quarta-feira, 28 de março de 2012

Uma visão iluminada


Que o poder transforma as pessoas é um facto mais do que conhecido. E amplamente reconhecido também. Entre outras coisas - a maioria delas não será para aqui chamada - transforma-os em optimistas inveterados. Visionários, até. Parvus Coelho estará prestes a adquirir estas capacidades. Depois de meses a dar-nos más notícias, o homem veio hoje transmitir a sua convicção de que a economia nacional crescerá no último trimestre do ano. Sustentará a sua opinião, acredito, em estudos devidamente fundamentados e em indicadores dotados da maior fiabilidade. Não serei eu, portanto, a questionar, nem sequer a desconfiar, de tão boa noticia. Primeiro porque não percebo nada de economia. Segundo, porque as previsões dos economistas constituem para mim uma espécie de misteriosa ciência, e às vezes, também, um género de cartomancia.  Por fim, porque não estou a ver que tipo de milagre possa estar para acontecer. Antes pelo contrário. Perspectivo algumas ocorrências que apenas por intervenção de algum santo milagreiro não nos conduzirão a uma situação ainda pior.
O aumento de preço dos mais variados bens e serviços, por exemplo. Entre eles, quase de certeza, o da energia eléctrica. A próxima liberalização deste sector conduzirá, tal como aconteceu com os combustíveis, a uma acentuada escalada do preço da electricidade. Com todas as consequências daí decorrentes para as empresas, administrações públicas e portugueses em geral. A menos que estejam reunidas duas condições: Pertençam a uma minoria étnica e morem num local onde tenham água e luz à borla. Assim tipo um qualquer resort situado à entrada de uma qualquer cidade. Nesse caso podem continuar a encher a piscina, ligar o ar condicionado, o plasma e toda a panóplia de equipamentos que se ligam à corrente. Depois alguém – está-se mesmo a ver quem – há-de pagar os muitos milhares de euros da continha.

3 comentários:

  1. Continuará o saque e nós a pagarmos.

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  2. A economia é excelente a explicar o que passou, mas péssima a prever o futuro. Portanto "cautela e caldos de galinha é o melhor remédio".

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