quinta-feira, 22 de março de 2012

Não há comboios grátis


O governo decidiu – e muitíssimo bem – parar definitivamente com o projecto do TGV. Mesmo descontando o facto de isso do definitivo, em tudo na vida e na política ainda mais, ser um conceito muito relativo foi uma das raras notícias que gostei de ouvir nos últimos tempos. Para aqueles – não muitos, infelizmente - que sabem fazer contas é uma decisão sensata e que livra os portugueses de um volume de encargos que dificilmente suportaríamos.
Tenho manifesta dificuldade em perceber o raciocínio de certa gente. Ou melhor, em entender qual é a espécie de bloqueio que lhes tolda a mente quando ouvem falar em fundos comunitários. Embora compreenda que possa haver, naturalmente, quem não goste da ideia de ficar sem um comboio todo jeitoso. Não sei se muitos se poucos. Nem isso me incomoda. O que me transtorna é que, pelo menos alguns deles, nos queiram fazer de parvos. Papaguear que o país, por abandonar o projecto, vai perder mil e duzentos milhões de euros – a parte da obra que a União Europeia, alegadamente, financiaria – sem esclarecer que para receber esse dinheiro teria de gastar muitos outros milhões que não tem é, no mínimo, próprio de um vigarista. Mal comparado, será como alguém oferecer um milhão e duzentos mil euros a um sem-abrigo com a condição deste construir uma casa que lhe vai custar um milhão e quinhentos mil e chamar-lhe parvo se ele não aceitar.

4 comentários:

  1. Também sempre fui contra, tal como fui contra os estádios de 2004 e os submarinos para irmos aos polvos.

    Mas ainda aguardo pois as empresas envolvidas irão fazer tudo para serem indemnizadas e se assim for...aguardarei!

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  2. Não sou sectário ao ponto de não aplaudir!

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  3. Ena, devemos ser dos poucos Alentejanos contentes com a decisão!

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  4. O Socas cometeu muitos erros, disso ninguem duvida mesmo os que têm que engolir sapos, mas aguardemos pelo balanço quando estes aniquilirarem os comboios e as vidas...

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