mais que visível o desiquilíbrio das contas públicas.
Daí que o governo de António Guterres tenha sido colocado na
contingência de elaborar um plano de combate ao défice, uma espécie
de PEC em versão light, que incluía cinquenta medidas que visavam
combater o descalabro que então se começava a vislumbrar. Onze anos
depois, nove dos quais com governos socialistas, constitui um
interessante desafio tentar perceber quantas destas intenções,
chamemos-lhe assim, foram concretizadas.
Presumo
que o triunvirato de credores tenha feito o mesmo exercício. Terão,
acredito, sido avisados que um dos ministros da época era José
Sócrates. O que, naturalmente, não os deixou descansados. Nem o
caso é para menos. Porque quem não implementou aquele rol de ideias
vagas não terá, com toda a certeza, intenção nenhuma de aplicar
as medidas durissimas e dramáticas com que se comprometeu. O que até nem seria mau, se ele não nos quisesse convencer que as medidas são leves e, com boa vontade, até podem ser consideradas excelentes.
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