sábado, 31 de março de 2012

Tá bem tá


Um dos meus passatempos diários – em casa, não no trabalho como faz muito boa gente – é ler a edição on-line da maioria dos jornais nacionais. Podia, reconheço, dar-me para pior. Andar a esparvoar pelo facebook, por exemplo.
Ler aquilo que se publica na imprensa é, acho eu, a melhor maneira de entender como se chegou a este estado e, também, de perceber que não há grande coisa a fazer por isto. Veja-se, assim ao acaso, a manchete do Jornal de Noticias de hoje: “Quem não quiser trabalhar perde rendimento mínimo”, escrevia aquele periódico em letras garrafais. Fica-se, à primeira olhadela, a suspeitar que vem aí uma alteração às leis que regulamentam a atribuição do RSI e aquela malta que vive permanentemente à custa deste esquema, financiado com os impostos de quem trabalha, vai ter de pensar noutra forma de vida. Pois que, se calhar, não será bem assim. Em letras muitíssimo mais pequeninas pode ler-se de seguida que “Autarquias e IPSS proporão tarefas a desempenhar pelos beneficiários”. E pronto. Ficamos logo esclarecidos, lendo apenas a capa, que tudo vai continuar na mesma, que o dinheiro continuará a seguir o mesmo fluxo que até aqui - dos nossos bolsos para o Estado e daí para os deles – e que quanto a trabalho “tá bem, tá”.
O contínuo desbaratar de recursos do país tinha de dar no que deu. O RSI foi apenas mais uma loucura entre tantas outras. A que se devem somar inúmeros actos de gestão danosa, corrupção e aproveitamento ilícito, sob todas as formas, dos bens públicos. Tudo alegadamente, como é óbvio. O pior é que tudo, como se percebe por esta e outras notícias que diariamente se publicam, continuará igual. Dá jeito que assim seja. Aos que “lá” estão hoje, aos que estiveram ontem e aos que estarão amanhã. Um pouco à semelhança do que acontece com a generalidade dos tugas, para quem a grande máxima continua a ser “deixa lá aproveitar enquanto a coisa ainda dá”.

3 comentários:

  1. Subscrevo inteiramente o que dizes e ainda me ri (quando também li a notícia) quanto à forma de fiscalização!!!

    Há quem precise MESMO e há quem usufrua e NÃO PRECISA NADA e ainda goza por cima por conseguir passar a perna a quem lhes paga!

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  2. Claro que há fraudes no RSI, mas são uma pequena gota na necessidade da sua existência!

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  3. A última frase é lapidar!
    Parabéns.

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