terça-feira, 13 de março de 2012

Quando o bom senso tem que ser imposto por uma lei...com pouco senso!


Pretende o governo, por imposição da troika e – quase de certeza – de alguns fundamentalistas, reduzir em tempo recorde o montante da divida pública e, bem assim, a quantidade de dias – que é como quem diz meses ou anos – que um fornecedor tem de esperar para receber o dinheiro do bem que vendeu, ou serviço que prestou, ao Estado ou a qualquer outra entidade pública. Para atingir tal desiderato tratou de aprovar a chamada lei dos compromissos e pagamentos em atraso, em vigor há coisa de vinte dias, com a qual pretende que os organismos oficiais apenas adquiram bens, serviços, façam obras ou atribuam subsídios se, para tal, tiverem dinheiro suficiente para pagar nos noventa dias seguintes.
A ideia, assim à primeira vista, até parece boa. É, no fundo, aquilo que qualquer pessoa precavida faz no dia-a-dia. O problema é que os portugueses, quer os que governam quer os que são governados, não são pessoas prudentes quando toca a gastar dinheiro nem nutrem particular simpatia por políticos que apliquem com rigor o dinheiro público. Pior. Durante muitos anos gastou-se sem rei nem roque e agora, assim de repente, querem que tudo mude e toda a gente fique poupada. Quem sempre gastou o que não tinha vai perder o “brinquedo” e, como se compreende, fica chateado. Para todos – ou quase todos – vai ser uma tragédia. Daquelas que, mais tarde ou mais cedo, vamos descobrir não acontecem apenas aos outros.
Tal como previ no post escrito no dia em que a lei começou a ser aplicada, começamos a assistir a situações que, por enquanto, ainda não se podem classificar de dramáticas mas que podemos – simpaticamente – considerar aborrecidas. Como, por exemplo, na área da saúde. Diz que em algumas unidades hospitalares começará já a haver dificuldade em fornecer medicação aos utentes por, alegadamente, os fundos disponíveis – vulgo o dinheiro para pagar em noventa dias – não serem suficientes.
Seguir-se-ão as autarquias. O que não admira. Pagar e morrer é a última coisa que se faz na vida e no poder local o lema, não necessariamente por esta ordem, é seguido à risca. Pretender mudar isto de um dia para o outro é capaz de ser pedir de mais.

3 comentários:

  1. Subscrevo inteiramente, mas o pior de tudo é que nós pagamos logo e não sabemos ou melhor não vemos o mesmo exemplo que deveria vir do Estado porque o compadrio continua nos acordos feitos a seu belo prazer.

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  2. estamos no reino do vale tudo... para não se pagar dívidas.

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  3. São ferozes na sua insensibilidade camuflada através de supostas medidas aceitáveis!

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