domingo, 25 de março de 2012

Ovo de Colombo


O governo descobriu a maneira fácil, rápida e barata de arranjar mais lugares em lares de idosos e jardins-de-infância. Com uma simples alteração da legislação que regulamenta esta a matéria passou a ser possível que, na mesma  instituição, coabitem mais velhotes e no caso dos mais pequenos que estes se tenham de contentar em fazer as suas brincadeiras num espaço mais reduzido. Genial. Sem construir um único edifício estes génios da manigância conseguiram, quase do dia para a noite ou contrário, criar lugar para arquivar mais umas largas centenas – ou milhares, sei lá - de velhos que ninguém quer ter por perto e outros tantos para criancinhas a quem os pais não sabem onde deixar quando vão trabalhar. Ou fazer outras coisas que agora não vêm ao caso.
Não é que ache mal a solução encontrada. Sabe-se que as leis relativamente a estes assuntos estão cheias de esquisitices e requisitos do mais estapafúrdio que se possa imaginar. Não me parece, portanto, muito criticável que se adeqúem certas normas à nossa realidade de país pobre, sem recursos e onde cada cêntimo tem de ser bem aplicado. Tratou-se, neste caso, do verdadeiro ovo de Colombo.
E como isto anda tudo ligado, mesmo que às vezes não pareça, foi o mesmo governo que se apressou a adoptar uma directiva comunitária manhosa acerca da qualidade de vida das galinhas e do espaço que estas necessitam para viver confortavelmente. Nada de viver apertadas como até agora. Ao contrário de velhinhos e catraios, que tem vivido escandalosamente à larga, os galináceos europeus habituados a viver compactados uns contra os outros, viram a agora as condições de vida substancialmente melhoradas e podem, finalmente, pôr ovos sem incomodar a galinha sua vizinha.
Posto isto – lá está, isto mesmo tudo ligado – não sei se os ovos estão ou não mais saborosos. Nem, tão-pouco, se as aves de capoeira andam mais felizes. O que sei é que os ovos estão mais caros. Bastante mais caros. Parece que a produção, apesar da provável felicidade das galinhas, diminuiu significativamente. Isto porque, como é óbvio, os industriais do sector não aumentaram o espaço. Face à obrigação de cumprir a lei optaram por fazer baixar a população de galináceos. Assim, graças aos amiguinhos dos animais e às bestas de cá e da Europa, estamos a pagar mais caro pelas omeletas.

5 comentários:

  1. ... quando for velho vou querer ser galinha(pelo menos enquanto durar este governo)!

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  2. um governo miserável para os desprotegidos...

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  3. esta idéia paga direitos de autor.
    Beijinhos.

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  4. Afinal, este (des)governo só protege os galináceos... sejam eles de penas ou da JSD!...
    Compadre Alentejano

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  5. Este governo para não falar dos há 20 anos a esta parte...deveriam era estar todinhos nas situações que descreves...apertados e com marmitas de latão!!!!

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